OPINIÃO Ano XIII – Nº 139 Março 2007
Editorial:
Desequilíbrio
ecológico: culpa nossa, sim senhores
Nossa
Opinião: Espaço
a prencher
Opinião
em Tópicos: Rosa - Maria - Rosa, Maria e nós -
Nossos filhos (Milton Medran Moreira)
Pioneiro da pesquisa sobre memória
extra-cerebral desencarnou
no dia 8 de fevereiro último,
"Se
os hereges pudessem ser queimados vivos nos dias de hoje, os cientistas -
sucessores dos teólogos, que queimavam qualquer um que negasse a existência das
almas no século XVI - hoje queimariam aqueles que afirmam que elas
existem".
Ian Stevenson
Pioneirismo na investigação científica
Ian Stevenson, falecido dia 8 de fevereiro,
na Virgínia, é uma referência obrigatória quando o assunto é reencarnação. Sua
magnífica obra de investigação sobre fenômenos de percepção
extra-sensorial deixou profunda
impressão, especialmente entre os estudiosos de espiritismo no Brasil que, a
partir da publicação em português de seu mais conhecido livro (20 Casos Sugestivos de Reencarnação),
passaram a ter mais respeito e interesse pela investigação e documentação dos
fenômenos espíritas.
Nascido
em 31
Um empresário financiou as pesquisas
A
publicação dos primeiros artigos do Dr Stevenson sobre o assunto despertou o
interesse do inventor das máquinas Xerox, Chester Carlson, que financiou, em
Em 1963
Chester Carlson morre subitamente e deixa, em testamento, um milhão de dólares
para a criação de uma cadeira específica na Universidade de Virgínia e mais um
milhão para o próprio Dr. Stevenson prosseguir suas pesquisas sobre
reencarnação. Este fato tornou possível a criação, por Stevenson, da Divisão de
Estudos da Personalidade, único departamento acadêmico no mundo dedicado ao
estudo das memórias de vidas passadas, experiências de quase morte e outros
fenômenos paranormais. A partir daí, com os recursos a sua disposição, viajou
por todo o mundo examinando casos e reunindo elementos para sustentação da sua
tese. Em 1962 esteve no Brasil pesquisando sete casos, dois dos quais,
identificados no interior do Rio Grande do Sul, fazem parte do livro “20 Casos
Sugestivos de Reencarnação” publicado em 1966. O lançamento desta obra no Brasil
em 1971 encontrou enorme receptividade no meio espírita, popularizando, entre
nós, um autor somente conhecido nos meios acadêmicos. Em 1972 esteve novamente
no Brasil a convite do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas
dirigido pelo Eng. Hernani Guimarães Andrade (1913/2003) também pesquisador
reconhecido no mundo e seu parceiro em muitas pesquisas.
Ian
Stevenson publicou centenas de artigos na imprensa especializada e cerca de dez
livros abordando, principalmente, temas relacionados à memória extra cerebral.
Destaque especial merece a sua obra em dois volumes “Reencarnação e Biologia”,
uma contribuição para o estudo da etiologia das marcas e defeitos de
nascimento, publicada em 1997. (
Espaço
a Preencher
A desencarnação de Ian Stevenson, esse grande homem de
ciência, somada às perdas do nosso Hernani G. Andrade em 2003 e do professor
indiano Hamendras Nat Banerjee da Universidade da Rajasthan – Índia, em 1985,
deixa um espaço vazio que dificilmente será preenchido em curto prazo.
A importância das pesquisas do Dr Stevenson para a lenta,
mas crescente aceitação da teoria espírita, mesmo nos meios acadêmicos, não é
ignorada e jamais será esquecida pelos estudiosos de espiritismo no Brasil.
É certo, como destaca o texto acima de
A idéia é a força que antecede e preside toda e qualquer
iniciativa no mundo dos fatos. Todos os postulados filosóficos espíritas são,
na verdade, idéias-chave suscetíveis de estudo, pesquisa e experimentação. E
assim devem ser propostos e divulgados por nós, espíritas. Não como artigos de
fé. Só dessa forma, como hipóteses capazes de contribuir para a elucidação dos
enigmas da vida, e não como dogmas religiosos, poderão atrair a atenção, a
pesquisa e o estudo de cientistas do quilate de Banerjee, Andrade e Stevenson.
