OPINIÃO Ano XIV – Nº 150 Março 2008
Por
que o ser humano acredita em Deus?
Editorial:
Crente x liberdade
de imprensa
Nossa
Opinião: O fator
Deus e o fator homem
Notícias: CCEPA investe nas bases
do conhecimento espírita// Pense –
Pensamento Social Espírita
Por que o ser humano acredita em
Deus?
Investigadores
britânicos vão desenvolver uma abordagem científica sobre a crença em Deus e
outros temas relativos à natureza e à origem da crença
religiosa.
Uma
pesquisa de dois milhões e meio de euros
A notícia foi publicada pelo jornal The Times
Os investigadores do Centro Ian Ramsey para a Ciência e
Religião e do
Fenômeno
natural?
O psicólogo Justin Barret, que integra a equipe, entende
que a crença em Deus é um fenômeno natural na espécie humana. Para o
pesquisador, da mesma forma que a tendência de todas as crianças é acreditar na
onisciência dos adultos, o ser humano guarda por toda a existência a crença em
um ser onisciente, que é Deus. Para ele, essa atitude da criança “é necessária
para permitir que os seres humanos se socializem e cooperem”, e que, “mesmo
atenuada pela experiência ao longo do crescimento, perdura no que diz respeito à
crença
A questão
da sobrevivência após a morte
A pesquisa a ser feita com recursos financiados pela
Fundação John Templeton, que apóia estudos sobre religião, ciência e
espiritualidade, deverá durar três anos. Será investigada também a crença na
vida após a morte, mas apenas sob aspectos psicológicos e sociológicos. Os
pesquisadores pretendem averiguar se ela resulta de ensinamentos ou se é uma
característica inata do homem, produto da seleção natural. Os cientistas vão
relacionar essas questões da espiritualidade com a biologia evolutiva,
recorrendo ainda a outras disciplinas científicas ligadas à mente, à
neurociência e à lingüística.
O fator Deus e o
fator homem
Malgrado, hoje, pensadores eminentes afirmem poder, definitivamente,
provar que Deus não existe, uma coisa é inegável: o “fator Deus” subsiste,
firme, na alma de todos os povos. Os conceitos, sempre provisórios e mutáveis da
ciência, não conseguem abalar esse valor intuitivo presente em todos os tempos e
épocas. Léon Denis, pensador espírita francês, detectou: “A Ciência, à proporção
que se adianta no conhecimento da Natureza, tem conseguido fazer recuar a idéia
de Deus, mas esta se engrandece, recuando”.
Tanto quanto a ciência, também a fé religiosa envolve conceitos
provisórios que se contrapõem ao dinamismo do conhecimento. O espiritismo, no
que se refere a Deus, adotou uma concepção que vai além dos arcaicos conceitos
religiosos da divindade judaico-cristã. Quando O Livro dos Espíritos conceitua
Deus como “inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas”, propõe a
superação da concepção ainda vigente de um deus pessoal (na fé cristã,
representado por três “pessoas”), para buscar uma visão de Deus universal,
cósmica e de um absolutismo que paira acima de todos os relativismos humanos.
Com essa amplitude de visão, o espiritismo encara o fator Deus como um valor
filosófico fundamental, indispensável, mas cuja compreensão está além da
capacidade humana. Por isso, ao contrário das religiões, o objeto central da
proposta kardeciana é o espírito e não a divindade.
É natural, pois, que nos entusiasme mais a idéia da investigação
preferencial da questão da sobrevivência humana após a morte física do que a da
crença em Deus. Mas o ideal seria se essa pesquisa não se circunscrevesse a
meros conteúdos sociológicos e partisse para experiências concretas e
factualmente demonstráveis. No caso noticiado, entretanto, a fundação
patrocinadora, reconhecidamente vinculada a uma organização cristã, pode estar,
a priori, comprometida com dogmas que não a deixam inteiramente à vontade para
uma pesquisa científica sobre a verdadeira natureza, origem e destino do
espírito. Daí a tendência de derivar para aspectos laterais, fugindo, da questão
central. Por isso mesmo, a nós, espiritualistas livre-pensadores, abertos à
honesta e ampla pesquisa científica, causa certa frustração notícia como esta de
que se vai investigar o imponderável, deixando-se sempre de lado questões bem
mais suscetíveis à experimentação
científica.
