OPINIÃO Ano XII – Nº 130 Maio 2006
CCEPA UM LIVRO
CONTA ESSA HISTÓRIA
Nossa Opinião:
História e
obstinação
Editorial:
A lenta superação
religiosa
Opinião do
Leitor: Cumprimentos e livro do
CCEPA
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Comemorações dos
70 anos do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre tiveram como ponto alto o
lançamento do livro de Salomão J. Benchaya “Da Religião Espírita ao Laicismo – A
História do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre”.
Sessão solene comemorou aniversário
Com o nome de Centro Espírita Luz e Caridade, depois mudado para
Sociedade Espírita Luz e Caridade (SELC) o hoje Centro Cultural Espírita de
Porto Alegre (
Os 70 anos dessa singular instituição foram comemorados dois dias antes,
em sessão solene, no auditório de sua sede, à Rua Botafogo,
678.
O presidente, Maurice H.Jones, destacou a circunstância de o aniversário
do
Jones recordou que em abril também se comemora o Dia do Livro Espírita,
com o aniversário de O Livro dos
Espíritos (Paris, 18/4/1857). A mesma data, no Brasil, assinala o Dia do
Livro Infantil,
Com tantos dados coincidentes, pareceu muito apropriado ao
Medran: CEPA e
Em seguida, usou da palavra o presidente da CEPA,
Benchaya: bem mais que a
história do
O ponto alto da noite foi a apresentação, por
A história do
As posições sempre pioneiras da SELC/
HISTÓRIA E
OBSTINAÇÃO
Não é exagero dizer-se que Da
Religião Espírita ao Laicismo é um livro para a história do espiritismo.
Edição singela, feita nos estreitos limites em que se movimenta a instituição,
logo deverá estar esgotada. Mas, terá documentado um dos períodos mais ricos de
nosso movimento. Mais do que relatar e documentar a trajetória e as experiências
de uma casa espírita, o livro de Benchaya retrata a inquietação de uma época.
Inquietação que produziu e segue produzindo conexões. Conexões que abrem campos
de reflexão e promovem mudanças.
Como ocorreu com a revista A
Reencarnação (nº 402, Ed. FERGS/outubro 1996), com o título de capa Espiritismo: Ciência e Filosofia. Até que Ponto é
Religião, sua circulação poderá sofrer boicotes. Sua leitura talvez seja
desaconselhada. É melhor – poder-se-á pensar – que todos esqueçamos aquele
período vivido nas décadas de 80 e 90 de questionamentos dentro do movimento
espírita gaúcho e brasileiro. Coisas de um tempo que passou, foi vencido e
superado. Sepultou-se nas calendas do século passado.
Só que essa história continua viva. Restrita, é verdade, a determinados
núcleos. Abafada em outros. Mas vigorosa como nunca. Seu vigor nutre-se da
liberdade de pensar e de expressar o pensamento. Liberdade que, afinal, encontra
guarida na própria mensagem kardeciana: inovadora, transformadora, progressista
e progressiva.
Decididamente, essa gente do
(A
Redação)
A
LENTA SUPERAÇÃO RELIGIOSA
“O Movimento
Espírita se encontra numa fase kardequiana por excelência, saindo lentamente dos
excessos religiosos, para se entender os porquês filosóficos”. (Jorge Andréa dos Santos, em entrevista à revista Reformador,
maio/2006),
Em lúcido artigo publicado na Revista Espírita de dezembro de 1863,
Allan Kardec fez uma projeção para o espiritismo, dividindo-o em seis períodos
distintos: o da curiosidade,
caracterizado pelos fenômenos das mesas girantes, então já superado; o filosófico, que teria levado algumas
pessoas a extrair conseqüências lógico-racionais daqueles fenômenos; o de luta, que abrangeu a fase de duras
perseguições da Igreja ao espiritismo; o religioso, que seria logo superado por
um período intermediário e,
finalmente, o da regeneração
social.
Kardec tinha pressa e supunha que essas seis fases teriam se cumprido
integralmente até o advento do Século 20, para que, já na centúria passada, as
idéias espíritas fossem capazes de iluminar o mundo, inspirando a “vitória
definitiva da união, da paz e da fraternidade entre os
homens”.
