OPINIÃO Ano XI – 120 Junho 2005

Um Projeto Kardecista Para a América Do Norte

Nossa Opinião: Tempo de estender pontes

Editorial : O Brasil desigual

Notícias:  CCEPA inaugura Boletim Eletrônico   -   Leo e Aureci conferencistas de junho e julho   -   ICKS convida: envie seu trabalho para o SBPE   

Opinião em Tópicos:   Anita  -  Materialismo  -  Ética e religião -  Momento crítico (Milton Medran Moreira)

Enfoque: DEUS NÃO EXISTE  Deus é ( Andréia Vargas )

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UM PROJETO KARDECISTA PARA A AMÉRICA DO NORTE

 

A XV Conferência Regional Espírita da CEPA, a realizar-se em setembro de 2006, em Miami, vai levar aos Estados Unidos a visão laica, kardecista e livre-pensadora da CEPA.

 

            De Hydesville a Kardec

            Em reunião do Conselho Executivo da Confederação Espírita Pan-Americana, durante o Encontro de Delegados e Amigos da CEPA, dia 27 de maio último, em Porto Alegre, foi aprovada proposta da Comissão Organizadora da XV Conferência Regional Espírita Pan-Americana, que sugeria o tema “De Hydesville a Kardec – Mediunidade, do fenômeno ao método”.

            A Conferência de Miami, organizada por Ciencia Espiritista Kardeciana, entidade filiada à CEPA, com sede naquela importante cidade da Flórida, deverá acontecer no mês de setembro de 2006, em datas que deverão ser precisadas nos próximos dias. A Comissão Organizadora é presidida por Nídia de Sendra, vice-presidente de CEK.

            Levar Kardec à USA

            A proposta do tema, formulada pela Comissão Organizadora da XV Conferência Regional Espírita, partiu de uma evidente realidade: os Estados Unidos da América sempre se destacaram como um país de intensa fenomenologia espírita. Desde as irmãs Fox, protagonistas dos célebres acontecimentos de Hydesville, aos nossos dias, o mediunismo encontrou ali terreno fértil. Mesmo assim, Kardec e sua obra são escassamente conhecidos na grande nação irmã.

            O médico porto-riquenho Pablo Serrano, 3º vice-presidente da CEPA, destacou, em recente mensagem, via Internet, dirigida ao Conselho Executivo da instituição, que “atualmente, nos Estados Unidos, se está propagando bastante um espiritismo marcadamente religioso e sincrético”. Diz Serrano que, inclusive, se formam “concílios de agrupamentos pretensamente espíritas”, mas com práticas religiosas, distanciadas do kardecismo e, especialmente, da visão laica e livre-pensadora desenvolvida pela CEPA.

 

O médico espírita porto-riquenho, Pablo Serrano, defende que há um amplo terreno para que seja levada a mensagem kardecista e livre-pensadora espírita aos EEUU.

 

            Igrejas Espiritistas

            O argentino Dante López, 2º vice-presidente da CEPA, concorda totalmente com Serrano e relata haver adquirido recentemente numa livraria de Buenos Aires uma obra chamada “Como comunicar-se com os espíritos”. Sua autora, Elisabeth Owens, qualifica-se como “médium diplomada e ministra da igreja Espiritista”. Participa de numerosos programas de televisão, é autora de seis livros e figura entre os membros da Associação Nacional de Escritoras Norte-Americanas. Mas, segundo Dante, “em nenhum parágrafo do livro, Kardec é mencionado, dando a idéia de que o espiritismo houvesse nascido e existido unicamente dentro daquelas igrejas”. Com isso, o líder espírita argentino concorda integralmente que um movimento como a CEPA, que tem na obra kardequiana seu referencial básico e fundamental, precisa redobrar esforços no sentido de levar Kardec aos Estados Unidos.

