OPINIÃO Ano XII – Nº 129 Abril 2006

EDIÇÃO ESPECIAL COMEMORATIVA AOS 70 ANOS DO CCEPA

Editorial: Numa nova mentalidade  

Notícias: GROSSINI,  o conferencista de maio   -  CCEPA comemora aniversário lançando livro  -  Reportagem especial, 70 anos de historia SELC/CCEPA 

Opinião em Tópicos:   Fora de foco  -   A banalidade do mal  - Espasmos  -   O espírita e a política   (Milton Medran Morreira)   

Enfoque :  Sobre a questão transpessoal e o espiritismo  

Opinião do Leitor:   S.E. Estudo e Caridade

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EDIÇÃO ESPECIAL COMEMORATIVA AOS 70 ANOS DO CCEPA

 

CCEPA: 70 ANOS DE MUDANÇAS

 

A Mensagem do Presidente:

 

Maurice H.Jones: “Homenageio os trabalhadores do CCEPA que, ao longo de dolorosos anos de luta, foram vilipendiados e tiveram que andar sozinhos por compreenderem que não basta que o espiritismo exista. Ele precisa ser continuamente construído, não contra, mas apesar daqueles que o querem reduzir a mais uma seita cristã”.

 

            Quando em 2001, ainda eufóricos pela realização do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, comemoramos os 65 anos desta casa, dizíamos que o espiritismo não envelhece, não se degenera, pois estão explícitos na sua fisiologia os mecanismos de auto-regeneração e que, portanto, uma autêntica instituição espírita deve refletir o dinamismo intrínseco da proposta espírita. Ora, todos nós, os que temos buscado resgatar esta postura progressista e livre-pensadora, característica essencial do pensamento espírita, sabemos o quão difícil e solitária tem sido a caminhada. Prestigiar a busca de saber e liberdade, estimulando a capacidade de analisar criticamente o espiritismo, interpretando-o como uma construção cultural humana e, portanto, perfectível, tem recebido como resposta a incompreensão de setores mais conservadores do movimento espírita e, mais do que isto, a excomunhão sob a acusação de apostasia. Este é, historicamente, o preço da desobediência.

            A verdade, porém, é que não estamos completamente isolados ou esquecidos. A pouco e pouco, companheiros dos dois planos de vida juntam-se a nós trazendo apoio e estímulo. Em abril de 1986, no auge da reação conservadora, recebemos de Joaquim Cacique de Barros, o espírito que temos como nosso orientador espiritual, uma extensa mensagem psicografada analisando a história e as características da nossa instituição. Em um trecho da mensagem ele dizia: “E para sermos mais entendidos, é nosso desejo criar aqui nesta casa que é nossa, uma mentalidade nova. Formar, senão muitos, mas um punhado de irmãos capazes de difundir uma doutrina restaurada às suas bases, mas também solidamente apoiada nos avanços que a ciência e a tecnologia vêm de nos oferecer; um espiritismo emancipado de místicos e milagreiros, ainda mercadores de indulgências, que elegeram um Jesus, quase sempre triste com os nossos pecados, passivo e estático, que eles adoram sem compreender a dinâmica do seu evangelho libertador”.

            Vinte anos depois, quando esta casa festeja setenta anos de existência, o nosso pequeno e valoroso grupo de colaboradores envelheceu um pouco mais e o quadro de dificuldades não mudou. Porém é ainda e sempre com emoção que recordamos as palavras do amigo espiritual, buscando nos tornar dignos da tarefa para qual fomos convidados.

            Parafraseando o teólogo Leonardo Boff que experimentou dificuldades semelhantes, homenageio, nesta data, os trabalhadores do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre que ao longo destes anos de lutas e dolorosas transformações foram vilipendiados e tiveram que andar sozinhos somente porque compreenderam que não basta que o espiritismo exista. Ele precisa ser continuamente construído, não contra, mas apesar daqueles que o querem reduzir a mais uma seita cristã.

 

Maurice Herbert Jones

A Mensagem do Orientador

Em 5.04.86, depois da aprovação do "Projeto Kardequizar" pelo Conselho Deliberativo da SELC, foi recebida pela médium Elba Jones, psicofonicamente, a seguinte mensagem que, dias depois e a pedido do presidente é psicografada na íntegra. A mensagem, assinada pelo orientador espiritual da casa, Joaquim Cacique de Barros, além de oferecer apoio importante à iniciativa, busca também explicar a estranha fratura na história da instituição.

 

Cacique de Barros: “Todas estas mudanças que ora se verificam, não são frutos apressados, mas constituem-se no resultado de incessantes permutas elaboradas e desenvolvidas, nos dois planos da vida, entre aqueles que mais se preocupam e se dedicam à casa”.

 

 

Caros irmãos e amigos, companheiros de trabalho e meditação. Filhos queridos que o meu coração abraça enternecido. Jesus esteja convosco.

Desde os idos anos de 36 quando fomos incumbidos de auxiliar nos destinos de "Luz e Caridade", meus companheiros e eu temos testemunhado as diversas transformações por que tem passado esta casa.

Nos primeiros 30 anos, a cada gestão, um novo traçado era apresentado e um outro caminho seria perseguido. Foi nesse período de tempo que, embora atentos, nossa participação era mais distante.

Foi somente a partir de 66 que se abriram as portas de uma intimidade maior convosco. Poderíamos citar algumas razões para tal, mas uma por si só será suficiente, é que pela primeira vez se casava à nossa, a vossa ideologia doutrinária. E toda equipe então se rejubilava, sentindo-se gratificada pelos anos de expectativa, onde permanecêramos pacientemente nos postos, guardando fidelidade ao mandato recebido.

Tivéramos, até então, notícias regulares através de visitas de nossos mentores, de que um grupo de irmãos aqui aportaria gradativamente e com os quais poderíamos trabalhar em linha harmoniosa e objetiva. Na verdade, meus caros, aguardamos quase 3 décadas para chegarmos ao esperado momento de Kardequizar.

Todas estas mudanças que ora se verificam, não são frutos apressados, mas constituem-se no resultado de incessantes permutas elaboradas e desenvolvidas, nos dois planos da vida, entre aqueles que mais se preocupam e se dedicam à casa. Estas modificações são, portanto, desejadas e surgem como produto da troca de nossas vibrações que se casam e que somente a afinidade de ideais pode explicar.

E, para sermos mais entendidos, é nosso desejo criar aqui nesta Casa, que é nossa, uma mentalidade nova. Formar, senão muitos, mas um punhado de irmãos capazes de difundir uma doutrina restaurada às suas bases, mas também solidamente apoiada nos avanços que a ciência e a tecnologia vem de nos oferecer; um espiritismo emancipado de místicos e milagreiros, ainda mercadores de indulgências, que elegeram um Jesus, quase sempre triste com os nossos pecados, passivo e estático, que eles adoram sem compreender a dinâmica do seu Evangelho libertador.

