OPINIÃO Ano XIV – 146 Outubro 2007

SBPE – Uma história de resistência

Nossa Opinião:   No rumo do projeto Kardecista

Editorial:  Queda do tabagismo – uma vitória da sociedade

Notícias:   ABRADE promove II Congresso Brasileiro de Divulgadores do Espiritismo  -   Outros eventos no ambiente do CONBRADE 2007  -   Jones abriu o mês de Kardec no CCEPA   

Opinião em Tópicos:   Unificação  -   Livre exame  -  União   -   Os dois caminhos  (Milton Medran Moreira)

Enfoque:    Dois modelos de espiritismo: o de Kardec e o de Chico

 

 

SBPE – Uma história de resistência

 

Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita chega à sua 10ª edição como expressão genuína da liberdade de pensamento, estímulo à produção intelectual e de resistência às tendências místico-religiosas do espiritismo brasileiro.

 

1989 - O primeiro simpósio

            Criado com o nome de Simpósio Nacional do Pensamento Espírita (designação substituída pela atual já na 2ª edição, em 1991), o SBPE chega à sua 10ª edição, confirmando uma trajetória de resistência às tendências religiosistas e evangélico-cristãs que marcam o movimento espírita do Brasil.

            A primeira edição do Simpósio desenrolou-se na sede da Comunidade Lar Veneranda, de 11 a 13 de agosto de 1989. Diferentemente do modelo atual, a  versão inicial teve como expositores alguns nomes especialmente convidados por seu organizador, o psicólogo e escritor espírita Jaci Regis. Assim, Krishnamurti de Carvalho Dias. Luiz Fuchs, Valentim Lorenzetti, Milton Felipeli, Paulo Magalhães Dias, Aylton Paiva, Maria Eny Paiva, Milton Medran Moreira e Ciro Pirondi, juntamente com o organizador, Jaci, foram os expositores. Os temas propostos analisavam o estágio atingido pelo pensamento espírita e as influências de algumas correntes e personalidades na formação cultural espírita no Brasil. O pensamento de Emmanuel, de Roustaing, de Herculano Pires, de Ramatis e de Edgard Armond foram, então, confrontados com a obra de Kardec.

 

(foto do folder do 1º Simpósio)

Folder que anunciava a programação da 1ª edição do Simpósio de Santos, em 1989.

           

1991 a 2007 – temas livres conferem diversidade ao Simpósio

            A partir da 2ª edição, o SBPE ganhou seu modelo vigente. Passou a veicular trabalhos com temas livremente escolhidos por seus expositores. Consagrado como um espaço aberto ao debate de idéias, à luz do pensamento espírita - ou “kardecista”, como prefere dizer Jaci Regis -, o Simpósio de Santos é hoje auspiciado pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos, entidade cultural criada pelo mesmo grupo dirigente da Comunidade Lar Veneranda que  agora se dedica exclusivamente ao trabalho de ação social.

            Antes da inauguração da moderna sede do ICKS, algumas edições do SBPE foram realizadas fora de Santos, especialmente em Cajamar/SP. O IV SBPE, de 12 a 15 de outubro de 1995, aconteceu em Porto Alegre/RS e teve importante significado histórico para o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre. Logo após sua realização, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul, entidade à qual era filiado o CCEPA, comunicou-lhe sua suspensão do quadro federativo, alegando dois motivos: o co-patrocínio do SBPE, classificado pela FERGS como “justaposição de funções”, e o pedido de filiação que o CCEPA, naquela mesma época, houvera formalizado à Confederação Espírita Pan-Americana. A decisão unilateral da FERGS, que não oportunizou qualquer procedimento de defesa, jamais foi revogada, interrompendo um longo e profícuo relacionamento histórico entre duas importantes instituições espíritas do Rio Grande do Sul: a FERGS e o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (ex-S. E. Luz e Caridade), entidade de cujos quadros haviam saído dois presidentes daquela federativa: Maurice Herbert Jones e Salomão Jacob Benchaya.