A seriedade e a competência de homens dessa qualidade é meio caminho andado
para a atração dos recursos materiais necessários.
Em nosso meio e em nossa cultura
ainda predominantemente materialista, nós, espíritas, detemos, por intuição,
estudo, ou mesmo por força de crença, o inestimável patrimônio da idéia
espiritualista-evolucionista. Mais importante que pregá-la com objetivos
proselitistas, será saber propô-la em linguagem e em padrões compatíveis com
aqueles dos estudiosos e pesquisadores. Na medida em que soubermos imprimir a
nosso movimento de idéias esse rumo, em substituição à postura mística e
fideísta que, no geral, ainda delineia nosso perfil, estaremos eficientemente
contribuindo para o avanço da ciência espírita e, em decorrência, da ética que
dela deflui.
Será absolutamente irrelevante que estudiosos, cientistas e
pesquisadores eventualmente atraídos para essa tarefa sejam ou não espíritas. (A Redação).
Desequilíbrio
ecológico: culpa nossa, sim senhores
Bem-aventurados os mansos e pacíficos porque eles herdarão a terra
Uma leitura apressada de alguns fundamentos do espiritismo
pode levar a conclusões simplórias e equivocadas.
Por exemplo, sempre que tragédias
ambientais gigantescas se abatem sobre o mundo (tsunamis, enchentes, estiagens,
furacões, etc), não faltam manifestações, pretensa e presunçosamente apoiadas
na filosofia espírita, afirmando simplesmente que é a vontade de Deus, dando cumprimento à lei de destruição, enunciada
por Kardec e pelos espíritos. Estes, é certo, deixaram consignado: “Preciso é
que tudo se destrua para renascer e regenerar”, pois o que entendemos por destruição
“não passa de uma transformação visando à renovação e à melhoria dos seres
vivos”. (L.E, q.728).
No último mês de fevereiro, a Organização das Nações Unidas
(ONU), deu divulgação ao relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas. O importante documento prevê que a temperatura da Terra aumentará entre 1,8 e 4 graus
centígrados até o final do século. No século
O documento detalha
as conseqüências do aquecimento global e as opções para se adaptar a ele. De
acordo com este estudo, o aumento da temperatura global causará grave falta de
água na China, na Austrália e
O Brasil não
estará imune a essas conseqüências. Por exemplo, a quantidade de chuva nas regiões da Amazônia e do Nordeste
pode diminuir. O período da estiagem nordestina tende a se estender ao longo o
ano inteiro, até o fim deste século. O estudo sugere que o clima dessa região
deixe de ser semi-árido e se torne árido. A população que vive no litoral,
cerca de 42 milhões de pessoas, pode ser afetada pela elevação do nível do mar,
que tem sido de
O que nos interessa destacar neste
breve registro é que, além do diagnóstico e dos prognósticos oferecidos, os cientistas
já não têm dúvida: essas graves alterações climáticas são conseqüência da ação
do homem. A emissão descontrolada de gases, o desmatamento, a poluição do ar e
das águas, o desrespeito às leis da natureza, enfim, estão, pouco a pouco,
fazendo inabitável nosso planeta ou significativas partes dele. Não é, pois, a
vontade de Deus, mas nossa vontade, impulsionada pelo egoísmo e pelo
imediatismo, que está apressando a destruição de nosso meio ambiente.
Sabiamente, Kardec e os espíritos
colocaram, lado a lado, como leis morais capazes de instrumentalizar o
progresso, a lei de destruição e a de conservação. “Toda a destruição
antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente”, asseveram os
lúcidos espíritos entrevistados por Allan Kardec, na questão 729 de O Livro dos
Espíritos.
Os danos a que está sendo submetido
nosso ainda jovem planeta remetem a uma ampla culpa coletiva que ainda podemos
resgatar. Assumir essa responsabilidade implica, como em todo o ato danoso às
leis da vida, em atuar efetivamente no sentido de se colocar fim a esse estágio
de coisas.
