OPINIÃO Ano XII – Nº 131 Junho 2006
VALE
A PENA INVESTIR NO DELINQÜENTE?
Nossa
Opinião: Caos ou progresso
Editorial: Moral espírita e moral do espírito
Notícias: Curso de iniciação ao espiritismo
- Sombrio é o conferencista de
julho
Enfoque
: Os espíritas, quantos são?
Opinião do Leitor: 70 anos do
CCEPA e o roustaingismo da Feb
===============================================================================================
VALE
A PENA INVESTIR NO DELINQÜENTE?
Sob o título
“Histórias de um Brasil que funciona” o site da Fundação Getúlio Vargas –
http://inovando.fgvsp.br/
- divulgou o artigo que segue, envolvendo trabalho da Juíza de Direito Jacira
Jacinto da Silva:
“Até recentemente, a Cadeia Pública de
Birigüi (SP) vivia a mesma rotina de quase todo o sistema carcerário
brasileiro: fugas, rebeliões, superlotação, denúncias de abusos cometidos pela polícia, etc. No segundo semestre de 1998, uma grande
rebelião acabou incendiando e destruindo toda a Cadeia.
Antes que o barril de pólvora
explodisse, porém, a comunidade local havia começado a se mobilizar para mudar
a situação dos presos.
Já em
Formou-se, dessa forma, a Associação
de Proteção e Assistência Carcerária - APAC, uma organização civil sem fins
lucrativos que tem por objetivo ressocializar as pessoas que cumprem sentença
judicial na Cadeia Pública de Birigüi. Na prática, isso significa transformar a
prisão num local capaz de reeducar os presos e prepará-los para sua volta à
sociedade”.
Jacira: “SEMPRE VALE A PENA INVESTIR NA RECUPERAÇÃO DO SER HUMANO”.
Jacira
Jacinto da Silva, que hoje não mais trabalha em Birigüí, pois jurisdiciona uma
Vara Cível da comarca de Bragança Paulista, é espírita (integra a Diretoria
Executiva da CEPA).
Opinião foi ouvi-la
sobre aquele projeto e também a respeito da criminalidade, numa perspectiva
espírita:
Opinião – Fale-nos, Jacira, sobre o projeto
que desenvolveu quando juíza de Direito em Birigüi.
Jacira – O objetivo era transformar
a prisão em oportunidade de aprendizado e crescimento. Construímos oficinas de
trabalho, escola; implantamos o telecurso, projetos de arte, cultura e lazer. Acompanhávamos
o preso, sua família e suas crianças, que eram incluídas
O trabalho atraiu a confiança do
BNDES, que investiu um dinheiro muito alto num projeto maior que desenvolvemos
para tratar a questão da criminalidade em rede, começando pela criança bem
pequena, passando pelos adolescentes, pelos dependentes químicos, pelo egresso
da prisão, e pelas vítimas também. Este projeto, chamado "Vivendo e
Aprendendo" está funcionando parcialmente, pois o espaço está ainda em
construção com o investimento do BNDES.
Opinião – É comum afirmar-se que, em sua maioria, os
criminosos que lotam as cadeias já não têm condições de reabilitação e que o
Estado estaria desperdiçando recursos com eles. Que pode nos dizer a esse
respeito?
Jacira – No imaginário popular, todos os reclusos são bandidos
perigosos do tipo “Fernandinho Beira Mar” ou “Marcola”. Mas são muito poucos os
que têm esse perfil, por mais absurdo que isso possa lhe parecer.
Certa vez, quando queríamos
construir um prédio novo, adequado ao trabalho de ressocialização que fazíamos,
um politiqueiro, daqueles que não perdem a oportunidade para aparecer, propôs
uma audiência pública e usou todas as ferramentas que tinha para jogar a
população contra nosso projeto, sob o argumento de que seria construído mais um
presídio na cidade, mesmo sabendo que se tratava apenas da troca de prédio.
