OPINIÃO Ano XI – 118 Abril 2005

CEPA quer mostrar sua cara

Nossa Opinião: Encontro de amigos

Editorial : Entre a fé e amor

Notícias:  KWITKO, o orador de abril   -   Todas as segundas tem conversação no  CCEPA -  CCEPA não acredita no passe?

Opinião em Tópicos:  Big Brother Brasil  -   Uma edição diferente   -   Bem X Mal  -  O Grande desafio (Milton Medran Morreira)

Enfoque: Os desafios  para um mundo melhor

Opinião do Leitor: Reconhecimento

 

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CEPA QUER MOSTRAR SUA CARA

Encontro em Porto Alegre, de 26 a 28 de maio, abre espaço aos espíritas do Sul do Brasil para que conheçam a Confederação Espírita Pan-Americana, sua história, objetivos e princípios institucionais.

 

Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA

            O evento é promovido pela Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA, a CEPAmigos, instituição recentemente criada e que tem como um dos objetivos congregar os delegados e amigos da Confederação Espírita Pan-Americana, no Brasil, divulgando seu pensamento em todo o território nacional.

            Iniciando na noite de 26 de maio, com uma conferência pública do 2º Vice-Presidente da CEPA, Ademar Arthur Chioro dos Reis (Santos, SP), o Encontro dos Amigos da CEPA, se desenrolará na sede do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (Rua Botafogo, 678). Segundo Rui Paulo Nazário de Oliveira, Presidente da instituição espírita porto-alegrense que sediará o evento e, também, Vice-Presidente da CEPAmigos, “o encontro será uma oportunidade muito especial para que os espíritas da Região Sul do Brasil conheçam o pensamento e as posições institucionais da CEPA a partir das exposições de seus próprios dirigentes e não através de conceitos equivocados às vezes difundidos por aqueles que não a conhecem”.

 

Mediunidade e Atualização

            Na conferência de abertura, na noite de 26 de maio, no CCEPA, o médico paulista Ademar Arthur Chioro dos Reis abordará o tema “O Papel da Mediunidade e dos Espíritos na Atualização do Espiritismo”. O conferencista, na oportunidade, fará o lançamento de seu livro “Mecanismos da Mediunidade – Processo de Comunicação Mediúnica”, obra escrita a partir de trabalho desenvolvido pelo autor, com a colaboração de seus companheiros do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita – CPDoc.

 

O que é a CEPA?

            Para sexta-feira (27/5), estão sendo programadas atividades com os delegados e dirigentes da CEPA presentes ao Encontro.

            Na tarde de sábado (28/5), se desenvolverá o painel “O Que é a CEPA”, do qual participarão dirigentes da Confederação Espírita Pan-Americana que estarão presentes em Porto Alegre, onde, concomitantemente, ocorrerá uma reunião do Conselho Executivo daquela entidade espírita pan-americana.

            Os dirigentes da CEPA, na oportunidade, responderão às perguntas que lhes forem formuladas a respeito da entidade que dirigem, seu pensamento, história e objetivos.

Inscrições

            O Encontro é aberto a todos os interessados. Não se cobrará inscrição. A Comissão Organizadora está fechando convênio com um hotel que oferecerá taxas reduzidas para os participantes. No sábado, à noite, o evento será encerrado com um jantar de confraternização, com reservas antecipadas.

            Maiores informações poderão ser obtidas através do e-mail do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre – ccepa@terra.com.br – ou pelo telefone 51-32316295.

           

Nossa Opinião

ENCONTRO DE AMIGOS

            A Confederação Espírita Pan-Americana constitui-se, ainda, num segmento novo e pouco conhecido no Brasil. Com uma forte tradição e presença marcante na história do movimento espírita do Continente, nos últimos 60 anos, só recentemente começou a se estruturar no País.

            Não tem pretensões hegemônicas e suas propostas doutrinárias não conflitam com aquelas que formam a base do espiritismo autenticamente kardecista que se constitui no elo fundamental de união da família espírita universal. Mas é de sua prática e de sua tradição a tomada de posições de vanguarda, a partir do pressuposto de que o espiritismo é uma doutrina eminentemente livre-pensadora; espiritualista mas não-religiosa; com alguns princípios tidos como inamovíveis, mas de perfil marcadamente progressista. Daí, sua preocupação com a atualização doutrinária.

