OPINIÃO Ano XIV – Nº 153 Junho 2008
Nossa
Opinião: Um perfil
claramente definido
Editorial: A lanterna de Diógenes
Notícias: XXIX Jornada Espírita de
Jacarezinho // Kluber-Ross foi tema de palestra no CCEPA
Porto Rico consolida laicismo da CEPA
XX Congresso Espírita Pan-Americano atesta
o crescimento do segmento laico, livre-pensador e genuinamente kardecista,
coordenado pela Confederação Espírita Pan-Americana nas Américas e Espanha.
Países representados
Delegações da Argentina, Brasil,
Estados Unidos, Guatemala, México, Porto Rico, República Dominicana, Venezuela
e Espanha concorreram para fazer do XX Congresso da CEPA, em San Juan, Porto
Rico (de
A
contribuição espírita
Em seu discurso de abertura, o presidente que encerrava
sua gestão,
Porto Rico esta instigante e ampla proposta Desenvolvimento Integral da Humanidade – A
Contribuição Espírita”, acrescentando:
“Isso significa sintetizar ciência e
ética, conhecimento e moral, enfocando-os com vistas a um objetivo grandioso e
generoso: fazer o homem mais feliz”.
Com esse objetivo, os painéis temáticos ofereceram ao
debate temas de atualidade científica, filosófica, social e ética para
humanidade, tais como: ecologia, bioética, saúde, educação, pluralismo x
fundamentalismo, etc. Além disso, os painéis cuidaram de precisar o caráter
essencial do espiritismo, como filosofia laica, livre-pensadora e progressista
que reconhece no espírito a força propulsora das realizações e transformações humanas.
Novos
dirigentes e próximo Congresso
Depois de dois mandatos em que a
presidência foi exercida por um brasileiro, o Congresso de Porto Rico elegeu
novos dirigentes, O argentino Dante López presidirá a instituição pelos
próximos quatro anos, tendo como vice-presidentes: Jon Aizpúrua (Venezuela),
Hugo Beascochea (Argentina) e Ademar Arthur Chioro dos Reis (Brasil). No
boletim América Espírita, encartado
nesta edição, é publicada a relação completa do novo Conselho Executivo e
principais Secretarias.
O próximo Congresso da CEPA, em
2012, será realizado
Um perfil claramente
definido
Por longo período de sua história, a
CEPA buscou, preferencialmente, congregar o movimento espírita das Américas. Não
poupou esforços nesse sentido. Seu perfil, fundamentalmente kardeciano, objetivamente
progressista e funcionalmente democrático, no entanto, sempre suscitou reservas
por parte daqueles segmentos que optaram por uma visão evangélica e religiosa de
espiritismo.
Seriam mesmo essas duas visões de
espiritismo totalmente inconciliáveis? Provavelmente não, desde que os
princípios fundamentais da filosofia espírita são integralmente aceitos por
ambas as correntes. Outras instituições, inclusive religiosas, conseguem acomodar
e administrar em sua estrutura correntes de perfil conservador e progressista,
permitindo que o fraterno entrechoque de idéias possa ir gerando sínteses
conciliadoras, num ambiente plural, mas respeitoso, construído sobre as bases
de idênticos princípios.
No movimento espírita, entretanto,
essa convivência não foi suportada pela corrente que se denomina “evangélica e
cristã”. Na década de 90, esse segmento resolveu criar outro organismo, de
abrangência internacional, abdicando explicitamente da participação
institucional e da própria convivência com os espíritas da CEPA. Uma ruptura
dessa ordem, embora gerando sofrimento, é sempre capaz de congregar, com mais
força e mais clara definição, pessoas e instituições afins.
Exatamente por isso, a CEPA vive
hoje um dos mais ricos períodos de sua trajetória. Um importante capítulo dessa
história acaba de ser escrito em San Juan, Porto Rico. O XX Congresso da CEPA,
lá realizado, consolidou o perfil laico, progressista e livre-pensador da
instituição. Mostrou também , com amplitude nunca antes vista, que a mensagem
da CEPA tem vasto terreno para crescer e oferece excelentes ferramentas para contribuir
com a construção de um mundo melhor, habitado por pessoas mais felizes (A Redação).
A
LANTERNA DE DIÓGENES
"O essencial é operar a transformação e deixar
sementes no
irreversível."