Toda esta nossa negligência permitiu que os espíritas desenvolvessem verdadeiros cultos a abnegados espíritos que o amor e o trabalho, nas lutas incessantes, tomaram mais sábios, não santos, pois que nas esferas superiores lutam ainda por aperfeiçoar-se. E há ainda aqueles que bajulam queridos companheiros, estimulando-lhes a vaidade pessoal e dificultando-lhes a execução do dever justo, junto à coletividade.

Não podemos fazer com o sensato professor de Lyon e seus espíritos de escol o que a chamada cristandade vem fazendo com o Mestre Galileu. A Doutrina continua sendo a ciência do espírito, a filosofia da vida e a moral de Jesus. Kardequizar é assegurar-se no tripé O espírita deve ter a mente aberta para que possa acompanhar a dinâmica progressista, característica essencial da doutrina que abraçou e, ao mesmo tempo, ser tão vigilante que seja capaz de analisar seus passos, em qualquer momento da caminhada e verificar se permanece com o Codificador ou se está alterando os rumos da própria Codificação. Pensemos nisto.

 

J. Cacique de Barros

Sacerdote católico, nascido na Bahia em 11/08/1831

e desencarnado no RGS, em 13/05/1907.

Destacou-se por sua postura progressista e pela vasta

Obra social que implantou em Porto Alegre.

 

Editorial

 

UMA NOVA MENTALIDADE

 

“E, para sermos mais entendidos, é nosso desejo criar aqui nesta Casa, que é nossa, uma mentalidade nova. Formar, senão muitos, mas um punhado de irmãos capazes de difundir uma doutrina restaurada às suas bases, mas também solidamente apoiada nos avanços que a ciência e a tecnologia vêm de nos oferecer; um espiritismo emancipado de místicos e milagreiros, ainda mercadores de indulgências, que elegeram um Jesus, quase sempre triste com os nossos pecados, passivo e estático, que eles adoram sem compreender a dinâmica do seu Evangelho libertador”. (da mensagem do espírito Cacique de Barros, recebida na S.E.Luz e Caridade em 05.04.1986, pela médium Elba Jones).

 

Uma nova mentalidade não se implanta de um dia para outro.

Há exatos 20 anos, na antiga Sociedade Espírita Luz e Caridade, o espírito Cacique de Barros ditava a mensagem da qual faz parte a citação que abre este texto. Lançava-se, naquele momento, na casa que, depois, se chamaria Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, o denominado “Projeto Kardequizar”. Era apenas um primeiro passo que se dava a partir de algumas constatações e com vistas a um claro objetivo.

As constatações eram as de que, apesar dos esforços de muitos e do inegável avanço do espiritismo, o pensamento espírita cultivado por amplos círculos de seu movimento, se havia desviado, em alguns aspectos, da proposta original de seu fundador, Allan Kardec. Os objetivos, como conseqüência, apontavam para a retomada de alguns pressupostos autenticamente kardecianos.

            De lá para cá, e para que fosse possível a consecução dessa meta, incessantes modificações institucionais foram se implementando na Casa. Seu perfil, juntamente com o seu nome, também se alterava. Muitas dessas mudanças não se deram sem sofrimentos. Nem sem rupturas. Sofremos o desconforto do afastamento de queridos companheiros, irmãos diletos, que, no entanto, não se afeiçoavam ao novo modelo. Vínculos até então sólidos com a rede institucional que houvéramos ajudado a fortalecer e a qualificar foram repentinamente rompidos. Uma ruptura unilateral, diga-se de passagem, e por nós não desejada.

            Parecia, assim, estarmos condenados ao isolamento. Haveria de ser mesmo esse o destino inexorável de uma instituição genuinamente espírita pelo só fato de ousar beber nas fontes de Kardec conceitos que, com o tempo, restaram desprezados ou olvidados?

            Decididamente, não era o que queríamos, mesmo que buscássemos nos adaptar a essa provável realidade. Mas, concomitantemente, contatos com segmentos espíritas de outras partes do Brasil e do mundo mostravam que não estávamos sós. Idênticas posições eram assumidas por um significativo número de instituições e pessoas com as quais poderíamos somar esforços. Pouco a pouco, o entrosamento foi se dando, até formar essa rede de parcerias importantes que se apóiam mutuamente e que, em conjunto, trabalham em favor dessa “mentalidade nova” referida na mensagem de Cacique de Barros.

            Aqui, é verdade, não somos mais que um “punhado de irmãos”, usando-se, outra vez, a expressão literal do preclaro orientador espiritual. Um grupo pequeno como, parece, ele próprio desejou, mas harmônico, buscando difundir “uma doutrina restaurada às suas bases”, “um espiritismo emancipado de místicos e milagreiros”.

            Estamos convictos de que a tarefa não é fácil e que, nessas duas décadas de sensíveis mudanças, mal demos os primeiros passos. Estamos todos, inclusive nós, ainda fortemente impregnados de resíduos de misticismo, irracionalidade, ingênua passividade e submissão ao pretensamente sagrado. São posturas que dificultam a caminhada rumo à compreensão e plena vivência da doutrina sintetizada por Cacique como “a ciência do espírito, a filosofia da vida e a moral de Jesus”.

            Anima-nos, entretanto, a esperança de que essa caminhada não venha a sofrer retrocessos. Desenvolvemos, em nosso pequeno grupo, um razoável espírito crítico capaz de nos fazer suficientemente vigilantes. O combustível propulsor desse espírito temos aurido em duas fontes inesgotáveis: o estudo e a afetividade. Com essa mesma matéria-prima, edificamos alicerces que nos sustentaram até aqui. Sobre eles desejamos continuar construindo uma sempre nova mentalidade. Sem pressa. O tempo tem se revelado a nosso favor.

 

Somos um grupo pequeno, mas harmônico, buscando difundir “uma doutrina restaurada às suas bases”, “um espiritismo emancipado de místicos e milagreiros”.

 

Opinião em Tópicos

 

Milton R.Medran Moreira

 

 

            Fora de foco

            A indignação nacional, nos últimos dias, ficou por conta da dança de uma deputada. Ângela Guadagnin (PT-SP), tão logo conhecida a decisão da absolvição de um colega seu, na Câmara dos Deputados, não se conteve. Saiu de seu lugar e, dançando, foi à tribuna fazer um pronunciamento de saudação ao deputado absolvido. Este, como tantos outros, fora acusado de quebra de decoro parlamentar, por receber dinheiro para votar determinados projetos. Fora um dos beneficiários do famoso “mensalão”. E, como tantos outros, mesmo comprovado o recebimento, terminou absolvido por seus pares.