            É natural que instituições com esse perfil encontrem dificuldades de comunicação. Todo o processo inovador necessita quebrar tabus e paradigmas. Encontra compreensíveis resistências opostas em setores mais conservadores de seu próprio meio

            O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, por si só uma legenda viva, presença marcante de históricos episódios na evolução do espiritismo no Sul do Brasil, acolherá com imenso prazer os delegados e amigos da CEPA que se reunirão nesse evento. E estende o convite a todos aqueles que, não sendo nem delegados e nem amigos da Confederação Espírita Pan-Americana, queiram colher essa oportunidade de conhecê-la a partir das informações de seus próprios dirigentes.

            É de todos sabido que a maioria dos espíritas brasileiros têm da CEPA informações as mais desencontradas. Nem sempre elogiosas e, o mais das vezes, não verdadeiras. É hora, pois, de conhecer e julgar, a partir da observação própria, formando livremente sua opinião.

            Seja como for, quem vier estará entre espíritas e com amigos. Amigos e espíritas que respeitam a diversidade de pensamento e defendem que ela, no meio autenticamente espírita, não deve, jamais, ser instrumento de desunião.  (A Redação).

           

Editorial

ENTRE A FÉ E O AMOR

 

O futuro da paz entre os homens depende do amor. (João Paulo II)

 

            O homem cuja morte emocionou o mundo no último dia 2 de abril foi intransigente na defesa dos postulados de sua fé. Era de seu ofício e não poderia ser diferente. Os cânones da instituição que chefiou por quase três décadas lhe impunham esse  dever irrenunciável. Disciplinado, não transigiu.

            Tivesse apenas feito isso, entretanto, seu nome não mereceria mais que um burocrático registro na história. Até porque, em termos de intransigência nas questões da fé, muitos dos que o antecederam superaram-no de longe. Levaram até as últimas conseqüências a primazia da crença, convencidos que estiveram ser ela o valor supremo, diante do qual todo o restante poderia ser violado.

            Por séculos, a fé reinou soberana, presumindo-se que todas as outras virtudes viriam por acréscimo. Nem sempre vieram. Ao contrário, na mesma medida em que se lhe concedia primazia, o mundo se fazia mais carente de amor, alheio à solidariedade e distante da paz.

            O mérito de João Paulo II reside em ter sabido conjugar a fé com o amor. Se, escudado naquela, foi fiel aos seus, inspirado neste se tornou líder de todos os homens de boa vontade. Como guardião de uma crença, zelou por sua imutabilidade. As questões que aludem ao mistério nem sempre se submetem às razões do progresso. Entravaram-no, o mais das vezes. Mas, como mandatário de uma missão de paz a ser levada a homens de diferentes ou de nenhuma fé, o carismático líder católico propagou o amor e a solidariedade entre todos, elegendo esses valores como indispensáveis à felicidade de crentes e não-crentes. Soube reconhecer que esse princípio, antes de pertencer a uma religião, é um impositivo racional.

            Fé é questão de foro íntimo. Pessoal e intransferível. Depois de impregnar as entranhas da alma, tende a se tornar irremovível. Se imposta, gera intransigência e, facilmente, conduz a conflitos, promovendo a guerra. Amor é instrumento de fraternidade. Contagia, irradiando solidariedade. Plantada no coração dos homens, conduz à tolerância e resulta, necessariamente, na paz.

            Tivesse João Paulo concedido primazia à fé em detrimento do amor, sua caminhada seria obscura. Quase inútil. Por mais que nesse sentido o impulsionasse a usina de energia que lhe habitava a alma, pouco teria contribuído para transformações dos homens e do mundo. Pregaria no deserto. Judeus não se fariam, por isso, crentes da chegada de um messias há cerca de 2.000 anos. Muçulmanos não trocariam Meca por Roma. Budistas, hinduístas e xintoístas não abandonariam seus ritos milenares, nem dispensariam seus deuses para venerar o Nazareno. Espiritualistas livre-pensadores não renunciariam à busca incondicionada a dogmas para aderir ao rebanho conduzido por seu respeitável cajado.

            Foi a opção pelo amor universal, mesmo sem abrir mão de sua fé particular, que fez de Karol Wojtyla a grande personalidade de nosso tempo, de unânime aceitação. Religião e fé são laços que unem crentes entre si. Expressões provisórias das limitações humanas, empecilhos à percepção do essencial. Amor é essência da vida. É fundamento da verdadeira unidade.

            A fé é humana e, portanto, frágil. O amor é divino e, quando assimilado, torna-se a mais nobre expressão da presença divina em nós, alçando o homem à dimensão da eternidade. João Paulo, sem jamais trair sua provisória condição humana, fez a opção pelo eterno, que é a morada do espírito.