Ou, para sermos mais claros: os dias de hoje, emparedados, entre o
materialismo cego e a crença fanática, se ressentem de pesquisadores como
William Crookes, Gustavo Geley, Ernesto Bozzano, Friedrich Zöllner, e tantos
outros que, nos séculos 19 e 20, superando o preconceito científico ou o temor
religioso, direcionaram claramente o objeto de suas pesquisas para o fator
humano, considerado este na sua dimensão espírito-matéria. É de se perguntar: o
que seriam aqueles homens capazes de fazer, hoje, caso dispusessem dos modernos
recursos de pesquisa, e com uma fundação que lhes pusesse em mãos 2 milhões e
meio de euros? (A Redação)
Crentes x liberdade de
imprensa
A grande ouvidoria do
brasileiro é a imprensa. O Estado não tem ouvidos.
(Marco Antônio Villa,
historiador e professor universitário)
Um fato sem precedentes movimentou setores da imprensa e do Judiciário,
no último mês de fevereiro. Tudo teve início com a publicação, na Folha de São
Paulo, de uma reportagem da jornalista Elvira Lobato sobre o império da Igreja
Universal do Reino de Deus, no Brasil. Segundo a matéria, em 30 anos de
existência, a IURD tornou-se detentora de um patrimônio imenso, distribuído
nominalmente entre seus bispos. Dezenas
Os fatos são facilmente comprováveis, incontroversos e de domínio
público. Mesmo que, em tese, possam dissimular abjetas formas de lavagem
cerebral, as atividades dessa e de outras tantas igrejas estão respaldadas por
norma constitucional garantidora da liberdade de crença. Em princípio, adere a
esses cultos e assume suas decorrentes obrigações quem quer. Cabe à imprensa, no
entanto, investigar e apontar a responsabilidade social desses conglomerados
que, em nome da fé, abocanham fatias cada vez mais amplas de concessões públicas
de rádio e televisão. Só essa organização religiosa já detém hoje 23 canais de
televisão e 40 emissoras de rádio, no país, embora a titularidade nominal das
empresas de comunicação pertença a “pastores” e “bispos” da IURD, como denuncia
a reportagem da Folha.
A partir da publicação da matéria jornalística, começaram a pipocar por
diferentes fóruns de todo o Brasil ações criminais intentadas por pessoas que se
qualificaram como “crentes” da referida igreja, contra o periódico e a
jornalista. Declaravam-se ofendidos pela reportagem e, por isso, avocavam
legitimidade para a demanda. O curioso é que as petições iniciais, distribuídas
em fóruns os mais distantes desse imenso país e firmadas por diferentes
advogados, tinham características comuns, inclusive com idêntica redação, o que
denunciou tratar-se de uma formidável orquestração jurídico-processual, feita
com o objetivo de obstaculizar a ampla defesa dos réus que, simultaneamente,
deveriam comparecer a varas criminais do Rio Grande do Sul ou do Rio Grande do
Norte, entre outros tantos e distanciados pontos geográficos. Não foi difícil
concluir: o que se visava era tumultuar de tal forma os procedimentos judiciais
que a jornalista e a empresa a que pertence dificilmente deixariam de ser
condenadas, pois que a manobra impossibilitaria seu comparecimento a todos os
pretórios em um mesmo tempo para se defenderem.
Graças, novamente, à imprensa, a manobra foi detectada. Decisões que se
seguiram em diferentes processos, encaminharam-se para uma unanimidade: os
feitos passaram a ser rechaçados liminarmente, com base na evidente litigância
de má-fé, fundamento jurídico que inibe aventuras judiciais dessa natureza. A
sintonia entre a
O episódio que, a esta altura, se encaminha para uma decisão uniforme e
sensata, traz à discussão esse fenômeno tipicamente brasileiro: o poderio cada
vez mais avassalador, na política e nos meios de comunicação, de grupos
religiosos, muitos deles de feição fundamentalista e, todos eles, de concepções
arcaicas. A laicidade, que deve ser inerente ao Estado e pressuposto
indispensável à independência dos meios de comunicação social, vem, com isso,
sofrendo sérias ameaças. Aí está uma situação que, no mínimo, deve servir de
alerta à consciência cívica dos cidadãos brasileiros e, também, sugerir ao Poder
Público a adoção de uma política mais clara e transparente na concessão dos
meios eletrônicos de comunicação social.
Cabe à imprensa investigar e apontar a responsabilidade
social desses conglomerados que, em nome da fé, abocanham fatias cada vez mais
amplas de concessões públicas de rádio e televisão.