(Antônio Cândido)
O Brasil foi
surpreendido, no último mês de maio, com a morte senador Jefferson Peres. Dizem
que depois de morto todo mundo é bom. Especialmente os políticos que logo passam
a dar nomes a cidades e ruas e, independentemente de seus atributos morais,
são, freqüentemente, imortalizados, graças à sua atuação pública em favor de
determinadas regiões ou segmentos específicos. Mas a morte do senador
amazonense produziu um sentimento nacional de perda. Unanimemente,
correligionários, adversários, eleitores e pessoas do povo destacaram, em
entrevistas e pronunciamentos, sua
retidão e a ética que orientou sua vida.
Em época já recuada, 400
anos antes de Cristo, na velha Grécia, um filósofo chamado Diógenes costumava
sair pelas ruas, em pleno dia, com uma lanterna acesa. Se lhe perguntassem por
que fazia isso, respondia: “Estou a procura de um homem virtuoso”. Parece que
morreu sem encontrá-lo.
Em tempos de tanto
descrédito acerca das instituições, a crença geral é de que se Diógenes
entrasse hoje em qualquer ambiente político não encontraria ninguém honesto. Mas,
um sentimento assim, mesmo que generalizado, não pode ser tomado como verdade.
Assim como fora de Parlamentos e Palácios de Governo, há muita gente boa,
também lá dentro existe. É que políticos e governantes refletem o povo que os
elegeu, com seus defeitos e qualidades.
Nessa mesma linha de
raciocínio, é preocupante constatar que a honestidade de um político seja tão
destacada
Dá para ver que
avançamos um pouco nesses 2.400 anos que nos separam de Diógenes. Naquele
tempo, ele dizia que não havia homens virtuosos. Hoje, reconhecemos que
existem, mesmo que
Bom que seja assim. Um
dia, homens dessa qualidade hão de ser a maioria. E todos seremos muito mais
felizes. Porque só o bem produz felicidade.
O filósofo grego da
lanterna já dizia isso, naquele tempo.
Um
dia, homens dessa qualidade hão de ser a maioria. E todos seremos muito mais
felizes.
Milton R. Medran Moreira
Espiritismo e Direito
Juristas espíritas
raramente se dão conta disto. Mas a filosofia espírita é uma expressão
eloqüente de direitos humanos e sociais. O
Livro dos Espíritos,
Temas como o
divórcio, a igualdade de direitos da mulher, o descanso remunerado dos
trabalhadores e tantos outros foram vigorosamente defendidos na obra
fundamental de Kardec, mesmo que ainda não estivessem consagrados na maioria
dos países. No campo do Direito Penal, o
espiritismo posicionou-se com firmeza contra a pena de morte, a escravidão e
todas as penas infamantes. Abrandou a condenação ao aborto, chamando a atenção
para os direitos da gestante, até então desconsiderados. Enfim, claramente o
espiritismo cerrou fileira com os setores mais progressistas da época,
postulando um direito humanitário, no campo civil, penal e social, e, muitas
vezes, em oposição à religião.
A contribuição possível
Evoco essas
características das chamadas Leis Morais, 3ª Parte de O Livro dos Espíritos para salientar que o espiritismo pode
estabelecer um diálogo elevado, contributivo e respeitável com as ciências
jurídicas. Pena que uma grande parte dos profissionais do Direito que se
declaram espíritas (juízes, promotores, advogados) não se dê conta disso. Toda
a vez que se abrem oportunidades de uma interlocução entre ciências jurídicas e
espiritismo, lá vêm eles com os mesmos e batidos temas: direitos autorais de
obras psicografadas, valor probatório da psicografia no processo penal e...o
assunto que deixa todo o mundo enfezado: combate ao aborto com leis penais
duras e sem contemplação aos dramas humanos que, via de regra, esses episódios
envolvem. Parece que nada mais temos a dizer no campo do Direito.
A reportagem da Folha
Agora mesmo, a Folha de São Paulo abriu amplo espaço
para divulgar a criação da Associação Jurídico-Espírita de São Paulo. Publicou
reportagem “Associação quer
espiritualizar o Judiciário” (19.5.08). Ora, espiritualizar, numa acepção compatível com o laicismo de que se reveste
necessariamente o Estado e seu Judiciário, não pode significar mais do que
humanizar, contribuir com a adoção de um espírito de respeito, fraternidade e
tolerância aplicáveis à função de dirimir litígios. Pois, lá veio o
entrevistado, um juiz espírita, defendendo a necessidade de se admitir, como
prova processual, cartas psicografadas.