 

Nossa Opinião

TEMPO DE ESTENDER PONTES

            Pesquisa realizada nos Estados Unidos, em 1994, pela rede de televisão CNN, o jornal USA Today e a empresa Gallup, atestava que 70 milhões de norte-americanos, já naquela época, acreditavam poder se comunicar com os espíritos. Hoje, lá, as práticas ligadas ao mediunismo se constituem numa verdadeira febre.

            Mas, o fenômeno mediúnico, no país, é mais do que qualquer outra coisa, um estímulo à produção e venda de livros de “auto-ajuda” e à realização de espetáculos televisivos. Exemplo disso é um programa que pode, inclusive, ser assistido no Brasil, pelo canal People and Arts. Nas segundas-feiras, às 22 h, quando John Edward apresenta o seu “Fazendo Contato”. Para um auditório sempre lotado, Edward, considerado um dos grandes médiuns do “boom” paranormal que inundou o país, promove semanalmente um verdadeiro “show” de comunicação com familiares falecidos dos espectadores. Estes entram em uma lista de espera de 2 anos para terem a oportunidade de atendimento e receberem, frente às câmeras, recados de seus entes queridos.

            Fraude? Mistificação? Provavelmente não. A mediunidade é um dom natural que tanto pode servir a interesses comerciais, de exibição pública ou de mera curiosidade, como, também, para iniciativas de solidariedade, de auxílio desinteressado ao semelhante ou de produção de conhecimento.

            O fenômeno em si – e isso Kardec deixou muito claro – é neutro. Não é bom, nem mau. Os objetivos a que se entregam aqueles que dele fazem uso e os métodos empregados é que irão qualificá-lo e aprimorá-lo. Mediunismo não é espiritismo. Mesmo assim, onde ocorra o fenômeno pode-se estar abrindo um canal para a introdução, mesmo que paulatina, da genuína prática espírita.

            A CEPA tem uma história muito rica no processo de qualificação do movimento espírita da América. Sua atuação nos EEUU é ainda bastante incipiente, mas dignificada pela presença, em Miami, de Ciencia Espiritista Kardeciana, a anfitriã do evento do próximo ano. A ela caberá também essa tarefa de estender pontes entre o fenômeno, já tão prestigiado e conhecido, e Kardec, personagem quase inteiramente desconhecido no país (A Redação).

 

Editorial

 

O BRASIL DESIGUAL

 

“A reforma social deve partir da reforma moral do ser humano, um impulso centrífugo, de dentro para fora, do indivíduo para a sociedade.”

(Deolindo Amorim, em “O Espiritismo e os Problemas Humanos”)

 

            Com um contingente de pobres na ordem de 53,9 milhões, equivalente a 31,7% da população, o Brasil coloca-se em penúltimo lugar em distribuição de renda entre 130 países. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Atrás do Brasil, nesse infamante índice, apenas Serra Leoa, um miserabilíssimo país africano.

            Com toda a certeza, esse injusto país não é o que já foi sonhado e cantado, no meio espírita, como “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”. São consideradas pobres, na metodologia empregada pelo instituto que fez a pesquisa, as pessoas com renda per capita inferior a meio salário mínimo por mês. Ou seja: aquelas que não ganham sequer o suficiente para se alimentarem dignamente. Nunca é demais lembrar o incisivo conceito expendido pelos espíritos na questão 930 de O Livro dos Espíritos: “Numa sociedade organizada segundo as leis do Cristo, ninguém deve morrer de fome”.

            A mesma pesquisa dá conta de que um pequeno contingente de privilegiados brasileiros, ou seja, os mais ricos (1% da população, correspondente a 1,7 milhão de pessoas) detém uma renda igual a de 50% dos mais pobres (86,5 milhões de pessoas). É uma desigualdade brutal. Absolutamente incompatível com os padrões mínimos exigidos por uma sociedade razoavelmente justa.

            Estamos, pois, longe de constituirmos uma comunidade de espíritos encarnados minimamente sintonizada com a lei da Justiça, do Amor e da Caridade, apontada pelos espíritos como a síntese de todas as outras leis morais (questão 648 de O Livro dos Espíritos).