 

Nossa Opinião

                                               No rumo do projeto kardecista

            O folder promocional da programação do Simpósio Nacional do Pensamento Espírita (agosto/89), evento que evoluiria para o atual Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, cuja capa é reproduzida acima, estampava sua programação e um pequeno editorial, onde se lia:

 “Atingimos um ponto em que não cabem mais linhas irredutíveis. O Espiritismo é progressivo, com espaço e estrutura para avançar e acompanhar o desenvolvimento do conhecimento e dos problemas humanos atuais”. E acrescentava: “A idéia do SIMPÓSIO é conhecer e debater essas contribuições sem preconceitos, confrontos ou imposições. Todos os temas serão expostos e debatidos dentro de uma perspectiva elevada, com respeito às posições de cada um”.

            Os eventos até então realizados no âmbito do movimento espírita brasileiro nunca haviam adotado esse modelo ou buscado esses objetivos. Eram, tradicionalmente, torneios de oratória, com expositores “confiáveis”, de quem jamais se poderia esperar a explanação de um conceito ou interpretação que não fosse rigorosamente o pensamento oficial da entidade promotora.

            O Simpósio de Santos, em 1989, inaugurava um tempo novo. Um de seus efeitos imediatos seria o de propiciar ambiente favorável a que começassem a se organizar, no Brasil, núcleos filiados à Confederação Espírita Pan-Americana. A CEPA, desde sua fundação, em 1946, optara por modelo semelhante, na coordenação de um movimento espírita plural, criativo, democrático, progressista e livre-pensador. Uma alternativa bem diversa do movimento hegemônico, que, a partir do chamado “coração do mundo, pátria do evangelho”, se investira da missão de difundir as idéias espíritas como uma nova religião para o mundo.

            O SBPE, que chega à sua 10ª edição, guardando inteira fidelidade aos propósitos enunciados em seu evento inaugural, é, pois, marco inicial de uma nova fase do desenvolvimento das idéias espíritas no Brasil. É também o início de uma reconceituação da forma de se organizar o movimento espírita, atentando-se para seu natural pluralismo e para sua vocação progressista. Enfim, o SBPE é uma iniciativa que contribuiu e segue contribuindo decisivamente para o aprimoramento do projeto kardecista. (A Redação)

 

Editorial

Queda do tabagismo – uma vitória da sociedade

 

Obstáculos e dificuldades fazem parte da vida. E a vida é a arte de superá-los.”

 DeRose

 

As duas ou três últimas décadas vêm registrando, no Brasil, uma considerável queda do tabagismo. Pesquisa do Datafolha publicada no último mês de setembro, aliada a números divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), dão conta, por exemplo, de que, em finais da década de 1980, 34,8% dos brasileiros adultos eram fumantes. Já no ano de 2002, o percentual caiu para 26%, reduzindo-se, agora, para 23%. É ainda um número elevado, mas que atesta uma gradual redução, fruto de um trabalho conjunto, onde estão incluídos esforços governamentais, da mídia e de inúmeros setores da sociedade.

            Notícias como estas devem ser saudadas por segmentos como o nosso. O tabagismo é, sabidamente, um dos fatores determinantes do baixo nível da saúde do brasileiro e causa principal de mortalidade pelo câncer, enfisema pulmonar, enfartos e muitas outras doenças. É um dos grandes problemas de saúde pública em nosso país. Temos ciência de que os companheiros espíritas que hoje integram o Conselho Nacional de Saúde, em representação à Confederação Espírita Pan-Americana, estão atentos a esse quadro e, naquele órgão, contribuem com idéias e ações capazes de promover o avanço da conscientização pública contra o hábito de fumar.

            Além dos efeitos positivos já obtidos e agora retratados em números, outro percentual da mesma pesquisa chama a atenção: do universo dos fumantes pesquisados 83% declararam a seus entrevistadores que desejam deixar o cigarro. Querer é o móvel primeiro de uma ação. Toda a caminhada começa com um primeiro passo e este sempre é o resultado de uma decisão, nascida da consciência e visando a um objetivo. O alto percentual de pessoas que se deixaram envolver pelo deletério hábito do fumo e agora dizem querer abandoná-lo é, pois, também um sinal positivo. Resulta do consenso obtido, nos últimos tempos, em nosso país, de que é imperiosa a necessidade de se lutar contra o tabagismo.

