OPINIÃO Ano XI – 117 - Março 2005

Cursos de Iniciação ao Espiritismo no CCEPA

Nossa Opinião: Conhecer para ser feliz

Editorial : A Angústia humana

Notícias:  CCEPA reinicia conferências mensais   -   AJERS e Ministério Público-RS promovem seminário Espírita  -  9º SBPE será em outubro

Opinião em Tópicos:  Aborto e pecado   -   Condições excepcionais   -   Dignidade e vida  -  Lei natural e modernidade (Milton Medran Morreira)

Enfoque: Conciliação de saberes

Opinião do Leitor: Grupo Espírita Nueva Generación de Guatemala

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Cursos de Iniciação ao Espiritismo no CCEPA

UM JEITO CERTO DE COMEÇAR

Estimulado pelo êxito das edições anteriores, Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, o CCEPA, inicia este mês mais um Curso de Iniciação ao Espiritismo.

           

Cursos rápidos

            A idéia foi posta em prática nos últimos quatro anos. Consiste na realização de cursos rápidos de iniciação ao conhecimento espírita. Segundo Maurice H.Jones, Vice-Presidente do CCEPA, que, juntamente com Salomão J.Benchaya, Diretor de Eventos da instituição, é responsável pelas exposições, “os cursos, com duração de seis semanas são dirigidos a pessoas com escasso ou nenhum conhecimento de espiritismo”.

            Nem por isso, entretanto, deixam de freqüentar o curso pessoas com alguma vivência nas casas espíritas, mas que desejam metodizar o conhecimento e fortalecer suas bases.

            Em 2004, foram constituídas quatro turmas compostas de um total de 130 interessados. Concluídos os respectivos cursos, vários de seus integrantes inscreveram-se em programas mais avançados de estudos, passando a integrar os grupos de estudos regulares da Casa.

 

Em março, os primeiros cursos do ano

            O programa aprovado para 2005 prevê a continuação da iniciativa, com a realização de mais quatro cursos. Os dois primeiros estão iniciando neste mês de março, um vespertino e outro noturno. O curso da tarde começa dia 23 de março, às 15h00, desenrolando-se por seis quartas-feiras consecutivas. O noturno será às quintas-feiras, a partir das 20h30 min., tendo início dia 24 deste mês.

            Os seis módulos prevêem estudos sobre a história do espiritismo e a visão doutrinária que tem sobre Deus, imortalidade e comunicabilidade dos espíritos, evolução, reencarnação e leis morais.

            Os cursos são gratuitos e a inscrição dos interessados pode ser feita no próprio dia de seu início.

                      

Nossa Opinião

 

CONHECER PARA SER FELIZ

            É comum dizer-se no meio espírita que a dor é a grande e generosa porta através da qual a maioria dos espíritas acessa o conhecimento doutrinário. Não há dúvida de que o consolo às aflições humanas é uma forte característica do espiritismo. Mas, isso as religiões também o fazem. E, não raro, com grande competência. Nos pórticos de muitas igrejas das seitas que hoje dominam o país, é freqüente ver-se exatamente esta expressão: “Pare de sofrer”, como apelo ao engajamento de novos fiéis.

            O espiritismo, entretanto, é um pouco mais que simples anestésico à dor humana.Anestesiar muitas vezes implica em renunciar à busca das causas do sofrimento ou obscurecê-las. Espiritismo é, sobretudo, uma nova visão de homem e de universo. Como ciência e como filosofia que é, seu objeto é o estudo das leis naturais. Assimilando-as e vivenciando-as, o espírito põe-se no rumo da felicidade, dispensando as muletas da fé ou o anestésico do mistério.

            “Conhecer para ser feliz” bem que pode ser o lema da melhor prática espírita. É certo que um programa construído a partir desse objetivo nem sempre se faz atrativo à primeira vista ou às primeiras tentativas. Estimular o pensamento direcionando-o às grandes questões do espírito não se compatibiliza com as impregnações religiosas que em nós habitam e insistem na busca de atalhos presumivelmente capazes de pôr fim ao sofrimento, como por passes de mágica. Por isso mesmo, os que, equivocadamente, estão à procura de resultados imediatos, mesmo acorrendo ao chamado, dificilmente se manterão num meio que privilegia o conhecimento e, através dele, a evolução consciente.