Fizemos uma pesquisa na cadeia e constatamos que 80% dos presos tinham entre 18
e 22 anos de idade. Naquela população carcerária, na época de 130 presos mais
ou menos, não tinha dez por cento que se enquadraria no conceito de bandido
perigoso, e nenhum que se aproximasse desses ídolos da criminalidade. A maioria
eram jovens que cresceram na marginalidade e que davam uma resposta positiva
quando incluídos no projeto. Entendo que sempre vale a pena investir na
recuperação do ser humano, mesmo que isso exija um trabalho muito árduo e
persistente.
Evidentemente que há exceções. Há os
extremamente perigosos e para esses são necessários presídios de segurança
máxima, como forma de proteção da sociedade.
Opinião - Em tempo de criminalidade violenta, como o que
estamos vivendo, sempre se volta a falar em pena de morte. Há, inclusive, pessoas
que se dizem espíritas e advogam a pena capital. Qual sua opinião?
O espírita sabe muito bem que o autor, o ser pensante, o
agente, é o espírito e não o corpo físico. Morto o corpo, o espírito continua
agindo e com maior liberdade. Ao espírita não resta outra alternativa senão
educar, ensinar, criar mecanismos capazes de promover a ressocialização, ainda
que isso dure muitas existências para acontecer em sua plenitude, não havendo
outra forma. A reencarnação é uma sábia expressão da lei natural, traduzindo-se
num modelo que conjuga justiça e misericórdia, pois nos garante meios para
alcançar a evolução mediante continuadas oportunidades de aprendizado.
Jacira:
“Ao espírita não resta outra alternativa
senão educar, ensinar e criar mecanismos de ressocialização, ainda que isso
dure muitas existências”.
CAOS OU
PROGRESSO?
Tempos como este, em que eclodem com
força incomum a corrupção e a violência dão o que pensar.
Um raciocínio simples pode conduzir
à idéia de que a civilização está atingindo o caos. Que o mal, definitivamente,
assumiu as rédeas do carro da história. E que, se alguma esperança existe, esta
depende tão-só da adoção pela sociedade de métodos violentos de extirpação do
mal: penas severas e infamantes a quem infamou a sociedade; violência, muita
violência, contra quem se fez violento; “olho por olho, dente por dente”,
retomando experiências de outrora. Idéias como a prisão perpétua em total
isolamento e a pena de morte retornam, nesse contexto, com força total. Pessoas
há cujo comportamento atesta sua total irrecuperabilidade, afirma-se. Perde
tempo o Estado, querendo investir nelas.
Um raciocínio, no entanto, que leve
em conta a progressividade do bem, de sua compreensão e prática pelo ser humano
conduz a políticas e atitudes outras. Sem dúvida, o espiritismo, uma proposta
filosófica ao mesmo tempo humanista e espiritualista, se inscreve nesse
segmento que crê na viabilidade do homem e da sociedade. Como doutrina
humanista, prega o respeito à condição humana, sem renunciar ao direito-dever
outorgado pela sociedade ao Estado de punir o delinqüente com o rigor que leis
adequadas a seu tempo prescrevem. Como filosofia espiritualista, na qual está
ínsita a idéia da evolução e do progresso, recomenda a educação integral, em
qualquer circunstância.
Educar prevenindo e punir
reeducando. Outra forma não existe de resgatar o indivíduo e a própria
sociedade, quando, no embate de suas experiências, emaranham-se estes pelos
descaminhos da corrupção, da violência e do crime.
Enfim, para quem identifica no
espírito humano, seja em que etapa se encontre, a presença da centelha divina
apontando no rumo da perfectibilidade, duas conclusões se impõem: não há
espírito irrecuperável e o caos não existe. O progresso é lei e a educação,
preventiva ou reparadora, há de ser sempre o instrumento exigível em qualquer
circunstância. (A Redação).
MORAL ESPÍRITA E MORAL DO ESPÍRITO
Dia virá em que todos os pequenos sistemas,
acanhados e envelhecidos, fundir-se-ão numa vasta síntese, abrangendo todos os
reinos da idéia. Ciência, filosofias, religiões, divididas hoje, reunir-se-ão
na luz e será então a vida, o esplendor do espírito, o reinado do
conhecimento”. (Léon Denis – “O Problema do Ser, do Destino e
da Dor”)
Discute-se, freqüentemente, nos
meios espíritas se existe ou não uma “moral espírita”.