Os obstáculos, no entanto, foram e estão sendo bem mais duros do que os
previstos por Kardec. Os seis períodos que projetou, sem dúvida, se sucedem, mas
com extrema morosidade. E o período religioso, antevisto por ele como uma
fase de rápida passagem, como que de fortalecimento da comunidade espírita, após
as perseguições movidas pelo autoritarismo político e religioso, parecia se
perpetuar no tempo. De tal forma que, por longos anos, aquele conjunto de idéias
propostas como integrantes de uma ciência de conseqüências filosófico-morais,
passou a ser visto quase que exclusivamente como uma religião: “a religião”,
como, ainda hoje, gostam alguns de nominá-lo.
Há tênues sinais de que estamos, a duras penas, começando a sair dessa
prisão religiosa em que, voluntariamente, nos encarceramos. Ainda há pouco,
repercutiu a proposta, feita na Federação Espírita Brasileira, de se excluir de
seus vetustos estatutos a obrigatoriedade do estudo das obras roustainguistas.
J.B.Roustaing, pode-se, claramente, hoje, avaliar, foi o principal responsável
pela formatação da religião espírita,
nos moldes apressadamente adotados pela FEB.
Sentem-se, pouco a pouco, ensaios de renovação, ainda que tímidos, em
todo o movimento. Não é difícil identificar o desfecho desse processo renovador
nos duros momentos vividos há cerca de 20 anos por grupos minoritários e, logo,
“excomungados”, que, então, acenavam com verbos indicativos de ações vigorosas
como espiritizar ou kardequizar, no bojo das quais
propunha-se resgatar o movimento espírita da prisão conceitual em que se
metera.
Pode estar sendo otimista e generoso demais o querido Dr.Jorge Andréa
quando afirma ao órgão oficial da FEB encontrar-se o movimento espírita “numa
fase kardequiana por excelência”, porque sai “lentamente dos excessos
religiosos”.
Na verdade, sai de forma demasiadamente lenta. No mínimo, com um século
de atraso, a se julgar pelo que projetou Kardec.
Há alguns sinais de que estamos, a duras penas, começando a
sair dessa prisão religiosa em que, voluntariamente, nos
encarceramos.
MEMÓRIA EXTRACEREBRAL – CONFERÊNCIA DE
JUNHO
Seguindo com sua programação de palestras especiais na primeira
segunda-feira de cada mês, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre contará
com a contribuição de Aureci Figueiredo Martins, como conferencista do próximo
dia 5 de junho.
Aureci, experiente expositor e dirigente espírita do Instituto Espírita
Terceira Revelação Divina (Porto Alegre), abordará o tema “Memória
Extracerebral”.
A atividade, aberta a todos os interessados, inicia às 20h30min, no
auditório do
Aureci
discorrerá sobre memória extracerebral, em 5 de
junho.
Criptógamos
carnudos
No Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, temos um espaço denominado
“Grupo de Conversação Espírita”. Semanalmente, essa reunião aberta ao público
trata de temas diversos à luz do espiritismo. Um trabalhador da casa é,
previamente, escalado para a provocação inicial. Depois, o debate corre
solto.
Dia destes, encarregado da provocação, iniciei dizendo em tom solene que
o tema da noite seria “criptógamos carnudos”. Uns me olharam espantados. Outros
cochicharam entre si: “o que é isso, criptógamos carnudos?”.“O Medran
enlouqueceu”, pareciam pensar.
É claro que era apenas uma brincadeira. Logo fui esclarecendo que
pretendia, naquela noite, fazer referência a algumas teorias espíritas ou
paraespíritas que, com maior ou menor influência, terminaram por definir os
rumos do multifacetado movimento espírita.
Crenças e
seitas
Kardec, quando esboçou a organização do movimento espírita, em trabalho
publicado nas Obras Básicas, avaliou que, à margem do espiritismo, poderiam
surgir seitas ou crenças que aceitariam em parte os princípios espíritas ali
claramente sintetizados. Admitindo como inevitável, não parecia ver nisso nenhum
mal. Seriam influências parciais da proposta espírita, capazes, de certa forma,
de vulgarizar alguns princípios defendidos pelo espiritismo. Mas não seriam mais
que seitas e crenças a se desenvolverem “à margem” do espiritismo. Fora de seu
movimento. Já que este se deveria manter unido pelos princípios filosóficos ali
mesmo expressos sob o título de “credo espírita”.
Escapava a essa projeção de Kardec que, precisamente, uma dessas crenças
marginais teria uma influência decisiva e pavimentaria o caminho a ser
percorrido pelo movimento daquele que seria o maior país espírita do mundo. O
roustainguismo, doutrina surgida ainda no tempo de Kardec, e em seu próprio
país, viria a ser transplantado para o “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”.