            Acho que a indignação geral dos brasileiros perdeu o foco. Mais do que nos indignarmos pela dança da parlamentar, por ela classificada, depois, como “um gesto espontâneo”, nosso desapontamento deveria recair sobre todo o contexto que tem permitido a impunidade de políticos corruptos. O gesto da deputada até que foi coerente com as ações políticas que, publicamente, vinha adotando em meio a todo esse “imbróglio” em que se meteu a classe política de nosso país. Pior do que ela, têm agido os que negociam a impunidade, por baixo do pano.

 

            A banalidade do mal

            A dança da deputada, simples mote para o início desta crônica, é, na verdade, um episódio menor dentro do quadro político que vivemos. A filósofa Hannah Harendt identificaria na sucessão dos tristes acontecimentos que dominam o cenário nacional aquilo que chamou de a “banalidade do mal”. Estamos nos acostumando com o mal. Assim, abjetas negociações políticas entre agremiações adversárias, visando à proteção indiscriminada de mandatos enxovalhados pela corrupção, passaram a ser vistas como normais. Expedientes sórdidos, voltados à manutenção de cargos, de privilégios e mordomias, comprados com a moeda do apadrinhamento político ou do nepotismo familiar, tudo passou a ser visto como politicamente aceitável. Daí o surgimento de alianças as mais estapafúrdias. Tudo é encarado como normalidade política e administrativa. Como parte de um jogo lícito e socialmente aceito. Habituamo-nos com eles, tratando-os como ações inerentes à própria arte política. Perdemos o senso da ética e da moralidade públicas. Introjetamos a idéia de que o fim da política é a obtenção de privilégios.

 

            Espasmos

            De vez em quando, o exótico ou o grotesco nos chamam a atenção e despertam nossa capacidade de indignação. Causam espasmos de comoção nacional. Foi o que se deu com as trapalhadas de Severino Cavalcanti e, agora, com a deputada dançarina. Mas, os episódios passam e restam esquecidos. E as práticas políticas viciadas tendem a perdurar.

            Dentro desse quadro, preparamo-nos para mais um grande pleito eleitoral. Vamos, de novo, eleger presidente, governadores, deputados e senadores. Teremos de ouvir pedidos de votos de candidatos que, sabidamente, participaram das negociatas e das posteriores negociações que levaram à impunidade geral e irrestrita. Posarão frente às câmeras nos horários gratuitos de televisão, como vestais da honestidade, da incorrupção e da moralidade pública.

            Até quando teremos que conviver com tanta hipocrisia?

 

            O espírita e a política

            A resposta à indagação acima temos de buscar em nós mesmos. Os quadros políticos de um país nada mais são do que o resultado do corte vertical de seus extratos sociais. Não é justo vê-los como uma classe distanciada das práticas que nos são comuns. Eles representam, rigorosamente, a média dos valores cultivados nos substratos sociais de onde provêem.

            Por isso, o grande investimento que ainda tem de ser feito é o da reforma do homem. Nós, espíritas, temos um patrimônio inestimável capaz de contribuir com esse objetivo fundamental e decisivo. Os valores éticos e morais derivados de nossas convicções acerca de Deus, do universo e do homem são atemporais e universais. Não se confundem com as ideologias políticas.

            Felizmente, o movimento espírita ainda não se partidarizou e não estabeleceu conluios com facções políticas ou com o poder, como tem ocorrido com as igrejas. Isso preserva nossa independência. Permite-nos valorizar a política como um instrumento de conquista do bem comum. Deixa-nos livres para optar, individualmente, por candidatos ou programas que, circunstancialmente, diminuam o fosso existente entre a prática política e a ética.

            Não podemos perder esse foco.

 

Notícias

 

GROSSINI, O CONFERENCISTA DE MAIO

            Como de hábito, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, CCEPA, segue oferecendo uma conferência pública mensal, sempre na primeira segunda-feira do mês, a partir das 20h30.

            Neste mês de abril, dia 3, o conferencista foi Rogério H.Feijó Pereira, dirigente espírita gaúcho, integrante da Associação União Espírita Porto-Alegrense.

            A conferência do próximo dia 1º de maio estará a cargo do Diretor do Depto.de Estudos Mediúnicos do CCEPA, Carlos Grossini, subordinada ao tema “Lei do Trabalho”.

 

 

CCEPA COMEMORA ANIVERSÁRIO LANÇANDO LIVRO

            O ponto alto das comemorações do 70º aniversário do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (fundado em 23 de abril de 1936, com o nome de Centro Espírita Luz e Caridade) será na noite de 20 de abril corrente.

            A partir das 20 horas, uma sessão solene marcará a efeméride. Na oportunidade, usará da palavra o presidente da instituição, Maurice Herbert Jones, com uma saudação aos colaboradores e freqüentadores da Casa. Também o presidente da Confederação Espírita Pan-Americana, Milton Medran Moreira, vai levar a saudação da CEPA à instituição aniversariante.

            Depois, Salomão Jacob Benchaya, um dos diretores do CCEPA, fará uma abordagem do livro a ser lançado na oportunidade “Da Religião Espírita ao Laicismo – A trajetória da SELC/CCEPA”.

            A obra, de autoria de Salomão, reconstitui a história dos 70 anos do CCEPA, especialmente dos últimos 30 anos, quando chegou à SELC o casal Maurice e Elba Jones, iniciando-se um período de mudanças e transformações que repercutiram em todo o movimento espírita.

            “Da Religião Espírita ao Laicismo” (Imprensa Livre Editora, 160.páginas), terá preço promocional em seu lançamento: apenas 10 reais. Posteriormente, estará à venda a 12 reais o volume.

            Salomão autografará o livro, na oportunidade. O evento será inteiramente aberto ao público, encerrando-se com um brinde de confraternização.

            Na noite de 22, será realizado um jantar, com inscrições abertas aos interessados, tendo por local o Clube de Mães da Vila Assunção (Rua.Caeté, 140).

 

 

Reportagem especial

70 ANOS DE HISTÓRIA SELC/CCEPA

(Dados extraídos do livro “Da Religião Espírita ao Laicismo – A trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre”.