Felizmente, isso ainda é possível. A
ciência abona essa possibilidade e, uma vez mais, atribui à ação do homem a
capacidade de, paulatinamente, reduzir os efeitos antecipados no relatório e
obstar a o surgimento de outras causas.
Para nós, espíritas que prezamos a
ética do homem de Nazaré e reconhecemos seu profundo amor à Terra, ainda é
tempo de crer que nossa casa planetária será, como ele disse, morada da
mansidão e da paz. Desde que os mansos e pacíficos sejam, igualmente, corajosos
e atuantes na tarefa de conservar o que ainda não é tempo de ser destruído.
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Os danos a que está sendo
submetido nosso ainda jovem planeta remetem a uma ampla culpa coletiva que
ainda podemos resgatar
Milton R. Medran Moreira
Rosa
O Brasil todo sofreu junto
A grande cobertura da imprensa, nos dias de hoje, as
entrevistas
Usei, aí em cima, o adjetivo definitivo. Força de expressão.
Sabemos que na vida nada é definitivo, a não ser o amor e a justiça. Mas,
quando vítimas de uma brutalidade assim, nossas convicções mais firmes são
abaladas.Tudo parece desmoronar. Foi assim que vi aquela mãe, em entrevista
dada, três ou quatro dias depois do crime. Chorei com ela.
Maria
Mas, na verdade, também sofri com Maria, mãe de dois dos
rapazes apontados como autores da morte de João Hélio,
“Eu gostaria de estar no lugar da mãe de João” – disse
Maria, em entrevista igualmente dada poucos dias depois do crime. “Preferia ter
enterrado meus filhos” – acrescentou -, envergonhada pela ação daqueles meninos
que ela sonhara transformar em homens de bem, mas que, ainda adolescentes, se
revelaram facínoras, frios e insensíveis.
Rosa, Maria e
nós
Não sei quem mais sofre, se Rosa ou
Maria.
E nós? Todos sofremos
com Rosa. Mas a maioria ignora o drama de Maria. O tempo, mesmo parecendo
indiferente à dor de ambas e à nossa dor, sabe que nada é definitivo. Que tudo
conduz ao equilíbrio. Que a vida jamais
é vencida pela morte e nunca será em vão o esforço para semear o amor e a
justiça na alma de um filho.
A compreensão desses princípios
fundamentais da filosofia espírita faz dela uma proposta revolucionária e
transformadora, e não apenas consoladora. Incute-nos a certeza moral de que em
nada contribuirá, por exemplo, a introdução da pena de morte para delitos dessa
natureza. E que, igualmente, será inócuo reduzir-se a idade da imputabilidade
penal, se não dotarmos a execução da pena de instrumentos pedagógicos
eficientes e humanitários, levando-se em conta as carências sociais e as
especificidades psicológicas dessas almas desajustadas.
Nossos
filhos
Rosa, Maria e os filhos delas são,
como nós, viajores do tempo. Personagens de dramas hoje aparentemente
insuperáveis e definitivos. Mas, à luz das leis que regem a vida do espírito,
não passam
A perda, tida como definitiva,
espinho hoje sangrando o coração de Rosa, logo ali adiante dará lugar ao
reencontro que tudo compensa. A frustração de Maria, carregando como sua a
Quem vê a vida sob esse prisma há de
adotar critérios bem mais racionais no julgamento dos personagens do drama que
comoveu o Brasil no último mês de fevereiro. E, por certo, se tiver alguma
influência na formação da opinião, ou algum poder de decisão nos destinos desta
sofrida nação, não haverá de agir sob o influxo do emocionalismo que aquela
tragédia gerou.
Palestras no
O
Assim, a retomada se deu na
sexta-feira, dia 2 (15h), tendo por convidado
A exposição
da noite, na primeira segunda-feira de março (dia 5, 20h30min), esteve a cargo
de Carlos Grossini, diretor de atividades mediúnicas do
reflexão
sobre espiritismo”, reportou-se a aspectos históricos da formação do pensamento
espírita, enfocando-os sob o binômio determinismo-possibilismo.
