OPINIÃO Ano XII – Nº 130  Maio 2006

CCEPA UM LIVRO CONTA ESSA HISTÓRIA

Nossa Opinião: História e obstinação

Editorial: A lenta superação religiosa

Notícias: Gratas presenças prestigiaram  o CCEPA e Salomão  -  FERGS, cumprimenta CCEPA  -  Jones e Elba,  homenageados

Opinião em Tópicos:   Criptógamos carnudos  -   Crenças e seitas  - Roustainguismo e espiritismo  -   Entre o sagrado e o natural   (Milton Medran Morreira)   

Enfoque :  Algemas  

Opinião do Leitor:   Cumprimentos e livro do CCEPA

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CCEPA – UM LIVRO CONTA ESSA HISTÓRIA

Comemorações dos 70 anos do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre tiveram como ponto alto o lançamento do livro de Salomão J. Benchaya “Da Religião Espírita ao Laicismo – A História do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre”.

 

            Sessão solene comemorou aniversário

            Com o nome de Centro Espírita Luz e Caridade, depois mudado para Sociedade Espírita Luz e Caridade (SELC) o hoje Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA) foi fundado em 23/4/1936.

            Os 70 anos dessa singular instituição foram comemorados dois dias antes, em sessão solene, no auditório de sua sede, à Rua Botafogo, 678.

            O presidente, Maurice H.Jones, destacou a circunstância de o aniversário do CCEPA coincidir com o Dia Mundial do Livro. A data homenageia dois grandes vultos da literatura mundial: o inglês William Shakespeare e o espanhol Miguel de Cervantes, falecidos exatamente na mesma data: 23 de abril de 1616.

            Jones recordou que em abril também se comemora o Dia do Livro Espírita, com o aniversário de O Livro dos Espíritos (Paris, 18/4/1857). A mesma data, no Brasil, assinala o Dia do Livro Infantil, em homenagem a Monteiro Lobato, escritor brasileiro, também espírita, nascido em 18/4/1882.

            Com tantos dados coincidentes, pareceu muito apropriado ao CCEPA comemorar seus 70 anos com o lançamento de um livro que conta sua história: a obra de Salomão J. Benchaya: Da Religião Espírita ao Laicismo – A História do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.

            Medran: CEPA e CCEPA, a parceria que deu certo

            Em seguida, usou da palavra o presidente da CEPA, Milton Medran Moreira que, em nome da Confederação Espírita Pan-Americana, saudou a instituição aniversariante. Destacou Medran que CEPA e CCEPA têm histórias muito diferentes, mas, em dado momento, perceberam que alimentam idêntica visão de espiritismo e buscam os mesmos objetivos. A filiação do CCEPA à CEPA, em 1995, selou uma histórica aliança, fortalecendo os ideais livre-pensadores, kardecistas e humanistas das duas entidades e do movimento espírita mundial em que estão inseridas.

            Benchaya: bem mais que a história do CCEPA

            O ponto alto da noite foi a apresentação, por Salomão Benchaya, de seu livro. Da Religião Espírita ao Laicismo, embora traga como subtítulo A trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, vai bem além, relatando muitas histórias paralelas, conforme destacou Benchaya.

            A história do CCEPA tem íntima vinculação com a Federação Espírita do Rio Grande do Sul, durante os vários anos em que a FERGS teve como dirigentes pessoas vinculadas à antiga SELC. Hoje, sediando a CEPA, o CCEPA tem forte presença na história contemporânea da Confederação Espírita Pan-Americana.

            As posições sempre pioneiras da SELC/CCEPA, as reprimendas sofridas, as críticas e os apoios recebidos, em momentos importantes da história do movimento espírita no Brasil e Exterior, estão documentados no livro de Salomão.

 

Nossa Opinião

HISTÓRIA E OBSTINAÇÃO

            Não é exagero dizer-se que Da Religião Espírita ao Laicismo é um livro para a história do espiritismo. Edição singela, feita nos estreitos limites em que se movimenta a instituição, logo deverá estar esgotada. Mas, terá documentado um dos períodos mais ricos de nosso movimento. Mais do que relatar e documentar a trajetória e as experiências de uma casa espírita, o livro de Benchaya retrata a inquietação de uma época. Inquietação que produziu e segue produzindo conexões. Conexões que abrem campos de reflexão e promovem mudanças.