Aqui, num amálgama católico-espírita, encontraria solo e adubo para o mito da
revivescência do primitivo cristianismo.
Roustainguismo e
espiritismo
A doutrina de J.B.Roustaing, entusiasticamente recebida por alguns
apressados “espíritas novos” do Brasil do fim do Século 19 e início do Século 20
(na verdade, todos catolicíssimos), aceitaria a imortalidade, a comunicabilidade
dos espíritos, a reencarnação e a lei de causa e efeito, princípios genuinamente
espíritas. Mas, claramente discrepava de algumas conseqüências filosóficas que a
doutrina espírita extraíra daqueles mesmos princípios. A questão da reencarnação
é um exemplo paradigmático. Por ela, segundo as entidades entrevistadas por
Kardec, todos os espíritos devem passar, sucessivas vezes. Para progredir,
reencarnar é preciso. Já para o roustainguismo a reencarnação tem uma função
punitiva, quase que meramente expiatória. Dela estariam livres aqueles espíritos
que desde o princípio optam pelo caminho do bem. Só os que erram reencarnam.
Curiosamente, no entanto, mesmo alguns espíritos que optaram, inicialmente, pelo
bem e pela virtude, lá pelas tantas, sucumbem diante de sentimentos inferiores
como o ciúme, a inveja, o orgulho ou o ateísmo. Isso implicará numa queda
semelhante à dos anjos decaídos do Velho Testamento. Aí é que entram os
criptógamos carnudos, essas lesmas nojentas sob cujas formas deverão encarnar os
espíritos inicialmente puros e virtuosos, mas que duvidaram da existência de
Deus e dele tiveram inveja. É a metempsicose roustainguista, como classificou
Herculano Pires.
Entre o sagrado e o
natural
Mesmo que o roustainguismo, no Brasil, esteja, pouco a pouco, cedendo ao
pensamento mais racional, de feição kardecista, ele deixou marcas difíceis de
remover. Justamente porque foi a tese apressadamente adotada pela Federação
Espírita Brasileira, o mais poderoso organismo espírita de nosso país. A maioria
dos espíritas, por desconhecimento, acha que a única diferença entre as
propostas de Kardec e de Roustaing está no corpo fluídico de Jesus. Mas o
distanciamento filosófico entre uma e outra é abismal. Toca, na questão da
natureza, origem e destino dos espíritos, que é o próprio objeto da ciência
espírita. O roustainguismo apresenta-se tipicamente como uma revelação “divina”.
Seus mensageiros são os “Espíritos do Senhor”, arautos da “revelação das
revelações”. Essas características foram responsáveis pela formatação da
“religião espírita”, aqui desenvolvida. Já o kardecismo resulta do intercâmbio
dialético entre a humanidade encarnada e desencarnada. Os espíritos que
contribuíram com o trabalho de Kardec são simplesmente homens. Juntos, teceram
os fundamentos da ciência e da filosofia espírita, estimulando uma ética
natural, humanista e livre-pensadora. De aprendizado progressivo e não de fé
cega.
O roustainguismo situa-se no âmbito do sagrado. O kardecismo radica-se na
lei natural, amparada no bom-senso e na razão.
GRATAS PRESENÇAS
PRESTIGIARAM O
Os 70 anos do
No lançamento, cerca de 50 pessoas receberam o autógrafo do autor.
Estiveram presentes, os pais de Salomão, senhores Jacob e Mery Benchaya,
vindos especialmente de Belém/PA, onde residem. Na sessão comemorativa, Jacob
Benchaya emocionou o auditório ao pedir a palavra para saudar a instituição
aniversariante e o filho. Referiu o genitor de Salomão que este, mesmo tendo
recebido, no lar, uma educação fundada na religião hebraica, desde muito jovem
teve seu interesse despertado para a doutrina espírita. Assim, desde a
adolescência tornou-se um eficiente colaborador da União Espírita Paraense,
antes de residir no Rio Grande do Sul. Jacob fez questão de declarar sua
admiração pelo espiritismo, razão pela qual sempre estimulou o filho a continuar
prestando colaboração ao movimento espírita, e, como pai, orgulha-se do trabalho
e da trajetória de Salomão.