Temos consciência de que o esforço empreendido não foi fácil. A sociedade, por múltiplos segmentos, precisou enfrentar o poderio econômico da indústria do tabaco. Os meios de comunicação tiveram de abrir mão de considerável receita de um de seus mais ricos segmentos de publicidade. A própria indústria de cigarros, a contragosto, mas por força de lei, teve de estampar, na embalagem de seus produtos, mensagens impactantes sobre os malefícios trazidos pelo hábito de fumar. Desenvolveram-se, a par da legislação, práticas sociais que, pouco a pouco, vão isolando os fumantes e fazendo-os sentirem-se como exceções em muitos ambientes onde o hábito já não mais é tolerado. São sinais de civilidade e de conscientização, fatores que modificam hábitos.

Os espíritas têm muito a contribuir com esse movimento antitabagista, uma das boas coisas de nosso tempo. Em tempos mais recuados, quando o hábito era socialmente bem mais tolerado e praticado, os espíritas, via de regra, já o recusavam. Era comum a pessoas que pouco conheciam o espiritismo indagarem de nós se havia regra doutrinária proibitiva do fumo, entre os espíritas. Precisávamos explicar-lhes que o espiritismo nada proíbe, mas que recomenda hábitos saudáveis, em respeito à vida e à sua dignidade e que tudo é uma questão de educação e conscientização. Justamente esses fatores, educação e conscientização, tão presentes na base teórica da prática espírita, convidam-nos a contribuir, juntamente com nosso exemplo, para que hábitos saudáveis se tornem conquistas individuais de todos os que nos cercam e patrimônio comum de nosso povo.

           

 Os espíritas têm muito a contribuir com esse movimento antitabagista, uma das boas coisas de nosso tempo.

 

Opinião em Tópicos

 

Milton R.Medran Moreira

 

Unificação

            Procure em toda a obra de Kardec a palavra “unificação” e não irá encontrá-la. A Revista Espírita, o mais importante laboratório de pesquisa e de exposição de idéias pessoais de Kardec, tem em sua primorosa edição em português um magnífico índice, organizado por seus editores Miguel Grisolia, Júlio Abreu Filho e J.Herculano Pires. O índice geral remissivo da revista mereceu a edição de um volume exclusivo. Ele traz, verbete por verbete, todas as referências possíveis e imagináveis para a facilitação de qualquer pesquisa que o estudioso da obra kardequiana deseje efetuar. Lá, porém, você não encontra o verbete unificação.

            Unificação, na conotação popularizada no meio espírita, é tipicamente uma invenção brasileira. Seu claro e jamais negado objetivo é de natureza genuinamente religiosa: a preservação de um conjunto de presumíveis verdades, procedimentos e formas de organização capazes de garantir a hegemonia de uma ordem e de um comando pretensamente emanados “do Alto” e delegados a uma instituição, que deverá ser sua guardiã.

            Livre exame

            Entretanto, palavras como união, unidade, liberdade e tolerância são freqüentemente encontradas na obra de Kardec. Mesmo quando ensaiou uma proposta de organização do movimento espírita, sob a coordenação de um Comitê Central, Kardec foi logo ressalvando que este não estaria “destinado a dirigir o mundo e a ser o árbitro universal da verdade”, acrescentando que quem tivesse essa pretensão “teria compreendido mal a essência do Espiritismo, que proclama os princípios do livre exame e da liberdade de consciência, repudiando a idéia de erigir-se em autocracia.” E disse mais: “Pretender que o Espiritismo seja organizado, por toda a parte, da mesma maneira; que os espíritas do mundo inteiro se sujeitem a um regime uniforme, a uma única maneira de proceder; que devam esperar a luz de um ponto fixo para o qual devem voltar seus olhos, seria uma utopia tão absurda quanto pretender que todos os povos da Terra formassem um dia uma só nação, governada por um chefe único, regida pelo mesmo código de leis, adotando os mesmos costumes”. (Constituição do Espiritismo, em Obras Póstumas).

            União

            Mesmo recusando a idéia do modelo único ou de um comando central, Kardec enfatizou a necessidade da união entre os espíritas de todo o mundo A união se daria pela “comunhão de pensamentos”, como definiu no seu Discurso de Abertura (Revista Espírita dezembro 1868). Essa comunhão se haveria de operar de forma natural e espontânea pela comum assimilação dos princípios básicos doutrinários, definidos e analisados em O Livro dos Espíritos, desde o surgimento da doutrina, em 1857 e atualizáveis nos Congressos Espíritas.