Nota da
Redação: O texto deste editorial foi publicado na edição de
1º.03.08, no jornal Zero Hora de Porto Alegre, assinado pelo
Milton R.Medran
Moreira
Antônio
Vieira
As comemorações dos 400 anos de nascimento do Padre Antônio Vieira (6 de
fevereiro último) estão motivando várias reedições de suas obras e oportunas
apreciações sobre a vida desse jesuíta português do Século 17 que viveu por
muitos anos no Brasil, aqui tendo produzido a maior parte de suas
obras.
Os pesquisadores estão destacando o humanismo de Vieira, um sacerdote
católico que assumiu posições de vanguarda
Milenarismo
Mas, apesar de humanista e pensador até certo ponto livre, Vieira era
padre e tinha compromissos de fé que o prendiam à religião e a seus mitos.
Dentre os misticismos do jesuíta português, talvez o mais forte tenha sido o
milenarismo que adotou. Milenarismo é uma crença muito arraigada na tradição
judaico-cristã e que ganha força especialmente às vésperas de um novo milênio.
Vieira viveu parte de sua vida no período em que Portugal perdera a Coroa para a
Espanha, com o episódio da morte do jovem rei Sebastião pelos mouros, sem deixar
sucessor (1580). Foi quando surgiu o mito de que o Rei Dom Sebastião iria voltar
para retomar o trono e fundar o Quinto Reinado. Este duraria mil anos de muito
esplendor, governados pelos Papas e pelos
O paradoxo que fez Vieira flutuar entre a racionalidade e o mito marcou
sua existência, como segue marcando a vida de quem tem que se dividir entre a
razão e a fé.
Milenarismo
espírita
O espiritismo cristão está eivado desse mesmo paradoxo. Mesmo assimilando
a essência da proposta kardeciana, com seu racionalismo e com idéias generosas
de igualdade entre todos os seres e respeito a todas as crenças e culturas, sob
a lei do progresso universal, a religião espírita demora-se em ranços que pregam
claramente o privilégio de um povo e de uma cultura sobre as demais. O livro
“Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, de autoria espiritual do
escritor brasileiro Humberto de Campos,
É muito difícil conciliar a obra e a proposta de Kardec com as posições
espíritas-cristãs. Forçada a conciliação, ela conduz a um sincretismo que está
na contramão das tendências humanistas, igualitárias, assectárias e laicas do
atual estágio de desenvolvimento humano.
Depois de Vieira,
Emmanuel
O mito milenarista, sustentado por Vieira, de um império
comandado por Papas e monarcas portugueses, é claro, nunca se concretizou. Mas
outros o sucederiam. Entre eles este formulado por Emmanuel, também jesuíta, em
“A Caminho da Luz”, prevendo para o Século XX (que já se foi sem deixar muita
saudade), “uma nova aurora”, onde “luzes consoladoras envolverão todo o orbe
regenerado pelo batismo do sofrimento” e “o homem espiritual estará unido ao
homem físico”, pois que “o Espiritismo terá retirado de seus escombros materiais
a alma divina das religiões”, com “o abraço acolhedor do Cristianismo renovado”.
O progresso humano não se dá nesse nível, a partir de uma
única vertente, onde se concentraria todo o “plano divino”. Nem tem esse caráter
linear, sujeito a datas marcadas previamente. Tampouco dá saltos. Faz-se lenta e
sofridamente, com altos e baixos, por força da ação do homem, iluminado pelo
pluralismo cultural e pela progressiva compreensão da lei natural. Esta não se
confunde com religião. Revela-se e se aperfeiçoa no mais íntimo da consciência
humana e no indistinto seio de todas as culturas.
CCEPA INVESTE NAS BASES DO CONHECIMENTO
ESPÍRITA
- Curso Básico
- Na palestra mensal de abril (dia 7) Salomão fala sobre
“Espiritismo – Caráter e Fundamentos”.
Pense – Pensamento
“Conceito Espírita de Sociologia”, de Manuel S. Porteiro,
é o mais novo livro traduzido para o português, inserido no site Pense – Pensamento Social Espírita, que
soma oito obras do ramo, à disposição do público. A edição em espanhol já estava
disponível desde 2003, juntamente com os livros “Espiritismo Dialético” e
“Orígen de las Ideas Morales”, também de Porteiro.
Um total de 22.724 downloads foram feitos em 2007 de
livros disponibilizados pelo Pense, que recebeu cerca de 47.500 visitas de
internautas no ano, média de 4 mil por mês, de todas as partes do mundo. “La
Conservación de Médio Ambiente Físico e Siquico”, de Orlando Villarraga, foi a
obra que liderou as baixas, no total de 10.248 cópias, seguida de “Racismo e
Espiritismo”, de Eugenio Lara, com 3.251 cópias. Ainda em 2007, foram
registradas 112.516 visitas, com possíveis baixas de artigos e entrevistas
contidos no site. Nestas, a liderança ficou com um artigo sobre sociologia, com
19.485 citações. O artigo é de autoria de Alfredo Marcos
Ribeiro.