Derivada do termo latino mos-mores (costume), a palavra moral indica, primariamente, aquilo que
está relacionado aos costumes. Mas, em sua acepção mais ampla, é o “conjunto de
regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para
qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoas determinadas”. (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Ora, o espiritismo, definido por seu
fundador como uma “ciência que trata da natureza, origem e destino dos
espíritos e de suas relações com o mundo material” (O que é o Espiritismo), conduz, necessariamente, a uma postura
ético-moral. Kardec, aliás, deixou isso muito claro no preâmbulo daquela
definição, ao escrever: “Como ciência prática, consiste (o espiritismo) nas
relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende
todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações” (Idem). Impossível, uma vez assimilados
os pressupostos básicos do conhecimento espírita, tais como a sobrevivência do
espírito à morte física, a reencarnação e a lei de causa e efeito, não se
assumir perante a vida uma atitude ética diferenciada, eis que nem todos esses
postulados se acham incorporados às crenças e costumes gerais de nosso tempo.
Quando se utiliza a expressão “moral
espírita” se está pressupondo, então, um comportamento minimamente compatível
com aquele nível de conhecimento derivado das convicções espíritas.
Cumpre salientar, entretanto, que alimentamos,
os espíritas, o entendimento de que, mais cedo ou mais tarde, aquelas mesmas
convicções, entre nós comumente adjetivadas de “espíritas” hão de ser
universalmente aceitas. Dia virá, cremos, que não mais se há de discutir a
existência do espírito como realidade fundamental da vida, nem se duvidará dos
mecanismos da reencarnação como instrumento indispensável ao progresso do
espírito. Reputamos os pontos fundamentais do conhecimento espírita como
princípios universalmente válidos, mesmo que ainda não inteiramente aceitos. No
dia que o forem, hão de inspirar, por certo, uma moral igualmente universal.
Nesse sentido, não cabe, mesmo, se
falar numa moral particular, passível de se adjetivar como espírita. Religiões
e ideologias, estas sim, por contemplarem a vida e o mundo a partir de crenças,
objetivos e interesses particularizados, propõem regramentos morais e
comportamentais próprios. A partir desse raciocínio, seria justo falar-se numa
“moral cristã”, numa “moral islâmica”, ou, mesmo, numa moral “materialista”,
“capitalista”, “comunista”, etc. Não, entretanto, numa “moral espírita”.
De tudo, o que se pode concluir, sem
qualquer sombra de dúvida, e sem que conceitos terminológicos nem sempre
unívocos comprometam a clareza das idéias, é que o espiritismo conduz a um
contínuo processo de aprendizagem e de conseqüente crescimento ético-moral. Por
se fundar em princípios universais, clama por uma ética igualmente universal,
válida em qualquer tempo e lugar, supra-religiosa, não-sectária e, por isso,
humanista, tolerante e firmemente ancorada na indiscutível prevalência do
espírito.
Sob esse aspecto, ainda que
provisoriamente, seria aceitável o uso da expressão “moral espírita”, ou seja:
aquela que, um dia, mesmo assim não denominada, sintetize o que Denis chamou de
“reinado do conhecimento”, a atestar a plenitude da vida e o esplendor do
espírito.
Por
se fundar em princípios universais, o espiritismo clama por uma ética
igualmente universal, válida em qualquer tempo e lugar.
Milton R. Medran Moreira
O
Código Da Vinci
A estréia em Porto Alegre do filme O Código da Vinci foi marcada por um
episódio no mínimo de mau-gosto. Num dos shoppings da cidade, onde uma sala de
cinema exibia a película baseada no famoso livro de Dan Brown, um vereador
ligado à Igreja e um empresário católico desfilaram portando cartazes com os
dizeres “O Código da Vinci contraria o Evangelho”, “Não assista a esse filme”.