            Estamos bem cientes disso. Mas, com atividades como estas, ministradas, insistentemente, no CCEPA, cumprimos uma tarefa que nem sempre tem sido priorizada, no próprio meio espírita. Lançamos sementes que, muitas vezes, sequer germinam. Ou germinarão só bem mais adiante.

            Mesmo assim, os resultados obtidos, ainda que aparentemente escassos ou pouco perceptíveis sob o ângulo do imediatismo, para nós são sempre gratificantes e estimulantes. (A Redação).

 

Editorial

 

A ANGÚSTIA HUMANA

 

Minha dor é perceber que, apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais (Belchior).

                                                                                         

            Ainda é grande o número de pessoas que não conseguem perceber o real significado da existência humana. Os índices crescentes de criminalidade, a corrupção e o desrespeito a elementares princípios de convivência social, a guerra, a fome e as matanças são expressões inequívocas do descompasso entre as leis da vida e a forma como as encaram os homens.

            No mês que recém findou, um ato de pura barbárie, ocorrido em nosso país, com o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang , na cidade de Anapu, causou revolta e indignação em todas as pessoas com um mínimo de dignidade e bom-senso. Um fato lamentavelmente corriqueiro que, no caso, assumiu maior visibilidade. Diariamente, na cidade e no campo, vidas são ceifadas em troca de interesses mesquinhos, num atestado de total inversão aos valores fundamentais da existência. A vida humana vale pouco ou nada para quem não é capaz de perceber porque nascemos, porque vivemos e porque morremos.

            Milhões de anos de evolução não conferiram ainda a grande parte do gênero humano a compreensão de sua essencialidade. O orgulho e o egoísmo, matrizes de todos os vícios, obstaculizam a percepção da mais singela das verdades, a de que somos seres em busca da luz e de que nos iluminamos através de dois focos: o amor e o conhecimento.

            O processo evolutivo, no campo ético e moral, se dá, assim, de forma mais lenta do que seria de esperar. Daí a angústia do homem frente ao próprio homem, sua dor em perceber, como disse o poeta, que “ainda somos os mesmos”, embora cientes de que mudar é preciso.

            Quando nos referimos, antes, à incapacidade de percebermos nossa “essencialidade”, bem que poderíamos substituir a expressão por “espiritualidade”. É urgente resgatar esse valor. A concepção materialista de vida, por mais apta a despertar movimentos de reforma social e política, jamais conduz ao âmago da questão da vida. Pode estimular a competição, muitas vezes saudável. Pode até inspirar belos programas de justiça social. Mas não atinge a consciência mais profunda do homem. Este, quando pode, burla a lei, e o faz iludido pela impressão de que vida é matéria e que, fora desse âmbito, seu ato não gera conseqüências.

            As grandes tragédias do mundo, a guerra e a violência, têm provocado significativos movimentos entre as pessoas de bem. Mas a questão não será resolvida, lamentavelmente, enquanto acontecimentos dessa natureza não conduzirem o homem a uma atitude de compreensão a respeito de si mesmo, como espírito imortal, sujeito de direito e obrigações num plano que vai muito além do berço e do túmulo.

             

Milhões de anos de evolução não conferiram ainda a grande parte do gênero humano a compreensão de sua essencialidade.

 

Opinião em Tópicos

Milton R. Medran Moreira

            Aborto e pecado

            Vítima de estupro e grávida do próprio irmão, a estudante C. (18 anos) perambulou por cinco diferentes hospitais paulistas para interromper a gravidez. Mesmo com o boletim de ocorrência em mãos, comprovando o estupro, não encontrava médico algum que concordasse em fazer o que lhes pedia a moça: livrar-se daquela gravidez que recém iniciara. Somente no quarto mês de gestação, ela conseguiu a realização do procedimento, num hospital público da Capital, a 476 quilômetros de casa.

            O relato está em reportagem da Folha de São Paulo (27.2.05) que traz depoimento da médica Fátima de Oliveira, registrando: “A idéia de pecado está claramente presente”. Segundo ela, mulheres vivendo situações aflitivas como essa “são tratadas como criminosas”.

            Saliente-se que o direito penal brasileiro permite o aborto nessa circunstância (quando a gravidez resulta de estupro) e na hipótese de perigo à vida da gestante. Mas, o medo tem feito com que médicos e hospitais se neguem ao procedimento legalmente autorizado.