Novos
Cursos Para Iniciantes no
Neste mês de março, o
1. O que é o Espiritismo;
2. Existência e sobrevivência do Espírito;
3. Reencarnação e migração dos espíritos;
4. Mediunidade e comunicação com os espíritos;
5. Síntese histórica e organização do Espiritismo;
6. Práticas espíritas;
7. Conseqüências morais do Espiritismo.
Esses cursos destinam-se a pessoas que desejam obter noções
básicas acerca da
Curso de Verão
motivou criação
O
Assim, já está formado um novo
Qual o futuro do espiritismo?
A educação espírita promove mudanças
significativas na formação mental em comparação com as pedagogias oficiais
adotadas pelo Estado ou outras instituições. A criança forma uma imagem de
realidade distinta da oficial, onde certos controles socialmente mantidos
tendem a se relaxar e a permitir outros desenvolvimentos cognoscitivos: a morte
não conduz a nenhuma ordem sobrenatural; a determinação rege todas as ordens da
natureza; o sobrenatural é um equívoco.
Mediante a extensão do conceito do natural ao domínio da morte, a criança
pode pensar e agir sobre aquilo que outras educações impedem. Mas, a partir de
então também notará que há uma parte de seu pensamento compatível com o saber
oficial, seja este acadêmico ou religioso.
A especificidade do espiritismo não
reside no decálogo de fundamentos, sequer nos textos de
De forma muito simples, o
espiritismo foi o resultado da aplicação das ciências básicas daquele tempo a
fenômenos singulares não contemplados pelo saber oficial. É por isso que o
fenômeno estudado por Kardec recebeu tratamento a partir de um ponto de vista
estritamente lingüístico, embora pudesse ter sido tratado a partir da geometria
ou da psicologia, caso existentes nos termos atuais.
O mesmo fez Copérnico quando apontou
uma lente ao céu, ou Freud quando transpôs a neurologia, a hidráulica e
inclusive a óptica ao campo da mente. Em sentido estrito, não há diferença
entre o nascimento do espiritismo e
outros saberes. O que há são diferenças em seu posterior desenvolvimento.
Assim, o futuro disso que
continuamos denominando espiritismo
está na forma como as crianças, com seu próprio acervo, voltem a pensar o
fenômeno. Se quisermos, nessa atitude reside o principal legado de Kardec.
Os jovens assim estimulados dispõem
de uma capacidade potencial de pensar sem os preconceitos implantados pelas
representações oficiais. Isso se revela sempre que sejam incentivados cedo a
fazer algo tão incômodo como pode ser o pensar. O pensamento, quando pensa, é
uma atividade inquietante, quase um desconforto. Enquanto pensa, o pensamento
não se interessa pelo resultado que é, por natureza, incerto. Quando adquirimos
essa preocupação, o pensamento acaba. Em seu lugar, vem a especulação, que se
institucionaliza no trato pessoal das idéias, do controle social ou do status
institucional.
De minha parte, não posso imaginar
as próximas décadas relendo Kardec ou tratando de reproduzir seu caminho,
porque o futuro nunca pode estar no passado. Em contrapartida, me parece melhor
imaginar as crianças de hoje sendo impulsionadas a inovar por sobre as bases.
De que serve defender algo que, se é
real, sustenta-se sozinho? A realidade impõe-se por seu próprio peso. O
espiritismo, pelo menos em sua origem, era um saber sobre um fenômeno, não um
saber sobre si mesmo.
Freud estava convencido de que o que
traria perigo a sua obra era o que chamava a “avalanche negra do ocultismo”.
Estava ele certo, basta ver o que essa avalanche fez com o espiritismo. A CEPA
parece ser uma das poucas instituições vigentes com a possibilidade de elucidar
isso que está não fora mas dentro e que se esconde em silenciosas resistências.
Apesar do heterogêneo e díspar
caminho que seguiram, por exemplo Schopenhauer ou Nietzsche, Husserl, Popper ou
Vattimo, Levi-Strauss, Foucault ou Sartre, a todos eles une a participação de
um movimento do qual o espiritismo esteve, na maioria das vezes, ausente. Eles
e outros fundaram as ciências sociais e da subjetividade. O futuro, como nas
crianças, também está aí, mas igualmente nos campos da geometria e da física.
