Quem foi Allan Kardec

"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei."

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.."

"Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito."

O idealizador
Allan Kardec, na verdade, é um pseudônimo utilizado por Hippolyte Leon Denisard Rivail, francês, nascido em 03/10/1804 na cidade de Lyon. Hippolyte foi matemático, gramático, professor de Química, Física e Fisiologia, aluno de Pestalozzi e entusiasta do magnetismo. Há rumores de que ele tenha estudado Medicina; mas, nada, até hoje, comprova este fato. Homem muito dinâmico, com várias obras publicadas no meio acadêmico e mantendo diversas atividades em paralelo, teve seu desencarne em 31/03/1869.


** Para saber mais, leia : "Biografia de Allan Kardec", Henri Sausse - Editora LAKE e "Allan Kardec, Meticulosa Pesquisa Biobibliográfica" de Zêus Wantuil e Franscisco Thiesen - Editora da Federação Espírita Brasileira.
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O que é Espiritismo
A Época
Antes de enumerarmos os princípios básicos do Espiritismo, é necessário compreender e descrever a época em que ele surgiu...

No ano de 1848, na cidade de Hydesville (estado de Nova York - EUA), ocorreram as primeiras manifestações mediúnicas mais sérias e comprovadas da Idade Moderna. Elas aconteceram numa das muitas casas da comunidade, que havia sido alugada pela família Fox (pai, mãe e duas filhas: Kate e Margareth). Essas manifestações se iniciaram com ruídos e batidas em todas as partes da casa, sem que se lhes descobrissem a origem. Então, em 31 de março daquele ano a jovem Kate Fox conseguiu estabelecer um contato com a fonte dos ruídos. Descobriu-se, então, que tais batidas eram produzidas pelo espírito de um mascate que naquela casa havia sido assassinado e "enterrado". A comprovação foi feita alguns anos depois com a descoberta do corpo "emparedado" na adega da casa.
Mesmo assim, foi na França que os fenômenos mediúnicos alcançaram maior expressão, através das MESAS GIRANTES ou DANÇANTES; elas eram pequenas mesas, ao redor das quais sentavam-se as pessoas, a fim de que elas lhes respondessem as perguntas, através de pancadas.

Ora, não podemos esquecer que, naquela época - meados do século XIX - vigoravam, na França (então, o Centro Cultural do Mundo), idéias como a dialética de Hegel, o materialismo histórico de Marx e, principalmente, o positivismo científico de Comte. E, qualquer tipo de menção espiritualista era encarada como crendice. Nesse meio, o fenômeno das mesas girantes nada mais era do que outra diversão, entre tantas.


O Método de Kardec e os Princípios Espíritas
Um homem, entretanto, viu nesse fenômeno mais do que um Jogo de Salão... Esse homem era Hippolyte Leon Denisard Rivail !
Ele percebeu que deveria haver uma lei física por detrás daquilo e iniciou, em 1855, um estudo sério e sistemático sobre os fenômenos. Com base nesses estudos, e tendo estabelecido um MÉTODO de ANÁLISE COMPARADA (que nada mais era do que o estudo comparado das comunicações recebidas em diversos locais - e ocasiões - por médiuns considerados insuspeitos), Rivail adota o pseudônimo de Allan Kardec e funda a DOUTRINA ESPÍRITA, publicando, a 18 de abril de 1857, "O Livro dos Espíritos".

A definição que o próprio Kardec dá, da Doutrina Espírita, é : "O Espiritismo é uma ciência que trata do mundo dos espíritos e sua relação com o mundo corporal".
O Espiritismo é, pois, uma ciência que tem a embasá-la toda uma lógica filosófica. O que o diferencia das ciências comumente aceitas é seu caráter abrangente, utilizando-se de todos os princípios científicos comprovados na explicação do universo e proporcionando uma finalidade moral.
Kardec, aliás, desenvolve o conteúdo moral da doutrina em seu livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de 1864, onde muitas "instruções" são passadas à Humanidade por um grupo de espíritos superiores, sob a assinatura de
"Espírito da Verdade"