            No documento antes citado, Allan Kardec previu a formação de “centros gerais nos diferentes países” (o que chamaríamos hoje de Conselhos, Federações, Confederações e Uniões), mas que eles não teriam entre si “outro laço senão a comunhão de crença e a solidariedade moral, sem subordinação de uns a outros”, acrescentando, mais adiante: “Os diversos centros que se dedicam ao verdadeiro Espiritismo deverão dar-se as mãos fraternamente, unindo-se para combater seus inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo”.

            Os dois caminhos

            Unificação é uma exigência típica de organizações religiosas. É instrumento de manutenção de poder. União é conceito muito mais amplo, compatível com o pluralismo, com o humanismo, onde a tolerância e o diálogo criam e sedimentam vínculos de cooperação e fraternidade.

            Em nosso meio, na mesma medida em que avançam os projetos unificacionistas, se enfraquecem os ideais de união, obstaculizando, inclusive, o diálogo entre as diversas vertentes do pensamento espírita e as instituições que as coordenam. Um dos mandamentos do projeto de unificação consiste em fazer de conta que não existem outros segmentos senão aqueles que estão sob suas asas. Unificação passa a ser sinônimo de sectarização.

            Unificação é movimento de cima para baixo. União é construção que se faz a partir da reflexão, do debate, do diálogo e do trabalho conjunto, em clima de respeito e de tolerância.

            São caminhos diferentes que levam, igualmente, a objetivos diversos. Distinguir um do outro talvez não seja fácil, nem cômodo, mas é vital para o futuro do espiritismo.

 

Notícias

 

ABRADE promove II Congresso Brasileiro de Divulgadores do Espiritismo

A ABRADE – Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo – promove de 11 a 14 de Outubro, em João Pessoa/PB, o II Congresso Brasileiro de Divulgadores do Espiritismo.Local:   Centro de Convenções Lins de Vasconcelos – FePB - Av. Gal Bento da Gama, 555 Torre - João Pessoa – PB. Divulgamos, a seguir, a programação do evento:

 

11/10/07  -  QUINTA-FEIRA

 

9h00/19h30     Credenciamento e Recepção dos congressistas

 

19h30              Sessão de Abertura e Instalação do Congresso

20h00              CSE – Construindo pontes entre as pessoas (Os desafios da comunicação na era da   informação globalizada)

                                   CONFERÊNCIA: Luis Signates – GO                                                                                                   
12/10/07  -  SEXTA-FEIRA

8h30 /8h40      Avisos

8h40 /9h30      PALESTRA

- Da Torre de Babel às torres de TV
Severino Celestino – PB

 

9h40 /10h30    MULTIPLAS ATIVIDADES

OPÇÃO 1

OPÇÃO 2

OPÇÃO 3

OPÇÃO 4

PAINEL
A educação como base da CSE
 Dora IncontriSP
Participação de Marcelo
F. Dias – PB e Wilson Czerski - PR

OFICINA RÁDIO

Conceitos e práticas do Rádio, na comunicação do Espiritismo

Alexandra Torres – PE

OFICINA TV

Aberta, por assinatura e comunitária (Roteiro, edição e transmissão)

Sonia Zaghetto – DF

OFICINA
O papel do esperanto na difusão das idéias espíritas

 

Equipe Esperanto

 

SEXTA-FEIRA - INTERVALO 10h30/11h00

 

11h00 /12h30  MULTIPLAS ATIVIDADES

OPÇÃO 1

OPÇÃO 2

OPÇÃO 3

 

PAINEL
A educação como base da CSE
 Dora IncontriSP
Participação de Marcelo
F. Dias – PB e Wilson Czerski - PR

 

OFICINA RÁDIO

Conceitos e práticas do Rádio, na comunicação do Espiritismo

Alexandra Torres – PE

 

OFICINA TV

Aberta, por assinatura e comunitária (Roteiro, edição e transmissão)

Sonia Zaghetto – DF

 

 

SEXTA-FEIRA - INTERVALO DE ALMOÇO 12h30/14h00

 

14h00 /15h30 -   MULTIPLAS ATIVIDADES

OPÇÃO 1

OPÇÃO 2

OPÇÃO 3

OPÇÃO 4

PAINEL
Espiritismo e mídia à luz do Direito na atualidade


Marcus Vinícius – PE,  Ricardo Araújo – MS e Luiz Signates - GO

CURSO
Metodologias práticas de divulgação e comunicação: do livro à mídia.