Querem coisa mais estapafúrdia? Diversos juristas foram ouvidos e ironizaram
a proposta. No Painel do Leitor, no
dia seguinte, alguém classificou como absurda a pretensão dos espíritas, pois
amanhã um juiz umbandista há de querer trazer aos autos a opinião de um xangô,
deus da justiça naquela religião, ou um magistrado evangélico vai se achar no
direito de invocar diretamente o espírito santo.
Depoimentos dos espíritos
É o risco que se
corre quando se misturam crenças com funções estatais. No caso da psicografia,
mesmo que o espiritismo lhe dê um caráter científico, considere-se que, para a
ciência positiva, a manifestação dos “mortos” não vai além do terreno da fé.
Superada que fosse essa questão, leve-se em conta que a identidade de um
espírito é sempre imprecisa e falível. Mesmo aceita a identidade, teríamos que
examinar as motivações do comunicante, suas paixões, ódios, amores, simpatias
ou antipatias que o levaram a interferir num caso “sub judice”. Além disso,
toda a prova testemunhal deve passar pelo crivo do contraditório. Ou seja: o
“depoimento” de um espírito teria de se submeter a questionamentos do juiz e
das partes. Bem, vamos parar por aí, antes que nossos centros espíritas
precisem criar junto às suas “câmeras de passes”, uma “câmara de inquirições de
desencarnados”, com assentos para juízes, promotores, advogados e escrivães.
Kluber-Ross
foi tema de palestra no CCEPA
A conferência mensal da primeira
segunda-feira do mês, em junho, esteve a cargo do
advogado e pesquisador espírita Aureci Figueiredo Martins, do Instituto
Espírita Terceira Revelação Divina. Aureci ofereceu ao público um excelente
trabalho sobre a obra da psiquiatra suíça Elizabeth Klüber-Ross, uma das mais
eminentes pesquisadoras sobre a morte e fenômenos paranormais. “Elizabeth
Klüber-Ross sobre a morte e morrer” foi o título do trabalho do convidado do
CCEPA, na noite de 2 de junho.
No próximo mês de julho (7), o
conferencista será Carlos Grossini, um dos Diretores do Centro Cultural
Espírita de Porto Alegre, com o tema “Espiritismo e Evolução”.
XXIX JORNADA ESPÍRITA
DE JACAREZINHO
Como consta no Boletim
Informativo dos centros espíritas Nosso Lar e João Batista, da cidade de
Jacarezinho/PR, já estão programados para agosto, mês da tradicional Jornada
Espírita, no Centro Espírita “João Batista” à Rua Marechal Deodoro, 701 – naquela
cidade, os expositores com os respectivos temas que serão abordados.
02.08.2008
– Wilson Reis Filho (Curitiba) agrônomo
Tema: Na Conquista de
si mesmo
09.08.2007 – Eulália Maria Bueno (Santos) Médium e escritora
Tema: A Força
da Mente Humana
16.08.2008 – Jacira Jacintho Silva (Bragança Paulista) Juíza
de Direito
Tema: Criminalidade:
Educar ou punir? Lançamento de livros e noite de autógrafos
23.08.2008
–
Tema: O Sono, uma
abordagem medica e espírita.
30.08.2008
– José Lázaro Boberg (Jacarezinho) Advogado
Tema: A mecânica da
oração
Lançamento de livros e noite de
autógrafos
A médica
Espiritismo e Evangelismo
Carlos
Augusto P. Parchen *
Temos visto, de forma cada vez mais freqüente, no meio
espírita, apelos e defesas para que se "evangelize" o Espiritismo,
bem como se encontram ferrenhos defensores do Espiritismo como
"religião". Vêem-se mesmo colocações do tipo "necessitamos é de
evangelho....".
Em minha opinião, o religiosismo e o "evangelismo" acabarão
por destruir o Espiritismo, pois se está abandonado a " ...filosofia
com base científica e conseqüências éticas e morais..." preconizada no
Livro dos Espíritos, para um "evangelismo" exacerbado, transformando
muitas Casas Espíritas em "igrejas", onde o ouvir palestras e tomar
passes passam a ter "status" de rito religioso.
Nessas Casas, não se aprofunda e se discute mais a Filosofia Espírita de
Vida, e não se discute como transformá-la em aprendizado, em habilidade, em
aptidão.
Passamos a
ter "estrelas" que ministram palestras, mais preocupados com a
própria imagem, com o falar empolado, com técnicas avançadas de oratória, mas incapazes de serem
animadores e promotores das mudanças pessoais e sociais.