            Não resta dúvida de que na base dessas desigualdades e injustiças estão presentes fundas carências morais de uma sociedade que, ao curso de sua história, institucionalizou privilégios e foi conivente com a criação de castas, protegidas por um arraigado espírito de corpo. Por muito tempo, se protegeram, aqui, grupos sociais ou segmentos econômicos, ideológicos ou profissionais, em detrimento dos interesses básicos e legítimos do povo. A deterioração social daí advinda gerou a desesperança, a revolta, a iniqüidade e a criminalidade.

            É verdade que se pode detectar, hoje, um imenso esforço de correção de rumos. Os organismos sociais e políticos, pouco a pouco, se dão conta que, sem ética e justiça, não há progresso. É justamente desse esforço, fruto de um processo de conscientização, que resulta a maior apuração da criminalidade de colarinho branco e da corrupção política, sempre existentes, mas antes toleradas ou encobertas.

            Mas, correções de rumo são processos lentos. Há que se derrogar práticas antes sedimentadas e socialmente aceitas. Movimentos de mudanças esbarram, sempre, em resistências fortes, partidas daqueles que se habituaram aos privilégios. Aí, justamente, é que se impõe a virtude da renúncia e a indispensabilidade da verdadeira fraternidade. Essas qualidades da alma são os verdadeiros combustíveis capazes de gerar a energia que conduz a um estágio de justiça e de paz. Não há outro caminho.

 

Estamos longe de constituirmos uma comunidade de espíritos encarnados minimamente sintonizada com a lei da Justiça, do Amor e da Caridade.

 

Opinião em Tópicos

 

Milton R. Medran Moreira

 

            Anita

            No mesmo dia em que manchetes repercutiam o acolhimento de instauração de uma CPI para investigar a escancarada corrupção de alguns funcionários do governo, uma notícia de canto de página atestava a dignidade de uma servidora. Anita Leocádia Prestes, professora de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro doava 100 mil reais a uma fundação de pesquisa de controle do câncer.O dinheiro lhe havia chegado dos cofres públicos sem que ela houvesse pedido e, a seu juízo, sem que o merecesse.

            Anita é filha do velho líder comunista Luiz Carlos Prestes. Encaminhara à Comissão de Anistia pedido de contagem do período em que esteve em fuga da ditadura, requerendo fosse aquele computado como efetivo tempo de serviço para aposentadoria. O órgão concedeu-lhe o benefício e lhe outorgou uma indenização em dinheiro no valor acima. Ela entende que não é merecedora da indenização, pois jamais foi presa ou torturada. Ao tomar a atitude, a professora disse ter aprendido com seu pai que é uma vergonha receber dinheiro do governo.

            Materialismo

            Não sei das convicções filosóficas ou, eventualmente, religiosas de Anita. É possível que, como o pai, adote o materialismo como princípio filosófico e científico. Nós, espíritas, aprendemos a alinhar as questões éticas e morais com as convicções que construímos acerca de Deus, do espírito e do universo. Princípios como o da existência divina, a imortalidade do espírito,  a reencarnação, a lei de causa e efeito, etc., são, de fato, eficientes estímulos ao aprimoramento ético. Dão suporte racional à intuição que todos temos do bom e do justo. Mas, precisamos admitir, existem pessoas que, sem cogitar desses conceitos sequer como hipótese, priorizam com absoluta naturalidade o bem comum, a solidariedade e o afeto. Talvez sejam fortes intuições do espírito, patrimônio ético construído independentemente de crenças, dispensando fundamentos racionais para o correto agir. No fundo, essas pessoas descobriram que ser honesto e bom é ser feliz, independentemente de crença.