 

Foi a opção pelo amor universal, mesmo sem abrir mão de sua fé particular, que fez de Karol Wojtyla a grande personalidade de nosso tempo.

 

Opinião em Tópicos

 

Milton R. Medran Moreira

 

            Big Brother Brasil

            Não é nenhum esnobismo intelectualóide. Mas, juro, não assisti ao famoso reality show da televisão brasileira que prendeu milhões de telespectadores à telinha, nos horários convencionais, e levou uma grande parcela da população à compra de programação especial, por cabo, que permitia ficar espiando o tempo todo o que faziam, dia e noite, os participantes do “Big Brother Brasil”.

            Eu havia assistido à primeira edição, há alguns anos atrás, e percebi logo que se tratava de uma grande competição de mediocridade. Quem fosse capaz de se provar mais medíocre levaria o bolão que termina premiando o último remanescente dos habitantes da sofisticada casa montada pela Globo como cenário do programa. Saiu vitorioso um tal de “Bam-Bam”. Ganhou a preferência do público depois de chorar copiosamente diante das câmeras porque tinha desaparecido um boneco de arame a quem o concorrente elegera confidente de suas mágoas e mais íntimos segredos.

            Uma edição diferente

            As edições seguintes eu não vi. Mesmo não vendo, seria impossível não tomar conhecimento das coisas que lá ocorriam. As chamadas que entravam em todos e quaisquer programas, os comentários em jornais e revistas, as análises antropológicas suscitadas pelo comportamento dos participantes, tudo isso terminava fazendo do “Big Brother” uma temática presente em qualquer lugar que se fosse.  Essa última edição, especialmente, motivou comentários muito especiais. Tanto assim, que num dos encontros  semanais que realizamos no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, com o chamado Grupo de Conversação Espírita, o Salomão Benchaya trouxe ao debate o comportamento dos integrantes do programa e a correspondente reação dos telespectadores, fatores que estariam qualificando esta edição

            Bem x Mal

            Ocorreu, segundo se comentou, que, desde o início do reality show, os integrantes da casa se dividiram claramente em dois grupos. Um pautava suas ações pela ética e pela honestidade. O outro adotou a política do vale-tudo. Esperavam estes últimos que com sua malandragem confessa fossem ganhar a simpatia de um público igualmente malandro e sem ética. O que aconteceu foi justamente o contrário. Os telespectadores foram, pouco a pouco, eliminando a turma “do mal” e prestigiando os éticos. Terminou vencendo a competição o professor baiano Jean Wyllys que, desde o início, demonstrou uma personalidade voltada ao cultivo da amizade, do respeito aos concorrentes, além de ser, intelectualmente, o mais preparado do grupo. O vencedor, além disso, assumiu publicamente sua condição de homossexual, o que o teria credenciado mais ainda junto ao público votante.

            O grande desafio

            Não sei se a amostragem revelada pela interatividade do programa de tevê pode retratar uma tendência de mudança de comportamento social. Mas, parece que todos estão cansando da hipocrisia, da malandragem e da política do vale-tudo. Pouco a pouco, transitamos da mediocridade ao cultivo de valores sociais, políticos e morais mais consistentes.

            Para nós que raciocinamos à luz da filosofia espírita, pode parecer que as transformações são lentas demais. Quando se tem a clara idéia da conveniência da prática do bem e de seus resultados benéficos ao indivíduo e à coletividade, é difícil entender porque ainda há tanta corrupção e miséria moral. A institucionalização da justiça e da ética segue sendo o desafio mais sério para um mundo constituído por uma maioria que ainda não sabe porque nasce, porque vive e porque morre.

 

Notícias

KWITKO, O ORADOR DE ABRIL

            No último dia 4 de abril, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre deu prosseguimento a seu programa de conferências mensais, realizadas sempre na primeira segunda-feira do mês, às 20h30, no auditório da instituição, à Rua Botafogo, 678, Bairro Menino Deus.

            O expositor deste mês foi o médico psicoterapeuta Mauro Kwitko, autor de diversos livros sobre psicoterapias e reencarnação. Na oportunidade, Kwitko, depois de falar para mais de uma centena de pessoas, presentes à atividade do CCEPA, autografou seu último livro: “Doutor, eu ouço vozes”.

 

 

TODAS AS SEGUNDAS TEM CONVERSAÇÃO NO CCEPA

            Em todas as segundas-feiras (com exceção da primeira, onde há uma conferência), o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, realiza, à noite, uma atividade intitulada “Grupo de Conversação Espírita”.