 

Os primeiros 30 anos

A fundação do Centro Espírita Luz e Caridade, denominação inicial da sociedade, ocorreu em 23.04.1936. Posteriormente, mudou o nome para Sociedade Espírita Luz e Caridade, mais conhecida pela sigla SELC. Nos seus primeiros trinta anos de existência, a SELC desenvolveu as atividades típicas das casas espíritas tradicionais: sessões públicas, de passes, receituário, de desenvolvimento mediúnico, de desobsessão, de confraternização dos colaboradores, de consultas e orientação espiritual, aula dominical da infância e juventude, farmácia homeopática, assistência material, livraria e biblioteca. Desde cedo, passou a integrar os quadros da Federação Espírita do Rio Grande do Sul.

Em 1966, chega à SELC o casal Maurice e Elba Jones, já a encontrando instalada, desde 1964, em confortável prédio erguido graças ao esforço e ao dinamismo de seu então presidente José Valejos Abreu, cuja administração se iniciara em 1957.

 

                                  

Os primeiros presidentes

 

      Não há informações precisas sobre os primeiros dirigentes da Instituição. Não foram localizados registros dos três primeiros anos de seu funcionamento, portanto, não se sabe quem teria sido seu primeiro presidente. Há uma “Relação de Sócios Fundadores”, datada de 03.06.1954, que, todavia, não identifica quem teria sido o presidente, o que sugere a hipótese de informalidade administrativa nesse período. O primeiro documento existente é a Ata nº 1, de 06 de junho de 1939, que registra a proclamação e posse da primeira diretoria, ocorrida em sua sede, à Rua Botafogo, 940 - fundos, no bairro Menino Deus, de Porto Alegre, sendo seu presidente Gonçalo Guimarães, cuja gestão se encerraria em 1941.

Outros presidentes desse período foram: Isnard S. de Barcelos (1941/45 e 1949/51); Vigo T. Collin (1945/46); Joaquim Oliveira Brás (1947/48); Carlos Rieboldt (1951); Joaquim Silvano de Aguiar Lopes (1952/53); Osíris Souto (1954/57); Mário Jardim (1958); José Valejos Abreu (construtor da sede atual, da Rua Botafogo, de 1958 a 1968).

 

Os presidentes após 1968

 

            Vale a pena destacar o fato de quatro presidentes do CCEPA terem sido, também, presidentes de outros organismos representativos do movimento espírita. Maurice Jones, Salomão Benchaya e Antonio Alfredo Monteiro foram, também, presidentes de federativas estaduais – os dois primeiros da federação gaúcha (FERGS) e o terceiro da federação do Ceará (FEEC). Milton Medran Moreira, que chegou a ser candidato à federação gaúcha, é o atual presidente da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA).

Maurice H.Jones e Elba chegaram na SELC em 1966. Desde então, Jones já presidiu a entidade por quatro vezes.

           

As experiências vividas no CCEPA

 

      Nos últimos 30 anos, o CCEPA desenvolveu ricas experiências que são descritas por Benchaya, no seu livro “Da Religião Espírita ao Laicismo – a Trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre”. Algumas dessas experiências repercutiram em todo o movimento espírita, como se poderá ver a seguir:

 

Projeto Kardequizar

 

Salomão Benchaya proferira, em 02.01.86, ao iniciar seu segundo mandato como presidente da FERGS, um discurso no qual lançou o Projeto Kardequizar, “uma proposta de reposicionamento dos espíritas em face do pensamento do Codificador”, contendo críticas aos rumos do movimento espírita, que repercutiu intensamente no movimento espírita, tendo, inclusive seu autor sido censurado pelo então presidente da FEB, Francisco Thiesen, em plena reunião da 5ª Região do Conselho Federativo Nacional, que se instalava em Curitiba, no período de 25 a 27.04.86.

Sensibilizada por esses fatos, a Direção da SELC decidiu promover esforço especial no sentido de adequar sua estrutura e seu funcionamento de forma a compatibilizar-se com a visão que Allan Kardec tinha acerca da Doutrina.

O “Projeto: Kardequizar” surgiu como um conjunto de medidas tendentes a frear o processo de sectarização instalado no movimento espírita a partir de uma visão distorcida da Codificação e do pensamento kardequiano, para o qual contribui a índole mística do nosso povo e o seu deficiente nível cultural. Dessa forma, as Casas Espíritas assumiram, ao longo do tempo,  em sua esmagadora maioria, a feição de “casas de oração” e de “pronto socorro”, em detrimento de sua função maior de educadora de almas e libertadora de consciências, consoante os objetivos maiores do Espiritismo. Nossos freqüentadores, embora o respeito e o atendimento que devam merecer para o alívio de suas dores, somente vêem no Centro Espírita um posto de prestação de serviços, com o qual findam os contatos ao primeiro sinal de cura de suas mazelas, visto que nada mais lhes é oferecido senão passes, consultas aos espíritos, doutrinação e desenvolvimento mediúnico, sem apelos ao raciocínio e ao estudo sistemático do Espiritismo, caminho natural para as verdadeiras e profundas mudanças do indivíduo e da sociedade.

 

 

 - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – ESDE

A antiga SELC já mantinha, na década de 70, grupos de estudo sistematizado do Espiritismo. A prática não era comum no movimento espírita. Com inspiração no COEM – Centro de Orientação e Estudo da Mediunidade  – exitosa iniciativa do Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba, a SELC foi o laboratório onde se concebeu a Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita.

Em 22.07.1978, quando Maurice Herbert Jones presidia a Federação Espírita do Rio Grande do Sul e Benchaya era seu Diretor Doutrinário, lançava-se no Estado a Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - ESDE. O movimento espírita iniciava ali uma nova e importante fase: a da conscientização da necessidade do estudo.

O livro de Salomão Benchaya registra as enormes dificuldades enfrentadas, então, por Jones junto ao Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira para implantar semelhante Campanha em âmbito nacional. Havia uma surda resistência que obrigou o representante gaúcho a forçar a votação de sua proposta que vinha sendo sucessivamente adiada:

“Argumentou Jones, na oportunidade, que não podia entender aquela surda resistência a uma Campanha de Estudo do Espiritismo em um movimento que já desenvolvia uma intensa Campanha de Evangelização Infanto-juvenil. Finalizou dizendo aguardar a votação, que era aberta, pois apreciaria conhecer e registrar para a história, os dirigentes de Federações Estaduais que se atrevessem a reprovar uma campanha objetivando estimular o estudo do Espiritismo”.

“Foi nesse clima e sob essa estratégia que a proposta gaúcha terminou aprovada pela unanimidade dos representantes presentes em Brasília naquele domingo, 6 de julho de 1980. Só mais tarde, em 27.11.83, a campanha foi oficialmente lançada, com roteiros reelaborados pela FEB”.