Wilson Czerski - PR

OFICINA
Como comunicar a mensagem espírita com o jovem e a criança.

Dora Incontri – SP

CASO DE SUCESSO

Criação de uma ONG para divulgar o Espiritismo, destacando a produção de um programa para TV.

Ivana Raisky - Depto de CSE da FEEGO

 

15h40 /16h30 PALESTRA

O Espírita e seu outro

Luiz Signates – GO

 

 

SEXTA-FEIRA  - INTERVALO 16h30/17h00

 

17h00 /18h30             

OPÇÃO 1

 

MESA REDONDA

Temas espíritas em novelas e no cinema Glauber Filho – RJ;  Sonia Zaghetto – DF e um artista global

è    Exibição do trailler do Filme sobre Bezerra de Menezes em telão

 

13/10/2007 - SÁBADO

8h30 /8h55      PRÉ - LANÇAMENTO DO CD do Canto & Luz - Avisos

9h00 /10h20               

OPÇÃO 1

OPÇÃO 2

OPÇÃO 3

 

CURSO ORATÓRIA

Alkindar de Oliveira - SP

 

 

PINTURA MEDIÚNICA

Florêncio Anton - BA

 

PAINEL

O que compromete a credibilidade da mensagem espírita?

 

Pedro Vieira – RJ

Sandra Borba – RN

 

SÁBADO  - INTERVALO 10h20/10h50

 

10h50 /12h30 

OPÇÃO 1

OPÇÃO 2

OPÇÃO 3

 

 

 

CURSO ORATÓRIA

Alkindar de Oliveira - SP

 

 

OFICINA
O Espiritismo via Internet – A experiência do IRC

 

Sonia Zaghetto – DF e Equipe do IRC

 

PALESTRA

A contribuição da CSE - Comunicação Social Espírita na educação moral do ser

Fatima Ferreira – MG

 

SÁBADO  - INTERVALO DE ALMOÇO 12h:30/14h:00

 

14h00 /16h30  MULTIPLAS ATIVIDADES

OPÇÃO 1

OPÇÃO 2

OPÇÃO 3

 

OFICINA
TV Web, via satélite e Radio Web

Alamar Régis - SP

 

OFICINA
Confecção de jornais, boletins, murais, avisos e panfletos no CE
Alexandra Torres – PE

 

 

PALESTRA  Desenvolvimento de novas lideranças - Aflorando o potencial natural do ser

 

Alkíndar de Oliveira - SP

 

SÁBADO  - INTERVALO 16h30/17h00

 

17h00 /18h30  FÓRUM

                        Ética e Alteridade – A dimensão social da ação espírita

è    A proposta de PCSE da Abrade

è    Ação de Reconhecimento à Imprensa e a Vultos do Espiritismo

                        Marcelo F Dias – PB; Luiz Signates - GO; Sonia ZaghettoDF

                         

Exibição de Vídeo sobre Chico Xavier

 

SABADO à NOITE – 20h00

 

20h00              PEÇA TEATRAL

                        Memórias de um Suicida

                        Grupo de Teatro LEMA – CE

                        (A inscrição no Congresso não inclui o ingresso para esta peça).

 

14/10/2007 - DOMINGO


8h30/8h40       Avisos

 

8h40 /9h30      PALESTRA

O teatro pode realmente ajudar a divulgação Espiritismo?
Grupo EnCena – PB

9h30/12h30     SESSÃO SOLENE DE ENCERRAMENTO
                       

CONFERÊNCIAS DE ENCERRAMENTO

Espiritismo e Ecologia, com André Trigueiro – RS, da GloboNews

De Kardec ao III Milênio, com Cosme MassiPR

 

 

 

OUTROS EVENTOS no ambiente do CONBRADE 2007:

 

FEIRA DE LIVROS - FEIRA DE IDÉIAS - EXPOSIÇÃO DE QUADROS DE PINTURA MEDIÚNICA - PEÇA TEATRAL (A inscrição no Congresso não inclui o ingresso para esta peça) – VÍDEOS.