Kardec nunca deu um aspecto religioso ao Espiritismo. Mostrem-me isso nas
obras básicas! Isso não existe.
Não podemos abrir mão da Doutrina Espírita em nome de uma "religião
espírita", acreditando que isso se "corrige mais tarde...". Um
edifício mal construído acabará desabando. Um alicerce mal feito não suporta
uma obra de grande porte.
Kardec estabeleceu um tripé didático para a Doutrina Espírita: Filosofia,
Ciência e Ética/Moral (e não religião).
A Ética e a Moral adotadas são a do Cristo, brilhantemente descrita n’O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Mas é ética e moral, aplicada em uma filosofia
de vida, embasada em conhecimento científico.
O aspecto
religioso do espiritismo, tal como concebido por Kardec, é íntimo, pessoal e
individual. Não precisamos transformar as Casas Espíritas em "igrejas
espíritas", pois isso nada acrescenta, só atrapalha.
Em
"evangelismo", temos que reconhecer que existem algumas religiões
muito eficientes nisso. Se vamos seguir por esse caminho, vamos aprender com
elas.
Mas essa não será a minha opção. Não abrirei mão da pureza doutrinária
estruturada por Kardec.
Assusta-me uma colocação como esta: "..precisamos é de
evangelho...". Isso é quase um discurso do neo-evangelismo, das
"modernas igrejas evangélicas".
Não é disso que precisamos. Precisamos de amor em ação, de caridade em
ação, de ética em ação, de pensamento construtivo em ação, de efetivamente nos
tornarmos criadores de uma nova realidade.
Precisamos é de Filosofia Espírita, de Moral Espírita, de Ética Espírita,
e isso já está contido no Livro dos Espíritos, a principal obra do Espiritismo
(e poderia até ser a única).
Precisamos transformar as Casas Espíritas em oficinas de aprendizado, em
"fábricas" de habilidades e aptidões éticas e morais, e não em
púlpitos de discursos e pregações, esteticamente lindas, belas,
mas inócuas por não estimularem a evolução individual.
Cristo como modelo. Claro que sim. Mas procuremos conhecer o Cristo
Histórico, O Cristo Humano, o Cristo Revolucionário, o Cristo que não tinha uma
religião, que não fundou uma religião, que não se entregou às religiões, que
VIVEU sua pregação, que tentava transformar ensinamento em aprendizado. Que
seja ele o nosso modelo de construção de vida e de sociedade. O Cristo Vivo,
não o Cristo das Igrejas e Religiões. O Cristo em nosso coração e nas
nossas ações, e não no evangelismo pobre e limitador.
Esta é uma
opinião pessoal, mas mais do que isto, é uma crença pessoal, uma diretriz de
minha conduta dentro da Doutrina Espírita. Compreendo e respeito quem pensa
diferente. Reconheço-lhes esse direito. Mas lutarei tenazmente pelo
Espiritismo Filosófico, Científico, Ético e Moral. E para evitar que nos
transformemos em igreja.
A filosofia e a
moral espírita estão em O Livro dos
Espíritos, principal obra do Espiritismo e que poderia ser a única.
*Carlos Augusto P.
Parchen
www.carlosparchen.net -
c_a_parchen@yahoo.com.br – é Engenheiro
Agrônomo e Professor Universitário
Opinião do Leitor
Atividades
espíritas na Guatemala
Mi apreciado amigo Milton - periódico Opinião.
Reciba un saludo muy especial.
Deseo comentarle que hemos estado trabajando fuertemente
en nuestro país.
Recientemente
desarrollamos un taller titulado: Técnicas de Estudio Aplicadas en el
Aprendizaje del Conocimiento Espírita. Este taller tuvo gran aceptación por
tratar una temática diferente y que resuelve en parte un problema general: la
falta de hábitos de lectura y el conocimiento de técnicas eficacez para
estudiar. Al dia siguiente desarrollamos
una plática titulada: Salud Integral; desde el Punto de vista Físico,
Psicológico-Psicológico-Emocional y Espiritual. Dicha actividad la
desarrollamos en Catarina (departamento de San Marcos), lugar situado a
Mi hermano y amigo, reciba un
especial abrazo. Estaré enviando gustosamente un articulo para publicarse
en el prestigioso e importante periódico Opinião", que
siempre recibimos con gran aprecio.
Su atento servidor y amigo de
siempre,
Daniel Torres. – Grupo Espírita Nueva Generación de Guatemala.
Maria
da Glória
Homero
Ward da Rosa – Pelotas/RS