            Como ocorreu com a revista A Reencarnação (nº 402, Ed. FERGS/outubro 1996), com o título de capa Espiritismo: Ciência e Filosofia. Até que Ponto é Religião, sua circulação poderá sofrer boicotes. Sua leitura talvez seja desaconselhada. É melhor – poder-se-á pensar – que todos esqueçamos aquele período vivido nas décadas de 80 e 90 de questionamentos dentro do movimento espírita gaúcho e brasileiro. Coisas de um tempo que passou, foi vencido e superado. Sepultou-se nas calendas do século passado.

            Só que essa história continua viva. Restrita, é verdade, a determinados núcleos. Abafada em outros. Mas vigorosa como nunca. Seu vigor nutre-se da liberdade de pensar e de expressar o pensamento. Liberdade que, afinal, encontra guarida na própria mensagem kardeciana: inovadora, transformadora, progressista e progressiva.

            Decididamente, essa gente do CCEPA não sabe fazer espiritismo fora dos parâmetros sugeridos pelos adjetivos acima. O livro de Salomão dá prova dessa obstinação.

(A Redação)

           

 

Editorial

 

A LENTA SUPERAÇÃO RELIGIOSA

 

“O Movimento Espírita se encontra numa fase kardequiana por excelência, saindo lentamente dos excessos religiosos, para se entender os porquês filosóficos”. (Jorge Andréa dos Santos, em entrevista à revista Reformador, maio/2006),

 

            Em lúcido artigo publicado na Revista Espírita de dezembro de 1863, Allan Kardec fez uma projeção para o espiritismo, dividindo-o em seis períodos distintos: o da curiosidade, caracterizado pelos fenômenos das mesas girantes, então já superado; o filosófico, que teria levado algumas pessoas a extrair conseqüências lógico-racionais daqueles fenômenos; o de luta, que abrangeu a fase de duras perseguições da Igreja ao espiritismo; o religioso, que seria logo superado por um período intermediário e, finalmente, o da regeneração social.

            Kardec tinha pressa e supunha que essas seis fases teriam se cumprido integralmente até o advento do Século 20, para que, já na centúria passada, as idéias espíritas fossem capazes de iluminar o mundo, inspirando a “vitória definitiva da união, da paz e da fraternidade entre os homens”.

            Os obstáculos, no entanto, foram e estão sendo bem mais duros do que os previstos por Kardec. Os seis períodos que projetou, sem dúvida, se sucedem, mas com extrema morosidade. E o período religioso, antevisto por ele como uma fase de rápida passagem, como que de fortalecimento da comunidade espírita, após as perseguições movidas pelo autoritarismo político e religioso, parecia se perpetuar no tempo. De tal forma que, por longos anos, aquele conjunto de idéias propostas como integrantes de uma ciência de conseqüências filosófico-morais, passou a ser visto quase que exclusivamente como uma religião: “a religião”, como, ainda hoje, gostam alguns de nominá-lo.

            Há tênues sinais de que estamos, a duras penas, começando a sair dessa prisão religiosa em que, voluntariamente, nos encarceramos. Ainda há pouco, repercutiu a proposta, feita na Federação Espírita Brasileira, de se excluir de seus vetustos estatutos a obrigatoriedade do estudo das obras roustainguistas. J.B.Roustaing, pode-se, claramente, hoje, avaliar, foi o principal responsável pela formatação da religião espírita, nos moldes apressadamente adotados pela FEB.

            Sentem-se, pouco a pouco, ensaios de renovação, ainda que tímidos, em todo o movimento. Não é difícil identificar o desfecho desse processo renovador nos duros momentos vividos há cerca de 20 anos por grupos minoritários e, logo, “excomungados”, que, então, acenavam com verbos indicativos de ações vigorosas como espiritizar ou kardequizar, no bojo das quais propunha-se resgatar o movimento espírita da prisão conceitual em que se metera.

            Pode estar sendo otimista e generoso demais o querido Dr.Jorge Andréa quando afirma ao órgão oficial da FEB encontrar-se o movimento espírita “numa fase kardequiana por excelência”, porque sai “lentamente dos excessos religiosos”.

            Na verdade, sai de forma demasiadamente lenta. No mínimo, com um século de atraso, a se julgar pelo que projetou Kardec.

 

Há alguns sinais de que estamos, a duras penas, começando a sair dessa prisão religiosa em que, voluntariamente, nos encarceramos.