Como não poderia deixar de ser, as
filas dos cinemas não se tornaram menores, com a advertência dos zelosos
defensores da pureza doutrinária dos Evangelhos. Ao contrário, o filme tem
lotado os cinemas daqui e de todo o mundo. Antes dele, o livro de Brown, mesmo
com sistemáticas campanhas do Vaticano desaconselhando sua leitura, bateu
recordes de vendagem. Com certeza, um número pequeno de fiéis terá se eximido
de ler o livro e não assistirá, agora, ao filme, em obediência à sua Santa
Madre. Com muito mais certeza, entretanto, grande número de pessoas que talvez
não se interessariam pela obra, terminarão por consumi-la, estimulados pela
própria censura religiosa.
Mito
x ficção
Teria mesmo Jesus se casado com
Maria Madalena? Um dos apóstolos presente na última ceia seria, na verdade, uma
mulher? Jesus teria deixado um descendente que deu origem ao Priorado de Sião?
Cláudio Pereira Elmir, professor de
História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, ouvido pelo jornal Zero Hora sobre a forma como a Igreja
vem se comportando com relação ao livro e ao filme, declarou:
- Quando a igreja faz uma crítica
muito forte ao livro e ao filme, ela está não só abrindo espaço para que as
pessoas queiram consumi-los, mas também legitimando uma obra ficcional,
colocando-a no mesmo patamar das discussões de doutrina.
Durante séculos, os Evangelhos
canônicos foram aceitos pela cultura ocidental como fontes indiscutíveis e
literais da vida de Jesus de Nazaré. De uns tempos para cá, a descoberta de
outros evangelhos, tidos como apócrifos, abriu à discussão outras hipóteses que
contrariam, em alguns aspectos, os legados evangélicos de Marcos, Mateus, Lucas
e João.
Mas, O Código Da Vinci sequer tem essa pretensão. É, simplesmente uma
obra de ficção. Quando a Igreja quer contrariar o ficcional com o pretensamente
verdadeiro, porque narrado nos seus Evangelhos, termina provocando o inócuo
debate entre a ficção e o mito.
Mito,
fé e poder
Não se pode exigir fidelidade
histórica de uma obra de ficção. Muito menos, se pode impor ao ficcionista se
mantenha fiel aos mitos que construímos. Uma das tarefas da arte e da
literatura é precisamente a derrubada de mitos antes mesmo que a própria
história e a ciência tenham condições de fazê-lo. Leonardo da Vinci, Dante
Alighieri, Marco Pólo, Júlio Verne fizeram isso com fina maestria,
antecipando-se, pela arte e pela literatura, à quebra de alguns paradigmas
vigentes em seu tempo.
Com relação a Jesus, o cristianismo
se encarregou de construir o mais espetacular mito de nossa civilização. De tal
forma que, hoje, é tarefa das mais difíceis separar, na vida do Nazareno,
aquilo que pertence ao mito daquilo que pode ter sido real. É possível que boas
fontes históricas tenham sido destruídas em favor dos aspectos mitológicos,
sustentáculos do sistema de fé e de poder eclesiásticos, pretensamente
amparados na vida e na obra de Jesus.
Jesus
Cristo e Jesus de Nazaré
Allan Kardec, sabiamente,
esquivou-se dessas armadilhas que a civilização cristã nos preparou. Quando resolveu
escrever uma obra com base nos Evangelhos cristãos, já foi dizendo no seu
prefácio: aqui não se leva em conta nada que diga respeito à vida material de
Jesus. Porque esses dados são duvidosos, geram controvérsias e repousam
unicamente na fé imponderável dos crentes.
Só um aspecto lhe interessaria, na
obra: o ensino moral de Jesus, porque este tem validade universal, fundado que
está na própria razão e na lei natural.
Com isso, Kardec deixou demarcados
os limites que separam o Jesus Cristo, mito das religiões, do Jesus de Nazaré,
homem admirável que, com sua mensagem, se projetou como modelo ético e guia
seguro do proceder humano.
Quem está apegado ao mito é capaz de
tudo para defendê-lo. Mesmo com atitudes infantis como a do vereador e do
empresário segurando, na porta do cinema, o cartaz de censura a uma livre
expressão artística.