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Jones abriu o mês de Kardec no CCEPA

            A conferência da primeira segunda-feira do mês de outubro no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre esteve a cargo do presidente da entidade, Maurice Herbert Jones.        O mês de nascimento de Allan Kardec, tradicionalmente dedicado entre nós a uma reflexão mais profunda sobre o significado de sua obra, motivou o trabalho de Jones, na noite de 1º de outubro, com o tema Espiritismo – A construção de um paradigma. Em sua conferência, proferida para cerca de 50 pessoas, no auditório do CCEPA, o pensador espírita        gaúcho discorreu sobre as várias correntes de influência construtoras do pensamento e da proposta espírita, na obra de Allan Kardec.

 

     

 

Enfoque

 

Dois modelos de espiritismo: o de Kardec e o de Chico

 

Embora popularizado como “kardecismo”, o espiritismo que se desenvolveu no Brasil traz marcantes características do médium mineiro Francisco Cândido Xavier (1910/2002) e de seu espírito guia, Emmanuel. Segundo o antropólogo gaúcho Bernardo Lewgoy, entretanto, entre o modelo proposto por Kardec e o de Chico há diferenças profundamente significativas.

 

Chico Xavier e a cultura brasileira

Com o título de “Chico Xavier e a cultura brasileira”, a Revista de Antropologia (Vol.44, 1, São Paulo, 2001) publicou interessante trabalho de Bernardo Lewgoy, professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destacando as características diferentes nas obras de Allan Kardec (França/Séc.XIX) e Francisco Cândido Xavier (Brasil/ Sec.XX).

O artigo é longo e pode ser lido integralmente no site da revista -
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012001000100003&script=sci_arttext -.

Segundo seu resumo, o trabalho “propõe uma interpretação do fenômeno Chico Xavier na cultura e na sociedade brasileira”.

O autor enfatiza “a importância crucial do modelo mítico de espírita exemplar atribuída a Chico Xavier”. “Por isso – acrescenta - o médium mineiro tem um lugar de absoluto destaque na história do kardecismo brasileiro”.

Segundo ainda o resumo, “desdobrado na unidade de sua obra mediúnica e trajetória pública, o tipo de espiritismo construído em Chico Xavier evidencia a proposta kardecista dominante ao longo do século XX, enquanto modelo de cidadania, prática religiosa e projeto nacional”.

No trabalho, o autor destaca a influência “jesuítica” do espírito Emmanuel na vida e na obra de Francisco Cândido Xavier. A entidade espiritual que fora, em outra encarnação, o padre jesuita Manoel da Nóbrega, evangelizador e fundador da cidade de São Paulo, “cruza a religião com os valores militares, a disciplina, a obediência e o mérito, pois a Companhia de Jesus sempre foi conhecida como uma espécie de ordem religiosa militarizada”. Sustenta o antropólogo: “Como numa hierarquia militar, Emmanuel comanda uma falange de espíritos de luz, assim como está subordinado a Ismael (patrono espiritual do Brasil) e este, por sua vez, subordinado a Cristo, governador espiritual da Terra na versão veiculada em Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho”. Essas características moldadas por Emmanuel no seu médium faz deste o “santo” e o “caxias”, expressões com as quais o antropólogo caracteriza a piedade e a disciplina do famoso médium a quem atribui a criação de um modelo de espiritismo com muitas características diversas daquele proposto por Kardec.


Tabela de modelos

            Chico, segundo o autor do artigo, opera uma “elaboração sincrética” entre o espiritismo e a religiosidade popular católica, assim como também com tendências corporativas do catolicismo institucional, resultando daí a popularização do espiritismo como uma religião de forte presença no Brasil.

Na parte final, Lewgoy oferece a seguinte tabela de modelos, onde sintetiza os pontos mais marcantes e que, frequentemente, se contrapõem, na obra do “racionalista” francês Allan Kardec e do “santo” brasileiro Francisco Cândido Xavier:

 



1.
Modelo de Allan Kardec:
- Racionalismo.
- Oposição ostensiva à igreja católica.
- Desimportância do médium.
- Espírito crítico mais importante do que a piedade.

Modelo de Chico Xavier:
-
Ênfase na "mediunidade com Jesus" - uma proposta sincrética.
- Suma importância do médium.
- Oposição mais branda à igreja católica, mas absorvendo muito de seu
ethos e crença.

2.
Modelo de Allan Kardec:
- Espíritos mentores giram entre pessoas comuns (identificação diluída
ou sub-indivíduos) e espíritos históricos, ligados a uma herança
cristã e clássica e alguns de nacionalidade francesa: Fénelon,
Sócrates, Santo Agostinho, São Luís. Os espíritos signatários da
doutrina são identificados entre clássicos, santos ou então anônimos,
mas ainda assim pertencentes à classe de superindivíduos portadores de
uma "nobreza espiritual" ou "superiores" na escala espírita.