 

MEMÓRIA EXTRACEREBRAL – CONFERÊNCIA DE JUNHO

            Seguindo com sua programação de palestras especiais na primeira segunda-feira de cada mês, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre contará com a contribuição de Aureci Figueiredo Martins, como conferencista do próximo dia 5 de junho.

            Aureci, experiente expositor e dirigente espírita do Instituto Espírita Terceira Revelação Divina (Porto Alegre), abordará o tema “Memória Extracerebral”.

            A atividade, aberta a todos os interessados, inicia às 20h30min, no auditório do CCEPA, à Rua Botafogo, 678, Bairro Menino Deus.

 

Aureci discorrerá sobre memória extracerebral, em 5 de junho.

 

Opinião em Tópicos

 

Milton Medran Moreira

 

            Criptógamos carnudos

            No Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, temos um espaço denominado “Grupo de Conversação Espírita”. Semanalmente, essa reunião aberta ao público trata de temas diversos à luz do espiritismo. Um trabalhador da casa é, previamente, escalado para a provocação inicial. Depois, o debate corre solto.

            Dia destes, encarregado da provocação, iniciei dizendo em tom solene que o tema da noite seria “criptógamos carnudos”. Uns me olharam espantados. Outros cochicharam entre si: “o que é isso, criptógamos carnudos?”.“O Medran enlouqueceu”, pareciam pensar.

            É claro que era apenas uma brincadeira. Logo fui esclarecendo que pretendia, naquela noite, fazer referência a algumas teorias espíritas ou paraespíritas que, com maior ou menor influência, terminaram por definir os rumos do multifacetado movimento espírita.

            Crenças e seitas

            Kardec, quando esboçou a organização do movimento espírita, em trabalho publicado nas Obras Básicas, avaliou que, à margem do espiritismo, poderiam surgir seitas ou crenças que aceitariam em parte os princípios espíritas ali claramente sintetizados. Admitindo como inevitável, não parecia ver nisso nenhum mal. Seriam influências parciais da proposta espírita, capazes, de certa forma, de vulgarizar alguns princípios defendidos pelo espiritismo. Mas não seriam mais que seitas e crenças a se desenvolverem “à margem” do espiritismo. Fora de seu movimento. Já que este se deveria manter unido pelos princípios filosóficos ali mesmo expressos sob o título de “credo espírita”.

            Escapava a essa projeção de Kardec que, precisamente, uma dessas crenças marginais teria uma influência decisiva e pavimentaria o caminho a ser percorrido pelo movimento daquele que seria o maior país espírita do mundo. O roustainguismo, doutrina surgida ainda no tempo de Kardec, e em seu próprio país, viria a ser transplantado para o “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”. Aqui, num amálgama católico-espírita, encontraria solo e adubo para o mito da revivescência do primitivo cristianismo.

            Roustainguismo e espiritismo

            A doutrina de J.B.Roustaing, entusiasticamente recebida por alguns apressados “espíritas novos” do Brasil do fim do Século 19 e início do Século 20 (na verdade, todos catolicíssimos), aceitaria a imortalidade, a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação e a lei de causa e efeito, princípios genuinamente espíritas. Mas, claramente discrepava de algumas conseqüências filosóficas que a doutrina espírita extraíra daqueles mesmos princípios. A questão da reencarnação é um exemplo paradigmático. Por ela, segundo as entidades entrevistadas por Kardec, todos os espíritos devem passar, sucessivas vezes. Para progredir, reencarnar é preciso. Já para o roustainguismo a reencarnação tem uma função punitiva, quase que meramente expiatória. Dela estariam livres aqueles espíritos que desde o princípio optam pelo caminho do bem. Só os que erram reencarnam. Curiosamente, no entanto, mesmo alguns espíritos que optaram, inicialmente, pelo bem e pela virtude, lá pelas tantas, sucumbem diante de sentimentos inferiores como o ciúme, a inveja, o orgulho ou o ateísmo. Isso implicará numa queda semelhante à dos anjos decaídos do Velho Testamento. Aí é que entram os criptógamos carnudos, essas lesmas nojentas sob cujas formas deverão encarnar os espíritos inicialmente puros e virtuosos, mas que duvidaram da existência de Deus e dele tiveram inveja. É a metempsicose roustainguista, como classificou Herculano Pires.

