OPINIÃO Ano XI – Nº
121 Julho 2005
Nossa
Opinião: Sem medo de
ser livres
Enfoque: A dialética em Todo cambia (José Rodrigues)
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O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre
completa, em 8 de julho, 10 anos de adesão à Confederação Espírita
Pan-Americana. Uma parceria que propiciou rico intercâmbio com importantes
segmentos do espiritismo mundial e gratificantes oportunidades de trabalho em
favor da causa espírita, mas que também gerou incompreensões, discriminações e
exclusões.
A
Adesão
O registro está em Opinião nº 12
(ag/set/ou/1995, pg.3), sob o título de “Nossa adesão
à CEPA”. A notícia reproduz carta enviada, em 09.07.95, pelo então presidente
da Confederação Espírita Pan-Americana, Jon Aizpúrua, nos seguintes termos: “Nesta oportunidade, lhes
damos conhecimento de que
o Conselho Executivo da Confederação Espírita Pan-Americana
(CEPA), em sua reunião de 08.07.95, decidiu, em votação unânime, receber como
Instituição Adesa o Centro Cultural Espírita de Porto
Alegre, tendo em conta seus critérios, condutas e orientação em absoluta
harmonia com o pensamento e o procedimento da CEPA”.
Os
antecedentes
O pedido de adesão à CEPA fora autorizado por Assembléia Geral do
O
As
conseqüências
Não era intenção do
A posição de hostilidade do
movimento espírita religioso à CEPA e ao
Aprofundava-se, assim, um rompimento que não
fora buscado pela CEPA nem pelo
10
anos depois
Transcorridos 10 anos da guinada histórica dada pela
tradicional Casa Espírita do bairro Menino Deus, em Porto Alegre, sedimentou-se
a integração
SEM MEDO DE SER LIVRES
Para muitos, considerar-se o
espiritismo uma religião ou não é mera questão semântica. De uma e de outra
concepção, entretanto, podem surgir diferentes visões doutrinárias, assim como
diferenciadas posturas no que tange à forma de agir e organizar-se.
Por exemplo, um agrupamento
institucional que conceber o espiritismo como uma revelação religiosa
naturalmente há de priorizar o verbo “orientar”. Sua preocupação básica será a
“correta orientação doutrinária” dos núcleos que congrega. Nessa visão, será
legítimo e até primordial, dizer a seus seguidores quais livros, revistas e
jornais podem ou não ler, a quem devem ou não convidar para falar em suas
tribunas, a que tipo de eventos ou reuniões poderão comparecer,
etc., etc. As religiões sempre se comportaram assim.
Diferentemente, quando se toma o
espiritismo como uma filosofia, implantada sobre uma base doutrinária firme,
mas com vocação livre-pensadora, direcionada ao progresso e à ampliação do
conhecimento, outros verbos ganharão prioridade, como: “congregar”, “estudar”,
“debater”, etc. Sob a ação desses verbos, os horizontes se alargam e o
intercâmbio, mesmo com detentores de posições diferenciadas, se fará sempre
desejável, porque estimulará o congraçamento. Os laços de união se irão
sedimentando, a partir das convergências básicas, pouco a pouco descobertas por
de trás de divergências menores. Perder-se-á o medo de ser livre. Pluralismo e
alteridade são filhos da liberdade. Todo o progresso do pensar humano se deu
assim. Não sem enormes obstáculos, é verdade.
O Centro Cultural Espírita de Porto
Alegre insiste nesse ideal. Sabe que escolheu o caminho mais difícil. Mas
aposta na viabilidade da união em torno do essencial. Sabe também que, para a
consecução desse objetivo, há que se partir de atitudes de respeito a posições
eventualmente diferentes E que, nesse clima, devem-se criar campos de
intercomunicação e convivência, no cultivo do rico patrimônio doutrinário que
nos é comum.
De uma certa forma,
já se percebem sinais que o estimulam no prosseguimento dessa tarefa. Há, no
movimento como um todo, saudáveis rebeldias,
inspiradas pelo ideal de liberdade. Os que não têm medo de ser livres, pouco a
pouco, reabrem canais de comunicação ontem intempestivamente fechados. (A Redação).
ANTE A CORRUPÇÃO
Observa bem o conjunto e verás que ele (o homem) avança,
visto que compreende melhor o que é o mal, e que cada dia corrige os abusos. É preciso o excesso do mal para fazer compreender a necessidade do
bem e das reformas”. (O Livro dos Espíritos, questão 784).
Sistematizado poucas décadas após a
Revolução Francesa e sob o influxo dos mais generosos sonhos da Modernidade, o
espiritismo, em suas proposições teóricas, deposita no Estado democrático e
moderno, as expectativas da consecução de uma sociedade justa e feliz..