Quem está a caminho da superação do
mito, olha, passa e segue em frente, como o fizeram os espectadores
porto-alegrenses.
CURSO DE INICIAÇÃO
AO ESPIRITISMO
Sob a
coordenação do Departamento de Eventos Culturais do
Já na
semana seguinte ao encerramento deste Ciesp o Departamento de Estudos Espíritas
inaugurou mais uma edição do consagrado Ciclo Básico de Estudos Espíritas –
CIBEE, contando para isto com a matrícula de 20 alunos oriundos do curso de
iniciação.
Segundo
esclarece
Acrescenta
Jones: “Com maior nível de exigência no que se refere a participação e estudo
dos alunos, é com o resultado deste programa que, a pouco e pouco, o
Maurice H.Jones (foto)
preocupação em selecionar, através do Curso de Iniciação e de um Grupo de
Estudos para iniciantes, “colaboradores com afinidade pela visão do
SOMBRÍO É O CONFERENCISTA DE JULHO
O psicólogo Luis Augusto Sombrio,
que, em outras oportunidades já ocupou a tribuna do Centro Cultural Espírita de
Porto Alegre, é o palestrante da primeira segunda-feira de julho, dia 3, na
tradicional atividade que o
Seu tema: “Uma abordagem psicológica
do perdão”.
Todas as segundas-feiras, às
20h30min, o
Os espíritas, quantos são?
Wilson Garcia *
A comunidade espírita brasileira aceitou passivamente os
dados do último censo. Segundo o IBGE, o número de espíritas praticamente não
cresceu no Brasil. Foi o que demonstrou a medição. Para se saber quem é
espírita, pergunta-se qual é a religião do entrevistado. Sob este ângulo, não
há o que contestar: os dados do famoso instituto estão certos. Numericamente,
não éramos muito expressivos; continuamos não sendo.
Fica no ar um certo desapontamento. Numa população de cerca
de 170 milhões de pessoas, somos pouco mais de um por cento. Para ser exato,
1,8 por cento ou algo em torno de três milhões de espíritas declarados.
Deveríamos ser mais. Gostaríamos de ser mais. Pensamos que temos uma grande
história de conquista de espaço. E de fato temos. Desde Travassos, ouvimos que
do Espiritismo do século XIX aos nossos dias realiza uma trajetória digna de
admiração, fornecendo um cenário admirável de pujança. Não um cenário qualquer,
mas algo grandioso que deveria refletir-se em quantidade. Temos na mente uma
sensação quantitativa muito expressiva. Porém, os números do IBGE são implacáveis.
Surgem alguns consolos. Por exemplo, a idéia da qualidade
versus quantidade. Amparados em Kardec, reafirmamos sempre que o proselitismo
numérico não é um objetivo da doutrina; devemos lutar pela qualidade. Ninguém,
em sã consciência, ficará contra esta idéia de que a qualidade é mais
importante que a quantidade. Mas isso não retira um certo desapontamento quando
os números nos colocam em posição inferior à religião tradicional e aos
diversos ramos evangélicos. Até mesmo os ateus declarados formam um contingente
maior que o nosso.
Ah a frieza dos números... Mas o que eles escondem? O que
não dá para ver se botamos nossos olhos apenas no valor gráfico? Há algo muito
importante, digno de reflexão. Por exemplo, a realidade do cotidiano espírita.
Sim, é preciso considerar diversos aspectos do nosso dia-a-dia que influem em
qualquer pesquisa desse gênero e com essas características. Vou dar um exemplo:
tempos atrás, durante o intervalo de um jogo de futebol na Globo, a famosa
jogadora de vôlei de praia
Ninguém se espante com essa constatação. Há simpatizantes
espíritas que simplesmente gostam das nossas teses fundamentais, e dos nossos
livros. Outros admiram o fato de poderem se encontrar com pessoas queridas que
já partiram. Muitos se encantam com as novelas globais inspiradas nos fatos
espíritas: pessoas que aparecem a outras, o retorno ao convívio com os vivos;
previsões, reencarnações. Pois é, grande parte dessas pessoas continua
freqüentando suas religiões e se declarando adeptos delas quando procurados
pelo IBGE.