No CCEPA, hoje, o estudo sistematizado cinge-se ao programa denominado CIBEE-Ciclo Básico de Estudos Espíritas, com duração de cerca de um ano. Os demais grupos, mais antigos, desenvolvem seus próprios programas, calcados em pesquisa, debate e produção cultural, princípios assimilados do “estudo problematizador”.

 

A Campanha de Estudo Sistematizado, lançada pela FERGS em 1978,teve como laboratório a experiência interna produzida na SELC

 

– Oficina de Colaboradores

 

Este é, desde 1999, o grande fórum onde todos os assuntos da instituição são debatidos e aprovados. A “oficina de colaboradores do CCEPA” ou, simplesmente, oficina, reúne-se semanalmente, às terças-feiras, sendo aberta a todos os associados. Como a maioria dos participantes mais permanentes é constituída de membros da Diretoria Executiva e coordenadores de grupos de estudo, as decisões da oficina, na prática, são soberanas e automaticamente acatadas, cabendo aos órgãos estatutários formalizá-las.

A Oficina evita o distanciamento entra a Direção e os colaboradores da Casa, o isolamento ou falta de comunicação entre os diversos grupos, o desinteresse e falta de participação dos associados, permitindo ainda uma avaliação crítica do modelo adotado para a experimentação mediúnica e o engajamento dos novos colaboradores da Casa.

 

 

 – Curso de Iniciação ao Espiritismo – CIESP

 

Desde o ano de 1990, o CCEPA realiza Cursos Básicos de Espiritismo voltados para a comunidade, com a participação de expositores da Casa e convidados, sendo os temas desenvolvidos sob a forma de palestras.

Em 2001, essa atividade é retomada com a denominação de Curso de Iniciação ao Espiritismo, buscando dar sua contribuição à correta difusão da identidade e princípios  básicos da doutrina kardecista. Destinado, preferencialmente, a não-espíritas que desejem receber informações básicas acerca do contexto histórico e cultural em que surgiu o Espiritismo e dos princípios fundamentais que lhe dão sustentação, o Curso de Iniciação ao Espiritismo recebe também inscrições de antigos freqüentadores e até colaboradores de casas espíritas, interessados em uma fundamentação teórica da matéria.

Até o presente, propiciaram a participação de mais de 500 pessoas que, durante as seis aulas ministradas estabelecem contato com informações basilares sobre o Espiritismo e sobre o pensamento do seu fundador. Ao término de cada curso, é oferecida aos participantes a possibilidade de se inscreverem no CIBEE-Ciclo Básico de Estudos Espíritas, mas somente 5%, aproximadamente, permanecem como membros do CCEPA.

 

 

Desde 2001, mais de 500 pessoas já participaram das várias edições do Curso de Iniciação ao Espiritismo, que são ministrados por Maurice H.Jones e Salomão Jacob Benchaya.

 

 - Ciclo Básico de Estudos Espíritas – CIBEE

 

          O CIBEE, implantado no CCEPA, em 1978, funciona, ininterruptamente, até o presente momento. É um Curso introdutório ao conhecimento do Espiritismo, nele podendo ser inscritas, diretamente, pessoas desejosas de conhecer os princípios fundamentais do Espiritismo ou aquelas que, tendo participado do Curso de Iniciação ao Espiritismo-CIESP, de curta duração, manifestem interesse em prosseguir seus estudos na instituição. É requisito básico para o ingresso nos grupos mais avançados.

          Atende à recomendação de Allan Kardec, o fundador do Espiritismo, no tocante à realização de  “cursos regulares de Espiritismo”. 

          O CIBEE desenvolve-se através de reuniões semanais de 60 minutos durante nove meses, mediante o estudo em grupo, com técnicas de exposição dialogada e debate. O programa baseia-se, principalmente, em “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”.

 

 – Grupos de Estudos Espíritas

 

          Os grupos mais avançados nos estudos do Espiritismo baseiam seus estudos em programação trimestral elaborada pelos próprios membros, sob a orientação do Departamento. Seus integrantes já podem, também, participar das atividades mediúnicas em reunião específica realizada em outro horário.

  Definido o tema do trimestre, cada grupo distribui internamente as tarefas de pesquisa e de registro do material obtido que é debatido por todos. Ao final do trimestre, realiza-se um seminário em que cada grupo apresenta uma exposição oral do resultado dos estudos temáticos. Este resultado também pode ser apresentado por escrito ao Diretor do Departamento que os reúne e, periodicamente, os encaderna e os coloca à disposição de todos na biblioteca.

 

– Grupo de Conversação

 

A partir do ano de 2000, com a definitiva consolidação do modelo institucional que privilegia a qualidade em detrimento da quantidade, foram criadas as condições para desenvolver um trabalho mais produtivo em todas as áreas de atuação. Assim, as palestras públicas, que sofreram uma natural e esperada diminuição de público, na nova fase do CCEPA, puderam experimentar um melhor aproveitamento, mesmo no modelo antigo, já interativo, dando lugar a uma nova reunião informal denominada singelamente de “grupo de conversação” que vem substituir as palestras públicas. Aberta ao público conta, normalmente, com até 20 pessoas posicionadas em círculo. Não existe dirigente nem expositor no sentido tradicional e sim um “provocador” previamente designado que, depois de breve exposição, coloca e coordena a discussão de um assunto para ser debatido à luz do pensamento espírita. Como, além do público externo, participam da reunião vários companheiros do CCEPA mais experimentados, a troca de idéias  e as diferentes abordagens do assunto tornam este tipo de reunião bem mais interessante e rica que a maioria das palestras tradicionais.

            As chamadas palestras públicas doutrinárias são uma saudável tradição nas instituições espíritas. É verdade também que os participantes, na maioria dos casos, somente as suportam, religiosamente, na esperança de serem gratificados pelo não menos tradicional passe, estrategicamente reservado para depois da palestra.

Buscando corrigir este problema de sintonia de interesse, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, mesmo nas palestras tradicionais, sempre estimulou a participação dos ouvintes, que tinham plena liberdade inclusive de interromper o expositor, a qualquer momento, para lhe dirigir uma pergunta ou, até, trazer sua contribuição.

– O Congresso da CEPA em Porto Alegre

 

O XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, realizado em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, pela CEPA-Confederação Espírita Pan-Americana, no período de 11 a 15 de outubro de 2000, teve como Tema Central a pergunta Deve o Espiritismo Atualizar-se? e fixou como principal objetivo “discutir a questão da atualização doutrinária do Espiritismo”.

O evento foi organizado sob a responsabilidade do CCEPA-Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e realizado nas confortáveis instalações do Hotel Embaixador, no centro da Capital gaúcha. Participaram 377 congressistas representando, além do Brasil, Argentina, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, México, República Dominicana, Porto Rico, Venezuela, Espanha, França e Austrália.