A Doutrina Espírita baseia-se em
seis princípios fundamentais:
I - Existência de Deus: Há um Deus, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas
II - Existência e imortalidade do espírito: Os espíritos são constituídos de alma (ou princípio inteligente) mais perispírito (corpo feito de matéria mais sutil, invisível aos nossos olhos, que serve para identificação da alma e de intermediário entre ela e o corpo humano, durante a encarnação). O espírito anima o corpo humano e sobrevive à morte deste.
III - Evolução Infinita: Finalidade da reencarnação e objetivo dos espíritos.
IV - Pluralidade das existências: O homem vive mais de uma vez, como encarnado (Reencarnação).
V - Pluralidade dos mundos habitados: Existem outros planetas que abrigam seres vivos, além da Terra.
VI - Comunicabilidade ou Mediunidade: É a possibilidade de comunicação entre encarnados e desencarnados.


Objetivo do Espiritismo - O Consolador Prometido
Quando Jesus veio à Terra, a lei moral que vigorava era a de Moisés...
O grande problema da lei mosaica era o fato de passar uma idéia deturpada da divindade ! Naquela época, acreditava-se que Deus poderia ter sentimentos humanos, como rancor, vingança, crueldade, etc... Portanto, apesar de O Velho Testamento ter servido de suporte moral para certa parcela da humanidade durante séculos, havia a necessidade de se "consertar" alguns erros conceituais, como o que foi citado acima, envolvendo as "qualidades" divinas...

Neste contexto, surgiu Jesus de Nazaré. Um espírito de muitas qualidades morais e intelectuais que veio com o intuito de nos ensinar, através de exemplos e parábolas, uma doutrina de amor e respeito ao próximo. Esse grande mestre de vida colocou a "figura divina" numa posição muito mais real e justa, tendo rompido de vez com o conceito violento adotado por Moisés no passado.

Assim, torna-se fácil identificar qual era a missão de Jesus na Terra: romper com as crenças morais primitivas, estabelecendo uma nova diretriz que durasse muito tempo. Se estudarmos o Novo Testamento, constataremos - em vários pontos - que ele não veio para explicar todas as coisas; senao, vejamos :
1) "Em verdade, em verdade digo-te: Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo... Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo. O Espírito sopra onde quer e ouves sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do espírito... Digo-te em verdade, em verdade, que não dizemos senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão do que temos visto. Entretanto, não aceitais o nosso testemunho. Mas, se não me credes quando vos falo das coisas da Terra, como crereis quando vos falo das coisas do céu ?" .
2) "Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. - Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." .

O primeiro trecho, para os espíritas, contém uma referência explícita à REENCARNAÇÃO. Já, em parte do primeiro trecho e em todo o segundo, o Mestre deixa claro que a humanidade não estava amadurecida o suficiente para receber os conhecimentos da espiritualidade. Isto é fácil de comprovar, uma vez que as pessoas daquela época estavam demonstrando enorme dificuldade para praticar (e mesmo entender) os seus ensinamentos mais básicos, os quais deveriam ser aplicados no "dia a dia" da vida terrena. Portanto, nos parece muito lógico que Jesus tenha evitado se aprofundar nas questões da vida espiritual !

Quando o Espiritismo surgiu, podemos dizer que esses ensinamentos de Jesus já haviam sido assimilados por boa parte da população do planeta. O que significa um maior amadurecimento intelectual e moral ! Era o momento ideal para se desvendar a realidade espiritual, por tanto tempo "escondida" e mal interpretada !

O objetivo da Doutrina Espírita, portanto, é o de explicar cientificamente (adotando, como princípio, o constante uso da razão e do bom senso) os fenômenos naturais que envolvem o mundo espiritual e o mundo material; estudar e analisar, filosófica e moralmente, as consequências deste relacionamento e, finalmente, procurar instruir (de forma desmistificada) aquelas pessoas que demonstram interesse em compreender o universo na sua totalidade.

Clique aqui para ler a Introdução ao Livro dos Espíritos - por Herculano Pires

** Para saber mais, leia : "O que é o Espiritismo", "O Livro dos Espíritos", "A Gênese", "O Livro dos Médiuns", "O Evangelho segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e a "Revista Espírita", todos de Allan Kardec.

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