O Pense
encontra-se indexado em mais de 70 outros sítios da rede mundial de
computadores, no tema ‘Pensamento social espírita’. No buscador Google, com
81.400 citações (21/02/2008), o Pense
aparece em primeiro lugar.
Atualmente, o site contém oito livros, 38 artigos, duas
biografias, bibliografia com citação de 44 autores sobre a temática social e
sociológica, oito debates, sete tiras de humor e uma galeria com nove fotos.
Iniciado em março de 2001, o Pense, entre outras finalidades, serviu para
auxiliar o resgate do pensamento sociológico e espírita de Porteiro, pensador
argentino, desencarnado em 1936. Sua principal obra “Espiritismo Dialético”, em
português, traduzida por José Rodrigues, já teve cerca de sete mil cópias
obtidas no site, nos últimos sete anos.
A próxima meta do site é colocar, também em português, a
terceira obra de Manuel S. Porteiro, sob o título de “Origem das Idéias Morais”.
Está em andamento uma reformulação do site, para introdução de novas formas de
mídia ligadas ao seu tema básico.
Eugenio Lara e José Rodrigues coordenam o Pense, com a atuação na área visual e
tecnológica do jornalista e webdesigner Mauri Alexandrino. O endereço é www.viasantos.com/pense
.
‘Destruição criativa’ e
desigualdades
José
Rodrigues*
“Para todos há
lugar ao Sol, mas com a condição de que cada um ocupe o seu e não o dos
outros”. Allan
Kardec
As várias fases pelas quais passa o capitalismo, como um
centro dinâmico de difícil controle é tema que se encontra em franca discussão
no mundo, vencidas as fases da ‘guerra fria’, do sistema bipolar político e
econômico, da reunificação da Alemanha com a queda do Muro de Berlim e o fim da
União Soviética. Mas tanto lá, nos idos do princípio do Século XX, com a
Revolução Russa, quanto cá, tempos de um capitalismo financeiro desenfreado,
põe-se de lado o fator-homem, a natureza nossa, com o estímulo de levar
vantagem, ganhar no mole e culpar a outrem pelas mazelas pessoais e coletivas.
Das fases fisiocrática e mercantilista da economia, ao
capitalismo industrial, nascido em seqüência à revolução trazida pelas máquinas
a vapor, pouco antes do findar do Século XVIII, permeia o espírito da
acumulação. As inovações aceleradas com a tecnologia da informação praticamente
nada mudaram no sentido animal da nossa espécie. Ao contrário, tem sido graças a
elas que os cálculos de ganhos, infinitesimais na unidade, porém grandiosos no
todo, são aplicados ao hoje mundo globalizado das finanças. É um sistema que
atua nas 24 horas do dia, atento aos fusos horários, à abertura e fechamento dos
mercados, às instabilidades políticas e econômicas de cada país, com fins de
tirar o melhor partido. O on line em
nada se interessa se alguém vai à bancarrota, se apostou mal, se especulou com
informações erradas. Ordens de compra e venda não têm qualquer vínculo ético ou
moral.
A abordagem do tema vem a título de avaliação de
tendências. De fato, o próprio sistema de ampla liberdade de iniciativas, sem
apontar para o lado egoísta do homem, está preocupado com o amanhã de si mesmo.
Há pouco, as bolsas internacionais ‘balançaram’, ante a crise dos chamados subprimes do mercado norte-americano,
com base em hipotecas de imóveis, pelos quais as famílias fizeram crescer suas
dívidas e ampliar o consumo em geral. A ‘bolha’ estourou e os bancos centrais,
para evitar uma quebradeira geral, socorreram os bancos emprestadores, talvez um
paliativo.
Convém um breve enunciado de números para melhor
compreensão do tema. Em resumo, o sistema financeiro, entendido como finança
pura, tem crescido muito acima do de bens físicos. Há liquidez no mundo
(dinheiro farto), aliada à tecnologia da transmissão de dados, de tal modo que
se formou um descompasso com a chamada economia real. Os ativos financeiros de
todo o mundo, que em 1980 representavam 109% da produção real, saltaram para o
equivalente a 316%, em 2005. Neste ano, nos Estados Unidos, a proporção atingiu
a 405%. A dívida das famílias representava 135% do PIB daquele
país.