Os trabalhos foram apresentados por seus autores, representantes de diversas tendências ou vertentes do movimento espírita, dentro das áreas temáticas de Epistemologia e Paradigmas, Metodologia, Conteúdos Doutrinários e Linguagem, agrupados de acordo com as seguintes modalidades:

a)      Painéis Temáticos – que funcionaram no horário matutino, na forma plenária, constituindo-se de doze (12) temas apresentados por autores convidados especialmente pela Comissão Organizadora;

b)     Fórum de Temas Livres – que se desenvolveu no horário vespertino, simultaneamente em quatro salas, num total de trinta (30) exposições, constando de trabalhos de autores convidados ou inscritos livremente.

Foram, ainda, levadas a efeito duas conferências públicas, sessão artística, encontro de jovens, de pesquisadores, de educadores, sessão de autógrafos, passeio, jantar e show confraternativos.

Durante o evento, que homenageou a figura de Deolindo Amorim e que teve por Presidente de Honra o psicólogo venezuelano Jon Aizpúrua, a CEPA realizou sua Assembléia Geral na qual foi eleito e empossado o advogado brasileiro Milton Rubens Medran Moreira como seu novo presidente. Em razão disso, conforme prevê o seu Estatuto, a CEPA passou a ter sua sede em Porto Alegre-RS, Brasil.

Como era esperado, fortes reações opuseram-se ao tema escolhido e à própria realização do evento que, apesar disso, coroou-se de pleno êxito, tanto no aspecto organizacional, apesar do amadorismo da equipe, como na abordagem dos conteúdos, feita por excelentes expositores de diversos países. É de se destacar a participação, dentre os expositores brasileiros, de escritores, líderes, intelectuais e conferencistas representativos de diversos segmentos do nosso movimento espírita, o que imprimiu um caráter singular ao congresso pelo clima fraterno, descontraído, respeitoso, onde as diferenças foram discutidas no campo das idéias, contribuindo para a conquista, por parte da CEPA, de novos amigos e simpatizantes.

Durante o congresso, a Assembléia Geral da C.E.P.A. elegeu seu novo Conselho Executivo, presidido por Milton Medran Moreira. A partir daí, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre passou a sediar a Confederação Espírita Pan-Americana.

 

O Grupo Jovem

 

            Um pequeno grupo de jovens, com o mesmo perfil renovador e livre-pensador, reúne-se semanalmente no CCEPA, desenvolvendo atividades de estudos e debates. Seus trabalhos são apresentados aos demais grupos de estudos, em épocas pré-determinadas por seu calendário de atividades.

            O Grupo de Jovens do CCEPA, que tem como monitora Mariana Benchaya,  participou, recentemente do 9º Simpósio do Pensamento Espírita em Santos, SP, onde foi tomada a foto que ilustra esta matéria.

 

-  A Carta de Princípios do CCEPA

 

 

            Em 1999, o CCEPA aprovou sua Carta de Princípios, documento que explicita o perfil da instituição, a partir do que entende ser a identidade, os fundamentos e os objetivos essenciais do Espiritismo:

 

IDENTIDADE DO ESPIRITISMO

 

 

FUNDAMENTOS DO ESPIRITISMO

 

OBJETIVOS DO ESPIRITISMO

 

PRINCÍPIOS DO CCEPA

1. Conceber o Espiritismo como uma ciência de observação e uma filosofia com conseqüências morais que tem como objetivo o aprimoramento do homem;

2. Fundamentar a ação cultural nas obras e no pensamento de Allan Kardec.

3. Reafirmar o caráter dinâmico, otimista, progressivo, progressista e libertador do Espiritismo.

4. Valorizar o conhecimento como meio de libertação e crescimento.

5. Orientar seus trabalhos exclusivamente para as atividades de estudo, debate, pesquisa e

    divulgação do Espiritismo, objetivos essenciais de um Centro Cultural Espírita.

 

 

DIRETORIA ADMINISTRATIVA

            A atual Diretoria Administrativa do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, com mandato para os anos 2006/2008, está assim constituída:

- Presidente: Maurice Herbert Jones.

            - Vice-presidente: Rui Paulo Nazário de Oliveira.

            - Tesoureira: Marta Samá.

            - Secretário: Rui Paulo Nazário de Oliveira.

            - Diretora do Depto. de Assistência Social: Leda Beier.

            - Diretora do Depto. de Eventos Sociais: Sílvia Pinto Moreira.

            - Diretora da Livraria: Tereza Samá.

            - Diretor do Depto de Estudos Espíritas: Maurice Herbert Jones.

            - Diretor de Patrimônio: Milton Lino Bittencourt.

            - Diretor de Comunicação Social: Milton Rubens Medran Moreira.

            - Diretor de Estudos Mediúnicos: Carlos Grossini.

            - Diretor de Eventos Culturais: Salomão Jacob Benchaya.

 

 

 

AMIGOS DO CCEPA 70 ANOS

Amigos de diferentes partes do Brasil e do mundo enviaram depoimentos sobre o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre para publicação nesta edição de aniversário:

 

(foto)

            Jon Aizpúrua – Ex-Presidente da CEPA, Pres. do Movimento de Cultura Espírita CIMA, da Venezuela: “CCEPA e SELC são o resultado de um processo dialético de ruptura e continuidade, ao mesmo tempo”.

            Acompanho intimamente a trajetória do CCEPA desde 1991. Anteriormente, já o conhecia, em razão do trabalho desenvolvido por sua antecessora, Sociedade Espírita Luz e Caridade.

            Penso que essa mudança de denominação foi fruto de um processo dialético de ruptura e continuidade, ao mesmo tempo. O CCEPA é e não é, ao mesmo tempo, a SELC. É como se fosse sua reencarnação. Como se de outro corpo físico se tratasse. Mas o espírito que o anima é o mesmo.

            Os líderes da antiga sociedade do bairro Menino Deus exerceram uma considerável e benéfica influência na FERGS, lançando iniciativas pioneiras e dinâmicas, como a Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita” e o “Projeto Kardequizar” que alcançaram ressonância nacional. Eles mesmos, acompanhados de outros espíritas gaúchos, continuam se constituindo em uma referência do que significa trabalhar com inteligência, cultura, senso comum e sentimentos fraternos em prol dos ideais kardecistas. Fazem isso no seio da CEPA, dirigindo-a com acerto, oferecendo uma inestimável contribuição ao movimento espírita da América e do mundo.

            Meus parabéns a esses amigos a quem quero do fundo de minha alma.

           

 

            Homero Ward da Rosa, Presidente da Sociedade Espírita Casa da Prece, Pelotas –RS: “O CCEPA é uma referência para aqueles que defendem um Espiritismo como queria Kardec”.