            Substituindo as tradicionais palestras públicas doutrinárias, o Grupo de Conversação, igualmente aberto à participação do público espírita e não-espírita, é uma experiência pioneira no gênero. Historiando-a, Maurice Herbert Jones, Diretor de Estudos Doutrinários do CCEPA e seu atual Vice-Presidente, lembra que “a partir do ano de 2000, com a definitiva consolidação do modelo institucional da Casa, privilegiando a qualidade em detrimento da quantidade, foram criadas condições para desenvolver um trabalho mais produtivo em todas as áreas de atuação”. Diminuindo, como era esperado, o público para as palestras que se tornaram mais qualificadas, tornou-se possível o aperfeiçoamento do modelo interativo que, no caso do CCEPA, já era utilizado há alguns anos. Segundo Jones, criou-se, com o Grupo de Conversação, “uma nova versão super interativa”.

            Substituindo a palestra pública, o “grupo de conversação”  é uma reunião bem mais informal, aberta ao público e com até 30 pessoas posicionadas em círculo. Não existe dirigente nem expositor no sentido tradicional e sim um “provocador” previamente designado que, depois de breve exposição, coloca e coordena a discussão de um assunto, qualquer assunto, para ser debatido à luz do pensamento espírita. Jones acrescenta: “Como, além do público externo, participam da reunião vários companheiros nossos mais experimentados, a troca de idéias  e as diferentes abordagens do assunto tornam este tipo de reunião bem mais interessante e rica que a maioria das palestras tradicionais mesmo sem receber, no final, a gratificação de um passe”.

            O CCEPA não acredita no passe?

            A respeito do também tradicional passe, Jones destaca que “o CCEPA não ignora a importância e o significado da chamada fluidoterapia, mas, diz, “com as mudanças estruturais de nossa instituição nos últimos anos, diminuiu significativamente a demanda por esse tipo de serviço”. Para o experimentado dirigente espírita que já foi, inclusive, Presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, “sempre nos causou desgosto a bagatelização dessa terapia nas instituições espíritas que, do ponto de vista do povo em geral, são principalmente ‘casas de passe’. Por tudo isso, preservamos, sim, um espaço semanal para a fluidoterapia, após uma reunião de conversação que funciona à tarde e destinada, principalmente, às senhoras da nossa região”. Esclarece Jones, entretanto que “o acesso ao passe depende de autorização de um dirigente que entrevista com cuidado e amor cada candidato, sugerindo, em alguns casos, outros caminhos, outras terapias, outras instituições. Maurice H.Jones finaliza dizendo que “nossa intenção é restringir para valorizar”.

 

 

Enfoque

OS DESAFIOS PARA UM MUNDO MELHOR

                       Welber Borges Carneiro*

Sempre que se busca compreender as conjunturas da vida humana, material e espiritual, percebe-se que ainda se sabe muito pouco sobre ela. De certa forma, a Humanidade está dando os primeiros passos. Devido a essa falta de conhecimento estamos sob o jugo do “erro de avaliação”. Por ignorarmos que a verdade absoluta não existe, cai-se em radicalismo, sectarismo, enfim, na intolerância.

Isso é muito triste, perde-se tempo e energia com esses dualismos e não percebermos que tudo no universo é interconectado, nada é fragmentado, isolado. Vivemos em um mundo de relações interdependentes, onde o micro e o macrocosmo se completam dando movimento ao desenvolvimento humano.

O grande desafio de “todo homem de boa vontade” é desenvolver o “Cristo” interior, através dos cinco elementos básicos da Boa Nova. São eles: o Amor incondicional a todas as criaturas, o Perdão dinâmico, a Compreensão fraternal, a Tolerância às diferenças e a Misericórdia. Pois, só assim poderemos construir um mundo melhor.

O semeador do Evangelho de Jesus Cristo não pode nutrir uma postura sectarista, pois isso seria a negação dos preceitos cristãos e, conseqüentemente, a incompreensão de seus ensinamentos. Para o intolerante, só os de sua religião estão com a verdade e, portanto, merecem exclusiva atenção divina. Idéias como essa e outras como “Povo Escolhido”, “Nação Eleita”, “Pureza Doutrinária e Racial”, levaram a humanidade a Era de Trevas e Sofrimentos. Basta analisar um pouco a história que enfatiza desde o Farisaísmo Judeu e suas conseqüências, passando pelas Cruzadas, em que os ditos Cristãos faziam guerras e assassinavam em nome de Jesus Cristo e de uma suposta Pureza Doutrinária, como se fosse possível matar em nome do Amor. No século XX, conhecemos o Nazismo, que baseava sua doutrina na “pureza” racial ariana, dizendo que o povo ariano (raça alemã) era o escolhido de Deus para prosperar e submeter os demais. Hoje temos o conflito entre o Ocidente e o Oriente, onde temos, mais uma vez, o “pano de fundo” da religiosidade contextualizando o litígio.