Como explicar a mediunidade sem
antes entender os princípios gerais da reencarnação? E como há de ser possível
explicar a reencarnação sem o auxílio da geometria, da etnologia ou da
lingüística? Sem essas explicações não são possíveis os saltos técnicos
significativos.
Se desde agora as crianças fossem
estrategicamente impulsionadas por esse caminho, ao cabo de umas poucas décadas
nos encontraríamos com um conhecimento inovador. Para isso não faz falta o
apoio de grandes massas de espíritas,
tampouco os consensos globais. Bastará o acordo de um conjunto de instituições
que estabeleçam uma rota coerente a longo prazo para a inovação. (traduzido do espanhol por
GRAVURA
O
futuro do que denominamos espiritismo: Crianças, desde que estimuladas, dispõem
de uma capacidade potencial de pensar sem os preconceitos implantados pelas
representações oficiais.
*
Espiritismo, uma religião brasileira
Acabo de concluir a leitura do livro
“Espiritismo, uma religião brasileira”, de
Tecerei alguns comentários, os quais julgo
pertinentes, sobre o conteúdo da referida obra. Porém são necessárias algumas
considerações iniciais:
Primeiramente, o método utilizado pelo autor
para realizar a sua pesquisa, aponta para uma revisão bibliográfica e
documental, pois ele procura explicar o Espiritismo enquanto uma religião
brasileira através de referências teóricas publicadas em livros e documentos.
Uma vez que se trata de um pesquisador
escrevendo sobre uma doutrina filosófica, é de esperar-se que o mesmo tenha
lido e, mais que isto, estudado várias obras sobre o seu objeto de pesquisa,
para entender do que ele se propõe a falar.
Digo isso, porque ao ler na página 9, 1°
parágrafo, deparamo-nos com a seguinte afirmação: “Kardec apresentou ao mundo o que chamou de terceira revelação, em
sequência às de Moisés e Cristo, e registrou numa série de livros o que lhe
teria sido informado por espíritos superiores como fundamento de uma nova religião, uma nova ciência e
uma nova filosofia.” O grifo é
por minha conta. Ao escrever essas palavras, o autor expressa o seu ponto de
vista, logo no início da sua obra, descaracterizando o seu trabalho enquanto
pesquisa e, apresentando, sim, a sua convicção pré-formada.
Nós sabemos que Kardec não apresentou o
Espiritismo como uma nova religião e não encontraremos respaldo em sua obra
para afirmações contrárias.
Uma pesquisa bibliográfica e documental parte de
uma pergunta, para a qual queremos encontrar resposta. Em Metodologia
Científica os autores afirmam que “A
primeira etapa da pesquisa é a formulação do problema ou formulação de
perguntas”. O que vimos na leitura de “Espiritismo, uma religião
brasileira” é que o autor parte da resposta, interpretando o Espiritismo enquanto
ciência, filosofia e religião.
Dessa forma, posso entender a publicação de
Acrescento que, embora encontremos uma vasta
bibliografia, as referências bibliográficas não são tão freqüentes, optando o
autor por algumas citações diretas. Logo no início, quando o autor afirma que
Kardec registrou em livros o que seria uma nova religião, não há referência
bibliográfica de onde podemos encontrar essa asserção nas mencionadas obras.
Alguns dados também parecem equivocados: na
introdução o autor cita que “Uma parcela
muito pequena da população, 1,12%, se declarou espírita no Censo de 2001,
aumentando muito pouco, para 1,38% no de 2000...”. Ora, parece que o ano
retrocedeu. Temos aqui, no mínimo, um erro de digitação, onde caberia uma
errata.
Em resumo, é possível encontrar, no livro em
questão, muitos dados históricos para entender a evolução do Espiritismo no
Brasil, onde se inclui a realidade da existência de uma religião espírita, que
não é e nunca foi o objetivo de Kardec. Acrescente-se que dados atuais sobre o
movimento espírita contrário a essa religião não mereceram destaque, nem mesmo
citação. Apesar de tudo: existimos!
Armando
Bega –
armando.bega@uol.com.br
– São Paulo/SP.