 

            O 70º aniversário do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre é motivo de grande alegria para os Espíritas que acompanham o trabalho dinâmico daquela Casa.

            Ao longo de sua história o CCEPA, sucessor da Sociedade Espírita “Luz e Caridade”, fundada em 1936, promoveu diversos encontros, debates, seminários, e organizou o XVIII Congresso Espírita Pan-Americano da CEPA, sob a coordenação de Salomão Jacob Benchaya, que reuniu quase 400 congressistas em Porto Alegre, em outubro de 2000. Ademais, desde aquele Congresso, sedia a Confederação Espírita Pan-Americana no Brasil, tendo Milton Medran Moreira como presidente.

            Por tudo isso e muito mais o CCEPA constitui-se uma referência para os espíritas que defendem um Espiritismo evolucionista, livre-pensador, desapegado de dogmatismos religiosos e ideológicos, como sabiamente queria Allan Kardec.

            Parabéns a todas as trabalhadoras e trabalhadores do CCEPA, liderados pelos queridos Maurice Herbert e Elba Jones.  Que Deus fortaleça o amor, a união e a fraternidade entre todos vocês.

 

            Nícia Cunha, Delegada da CEPA em Cuiabá, MT: “O CCEPA aborda corajosamente a questão da atualização do espiritismo”.

 

            “Há dez anos, embora morando longe de Porto Alegre, tive a felicidade de integrar-me ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre. Desde então, ainda que à distância, tenho burilado meus conhecimentos doutrinários com o extraordinário grupo que o dirige.

     O CCEPA, atuando de modo diferenciado da maioria das casas espíritas, por privilegiar o estudo, a pesquisa e abordar corajosamente a questão da atualização do espiritismo, tem marcado sua presença de modo ímpar.  Comemorando este pioneirismo e sucesso, venho cumprimentar seus dirigentes e todos que nela trabalham, reafirmando minha admiração por esta histórica e produtiva atuação. Que continue assim, vanguardista e dedicada à causa do bem e da educação do espírito.

 

            Dante López, 1º Vice-Presidente da CEPA, dirigente da Sociedad Espiritismo Verdadero, Rafaela, Argentina: “A Confederação Espírita Pan-Americana viu-os chegar ao Congresso de Buenos Aires, em outubro de 1996, em um grupo numeroso e entusiasta, questionador e progressista”.

            Quando, em outubro de 1986, há 20 anos, se realizava em Foz do Iguaçu uma Conferência da Confederação Espírita Pan-Americana, uma publicação que ali circulava chamou nossa atenção. Tratava-se de um número da revista A Reencarnação que conservo e tenho sob meu olhar neste momento.

            E, sua capa, lê-se: Espiritismo: Ciência e Filosofia. Até que ponto é Religião?.

            A revista, dirigida por Milton Medran Moreira, era o órgão difusor da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, presidida naquele momento por Salomão Benchaya, destacando-se entre seus articulistas o ex-presidente da FERGS Maurice Herbert Jones.

            O número daquela revista abria-se para uma visão ampla, pluralista e com claras evidências de uma posição mais universalista para o Espiritismo. Chamou nossa atenção, muito agradavelmente, encontrar no seio do movimento espírita brasileiro uma publicação que se permitisse discutir, interrogar-se sem preconceitos, abrindo-se ao debate.

            Havia ali uma semente que estava germinando, mas que não se desenvolveria na instituição em que fora semeada. Passaria um tempo e outra seria a terra que abrigaria a semente e aqueles que dela cuidavam. Esse espaço universal, aberto e pluralista foi com o tempo e com muito trabalho o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, uma instituição que, à época, já contava com 50 anos de vida institucional.

            Aqueles mesmos pensadores universalistas que se atreveram a questionar e a questionar-se deram nova vida ao CCEPA, mudando hábitos entranhados e buscando a essência do Espiritismo não em suas formas exteriores mas no estudo dessa bela doutrina e nas conseqüências morais que dela emanam.

            Hoje, como um dos privilegiados que teve a oportunidade de visitar essa renovada instituição, posso dizer que ali cresceu a planta que dará como frutos as uvas maduras do conhecimento kardeciano.

            No CCEPA respira-se um ambiente de agradável camaradagem, cálida amizade e respeitosa alegria, sem se deixar de lado a atitude estudiosa da Doutrina Espírita que caracteriza seus integrantes.

            A Confederação Espírita Pan-Americana viu-os chegar ao Congresso de Buenos Aires, em outubro de 1996, em um grupo numeroso e entusiasta, questionador e progressista. Desde então, temos compartilhado com todos eles como companheiros de toda a vida, ou, talvez, como reencontrando-nos com velhos amigos.

            Queremos fazer chegar hoje nossa afetuosa saudação nos seus jovens 70 anos, esperando poder continuar convivendo com vocês por muitos anos ainda.

 

                        José Budó, ex-presidente e atual vice-presidente da S.E.Estudo e Caridade, Santa Maria RS: “O CCEPA presta contribuição importante ao desenvolvimento da cultura espírita, a exemplo de grandes pensadores como Deolindo Amorim, Herculano Pires, Carlos Imbassahy, Humberto Mariotti, Manuel Porteiro e outros”.

            Vejo o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, como uma Instituição Espírita que ao longo dos anos buscou da essência da Doutrina Espírita  sempre em sintonia com pressupostos Kardequianos. Isto se traduz na metodologia de estudos  que o CCEPA utiliza e na divulgação do Espiritismo, através de uma  forma dinâmica e contextualizada com o conhecimento humano atual. Deste modo, o CCEPA vem prestando uma contribuição importante ao desenvolvimento da Cultura Espírita, a exemplo do que fizeram  grandes pensadores espíritas, tais como Deolindo Amorim que fundou o Instituto de Cultura Espírita do Brasil, Herculano Pires que enfatizou a epistemologia espírita, Carlos Imbassay, Humberto Mariotti, Manoel Porteiro e outros que perceberam na Cultura Espírita um instrumento de  crescimento intelectual, moral e espiritual da pessoa humana.

            Minhas congratulações pelos 70 anos do CCEPA

 

            Néventon Vargas, Presidente da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa (João Pessoa, PB) e Secretário de Comunicação Social da CEPA: “Sinto uma profunda identificação com o CCEPA cujo trabalho de vanguarda venho acompanhando”          

             Que laços misteriosos são esses que nos unem?! Este foi meu pensamento ao ler, emocionado, o editorial de Opinião (jan/fev 06) que trazia  uma  síntese da história  e do pensamento do CCEPA.