            Condições excepcionais

            Fosse eu pai da estudante referida na reportagem e de seu estuprador, mesmo na condição de espírita, teria concordado com o aborto. E você? É diante da crueza das situações concretas que se tem de examinar caso a caso. Um reducionismo simplório tem obstaculizado, no meio espírita, o debate desses temas. Diz-se, simplesmente, que o Livro dos Espíritos só autoriza uma hipótese: a do perigo de vida da gestante (q.359). Estou analisando detidamente o tema no meu livro “Direito e Justiça – um Olhar Espírita” (Ed.Imprensa Livre, 2004): Em meados do século 19, como agora, a Igreja, não reconhecia a licitude do aborto nem naquela circunstância, expressamente autorizada pelos espíritos, na resposta à questão 359, proposta por Kardec. Com aquela resposta, a doutrina espírita tomou uma clara posição: é contrária ao aborto, mas admite-o em condições excepcionais. Certamente, se Kardec houvesse colocado uma situação concreta como aquela narrada na reportagem, os espíritos não teriam condenado a interrupção da gravidez em circunstâncias assim. Porque o bom senso não a condena. Antes, recomenda-a, de preferência, já no início. Hoje já dispomos da “pílula do dia seguinte”, um recurso excepcionalmente válido em circunstâncias assim.

            Dignidade e vida

            O delicado tema da gravidez resultante da violação à liberdade sexual da mulher não estava na agenda de discussões do Século 19. Só passou a ser relevante para o direito, mais de 60 anos após a edição de O Livro dos Espíritos. Levantou-a o grande jurista espanhol  Jiménez de Asùa, no III Congresso Científico Pan-Americano, em 1924. Ele recomendou que as legislações modernas salvaguardassem essa hipótese de aborto não criminoso. Na base do raciocínio está um argumento chamado em direito de “inexigibilidade de outra conduta”. Esta se dá quando alguém pratica um fato definido como crime, mas em circunstâncias tais que não seria razoável exigir-lhe outra conduta. O direito não é feito para heróis, assim como o espiritismo não existe para santos, mas para pessoas comuns, sujeitas às vicissitudes da vida. A dignidade humana é direito inalienável que, muitas vezes, se contrapõe até ao direito à vida.

            Lei natural e modernidade

            O espiritismo é uma doutrina moderna e profundamente humanista. Como tal, toma posição clara em favor da vida. Ao espírita repugna, em tese, a idéia do aborto. Assim como do homicídio, do suicídio ou da eutanásia. Mas, o direito à vida, mesmo sendo o mais importante, muitas vezes é posto em confronto com outros direitos que, em dada circunstância, será justo preservar. É por isso que o mesmo direito que define crimes também prevê as “excludentes de criminalidade”, como a legítima defesa, o estado de necessidade, o exercício regular de um direito e outros. O Livro dos Espíritos, diferentemente da forma como o tomam muitos espíritas, não é um Código Penal, definidor de crimes e de punições. É um generoso compêndio de direitos humanos, a partir dos valores da lei natural, gravada em nossa consciência. Sobrepor a lei natural ao arbítrio do sagrado tem sido uma luta difícil, mesmo na modernidade.

 

Notícias

CCEPA REINICIA CONFERÊNCIAS MENSAIS

            Suspensa em um único mês, ou seja em fevereiro, porque a data coincidiu com o feriado do Carnaval, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, reinicia neste mês de março suas conferências mensais. Direcionadas ao público em geral, elas acontecem sempre na primeira segunda-feira de cada mês, às 20h30min.

            Neste mês de março, o conferencista convidado é o empresário porto-alegrense, Rogério H.Feijó Pereira com o tema “A Força do Amor”.

            Nas demais segundas-feiras do mês, no mesmo horário, o CCEPA desenvolve uma atividade conhecida como Grupo de Conversação Espírita, igualmente aberta ao público. Ali, temas diversos são discutidos, numa abordagem sempre à luz da doutrina espírita e com livre participação de integrantes da instituição ou visitantes.

 

(CARTAZ A FORÇA DO AMOR)

 

 

 

AJERS E MINISTÉRIO PÚBLICO-RS PROMOVEM SEMINÁRIO ESPÍRITA

            A Associação Jurídico Espírita do Rio Grande do Sul e o Ministério Público do Rio Grande do Sul promovem no próximo dia 16 de abril o Seminário “Infância e Juventude numa Visão Jurídico-Espírita”.