Nossos irmãos muçulmanos (digo nossos irmãos porque considero todo ser meu irmão, independente de raça, sexo, credo, condição social ou qualquer outro elemento de separação lutam e matam, em nome de Alá, e nós ocidentais, que nos intitulamos civilizados e cristãos, guerreamos em nome de Deus, com a proteção de Jesus Cristo. Como disse o presidente dos Estados Unidos, o senhor George W. Bush, é a luta do mal (o diferente) contra o bem (nós, ocidentais). Mas, isso não é de se estranhar, retrata bem a mentalidade e a condição moral da humanidade, não ocorrendo apenas a nível de macropolítica, mas também nas nossas relações sociais, religiosas e no interior de nós mesmos. Muitas vezes somos verdadeiros “senhores da guerra” quando queremos que nossas verdades sejam absorvidas e aceitas, sendo que, quando isso não ocorre condenamos os outros (o diferente) ao ostracismo. Tentamos de todas as formas silenciar a voz do diferente, assim como os Estados Unidos e sua famigerada “máquina de horrores” estão fazendo com o mundo.

Isso, nos dias de hoje, é um grande absurdo, e só ocorre porque ainda não interiorizamos os ensinamentos do meigo Rabi da Galiléia. Ainda queremos impor nossas verdades aos outros, queremos apenas ensinar, doutrinar, catequizar o diferente, mas nunca compartilhar, aprender, ou seja, viver com harmonia dentro de um contexto multicultural e interreligioso, desenvolvendo o “Eu” cósmico.

Porém, com atitudes sectaristas não temos condições de sermos cosmopolitas, “cidadãos do universo”, pelo contrário, com essas atitudes cria-se pessoas “teleguiadas”, submissas, servas, nunca pessoas equilibradas, livres, isto é, discípulos de Jesus de Nazaré. Existe uma diferença fundamental entre o servo e o discípulo. O servo age e serve sem pensar e analisar, é um escravo. Por outro lado, o discípulo aprende a lição e a coloca em prática aperfeiçoando-a, tendo o objetivo de ser tão bom quanto seu mestre. E é justamente discípulos que Jesus quer, pois Ele foi um ser de síntese – o começo, o meio e o fim –, por isso, Ele nos afirmou: “Em verdade, vos digo, se tiveres fé poderás fazer o que faço e muito mais. Vós sois deuses.”

Agora você me pergunta, e o terrorismo? O terrorismo é fruto de nossa própria falta de Amor fraternal, isto é, o terrorismo não é a causa, mas sim, o efeito de algo muito mais profundo. O que gerou, gera e gerará “homens bombas” é o sectarismo ocidental, personificado no imperialismo norte-americano. Todavia, chegará um dia em que todos nós compreenderemos que não se combate o mal (terrorismo) com outro mal (guerra), mas sim, com Amor, Tolerância, Compaixão, Perdão, ou seja, com os ensinamentos de Jesus Cristo.

Não queremos dizer que vamos converter o mundo inteiro ao Cristianismo institucionalizado, mas ao Cristo Vivo e seus princípios transcendentais, universais e eternos. Então, a Terra será um planeta de Paz e Amor, a religião que existirá será a do Amor Fraternal a todas as criaturas, independente de suas diferenças culturais. A doutrina do Medo será varrida do planeta e todos entenderão que o importante não é rótulo religioso, mas o que temos no coração. Não haverá mais convertidos, mas sim transmutados, transformados pelos princípios morais de Jesus de Nazaré.

 

IMAGEM “CRUZADAS’, ILUSTRANDO A MATÉRIA

Por muito tempo, os ditos cristãos fizeram guerra e mataram em nome de Jesus Cristo

 

* Welber Borges Carneiro, pensador livre, integra a LEPPLE – Liga de Estudos e Pesquisas Progressistas à Luz do Espiritismo, de Anápolis, GO.

 

 

           

Opinião  do Leitor

Reconhecimento

Senhor Diretor: Ao renovar minha assinatura, sou reconhecido pela consideração que me dispensaram com a permanência da remessa do jornal cuja leitura, além dos excelentes esclarecimentos doutrinários, me proporciona sempre momentos de contentamento.

Cordialmente,

João José Guedes – Rio Grande, RS.