Modelo de Chico Xavier:
-
Intervém o registro da mito-história nacional e de personagens do
cotidiano. Há espíritos ligados à cristandade heróica dos primeiros
tempos, à nação brasileira, ao mundo da literatura e à piedade
espírita. Emmanuel/Manoel da Nóbrega, André Luiz/Estácio de Sá/Oswaldo
Cruz, Meimei e os literatos são exemplos típicos. Os espíritos são
identificados, ou seja, sua identidade histórica predomina. Há
preocupação com as provas da relação entre o espírito e a personagem
histórica em vida, seja ele um herói nacional, seja ele um cidadão
comum. Quando são mentores, o nome espiritual é preponderante.

3.
Modelo de Allan Kardec:
- As redações das obras kardecistas são conjuntas mas há muitas
mensagens assinadas que ocupam um lugar de destaque.

Modelo de Chico Xavier:
- Os livros não têm autores anônimos, as mensagens são sempre
assinadas pelos autores espirituais.

4.
Modelo de Allan Kardec:
- Sistema da dívida: abolição da graça e ênfase exclusiva no mérito.
- Racionalismo moral abstrato.
- Justiça cármica assentada na inflexibilidade da lei de causa/efeito.
- Ênfase na reforma íntima.
- A caridade é mais reflexiva.

Modelo de Chico Xavier:
-
Sistema da dádiva convivendo com o sistema da dívida cármica,
múltiplas situações em que um engloba o outro.
- Reingresso do circuito da intercessão e da graça, uma característica
da espiritualidade católica. Ou seja, conjuga-se graça e carma, dívida
e perdão.
- Ênfase na caridade material tendo em vista simultaneamente a
evolução espiritual e a graça.

5.
Modelo de Allan Kardec:
- Ênfase superlativa no estudo e na razão.
- Igualitarismo, cultura científica e ideologia do mérito como fator
de evolução espiritual.

Modelo de Chico Xavier:
-
O estudo está subordinado ao culto e à piedade, como no culto do
Evangelho no Lar. Crítica ao intelectualismo. Piedade prática como tão
ou mais importante do que a racionalidade.
- Enorme destaque ao papel condutor e relacional da mãe: ethos
hierárquico e relacional associado ao papel dos "espíritos
missionários".

6.
Modelo de Allan Kardec:
- A unidade do trabalho é o centro espírita.

Modelo de Chico Xavier:
-
A unidade do trabalho está dividida entre o centro espírita e o lar,
onde se pratica o culto do Evangelho no Lar.

7.
Modelo de Allan Kardec:
- Kardec é compilador. Seleciona mensagens de acordo com preceitos
metodológicos inspirados em princípios racionalistas. Não
subordinação pessoal imediata a um comando espiritual mas uma
subordinação mediata através da interpretação humana da doutrina
espírita.

Modelo de Chico Xavier:
-
A atuação de Chico é completamente comandada pelo "Plano
Espiritual", sob supervisão de Emmanuel e sua "falange". A relação com
o plano espiritual é de dependência imediata e de subordinação
hierárquica. O serviço mediúnico, designado de "mediunato", tem o
serviço militar e público como modelos.

8.
Modelo de Allan Kardec:
- Kardec funciona como um ethos burguês de honradez e como um ideal
cientificista de probidade e neutralidade. A confiabilidade de suas
afirmações é garantida, de um lado, pelo método que diz seguir e, de
outro, pelo teor moral intrínseco das mensagens.

Modelo de Chico Xavier:
-
É o carisma de Chico, conferido por sua santidade e relação
privilegiada com o mundo dos espíritos, que funciona como penhor de
sua probidade. É exemplo de sacrifício e renúncia originais no sistema
espírita. A revelação está acima da razão.

9.
Modelo de Allan Kardec:
- Ainda que originado no racionalismo iluminista francês, há um
universalismo na proposta religiosa.

Modelo de Chico Xavier:
-
Ligado à construção da nacionalidade, suas referências têm forte
ênfase na história do Brasil.

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Kardec dá ênfase à razão.


Chico enfatiza a piedade.