            O evento terá lugar no auditório do Palácio do Ministério Público (Pça.Mal.Deodoro, 110, Porto Alegre), a partir das 13h30 min., dela participando, entre outros expositores, o editor deste jornal, Procurador de Justiça, Milton Medran Moreira.

            Eis os temas a serem desenvolvidos:

- Delinqüência Juvenil – com Gladis Pedersen de Oliveira, Educadora;

- Adolescência e Drogadição – com Gilson Luiz Roberto, Médico.

- Reencarnação e Exercício do Pátrio Poder – com Hélio Ribeiro Loureiro, Advogado.

- Direitos Humanos, Juventude e a Proposta Espírita – com Milton Medran Moreira, Procurador de Justiça.

            As inscrições são gratuitas, mas as vagas são limitadas. Informações podem ser obtidas junto à Assessoria de Cerimonial e Relações Públicas do Palácio do Ministério Público ou pelo telefone 51-32289358.

            O evento da AJERS e do Ministério Público gaúcho contam com o apoio da Associação do Ministério Público do RGS, AMPRGS e da Associação Médico-Espírita do RGS – AMERGS.

 

9º SBPE SERÁ EM OUTUBRO

            O Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, tradicional evento espírita, criação do psicólogo Jaci Regis, de Santos, SP. e promovido pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos, já tem data de realização no ano de 2005. Será de 13 a 16 de outubro;

            O SBPE chega este ano à sua nona edição e vem sendo realizado de 2 em dois anos.

           

 

Enfoque

 

CONCILIAÇÃO DE SABERES

 

Maurice Herbert Jones*

 

            O mundo medieval repousava em paz, embalado pela convicção da vizinhança entre a terra e Deus e a constante solicitude da divindade para com os homens quando uma voz soou na Polônia dizendo que o nosso planeta, almofada de repouso para os pés de Deus e ponto escolhido para sua peregrinação redentora, não passava de pequenino satélite de um pequenino sol. Rompendo com a concepção geocêntrica e tirando a terra de sua posição privilegiada no universo a obra revolucionária do monge Nicolau Copérnico (1473-1543) se tornou um dos mais importantes marcos na caminhada do homem em busca do domínio da natureza. Com esta obra começou a modernidade. Começa o secularismo. Os deuses que até então haviam cuidado dos homens, percebendo sua maioridade, começaram a desaparecer, deixando-os entregues aos seus próprios recursos.

            A partir daí, a história precipita-se. O homem tem pressa. Crescentemente liberto da tradição, indiferente aos dogmas, reorienta seu pensamento. Não mais a simples meditação contemplativa ou a oca especulação acadêmica e sim o inquérito dedutivo das leis naturais. O homem, impaciente, quer construir seu paraíso aqui, na terra. 

O primeiro filósofo a reconhecer como propósito da ciência o bem estar do homem, isto é, produzir, em última análise, descobertas que facilitassem sua vida, foi o insigne Francis Bacon (1561- 1626), lorde chanceler da coroa britânica, arauto da ciência moderna que, na opinião do iluminista Denis Diderot foi o homem que, “numa época na qual era impossível escrever a história daquilo que os homens sabiam, traçou um mapa do que eles deveriam aprender”.

            A exaltação baconiana da tecnologia é, mais tarde, compartilhada com entusiasmo pelo Conde de Saint-Simon, (Sansimonismo) e por Auguste Comte (positivismo) no século XIX.

            E assim tem início a era tecnológica. Um racionalismo tecnicista vai a pouco e pouco superando a visão humanista tão duramente conquistada.

            No nosso tempo a tecnologia é dominante, sobretudo nas “ilhas de civilização” do nosso planeta. O deus antropomórfico e seus sacerdotes ungidos que nos protegiam e orientavam estão sendo substituídos pelos novos deuses da tecnologia aos quais também nos entregamos, mesmo sem entendê-los.  Continuamos assim alienados e dependentes do mistério e de seus novos sacerdotes, intérpretes de bulas e manuais escritos em linguagem estranha, hermética, acessível a iniciados.

            Diante de qualquer problema, a eles se pode recorrer para exorcizar o mal, para nós, metafísico.

            Mesmo nas áreas mais civilizadas do planeta a tecnologia é algo tão misterioso como a santíssima trindade. Usufruímos suas benesses, mas não dominamos seus princípios. Quanto mais benefícios nos oferecem, mais complexos e distantes do nosso entendimento se tornam.