            Entre o sagrado e o natural

            Mesmo que o roustainguismo, no Brasil, esteja, pouco a pouco, cedendo ao pensamento mais racional, de feição kardecista, ele deixou marcas difíceis de remover. Justamente porque foi a tese apressadamente adotada pela Federação Espírita Brasileira, o mais poderoso organismo espírita de nosso país. A maioria dos espíritas, por desconhecimento, acha que a única diferença entre as propostas de Kardec e de Roustaing está no corpo fluídico de Jesus. Mas o distanciamento filosófico entre uma e outra é abismal. Toca, na questão da natureza, origem e destino dos espíritos, que é o próprio objeto da ciência espírita. O roustainguismo apresenta-se tipicamente como uma revelação “divina”. Seus mensageiros são os “Espíritos do Senhor”, arautos da “revelação das revelações”. Essas características foram responsáveis pela formatação da “religião espírita”, aqui desenvolvida. Já o kardecismo resulta do intercâmbio dialético entre a humanidade encarnada e desencarnada. Os espíritos que contribuíram com o trabalho de Kardec são simplesmente homens. Juntos, teceram os fundamentos da ciência e da filosofia espírita, estimulando uma ética natural, humanista e livre-pensadora. De aprendizado progressivo e não de fé cega.

            O roustainguismo situa-se no âmbito do sagrado. O kardecismo radica-se na lei natural, amparada no bom-senso e na razão.

 

Notícias

GRATAS PRESENÇAS PRESTIGIARAM O CCEPA E SALOMÃO

            Os 70 anos do CCEPA, comemorados com o lançamento do livro de Salomão Benchaya Da Religião Espírita ao Laicismo – A trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, no último 20/4, reuniu cerca de 70 pessoas no auditório da instituição. Antigos trabalhadores da Casa, amigos de outras instituições espíritas, eventuais freqüentadores de cursos e conferências, prestigiaram o evento com suas presenças.

            No lançamento, cerca de 50 pessoas receberam o autógrafo do autor.

            Estiveram presentes, os pais de Salomão, senhores Jacob e Mery Benchaya, vindos especialmente de Belém/PA, onde residem. Na sessão comemorativa, Jacob Benchaya emocionou o auditório ao pedir a palavra para saudar a instituição aniversariante e o filho. Referiu o genitor de Salomão que este, mesmo tendo recebido, no lar, uma educação fundada na religião hebraica, desde muito jovem teve seu interesse despertado para a doutrina espírita. Assim, desde a adolescência tornou-se um eficiente colaborador da União Espírita Paraense, antes de residir no Rio Grande do Sul. Jacob fez questão de declarar sua admiração pelo espiritismo, razão pela qual sempre estimulou o filho a continuar prestando colaboração ao movimento espírita, e, como pai, orgulha-se do trabalho e da trajetória de Salomão.

            As comemorações dos 70 anos do CCEPA foram encerradas na noite de 22 de abril, com um jantar festivo no Clube de Mães da Vila Assunção.

 

           

FERGS CUMPRIMENTA CCEPA

            Convidada a participar da sessão solene comemorativa aos 70 anos do CCEPA, a Presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, enviou-nos o ofício que segue:

            “Acusamos o recebimento de vossa correspondência convidando-nos a participar dos 70 anos da Fundação do CCEPA, pela qual agradecemos.

            Nesta data, a Diretoria Executiva da FERGS estará deslocando-se para Caçapava do Sul, para coordenar o Encontro Estadual de Evangelizadores Espíritas, que envolve a 4ª, 6ª e 7ª Regiões Federativas, no dia 21 de abril do corrente ano.

            Aproveitamos o ensejo para parabenizar o CCEPA pela comemoração da data tão significativa, rogando a Jesus que envolva a diretoria e trabalhadores da Instituição as bênçãos de muita paz e trabalho edificante em prol do bem comum. Fraternalmente, Gladis Pedersen de Oliveira. Presidente”.

 

JONES E ELBA HOMENAGEADOS

            A noite comemorativa dos 70 anos do CCEPA também foi cenário para uma homenagem prestada a Maurice e Elba Jones, os mais antigos trabalhadores da Casa.

            Numa iniciativa da Oficina de Colaboradores (grupo que se reúne uma vez por semana para discutir as questões internas da instituição), foi oferecida uma placa de prata ao casal.