Os mercados costumam tornar-se fins em si mesmos,
mediante sofisticações, seguidas de tentativas de reduzir riscos, mas quando a
ambição domina, o irracional avança.
Joseph Schumpeter (1883-1950), economista austríaco, a
propósito, está sendo muito lembrado nos dias recentes. Ele é o autor do
conceito de “destruição criativa”, base do capitalismo, sistema que, para se
manter de pé e em expansão, destrói hoje o que produziu ontem e assim o fará,
amanhã, com o que produziu hoje. Mas tanto o planeta está dando sinais de doença
precoce, sob o ponto-de-vista físico, quanto um senso comum que se espalha,
condena as desigualdades sociais. A pobreza, enfim, começa a incomodar neste
mundo interativo. Ou seja, o rumo não pode ser o da acumulação, mas o da
repartição. Pelo menos das oportunidades.
Espero que não esteja implícita neste texto uma idéia
contrária ao espírito inovador, ao empreendedorismo, necessários e vindos como
respostas à procura do bem-estar de cada um. A diferença entre uma coisa e outra
está na motivação e nos fins que se procuram. Allan Kardec mostrou preocupação
com essa aparente contradição, ao tratar da Lei de Conservação. Em comentário
pessoal, ele diz que “se a civilização multiplica as necessidades, multiplica
também as fontes de trabalho e os meios de viver (...). A natureza não pode ser
responsável pelos vícios da organização social, nem pelas conseqüências da
ambição e do amor-próprio”.
Perguntas cruciais que teóricos do capitalismo fazem no
momento podem ter aí um caminho para reflexão.
(*) José Rodrigues é jornalista e
economista. Integra o Centro Espírita Allan Kardec, de Santos (SP) e preside a
Ação de Recuperação Social –ARS, entidade atuante no segmento de famílias de
baixa renda.
Sociedade
Kardecista de Estudos e
Desenvolvimento Humano
Sobre a notícia “Livre-pensadores fundam instituição
espírita em Ibatiba/ES (Boletim América
Espírita, encartado em Opinião
jan/fev 2008), trata-se de belíssimo trabalho. Parabéns a todos os
integrantes do SKEDH pelo que estão fazendo, divulgando o Espiritismo por todos
os meios de que dispõem, estudando-o e promovendo seu estudo. Um trabalho
sério e digno. Abraços, e muito sucesso.
Vicente Moreira
Crispim -
vimocris@terra.com.br – São
Paulo (mensagem postada na lista de discussão da
CEPA na Internet).
Boicote
evangélico ao Congresso da CEPA em Porto Rico
Sobre a notícia “Evangélicos porto-riquenhos querem
boicotar o Congresso da CEPA” (América Espírita Nº 112): O fundamentalismo
cristão tem se tornado algo preocupante em todo nosso continente. As idéias
desses fanáticos aparecem em políticas
públicas na administração Bush.
Exploram cultural e financeiramente pessoas sem muita instrução e tentam
atravancar até mesmo o progresso científico como foi a campanha dos carismáticos
contra as pesquisas com células tronco embrionárias, campanha essa, que até a
AME-Brasil se empenhou com a ridícula Carta de São Paulo.
Aqui no Brasil, temos praticamente três manifestações do
fundamentalismo cristão: os católicos tradicionalistas, que ainda vivem no tempo
do movimento "Deus, Pátria e Família", e desejam um catolicismo mais
ritualístico e tradicional, com missas novamente em latim; os católicos
carismáticos que preferem esquecer dos rituais,mas defendem uma rigidez maior na
vivência dos sacramentos e, por fim, o das diversas igrejas evangélicas, ainda
mais intolerantes e contrárias ao pluralismo.
Mas, felizmente, esses movimentos estão na contramão do
progresso e não detêm a hegemonia da opinião pública. Porém, mesmo assim, são
muito gritantes e chegam mesmo a querer impor seu modo anacrônico de pensar
através da política e da mídia. Eu penso que cabe às pessoas esclarecidas e que
defendem a liberdade de expressão também manifestarem o seu "grito", se
mostrarem mais perante a sociedade e deixar de lado essa extrema tolerância com
o fanatismo, tal como alguns políticos americanos e europeus fizeram em ocasiões
recentes, ao criticar publicamente a interferência que religiosos vêm tentando
realizar em assuntos que dizem respeito ao Estado.
Herivelto Carvalho - heriveltocarvalho@gmail.com - Ibatiba ES (opinião postada na Lista de Discussão da CEPA pela Internet);