            Ética e religião

            Apesar de tudo, não tenho dúvidas de que a arraigada corrupção e a falta de ética pública de alguns detentores do poder derivam de uma postura radicalmente materialista. Refiro-me não exatamente ao materialismo científico ou histórico defendido por Marx e que foi, entre nós, bandeira de luta do pai de Anita. Falo do materialismo adotado por pessoas que em tudo vêem oportunidade para vantagens pessoais de caráter material, sem qualquer preocupação com o outro ou com os interesses coletivos. Estes são egoístas e egocêntricos. Muitos deles até são religiosos. Têm fé e pertencem a importantes agrupamentos evangélicos. Mês passado, vimos um deputado corrupto que, acompanhado de seus companheiros de bancada e de crença, ao iniciar a sessão da Câmara destinada a  examinar sua cassação, fazia orações com gestos teatrais pedindo a Deus que o livrasse da perda do mandato. Ainda bem que suas preces não foram atendidas e nosso Parlamento se viu livre de mais um corrupto.

            Momento crítico

            Talvez estejamos vivendo o momento mais crítico de nossa História. O povo já não suporta a corrupção de seus políticos e governantes. Ao mesmo tempo, as práticas políticas que adotamos favorecem a corrupção. Quase se pode dizer que o governante, por mais bem-intencionado que seja, para se manter no poder precisa, de uma certa forma, compactuar com políticos desonestos, materialistas (no sentido acima explicitado), descompromissados com o bem-comum e interessados apenas em auferir vantagens pessoais.

            Esse quadro necessariamente remete à etiologia de todos as tragédias políticas e sociais: a deficiência moral e ética dos cidadãos que formam a sociedade. Reformar politicamente a sociedade implica, fundamentalmente, em educar o homem para o bem. Incutir-lhe a convicção de que a felicidade, a paz e o bem-estar são conseqüências naturais do reto agir.

 

Notícias

 

CCEPA INAUGURA BOLETIM ELETRÔNICO

            O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre agora edita um boletim eletrônico, enviado por e-mail a todos os interessados.

            O boletim n.1, distribuído no final de maio, fez resumo das atividades sediadas pelo CCEPA dias 26, 27 e 28 de maio, promovidas pela CEPAmigos – Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA. A edição do boletim eletrônico do CCEPA está a cargo do vice-presidente da instituição, Maurice H.Jones. Para recebê-lo, basta escrever para ccepa@terra.com.br .

 

LEO E AURECI CONFERENCISTAS DE JUNHO E JULHO

            Prosseguindo com sua programação de conferências especiais na primeira segunda-feira de cada mês, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre conta, neste 6 de junho, com a presença do Eng.Léo Falkemberg Indrusiak, que fala sobre o tema “Reflexões sobre a Liberdade”. Léo é ex-presidente e um dos dirigentes do Instituto Espírita 3ª Revelação Divina - IETRD.

            Para a primeira segunda-feira de julho (4.7), o convidado é o advogado Aureci Figueiredo Martins, também dirigente e ex-presidente do IETR, que aborda o tema “Evolução Consciente”.

            O horário das conferências mensais do CCEPA é 20h30, sendo que, nas demais segundas-feiras também tem lugar uma reunião pública de conversação espírita, em estilo dialogado e informal.          

 

 

ICKS CONVIDA: ENVIE SEU TRABALHO PARA O SBPE

            O Instituto Cultural Kardecista de Santos está lembrando que em 30 de junho expira o prazo para o envio de resumos de trabalhos para o 9º Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita. O resumo, em uma lauda, formatado em fonte times news roman, 12, deverá ser enviado para os organizadores do evento, e-mail ickardecista@ig.com.br .

            Ao receber a proposta de trabalho, através do resumo, a Comissão Organizadora verificará apenas se o tema está adequado aos propósitos do Simpósio, sem caráter de censura. Admitida a inscrição, o autor terá o prazo até 30 de agosto para o envio do trabalho a ser apresentado oralmente no evento.

            O 9º Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita acontece na cidade paulista de Santos, de 13 a 16 de outubro. Maiores informações podem ser obtidas pelo e-mail acima ou através do endereço e telefone que se seguem: Instituto Cultural Kardecista de Santos, Av Francisco Glicério, 261 – CEP 11065-401, Gonzaga, Santos, SP.