            Entregue por dois dos mais antigos colaboradores, o casal Ulisses e Glaci Chaves, a placa evoca recomendação do mentor espiritual da Casa, Cacique de Barros, conhecida como a mensagem dos quatro D. Eis o texto perpetuado no cartão de prata:

            “Ao casal símbolo dos 4 D, Maurice e Elba Jones, a homenagem da Oficina de Colaboradores. Disposição – Disponibilidade – Dedicação – Disciplina”.

 

 

Enfoque

ALGEMAS

Néventon Vargas*

O ser humano adora uma algema!

Desde o mito de Adão e Eva, já o homem é retratado como extremamente dependente do seu semelhante, do meio em que vive e, principalmente, de uma divindade, apesar de ter-se-lhe atribuído livre-arbítrio.

A história mostra que a cada instante os indivíduos e os grupos sociais ficam perdidos quando não possuem ascendência sobre outrem e muito mais quando não existe uma liderança que lhes demarque os caminhos e lhes indique os rumos que devem seguir. Este papel de orientadora tem sido exercido pelas religiões desde as mais remotas eras, quando não por magos e pitonisas.

Hoje, proliferam pelo mundo religiões com características fundamentalistas que induzem os fiéis à crença cega, irrefletida, oferecendo a perspectiva já não do reino dos céus, mas do da terra mesmo, aproveitando-se das mais diversas carências e daquele gosto meio masoquista do homem pelas “algemas” ou “muletas”.

Compreende-se que o inter-relacionamento pessoal é de fundamental importância nas aquisições morais e intelectuais do ser humano, a ponto de considerar-se impossível qualquer evolução para um indivíduo que porventura vivesse em total isolamento. Entretanto, é muito diferente “interação” de “interdependência”. Na primeira, existe a troca de experiências e cada um assimila e toma decisões de acordo com seu próprio discernimento. Na segunda, na interdependência, até pode haver trocas e assimilações significativas, mas que não se refletem nas próprias decisões, ficando estas dependentes da vontade ou da opinião do outro.

Assim, com essa passividade, essa dependência generalizada, fica muito fácil o indivíduo considerar-se incompleto e sonhar com uma alma gêmea (ou seria algema?) que venha completá-lo. Aceita-se até a visão romântica dos casais apaixonados ou de corações carentes de amor, atribuindo-se incompletude em face à ausência do ente amado.

Aquece-se o coração humano, ainda muito egoísta, com a possibilidade de um amor exclusivo. O homem (e a mulher também, é claro) sonha com isso. Povoa-lhe o íntimo a ânsia por uma felicidade desconhecida, mas profundamente almejada.

Ah, ciência do espírito! Com ela podemos nos aperceber que gêmeos somos todos nós. Ou seja, cada um pode considerar sua alma gêmea todas as demais e a tão esperada felicidade está lá no futuro nos esperando, quando todos tivermos adquirido em moralidade e intelectualidade o suficiente para vivermos em harmonia.

Portanto, bendita seja a algema que nos liga uns aos outros nas experiências cotidianas, mas, sobretudo, bendita seja a chave do conhecimento, da sabedoria, do discernimento, que abrem os grilhões que nos mantém presos àqueles que se recusam a aceitar as transformações e procuram colocar obstáculos ao livre curso da evolução.

 

Fonte Internet: emsergipe.globo.com/ imagens/banco/di_%7B232CC...

IMAGEM “ALMAS GÊMEAS”

Com a passavidade e a dependência, fica fácil o indivíduo considerar-se incompleto e sonhar com uma alma gêmea (ou seria algema?) que venha completá-lo.

 

 * Néventon Vargas é Engenheiro Civil, Presidente da ASSEPE e Secretário de Comunicação Social da CEPA.

 

 

 

Opinião do Leitor

 

Cumprimentos e livro do CCEPA

            Quero  abraçar a todos os companheiros do CCEPA pelos 70 anos. Não pude estar com vocês no significativo evento de que dá notícia Opinião de abril, mas pretendo ir a Porto Alegre, em maio, e vou dar uma chagada por aí e adquirir o livro “Da Religião Espírita ao Laicismo – A trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre”.

            Um abração.

            José Budó – Santa Maria –RS. (por e-mail)

Cumprimentos

            Cumprimentamos valorosos irmãos pelos 70 anos de fundação desse Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.

            Um grande abraço.

            Sociedade Espírita Casa da Prece – Pelotas – RS. (por telegrama).