As comemorações dos 70 anos do
FERGS CUMPRIMENTA
Convidada a participar da sessão solene comemorativa aos 70 anos do
“Acusamos o recebimento de vossa correspondência convidando-nos a
participar dos 70 anos da Fundação do
Nesta data, a Diretoria Executiva da FERGS estará deslocando-se para
Caçapava do Sul, para coordenar o Encontro Estadual de Evangelizadores
Espíritas, que envolve a 4ª, 6ª e 7ª Regiões Federativas, no dia 21 de abril do
corrente ano.
Aproveitamos o ensejo para parabenizar o
JONES E ELBA
HOMENAGEADOS
A noite comemorativa dos 70 anos do
Numa iniciativa da Oficina de Colaboradores (grupo que se reúne uma vez
por semana para discutir as questões internas da instituição), foi oferecida uma
placa de prata ao casal.
Entregue por dois dos mais antigos colaboradores, o casal Ulisses e Glaci
Chaves, a placa evoca recomendação do mentor espiritual da Casa, Cacique de
Barros, conhecida como a mensagem dos quatro D. Eis o texto perpetuado no cartão
de prata:
“Ao casal símbolo dos 4 D, Maurice e Elba Jones, a homenagem da Oficina
de Colaboradores. Disposição – Disponibilidade – Dedicação –
Disciplina”.
ALGEMAS
Néventon
Vargas*
O ser humano adora uma algema!
Desde o mito de Adão e Eva, já o homem é retratado como
extremamente dependente do seu semelhante, do meio em que vive e,
principalmente, de uma divindade, apesar de ter-se-lhe atribuído
livre-arbítrio.
A história mostra que a cada instante os indivíduos e os
grupos sociais ficam perdidos quando não possuem ascendência sobre outrem e
muito mais quando não existe uma liderança que lhes demarque os caminhos e lhes
indique os rumos que devem seguir. Este papel de orientadora tem sido exercido
pelas religiões desde as mais remotas eras, quando não por magos e
pitonisas.
Hoje, proliferam pelo mundo religiões com características
fundamentalistas que induzem os fiéis à crença cega, irrefletida, oferecendo a
perspectiva já não do reino dos céus, mas do da terra mesmo, aproveitando-se das
mais diversas carências e daquele gosto meio masoquista do homem pelas “algemas”
ou “muletas”.
Compreende-se que o inter-relacionamento pessoal é de
fundamental importância nas aquisições morais e intelectuais do ser humano, a
ponto de considerar-se impossível qualquer evolução para um indivíduo que
porventura vivesse
Assim, com essa passividade, essa dependência generalizada,
fica muito fácil o indivíduo considerar-se incompleto e sonhar com uma alma
gêmea (ou seria algema?) que venha completá-lo. Aceita-se até a visão romântica
dos casais apaixonados ou de corações carentes de amor, atribuindo-se
incompletude em face à ausência do ente amado.
Aquece-se o coração humano, ainda muito egoísta, com a
possibilidade de um amor exclusivo. O homem (e a mulher também, é claro) sonha
com isso. Povoa-lhe o íntimo a ânsia por uma felicidade desconhecida, mas
profundamente almejada.
Ah, ciência do espírito! Com ela podemos nos aperceber que
gêmeos somos todos nós. Ou seja, cada um pode considerar sua alma gêmea todas as
demais e a tão esperada felicidade está lá no futuro nos esperando, quando todos
tivermos adquirido em moralidade e intelectualidade o suficiente para vivermos
em harmonia.
Portanto, bendita seja a algema que nos liga uns aos outros
nas experiências cotidianas, mas, sobretudo, bendita seja a chave do
conhecimento, da sabedoria, do discernimento, que abrem os grilhões que nos
mantém presos àqueles que se recusam a aceitar as transformações e procuram
colocar obstáculos ao livre curso da evolução.
Fonte Internet: emsergipe.globo.com/
imagens/banco/di_%7B232CC...
IMAGEM “ALMAS GÊMEAS”
Com a passavidade
e a dependência, fica fácil o indivíduo considerar-se incompleto e sonhar com
uma alma gêmea (ou seria algema?) que venha
completá-lo.
* Néventon Vargas é
Engenheiro Civil, Presidente da ASSEPE e Secretário de Comunicação Social da
CEPA.
Cumprimentos e
livro do
Quero abraçar a todos os companheiros do
Um abração.
José Budó – Santa Maria –RS. (por
e-mail)
Cumprimentos
Cumprimentamos valorosos irmãos pelos 70 anos de fundação desse Centro
Cultural Espírita de Porto Alegre.
Um grande abraço.
Sociedade Espírita Casa da Prece – Pelotas – RS. (por
telegrama).