Some-se a elas aqueles que não consideram religião o Espiritismo.
Mas que são espíritas, como se diz, de corpo e alma. Todos eles, se perguntados
qual é a sua religião, dirão que não têm. Simplesmente. Mas aceitam os
princípios fundamentais como a reencarnação, a relação entre vivos e mortos, a
existência de Deus entre outros. E lutam pela divulgação do Espiritismo,
acreditando na sua força para modificar a sociedade.
Há, também, muitos que jamais diriam que são espíritas.
Trata-se de uma contaminação do preconceito. Explico: eles freqüentam muitas
vezes os centros, tomam passe, ouvem palestras, mas não podem aparecer como
espíritas perante a sociedade. Quando não se incluem entre estes, são do tipo
que gostam dos temas inspirados no Espiritismo, mas não fizeram uma adesão
formal à doutrina nem pretendem fazê-lo.
A propósito, alguém sabe quantos espíritas estão entre
aqueles milhões de brasileiros que deram à novela A Viagem a maior audiência da TV brasileira? Pois é, se 50 por
cento dos telespectadores dissessem ao IBGE que eram espíritas seríamos hoje,
provavelmente, o segundo contingente do país.
A busca frenética pelos números, essa obsessão
norte-americana, nos faz às vezes deixar de lado o aspecto qualitativo, que só
aparece quando refletimos sobre o contexto e as realidades que eles, os
números, não revelam. Quando milhões de pessoas consomem livros de temática
espírita, colocando-os nos primeiros lugares das listas por várias semanas,
elas conferem um valor ao Espiritismo que ninguém pode desconsiderar.
Isto é um consolo? Uma leitura equivocada dos fatos? Pode
ser. Mas é preciso ser bastante ingênuo para acreditar que o processo de
influência do Espiritismo na sociedade deve ser analisado a partir da
quantidade de adeptos revelada pelo IBGE. Aquilo que não é mensurável, que não
pode ser somado, que não pode ser apresentado em caracteres alfanuméricos tem
um peso muito significativo no quadro geral das análises. Estou convicto de que
é um peso maior, imensamente maior do que os próprios números. E porque essa
questão de dizer qual é sua religião tem complexidades enormes, tem implicações
históricas e conseqüências culturais diretas na vida dos indivíduos, a
valorização da qualidade ganha ainda mais importância para o Espiritismo.
Fornecer conteúdos vale mais do que contar adeptos. Muito mais!
Wilson
Garcia (Recife,PE) é publicitário, professor universitário,
escritor espírit
1 A excelente idéia da Globo foi retirada no ar.
70
anos do
Prezados confrades do
Fico muito grato. Todas as matérias
estão ótimas, com destaque para o editorial e a coluna do Milton Medran.
Que bom ficar sabendo que a FEB não
está mais exigindo o estudo da indigesta e anti-doutrinária obra de Roustaing.
ALELUIA!!!
Estamos aguardando a visita do
confrade Milton Medran, para realizar palestra em nossa Casa, (Centro Espirita
Lar da Caridade). Solicitamos trazer também alguns exemplares do livro do
Salomão Benchaya. Nossos cumprimentos pelos 70 anos de profícuas atividades do
Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.
Um
abraço.
Adão
de Araújo -
adaodearaujo@gmail.com
-Bento Gonçalves, RS.
Agradecimento
e cumprimentos
Estimado
amigo Milton:
Fraterno saludo.
Queremos
agradecer el envío de la edición especial del periódico Opinião. Tras conmemorar el 70 aniversario, se reconoce el trabajo
y el cumplimiento de un proceso de crecimiento institucional
permanente que día a día se aprecia y del cual todos reconocemos.
Nuestras felicitaciones a todos quienes han sido forgadores a través de
los años de la existencia, permanencia y crecimiento del
Fraternalmente,
Daniel Torres - Grupo Espírita Nueva Generación –
g_nuevag@yahoo.com Guatemala._