            A minha visão do CCEPA é muito pessoal, pois sinto por ele uma profunda identificação. Apenas o visitei em três oportunidades, mas acompanhei a história de seus integrantes quando estiveram na direção da FERGS e continuo acompanhando o trabalho de vanguarda realizado na instituição.

            Hoje, mais do que companheiros de ideal espírita, além de amigos da CEPA, como eu, além de meus amigos, o quadro seleto de trabalhadores do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre conseguiu sedimentar e alicerçar firmemente o Espiritismo que queremos. O CCEPA hoje é incontestável referência para o Movimento Espírita Mundial.

 

            Aureci Figueiredo Martins, Dirigente do Instituto Espírita 3ª Revelação Divina, de Porto Alegre, ex-Diretor da Federação Espírita do Rio Grande do Sul: “O CCEPA é um referencial para quem gosta de pensar livremente”.

 

            De 1971 a 1976, encontramos na então SELC a escola que procurávamos para melhor conhecer a doutrina espírita.  Guardamos gratas lembranças daqueles anos de convívio fraterno com valorosos e lúcidos companheiros de ideal, tempos em que fomos estimulados, minha esposa Olina e eu, a aguçar o senso crítico na análise das questões espirituais. É assim que o hoje CCEPA é um referencial para quem gosta de pensar livremente. 

                      

Enfoque

SOBRE A QUESTÃO TRANSPESSOAL E O ESPIRITISMO

 

Geylson Kaio Ferreira Celso de Lima* 

 

A Psicologia possui várias correntes de estudos e pesquisas; várias teorias e teóricos que fazem da Psicologia uma ciência abrangente e generalista. Mas ao mesmo tempo, ela se torna especialista porque seus estudos dizem respeito a questões especificas como motivação, aprendizagem, relações inter e intrapessoais, etc. Dentro desta perspectiva, muitas são as escolas que influenciam o crescimento da Psicologia.

A primeira é conhecida como Behaviorismo (Comportamentalismo), que procura estudar o comportamento e seus processos condicionantes; dá uma ênfase às experimentações comportamentais.

A segunda é a Psicanálise, que focaliza seus estudos em torno das questões do inconsciente, das instâncias psíquicas do ID, EGO e SUPEREGO, em que cada uma assume uma função específica na formação e no desenvolvimento da personalidade.

A terceira é a escola Humanista-Existencial. De acordo com esta linha de estudos, o ser humano assume uma maior responsabilidade pela sua vida, a partir de uma ênfase na experiência consciente, na valorização pessoal saudável. A pessoa é vista como potencialmente capaz, auto-realizadora, autodirigida e criativa, assumindo uma tendência atualizante no processo de desenvolvimento da personalidade e de suas relações com as pessoas e com o meio.

Uma quarta escola pode ser considerada, apesar de seu recente desenvolvimento no meio acadêmico. É a Transpessoal, surgida do meio da psicologia Humanista. Esta abordagem traz um aspecto esquecido pelas ciências em geral: a transcendência do ser. No dizer de Antonio Carlos Fragoso Guimarães, poderíamos definir a abordagem Transpessoal nos seguintes termos: “De uma forma mais ou menos resumida, pode-se definir a Psicologia Transpessoal como uma abordagem que tem como principal objetivo tratar o homem como um ser integral, ou seja, um ente complexo que engloba aspectos biológicos, mentais, sociais, ecológicos e, muito em especial, espirituais, o que amplia grandemente o atual campo da pesquisa em Psicologia”.

A concepção Transpessoal admite claramente que existem outros estados de consciência que vão além dos estados tradicionais de sono, sono profundo, vigília, delírio e outros. Ela admite que existem estados supraconscientes “cuja promoção da saúde e crescimento superariam em muito as do estado normal de vigília e as derivadas da análise das faixas infra-conscientes descobertas por Freud” (Boainain Júnior, 1996, p. 30).

Esta abordagem levanta a dimensão do Espírito no contexto da ciência. Por ser considerada muito abstrata e sem predição científica, seu estudo nas academias ainda é visto com certo descrédito. A transpessoalidade pretende tratar com seriedade as questões que abordam as experiências de quase-morte, regressão de memória e a vidas passadas, fatos paranormais e mediúnicos, bem como outros temas correlatos. Este caminho proporciona uma integração com os conhecimentos filosóficos e religiosos espalhados pelo mundo.

Acredito que esta abordagem, como um campo de pesquisa e estudo, ganhará força e adeptos a medida que rompermos com preconceitos históricos e pessoais relacionados, especialmente, aos fatos ditos espirituais.

A transpessoalidade do ser também toca na existência de vida além da vida, onde o Espiritismo, considerado ciência e filosofia, de conseqüências morais para uns e religião para outros, estuda e pesquisa há quase 150 anos. Desta forma, é necessário que os espíritas convictos possamos acompanhar os trabalhos produzidos neste campo da ciência psicológica, bem como realizar e incentivar avanços na dimensão cientifica da Doutrina Espírita.  

 

(IMAGEM “TRANSPESSOAL 2”)

A abordagem da Psicologia Transpessoal traz um aspecto esquecido pelas ciências em geral: a transcendência do ser.

 

*Geylson Kaio é Psicólogo e Assessor de Comunicação Social da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa.

 

Opinião do Leitor

S.E.Estudo e Caridade

            Com referência à edição de Jan/Fev  de Opinião (notícia “Estudo e Caridade” de Santa Maria com novos dirigentes”), gostaria que fosse feita uma correção. Faltou o nome da 2ª Vice-Presidente: Vera Knierin que é também e diretora geral do Lar de Joaquina.

            José Dorneles Budó – Vice-Presidente da SEEC – Santa Maria – RS.

Espiritismo e atualização

            Qual a real proposta de vocês a respeito da doutrina espírita? O que vocês têm de tão novo para apresentar para nós? A doutrina já não nos diz tudo? Ou a ciência já derrubou algum dos princípios da doutrina?

            Desde já agradeço a atenção, esperarei a resposta. Muita paz !!!

 

            João Jarllys Nóbrega de Souza  jarllys@hotmail.com.

NR – O editor de Opinião respondeu diretamente ao e-mail de João Jarilys, especialmente para sugerir a leitura dos livros “A CEPA e a Atualização do Espiritismo” e “O Pensamento Atual da CEPA”, que tratam minuciosamente da questão proposta, bem como o site www.cepanet.org , onde são encontrados artigos analisando a questão da atualização do espiritismo.

As referidas publicações podem ser pedidas diretamente ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre(Rua Botafogo, 678, CEP 90150-050 – Fone (51) 32316295 – ou pelo e-mail: ccepa@terra.com.br .