            É verdade que na primeira metade do século passado começou a manifestar-se o que hoje se chama o problema da tecnologia, isto é, o problema que nasce das conseqüências que o desenvolvimento técnico do mundo moderno traz à vida individual e associativa do homem.

            Os críticos da tecnologia, entre outros o escritor francês Albert Camus, identificam na máquina a causa direta ou indireta da decadência espiritual do homem. Segundo eles o mundo das máquinas é um mundo sem alma, nivelador, mortificante em que os valores do espírito foram substituídos pelo culto dos valores instrumentais e utilitários.

            Estas acusações ou denúncias, mesmo sendo exageradas, põem a nu um problema efetivo que é o da acomodação do homem ao novo ambiente natural e humano produzido pela técnica.

            A surpreendente expansão do fundamentalismo religioso que, na sua vertente cristã, tem base e inspiração na nação mais rica, industrializada e poderosa que o mundo conheceu, precisa ser encarada como um desafio à nossa capacidade de compreender o homem e suas motivações.

            Não podendo dominar nem compreender os novos deuses que lhes são impostos, parcelas imensas da população buscam refúgio e segurança nos mais recônditos e escuros espaços de idéias mais antigas, mais familiares. Numa tentativa para ressuscitar ou manter vivos seus velhos e moribundos deuses que, bem ou mal, ofereciam identidade e alguma segurança, erguem muros e cavam trincheiras isolando-se em suas frágeis certezas.

            Esta é, talvez, a gênese deste recuo, deste retorno a modelos que pareciam superados.

            Se o irracionalismo espiritualista representado pelo fundamentalismo religioso é uma resposta à desumanização provocada pelo racionalismo tecnicista, uma síntese dialética se faz necessária e, talvez, urgente para superar o conflito, conciliando os aspectos mais nobres do espiritualismo e da tecnologia.

 

Kardec foi contemporâneo de Saint-Simon e Comte e, certamente, não era avesso ao progresso tecnológico.

           

Ora, esta síntese que, para compor a tríade dialética, poderíamos denominar racionalismo espiritualista, existia desde a metade do século XIX, com o humanismo espiritocêntrico proposto pelo Espiritismo.  Kardec foi contemporâneo de Saint-Simon e Comte e, certamente, não era avesso ao progresso tecnológico. Por outro lado, pôde também vivenciar os problemas sociais, econômicos e políticos provocados pela revolução industrial, um pouco mais tardia na França. Seu gênio percebeu o conflito e desenhou um caminho para sua superação. O Espiritismo, na sua essência, é fortemente vocacionado para a conciliação dos saberes. Sua natureza sintética é evidente no permanente esforço do codificador para configurá-lo como um espaço onde fosse possível superar dialeticamente os paralisantes conflitos entre e razão e ciência e religião.

            Onde teremos errado na compreensão e divulgação do pensamento espírita para que, um século e meio depois de seu lançamento, esta oportuna e inteligente síntese conceptual continuasse ignorada e, portanto, sem poder conquistar o que Kardec chamava, na conclusão do Livro dos Espíritos, “direito de cidadania entre os conhecimentos humanos”?

 

* Maurice Herbert Jones é vice-presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, instituição que já presidiu em várias gestões. Ex-presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul.

 

Opinião do Leitor

Grupo Espírita Nueva Generación de Guatemala

            Apreciados Hermanos en ideal.

            Les estamos enviando fraternal saludo, deseándoles que este año que inicia sea pletórico de dicha, bienestar y muchos éxitos.

            Agradecemos por medio de la presente, la publicación que gentilmente nos están haciendo llegar ya que ello nos permite progresar en el conocimiento y práctica de nuestra Doctrina Espirita y compartirla con quienes nos visitan.

            Por parte nuestra deseamos que el intercambio sea mas frecuente en la medida de suas posibilidades, además de que nos sentimos muy agradados cuando nos envian una misiva comentándonos como se están realizando las actividades espiritas en su país.

            Todo comentario, sugerencia y noticias son bienvenidos, ya que ello nos incentiva y motiva para seguir divulgando la Ciencia espirita.

            Sin mas por el momento, reiterando nuestros votos de paz y fraternidad

            Grupo Espirita Nueva Generaciòn de Guatemala.