Toda a 3ª Parte de O Livro dos
Espíritos enfatiza os valores humanos da liberdade, da igualdade e da justiça,
praticáveis no âmbito da sociedade humana à luz dos parâmetros universais da
lei natural, que é “a própria lei de Deus”, segundo a questão 614.
Mesmo dispensando enfoque primordial
à responsabilidade pessoal do indivíduo na construção de sua sorte atual ou
futura, o espiritismo sublinha a necessidade do controle legal e estatal da
sociedade politicamente organizada, como instrumento de progresso: “uma
sociedade depravada tem, certamente, necessidade de leis mais severas”, reza a
questão 796.
O Brasil vive momento muito particular
de sua História política. De um lado, os mecanismos democráticos de controle
político e social avançam através de instituições e legislações cada vez mais
aprimoradas. De outro, no entanto, percebe-se generalizada decepção do cidadão
comum, diante do surgimento, a todo o momento, de escândalos que denunciam
corrupção e desrespeito aos regramentos básicos do Estado de Direito.
Momentos assim, entretanto, jamais
devem conduzir à descrença nos valores fundamentais do homem e, muito menos, no
destino progressista de uma sociedade politicamente organizada. É preciso
entendemos que a implantação do bem necessariamente passa pela exacerbação
pública do mal. O próprio Jesus se utilizou de candente expressão, ao dizer: “O
escândalo é necessário. Ai, no entanto, daquele através de quem vem o
escândalo”. (Mateus, XVIII, 7) .
Os mecanismos do progresso valem-se
das fraquezas e das maldades humanas para conduzir os povos, às vezes sem muita
pressa, àqueles valores superiores para os quais estão vocacionados
o homem e a sociedade. É indispensável, porém, que cada um daqueles que,
honestamente, desejam o verdadeiro reinado do bem e da
justiça, façam a sua parte. Em primeiro lugar, como indivíduos éticos,
vivenciando intimamente o bem e a justiça. E, em segunda e não menos importante
instância, na condição de cidadãos, contribuindo para a consecução e o
aprimoramento da justiça política e social que desejamos, realmente, ver
implantada. Mesmo que isso implique em alguma renúncia pessoal.
É
indispensável que cada um daqueles que desejam o
reinado do bem e da justiça façam a sua parte.
Milton R. Medran Moreira
Santo Súbito
Em tempos de globalização, onde tudo
acontece com espantosa rapidez, não poderia ser diferente. O corpo de João
Paulo II não tinha ainda baixado à sepultura e o povo, extasiado, gritava, lá
fora: “santo súbito” (santo já).
O povo precisa de santos. Clama por
santos. E a Igreja sabe que uma forma de se manter popular é ter muitos santos.
E que, de preferência, sua canonização seja feita no menor tempo possível. Já
no papado de Karol Wojtyla,
a Igreja se valeu do carisma e da popularidade de Tereza de Calcutá para
iniciar seu processo de canonização, em tempo recorde, logo após a sua morte. É
também um excelente instrumento de política diplomática da Santa Sé com os
países de origem do candidato a santo. Quem não deseja
ter um conterrâneo elevado à glória dos altares?
Política e Diplomacia
Mesmo se constituindo, pela tradição
da Igreja, num processo que visa a apurar as qualidades intrínsecas e realmente
santificantes do candidato, um procedimento de canonização não deixa de ter,
também, componentes políticos. A canonização do espanhol José Maria Escrivá de Balaguer, por exemplo,
feita por João Paulo II, em 2002, gerou descontentamento por parte das alas
progressistas da Igreja. Não posso imaginar um Frei Betto
rezando diante da imagem de Balaguer, que foi
fundador do ultraconservador movimento católico
conhecido como Opus Dei.
Já a santificação de João Paulo II,
cuja iniciativa teria partido das bases, naqueles transes de verdadeiro êxtase
coletivo que tomou conta da Praça de São Pedro, nos dias que se seguiram à sua
morte, tende a ser irreversível. Por isso, Bento XVI já anunciou que não levará
em conta antiga norma que prescreve um prazo de 5 anos para o início do
processo. Será atendido o apelo do povo: santo súbito!
Fé sem razão
Mas, como se sabe,
para alguém ser santo precisa fazer milagres.
Reza a lei canônica que o milagre, geralmente uma cura, terá de se
revestir destas características: instantaneidade
(ocorrido logo após o pedido), perfeição (atendido completamente), durabilidade
(a cura tem de ser para sempre) e preternaturalidade
(não explicável pela ciência). No caso de João Paulo II, já choveram relatos de
curas em todo o mundo. Por isso, sua canonização já é tida como certa.
Quem investiga fatos paranormais sabe que eles acontecem em todas as culturas, religiosas ou não. Seus agentes têm diferentes crenças ou,
às vezes, simplesmente não têm nenhuma. Nem sempre santidade
e paranormalidade andam juntas. E nunca o depoimento,
por mais honesto, de alguém eventualmente beneficiado com uma cura tida como
prodigiosa, poderá espelhar os fatores que a geraram ou confirmar sua presumida
autoria.