(RECORTAR DO BOLETIM DO ICKS A LOGO DO EVENTO E INSERIR NA MATÉRIA).

 

Enfoque

 

DEUS NÃO EXISTE

Deus é.

 

Andréia Vargas*

 

Dizer que algo existe é abrir precedentes para a sua não existência. A idéia de existência tende a coisificar ou personificar. Por isso, refletindo numa conversa entre amigos, cheguei a este pensamento: Deus não existe!

Não. Não sou atéia. Quero falar aqui justamente àqueles que acreditam num Ser, muito superior e poderoso, autor de tudo o quanto se move, existe, se comunica, se entrelaça no universo, do micro ao macrocosmo; que acredita no mantenedor de todo equilíbrio, dos sistemas, do caos à ordem, no presente, passado e futuro.

A existência é vulnerável. Se algo existe, está em algum lugar, sofrendo a ação do tempo, do espaço. E se isso fosse atribuído a Deus, não poderia ser ele a suprema e soberana inteligência, causa primeira de todas as coisas.

Ainda há a necessidade de dizer que Deus existe. A existência de um ser superior, que a todos observa, deixa acuados os instintos de maldade. Aceitar a existência de Deus é admitir que existe um ser superior que reprova,
condena. É a idéia de um pai que castiga o filho pelos erros. Ainda é necessário crer num personagem repressor para frear a maldade. Assim acontece com a idéia do demônio; é muito mais cômodo atribuir a outro ente a maldade alojada no nosso íntimo ou os revezes da nossa existência. Talvez, por isso, houve uma época em que homens, insatisfeitos com a idéia de serem joguetes de um ser que determinava todo seu destino, estabeleceram a morte de Deus. Os filósofos existencialistas acreditavam que Deus cerceava toda a liberdade de expressão do homem. Com a morte dele, as pessoas eram o que eram, autores e responsáveis pelos seus atos.

 

A existência de um ser superior, que a todos observa, deixa acuados os instintos.

 

Veio, então, a Doutrina Espírita dizer que temos livre arbítrio e somos responsáveis pelo uso que fazemos dele. Mas esta não é uma simples concordância com os existencialistas. O espiritismo não se desfez de Deus. Pela simples observação, havemos de concordar com o verdadeiro tratado sobre Deus que Allan Kardec escreve no capítulo II de A Gênese: todo efeito inteligente, tem que decorrer de uma causa inteligente. Ora, a causa não existe; ela é! Ser é constante. Deus é constante. Está criando constantemente; é a causa primeira e constante de criações e mais criações. Por isso, a partir do que não pode ser, Allan Kardec definiu alguns atributos de Deus: a imaterialidade e imutabilidade – porque, como causa primária, não pode estar sob as alterações físicas; a eternidade – pois, se tivesse começo, teria sido efeito de outra causa, muito superior; a soberana e suprema inteligência e onipotência – se fosse diferente, poderíamos conceber um ser mais inteligente e mais poderoso; soberana justiça e bondade – porque, se assim não fosse, seria parcial e continuaríamos joguete de um ser mais poderoso. É preciso ser para existir. O ser vem antes da existência. Outro ponto que vai de encontro aos existencialistas. O ser é essência, força motora para a ação do existir sobre e no mundo. Agimos sem existir! Mas não agimos sem ser. Algo não precisa existir se é. A existência é fugaz. Se algo existe é porque alguma coisa o gerou. Existe, está lá, seja onde for, distante. Existe agora; pode não existir depois. Ser dá a idéia de penetrar todos os recantos do mundo, a tudo e a todos; dá idéia de constância, sempre; que atua em todos os momentos. A verdadeira providência. Por isso, a esta frase tão sartreana – Deus não existe –, complemento: Deus é!

 

 

 

*Andréia Vargas (andreiavargas@jpa.neoline.com.br) é jornalista, membro da ASSEPE (Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa)