OPINIÃO Ano XI – Nº
122 - Agosto 2005
O OTIMISMO ESPÍRITA DIANTE DA CRISE
Nossa
Opinião: A terceira visão
Enfoque: O importante é entender Kardec, estudando-o numa abordagem aberta (Dora Incontri)
O OTIMISMO
ESPÍRITA DIANTE DA CRISE
No momento
Jones:
mazelas sociais são acidentes de percurso.
Maurice H.Jones, pensador espírita
residente em Porto Alegre/RS, ex-presidente da Federação Espírita do R.G.do
Sul, atual diretor e vice-presidente do Centro Cultural Espírita de Porto
Alegre, parte da premissa de que a visão espírita de homem e de mundo é
“teleológica”, esclarecendo: “Acreditamos
que o processo histórico da humanidade é explicável como um trajeto em direção
a uma finalidade que, em última instância, é a realização plena e exeqüível do
espírito humano”.
Para Jones. “esta visão evolucionista e otimista nos
convida a interpretar as mazelas sociais como acidentes de percurso no processo
civilizatório e as crises que daí surgem como uma
reação positiva do organismo social que, demonstrando saúde, é capaz de
utilizar o conjunto de instrumentos de que dispõe uma cultura para
conservar-se, superar crises, renovar-se e progredir”.
Rodrigues:
Lei de progresso, uma vacina contra o pessimismo
Para o jornalista e economista José
Rodrigues, de Santos/SP, “a filosofia
espírita não estimula o pessimismo”. Rodrigues, que integra o Centro Espírita
Allan Kardec, de Santos, e coordena o site “Pense –
Pensamento Social Espírita”, na Internet, reporta-se à Lei de Progresso,
presente em O Livro dos Espíritos que, segundo ele, “vale como vacina contra o pessimismo”, recordando: “um espírito diz até ser preciso que haja
excesso de mal para fazer o homem compreender a necessidade do bem e das
reformas”.
De igual forma, Jones recorre à Lei
do Progresso, recordando comentário ali feito por Kardec,
segundo quem “a tempestade e o furacão
saneiam a atmosfera, depois de a haverem revolvido, do mal fazendo surgir o
bem”.
Corrupção ontem
e hoje
José Rodrigues, que também tem militância
política e é filiado ao Partido dos Trabalhadores, recusa a tese de que somos
hoje mais corruptos do que ontem. Justifica: “A tecnologia das comunicações, a concorrência entre a própria mídia,
cria uma interação entre os fatos e a sociedade, de tal modo que o encoberto
seja revelado com intensidade e pareça que vivamos um retrocesso. A história do
homem, de um lado, ainda é um acumulado de violências cometidas contra o
próprio homem, mas, de outro, revela conquistas no campo do bem e da justiça. Não
fora assim, a sociedade teria se autodestruído. O
futuro será sempre melhor”.
A TERCEIRA VISÃO
O homem ocidental movimenta-se entre
dois pólos distintos. De um lado, a herança cultural provinda de suas raízes
judaico-cristãs. Por elas, não somos mais do que o produto do pecado. Uma
origem trágica que sequer nos abre seguras perspectivas de futura remissão. Ao
contrário, só a alguns está reservada a redenção e a felicidade. Os outros, a
maioria, talvez, serão alcançados por impiedosa condenação, a confirmar
definitivamente sua natureza corrupta.
De outro lado, e como radical
negação a esse utópico espiritualismo, apresenta-se o materialismo. Aqui e
agora, do berço ao túmulo, deveremos planejar e construir, sonhar e realizar. Com
muita pressa, porque o final sempre é próximo. A sociedade, fim último e
realizador definitivo de todos os anseios, está
inapelavelmente circunscrita ao tempo e ao espaço. Nada além deles.
Ante essa dualidade de posições, o
moderno espiritualismo,
dentro do qual se insere a filosofia espírita, propõe uma nova
visão de homem e de sociedade. Aquele, atemporal, perfectível
por via das vidas sucessivas, sujeito a uma ética universal, assectária, válida além de nosso tempo e em todos os
espaços. Esta, organizável politicamente em moldes capazes de contribuir para o
aperfeiçoamento do homem, através da ordem, da justiça, da solidariedade e da
paz.
Essa última perspectiva, reconhece, racional e definitivamente, a natural dignidade
do homem, enquanto espírito imortal. É o que temos chamado, aqui, de humanismo
espírita. Traz em seu bojo aquele otimismo que a teologia não consegue
despertar e o materialismo circunscreve aos escassos parâmetros da vida
material.
Só essa terceira visão, sintética e
conciliadora, permite antever na sociedade ainda corrupta de hoje a comunidade
sadia que estamos a construir, purgando nossas feridas e eliminando nossas
dores. (A Redação).
O EXEMPLO DE KARDEC E UMA CERTA CESTA DO
Em sua
concepção mais larga, o livre pensamento significa: livre exame, liberdade de
consciência, fé raciocinada (Allan Kardec – Revista Espírita,
fev. 1867)
Episódio interessante envolveu Allan Kardec em 1866. Naquele
ano, um advogado da cidade de Bordéus, J.B Roustaing, lançou um livro
que, até os dias de hoje, suscita controvérsias nos meios espíritas e
espiritualistas, “Os Quatro Evagelhos”. Ali, dizendo
tratar-se de comunicação espiritual dos próprios apóstolos, o autor lançava a
teoria de que Jesus não tivera um corpo carnal. Seria um “agênere”,
capaz de se materializar quando quisesse entrar em relação com os homens. Ou
seja: Jesus nunca encarnara. Não fora jamais um homem.
Kardec, na
Revista Espírita (Junho 1866),
registrou o lançamento do livro. Fez-lhe restrições. Mesmo assim, reconheceu
alguns méritos no autor e recomendou que se estudasse profundamente a obra,
acrescentando: “Sem a prejulgar, diremos que já foram feitas objeções sérias a
essa teoria e que, em nossa opinião, os fatos podem perfeitamente ser
explicados sem sair das condições da humanidade corporal”. Mais tarde, em
janeiro de 1868, Kardec acabaria por rejeitar
inteiramente a tese central do livro de Roustaing,
concluindo, depois de longa análise, no Cap.XV:
“Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que
é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe
assinalaram a existência”.
Era assim que o Mestre Lion procedia
sempre. Quem consultar especialmente as edições mensais da Revista Espírita por ele editada de 1858 até seu desencarne, em
1869, vai ver o registro de todas as publicações espíritas ou espiritualistas
que lhe chegavam às mãos. Publicava as cartas, as manifestações, os artigos que
lhe eram enviados, mesmo não concordando com eles. Defensor intransigente do livre
pensamento e da liberdade de expressão, fazia de sua
brava revista um fórum permanente de debate.
Seria absolutamente inimaginável que
Kardec recomendasse aos seus companheiros de estudo
da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas ou de outros centros que
reconheciam sua inconteste liderança que deixassem de ler esta ou aquela obra
ou evitassem o recebimento de uma publicação espírita ou não. A palavra censura
nunca fez parte do vocabulário de Kardec. Ao
contrário, como o fez no episódio de “Os Quatro Evangelhos”, eventuais
divergências, mesmo graves como aquela, eram vistas por ele justamente como
estímulos ao estudo, à pesquisa e ao diálogo respeitoso.
Assim buscamos proceder também, no
Centro Cultural Espírita de Porto Alegre. Quem nos visita, vai encontrar, já na recepção, depositada sobre um balcão, uma
cesta onde estão disponíveis todas as publicações que recebemos. O boletim América Espírita, da CEPA, encartado
neste jornal, faz, mensalmente, um registro de publicações recebidas de
instituições com as mais diferentes orientações e nas mais diversas partes do
mundo. Ingênuo seria pensar que os espíritas do
Pode-se esperar outra atitude dos
espíritas? Teoricamente, não. Mas, lamentavelmente, parece que se
institucionaliza outra maneira de encarar essa questão no meio espírita.
Exemplo concreto disso está numa carta que vai publicada em “Opinião do
Leitor”, na última página desta edição. Isso nos assusta!
A palavra censura nunca fez parte do vocabulário de Kardec
Milton R. Medran
Moreira
Malas
de dinheiro
Admitindo como verdadeira a versão de que toda aquela
dinheirama, distribuída em sete malas e apreendida
no aeroporto de Brasília, seja produto de dízimos da Igreja Universal, não
posso deixar de me perguntar:
- O que faria Jesus de Nazaré diante
da cena?
Por muito menos – umas barraquinhas
de bugigangas, montadas dentro do templo -, o jovem carpinteiro foi para cima
dos vendilhões, de chicote, chamando-os de ladrões e víboras.
De que forma uma doutrina singela
como a do jovem da Galiléia, que recomendava apenas e
tão-somente a construção do reinado do bem e da justiça no mais íntimo da alma
de cada um, foi dar lugar a essa máquina de fazer dinheiro que passaram a ser
as chamadas igrejas evangélicas de nosso tempo?
Templos
e milagres
Às vezes me dou ao trabalho de ouvir
um desses “bispos” ou pastores no rádio e na TV. Nunca suas pregações são voltadas
à reforma individual do homem. Não se fala da prática do amor, da
solidariedade, da caridade para com o próximo, da reforma individual, da
construção do bem e da virtude. Fala-se apenas em curas fantásticas, em fortuna
e prosperidade que, com absoluta certeza, serão alcançadas desde que o ouvinte
compareça aos gigantescos cultos, nos mega templos
espalhados pelas cidades. Preciosos espaços dos meios de comunicação usados
apenas como propaganda para atrair os sofredores aos templos. Ali, eles serão
miraculosamente libertos de todos os males, frutos da presença de demônios que
infernizam suas vidas. Mas, libertar-se do demônio custa dinheiro. A
prosperidade, a saúde e o amor virão – dizem eles, depois de atrair sua
clientela – em proporção direta ao valor de suas doações. É preciso contribuir
para a “obra do Senhor”, repetem à gente sofredora que lota suas igrejas, “para
que o Senhor as abençoe e atenda regiamente a todos os seus pedidos”.
Liberdade
e ignorância
O que se pode fazer contra isso?
Legalmente nada. Esse tipo de pregação encontra guarida na liberdade de culto.
E quem comparece a esses mega shows evangélicos o faz
livremente. Admito até que alguns obtenham resultados favoráveis ante a
mobilização interior que passa a animá-los.
Mas, decididamente, isso não
contribui em nada para o aprimoramento moral e ético de que estamos tão
carentes e que está na raiz de toda essa tragédia brasileira. Em cima da dor e
da ignorância alheia, muita gente está fazendo fortuna e galgando posições
políticas no cenário nacional, em representação a esses movimentos religiosos.
A explosiva combinação do atraso político com a ignorância religiosa foram,
também, fatores que nos conduziram à lamentável situação hoje vivida pelo
Brasil.
E
o Nazareno?
O medíocre cenário
político e religioso cultivado, entre nós, nos últimos anos terminou
contribuindo para isso. Hoje, quaisquer acordos político-eleitorais passam
necessariamente por negociações com esses grupos religiosos.Uma mancomunação
abjeta entre política e religião, entre religião, poder e dinheiro.
E a pergunta inevitável que faço é
essa: Que faria o jovem pregador da Galiléia diante
disso? Ele, que nem se utilizava de templos para as suas pregações, preferindo
fazê-las junto aos lagos ou do alto de colinas, o que faria? Será que não cairia de chicote em cima deles?
PROFESSOR BALAGUEZ É O CONFERENCISTA DE
SETEMBRO
Prosseguindo com sua programação de
conferências mensais da primeira segunda-feira de cada mês, o Centro Cultural
Espírita de Porto Alegre está convidando para a palestra “Caracteres da
Revelação Espírita”, com o Prof. Ascêncio
O convidado de setembro, Professor Balaguez, experiente trabalhador espírita gaúcho,
atualmente é colaborador do Instituto Espírita 3ª Revelação Divina, de Porto
Alegre.
O conferencista do mês de agosto
(dia 1º), foi o editor deste jornal, advogado
O
CHÁ-BRECHÓ NO
O Departamento Social do Centro
Cultural Espírita de Porto Alegre programou para o próximo dia 10 de setembro,
sábado, a partir das 15 horas, mais um “chá-brechó”.
Segundo a Diretora do Departamento,
Sílvia Pinto Moreira, “os chás-brechós,
realizados na média de dois por ano, têm duas importantes finalidades: o
congraçamento entre trabalhadores, colaboradores, freqüentadores e amigos da
Casa e a arrecadação de recursos materiais que viabilizam a manutenção da
instituição e suas atividades culturais”. O chá é servido aos
participantes, acompanhado de salgadinhos e tortas, ao preço de 8 reais
(convites já estão à disposição na sede do
Os chás-brechós do
UM ÔNIBUS ESPECIAL PARA GAÚCHOS E CATARINENSES
IREM AO SBPE
O Centro Cultural Espírita de Porto
Alegre, como de hábito, vai se fazer presente em Santos, no período de
Para tanto, deverá ser contratado um
ônibus especial que poderá levar outros interessados,a
um preço bastante acessível. Assim, quem tiver interesse em participar do grupo
poderá entrar
A seguir, reproduzimos informações
sobre preços de inscrição, hospedagem e alimentação, conforme material que está
sendo divulgado pelos organizadores do evento,
Dora Incontri: “O importante é entender Kardec,
estudando-o numa abordagem aberta.”
Dora
Incontri,
Na
Opinião -
Dora -
Opinião – Na
Dora – Esta
Pestalozzi deu uma
Pestalozzi se reunia
Opinião –
Dora - A
Acho
Opinião –
Dora – Muitas.
Lembremos
Opinião –
Dora –
Opinião – A
Dora -
Opinião– O
Dora –
A
Opinião –
Dora – Na
Opinião –
Dora –
Opinão –
Dora –
Orientação
federativa
Senhores
Diretores:
Por este intermédio, gostaríamos de
cientificá-los que por orientação da nossa Federação (FERGS), não estamos
autorizados a realizar a assinatura e nem recebimento desta publicação. Por
esta razão, gostaríamos que Vossa Senhoria não nos enviasse mais o referido
documentário. Na certeza de que não iremos molestá-los nos despedimos,
atenciosamente.
Cleria Morais Baumhardt – Presidenta da Sociedade Espírita João de Deus – Cachoeira do Sul-RS