A
santificação de alguém a partir de testemunhos miraculosos jamais passará,
assim, de uma presunção que pode atender às exigências da fé, mas jamais
satisfará a razão.
Os verdadeiros santos
Afora isso, o verdadeiro calcanhar
de Aquiles da tese católica dos santos está no fato de a Igreja só declarar
como tal quem pertenceu à sua grei. A santidade está acima de dogmas e de
crenças. A tese dos santos só ganhará foros de universalidade o dia que seus
candidatos forem selecionados independentemente de crença. Por sua grandeza
interior, não condicionada à fé eventualmente praticada. Que haja entre eles lugar, por exemplo, para
um Mahatma Gandhi, um Albert Schweitzer,
um Francisco Cândido Xavier,
um Martin Luther King ou um Betinho. Aqueles, profitentes de outras crenças, e o último um ateu
confesso que, no entanto, dedicou inteiramente sua vida à solidariedade e ao
amor aos outros. Quando da morte de Betinho, crônica de Heitor Cony, sugeriu fosse ele declarado nosso primeiro santo
laico.
GRUPOS DE ESTUDO DO
APRESENTARAM RESULTADO DE SEUS TRABALHOS
No
período de 1º a 9 de junho os diversos grupos de estudos espíritas (mais
avançados) apresentaram, oralmente e por escrito, as conclusões dos estudos, por eles mesmos programados para
o primeiro trimestre deste ano.
Os
temas muito bem debatidos e apresentados para os participantes dos demais
grupos do mesmo horário
foram os seguintes:
Direito e Justiça na Ótica Espírita
pelo grupo coordenado por Rui Nazário de Oliveira com
os seguintes sub-temas: reencarnação, a grande lei;
direito e espiritualidade; a justiça na nova era e a utopia possível.
Predecessores do Espiritismo,
um estudo apresentado pelo grupo sob a coordenação de Carlos Grossini, descortinando a contribuição de pesquisadores,
médiuns e pensadores que antecederam Kardec e tiveram
influência na construção do pensamento espírita.
Estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo
pelo grupo de Eloá Bittencourt,
destacando alguns capítulos mais sugestivos e, principalmente, a excelente e
pouco lida introdução desta obra.
Estudo da obra Evolução em Dois Mundos
apresentado pelo grupo
de Leda Beier. A mais complexa e
técnica obra da série André Luiz foi a escolha deste
grupo para um estudo e debate das idéias do autor sobre corpo espiritual,
evolução, simbiose, vampirismo e os processos de encarnação e reencarnação.
MEDRAN SERÁ CONFERENCISTA DE AGOSTO
O conferencista da primeira
segunda-feira de julho, dia 4, no
Dia 1º de agosto, em prosseguimento
às conferências mensais que têm por local o auditório do Centro Cultural
Espírita de Porto Alegre, a exposição estará a cargo do presidente da CEPA e Diretor do Depto de Comunicação Social do
Ele abordará o tema que foi título
de seu livro recentemente lançado, “Direito e Justiça – um olhar espírita”.
A conferência pública de Medran tem
início às 20h30 min., mesmo horário em que, nas demais segundas-feiras do mês, reúne-se, também de forma aberta ao público, o Grupo de
Conversação Espírita do
A dialética em Todo cambia
José Rodrigues *
Foi no início da década de 90 que
ouvi pela primeira vez a música Todo
cambia, cantada
Talvez levado pelo inconsciente, o
cantor repetia Todo cambia, seguido
em coro pelos que conheciam a letra. Sem decifrar até hoje a empatia da obra,
levei-a comigo, como algo que tocava fundo, sem mesmo conhecer a letra inteira.
Foi quando ouvi Mercedes Sosa interpretá-la e nela
descobri condutos da dialética. Graças às facilidades da internet, cheguei ao
autor da letra, Julio Numhauser, um músico e
antropólogo chileno, que se exilou na Suécia e lá criou a letra, gravada pela
primeira vez em 1983, um canto ao mesmo tempo romântico, evolucionista e saudoso.
Percorrer os meandros dessa história
equivale a voltar às raízes das riquezas latinas, ao mesmo tempo universais.
Porque criar músicas, que justifiquem esse nome e fazem o povo pensar, encontra
dois obstáculos: os donos do poder da ocasião as vêem
como subversivas e os comerciantes não
as promovem, nem os disc-jóqueis, agradados
pelas também poderosas gravadoras. Só mesmo letras e músicas de alta qualidade
conseguem furar esse cerco, dando espaço ao genuinamente popular, não no
sinônimo de vulgar, mas no de reencontro com raízes e culturas.Músicas
que fazem denúncias, que dão recados e sustentam a esperança de que um dia as
coisas mudarão para melhor. E vale a pena resistir.
Nascido em 1939, Numhauser,
em 1965 integrou o conjunto folclórico Quilapayún e
pela sua formação humanista, passava para as letras uma cultura diferenciada. A ascensão e queda de Salvador Allende,
entre 1970 e 1973, iria desencadear perseguições e mortes, fugas e
exílios. Até a produção de Todo cambia, na
longínqua e fria Suécia. .
Diz a letra: “Cambia
lo superficial/ cambia también lo profundo/ cambia el modo de pensar/ cambia
todo en este mundo/. Cambia el clima con los años/ cambia el pastor su rebaño/
que yo cambie nos es extraño”. Em outra
estrofe: “Cambia el sol en su carrera/ cuando la
noche subsiste/ cambia la planta y se viste/ de verde la primavera/. Cambia el
pelaje la fiera/ cambia el cabello el anciano/ Y así como todo cambia/ que yo
cambie no es extraño”.
Manuel S. Porteiro, ao escrever Espiritismo Dialético, foi, seguramente,
o pensador espírita que mais aprofundou esse aspecto no entendimento da
Doutrina Espírita. Ele remonta a Heráclito (cerca de 540-470
antes da Era Cristã), cujo lema afirmava que “nada é, tudo chega a ser”, na
corrente incessante da vida. Porteiro sustenta que “ter um conceito dínamo-genético
do universo e da vida é pensar a evolução com um critério dialético,
considerando as coisas não no repouso em que se apresentam, mas em movimento,
como na realidade estão...”. Ou seja,
tudo muda.
Para compor sua obra magna, Porteiro
também verseja (no texto original não consta a autoria
destes versos), para enfatizar as mutações da natureza, sustentada por um
princípio criador que se manifesta
Kardec
também desenvolveria o princípio da transformação da natureza, espiritual e
material, esculpindo a máxima de que “o homem deve progredir sem cessar e não
pode voltar ao estado de infância”, pondo aí o conceito da acumulação, base da
dialética.
Numhauser, com quem
troquei correspondência no início de abril deste ano, pela internet, disse-me que “me alegra
saber que mi canción cruce
tantas fronteras”.
Ele é adido cultural na embaixada do Chile em Estocolmo, cidade distante
de sua terra natal, de costumes, culturas e raízes igualmente distantes das
suas. Talvez movido
por tantas diferenças e desejando se apegar às raízes de sua origem, completou
assim Todo cambia: “Pero no cambia mi amor/ por lejos que me encuentre/ ni el recuerdo,
ni el dolor/
de mi pueblo y de mi gente./ Y lo que cambió ayer/ tendrá que cambiar mañana/ asi como cambio yo/ en neste
tierra lejana./ Pero no cambia mi amor/ por más lejos que me encuentre/ ni el
recuerdo, ni el dolor/ de mi pueblo y de mi gente/ Cambia, todo cambia/ cambia,
todo cambia”.
Mercedes Sosa
apelidada de
Sua discografia é plena de poesias
que cantam a vida, os povos, costumes, com detalhes de comportamento, que a
tornaram uma personagem universal e representante da Unesco. Seu nome
liga-se ao que chamaríamos hoje de desenvolvimento sustentado, conceito que
supõe o respeito aos bens da Terra, vista em seu conjunto natural e
humano. Talvez
se não tivesse cantado Todo cambia,
com sua voz firme e profunda, a letra de Julio não teria sido tâo conhecida e difundida.
Mercedes Sosa,
apelidada de La Negra, por sua origem mestiça, daria um tom majestoso à letra
de Julio.
*José
Rodrigues é jornalista e economista. Um dos coordenadores do site
Pense – Pensamento Social Espírita:
www.viasantos.com/pense. E-mail: zero@carrier.com.br
Estimado Milton:
Acabamos de recibir Opinião,
Junio 2005.
Mi más
sincero agradecimiento por enviarnos varios ejemplares de vuestro magnífico
Órgano de Difusión, y sobre todo, por tu apoyo al incluir la
reseña de los 25 años del CBCE. ¡Ha quedado excelente!
Para
nosotros representa un halago vernos incluidos en las páginas de América Espírita, entre las Instituciones, colaboradores,
compañeros de Ideal, mucho más cualificados, que cooperan en esta
interesante Publicación.
Enhorabuena
por los artículos que conforman Opinião, Junio
2005. Alguno de ellos será traduzido para
Flama Espirita.
Comparto
la opinión de "tender puentes" entre los países. Creo necesario se
estimule de alguna forma esa labor para dar opción a que se conozca otra
visión, talante y forma de divulgación del Espiritismo.
Recibe
nuestro afectuoso abrazo.
Pura Argelich – cbce@terra.com – Barcelona, España.