OPINIÃO Ano XI – Nº 116 Janeiro e fevereiro 2005

PREFEITO ESPÍRITA DECIDE

Nossa Opinião: Decisão corajosa

Editorial: Tsunami e solidariedade

Notícias: Pós-graduação em pedagogia espírita -  informações e detalhes sobre o curso  

Opinião em Tópicos: O macro e o micro  - Vida: o grande mistério  -  A próxima fase  -        O espiritismo e a vida    (Milton Medran Morreira)   

Enfoque : O problema das interpretações

Opinião do leitor

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Prefeito espírita decide:

 

REPARTIÇÃO PÚBLICA NÃO É LUGAR PARA IMAGENS DE SANTOS

O prefeito da cidade mineira de Ponte Nova, a 180 quilômetros de Belo Horizonte, Luís Eustáquio Linhares, ao assumir o governo, tomou medida polêmica que terminou repercutindo no país inteiro: mandou retirar as imagens religiosas de todas as repartições públicas da cidade.

 

            Quebra de tradição

            A decisão do prefeito repercutiu de tal forma que mereceu reportagem do Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, em sua edição de 18 de janeiro último. A matéria destaca o fato de Ponte Nova ter entre seus habitantes 84% de católicos. A mais importante escola municipal da cidade, como é comum em Minas Gerais, tem um oratório com a imagem de Nossa Senhora. O prefeito determinou sua remoção, assim como a retirada de São Francisco e um quadro de Jesus que ornavam o gabinete da chefia do Executivo.

            A maioria da população não se conforma com a quebra da tradição. O vigário lamenta o fato de o prefeito, que é espírita, não ter dialogado com os segmentos católicos da cidade. Padre José Sena diz que a decisão merecia uma consulta popular.

            Noção do social

            O prefeito Luís Eustáquio Linhares (PSB), médico cardiologista, se disse surpreso com a repercussão de sua medida, a ponto de merecer reportagem no noticiário mais assistido da televisão brasileira. Segundo Linhares, “queremos incutir a noção do social, do uso do espaço coletivo, do respeito. Entendemos que os espaços públicos não podem ser utilizados por facções”.

            A declaração foi feita ao jornal mineiro O Tempo, em sua edição de 20 de janeiro, que, em ampla reportagem, repercutiu a polêmica criada na cidade. Na mesma matéria, Stella Vianna, católica, 89 anos, desolada com a atitude do prefeito, declarou: “Tem muita coisa para fazer na cidade e o prefeito fica mexendo com a fé das pessoas”.

 

 

Nossa opinião

DECISÃO CORAJOSA

            Há mais de 100 anos, desde a promulgação da primeira constituição republicana, o Brasil é um país laico. Não existe, aqui, religião oficial, como não existe em todos os países democráticos.

            Assim mesmo, é comum ver-se ao lado de símbolos cívicos, como a bandeira nacional, crucifixos e imagens de santos, entronizados em gabinetes de autoridades civis de todos níveis de governo. Não há plenário de legislativo, onde, sobre a mesa diretora, não penda um crucifixo. Seus regimentos internos, via de regra, determinam invocações próprias de um segmento religioso para a abertura e encerramento das sessões. Parlamentares ateus, agnósticos, livre-pensadores ou pertencentes a outras crenças, são, muitas vezes, dessa forma, constrangidos pela lei a fazer rezas ou invocações com as quais intimamente não concordam.

            Sempre que se privilegia o formalismo religioso em detrimento da liberdade de crença, opinião ou pensamento, se está, também, abrindo espaço à hipocrisia. O fato de uma maioria praticar um culto não pode servir de pretexto para que as minorias que com ele não concordem tenham de a ele se submeter. Sabe-se, por exemplo, que, em todo o Brasil, hoje, cresce o segmento evangélico. Suas crenças rejeitam imagens e desconsideram a existência de santos. Não é justo que seus filhos, educados nessa fé, ao freqüentarem uma escola pública e, por definição, laica, precisem conviver com símbolos religiosos que sua educação de berço rejeita. Os próprios feriados nacionais, estaduais e municipais são, em sua maioria, homenagens a santos ou evocações de mitos religiosos que nem todos os seus cidadãos aceitam.

            Foi corajosa, pois, a medida do prefeito da cidade mineira de Ponte Nova. Merece o apoio não apenas dos espíritas como ele, mas de todo o cidadão consciente de que o pluralismo de idéias ou de crenças, sofrida conquista da modernidade, impõe ao Estado o dever de isenção e de total laicidade. Religião é questão de foro íntimo. E espiritualidade legítima independe de cultos, imagens ou manifestações exteriores que a uns extasia, mas a outros constrange. Um espírita, quando detentor de cargo público, não tem apenas o direito. Tem a obrigação de lutar por esses valores da modernidade na qual se insere o próprio espiritismo.  (A Redação)

 

Editorial

O TSUNAMI E A SOLIDARIEDADE

 

Se pudéssemos nos elevar pelo pensamento, descortinando toda a humanidade de modo a abrangê-la inteiramente, esses flagelos tão terríveis não pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo. (Allan Kardec, comentário à questão 738 de O Livro dos Espíritos)

 

            O ano começou sob o impacto de uma tragédia. Mais de 230 mil pessoas pereceram vítimas da força de um fenômeno meteorológico que atingiu parte do continente asiático, chamado pelos especialistas de tsunami.

            A tragédia, passado o impacto inicial, acabou, no entanto, por desencadear uma gigantesca onda de solidariedade. Em todos os países do mundo, pobres e ricos, eclodiram significativos movimentos de ajuda humanitária. Dentre estes, alguns realmente comovedores, pois não se limitaram ao envio de ajuda material. Voluntários de diversas áreas, pessoalmente, e às suas expensas, acorreram às regiões atingidas pela tragédia para prestarem serviço num meio humanamente hostil e nauseante. Cercados de montes de cadáveres e de pessoas doentes, mutiladas, famintas e profundamente carentes de solidariedade humana, esses voluntários lhes ofereceram, no momento preciso, a mais preciosa e eficiente das ajudas: aquela só possível pela magia do contato pessoal, da palavra de ânimo e da ação revigorante ao corpo e à alma.

            Tragédias dessa monta, numa perspectiva filosófico-espírita, são interpretadas à luz da Lei de Destruição: um princípio geral da vida segundo o qual “é preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar” (questão 728 L.E.). A dor e a morte, numa ótica evolucionista/espiritualista, também são recursos naturais de que se vale a pedagogia cósmica para operar ou apressar transformações necessárias.

            Mas a dor e a morte, quando ocorrem imprevisivelmente, sem que se lhes possa atribuir uma causa imediatamente perceptível ou um fim claramente útil, geram desconcertantes estados de revolta, pânico e desespero.Limitado pelo ângulo fechado que a vida da matéria lhe impõe, falta ao homem a necessária perspectiva para assimilar os fatos nos termos desta dialética: destruição-renascimento-regeneração.  Nesses casos, mesmo diante da imensa capacidade humana de superar suas tragédias pessoais e coletivas, a dor solitária é infinitamente mais difícil de se suportar do que a dor cercada de solidariedade.

            É historicamente comprovada a afirmativa de Kardec que abre o presente texto. A humanidade, com relativa facilidade, supera suas tragédias. Surpreendentemente, em lapsos mais curtos do que se possa imaginar, das cinzas da destruição faz nascer novos estágios de progresso e desenvolvimento. Individualmente, da mesma forma, o homem tende a superar suas perdas e recompor sua vida, por mais duras que tenham sido as circunstâncias. Sem dúvida, no entanto, obterá isso com maior facilidade e rapidez quando sustentado pelo afeto e pela solidariedade.

            Mesmo se admitindo que alguns episódios possam constar do mapa de provações de um indivíduo ou de uma coletividade, nunca se deverá supor que a lei de causa e efeito a que estejam vinculados esses episódios sejam equações matemáticas apenas. Os rigores da justiça, nas leis da natureza, se amenizam e se humanizam com a prática do amor e da caridade, que são autênticas categorias da razão e, por isso, genuínos valores humanos. Os três elementos (justiça-amor-caridade) só fazem pleno sentido quando conjuntamente conjugados. Fenômenos meteorológicos podem até ser cegos instrumentos de oportunas destruições. Mas será da razão e do coração, da inteligência e do amor que, sempre, hão de nascer os indispensáveis processos de soerguimento e reparação.

            Até aqui, temos exercido a solidariedade quase que exclusivamente movidos pela emoção. Esta é, hoje, facilmente despertada pelos poderosos recursos da mídia que leva para dentro de nossa casa, em tempo real, ao vivo e a cores, os dramas humanos que nos comovem. Passada a emoção, sempre tão breve, não subsistirão estímulos para atitudes solidárias. Justamente por isso, é preciso racionalizar a solidariedade, tomando-a como verdadeira lei da vida sem cujo exercício contínuo estaremos influindo negativamente no movimento progressista do planeta.

            Enfim, diante das leis cósmicas, respondemos não apenas pelo mal que cometemos, mas também pelo bem que, podendo fazer, deixamos de praticar.

 

Nunca se deverá supor que a lei de causa e efeito a que estejam vinculados esses episódios sejam equações matemáticas apenas.

 

           

Opinião em Tópicos

Milton R. Medran Moreira

            O macro e o micro

            Nos últimos anos acontecerem coisas fantásticas no mundo das ciências. Os astrofísicos descobriram novas galáxias, estrelas e planetas. Penetraram na intimidade do universo e avançam rumo à solução dos enigmas de seu nascimento e formação.

            Agora mesmo, a sonda Huygens, da Agência Espacial Européia, acaba de enviar à Terra importantes informações de uma lua de Saturno distante 1,2 bilhão de quilômetros da Terra, que podem lançar novas luzes sobre a origem do universo e especialmente de nosso planeta.

             Por outro lado, nada se compara à fascinante viagem que a ciência realizou à intimidade da vida biológica, possibilitando a finalização do mapa do genoma humano. Assim, enquanto avançamos em busca do infinitamente grande (o universo), passamos também a compreender o infinitamente pequeno (as células).

            Vida: o grande mistério

            O conhecimento de nossa estrutura celular permitiu avanços significativos no campo de medicina. Conhecendo melhor as leis que regem nossa constituição, molécula a molécula, célula a célula, desde nossa concepção e mesmo antes dela, pelas características de nossos genitores, prevenimos doenças ou tornamos mais fácil sua cura.

            Mesmo assim, a vida continua sendo um mistério. Os físicos e os astrônomos nos levam a conhecer cada vez melhor as leis que regem a formação e o movimento do universo. Os biólogos traçam, com precisão, o mapa de nossos genes e comprovam a íntima ligação entre todos os seres vivos. Mas, pouco sabemos ainda a respeito do nascimento e do desenvolvimento da consciência. Esta não é visível aos telescópios e microscópios. A consciência, campo onde se entrechocam o amor e o ódio, a ternura e a violência, a sabedoria e a estupidez, a eqüidade e a injustiça, não é mensurável e nem pode ser modificada pelos recursos da ciência e da tecnologia, porque ela é recurso do espírito, que está além do macro e do micro que formam o universo material.

            A próxima fase

            Com todo o avanço da ciência, que experimentou fantástico desenvolvimento nestes últimos anos, o homem parece ainda caminhar no escuro. Ele não sabe porque nasce, porque vive e porque morre. Se soubesse, não haveria guerra, não existiria tanta violência, tanto ódio e tanta desigualdade.

            A próxima fase do conhecimento humano necessariamente terá de ser a integração desses dois fatores: o físico e o espiritual, o biológico e o consciencial.

            Todo esse mal-estar que perturba hoje o homem não será prenúncio de que esse tempo está por chegar? Depois de esmiuçarmos o universo intergaláctico e microbiológico, partiremos para a busca da realidade fundamental da vida, verdadeira sede do conhecimento e dos sentimentos: o espírito, essência do que realmente somos.

            O Espiritismo e vida

            Quando Kardec fez previsões acerca do futuro do espiritismo e sua influência moralizadora não se referia a este como um movimento isolado do conhecimento. Via-o como uma etapa natural do próprio conhecimento humano. Como algo que, em estado embrionário ou desenvolvido, consciente ou não, movimenta todos os esforços humanos em prol da decifração desse mistério que é a vida. Por isso, é um atraso tratá-lo de forma não integrada ao conhecimento e ao progresso humano. É um e equívoco lidar com ele como se fosse uma seita, uma religião. Ele é uma síntese dos esforços humanos na busca do conhecimento da vida.

           

Notícias

PÓS-GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA ESPÍRITA 

            Anunciando-o como “um momento histórico”, os organizadores do primeiro curso de pós-graduação “lato sensu” de Pedagogia Espírita, na Universidade Santa Cecília, de Santos, SP, estão divulgando o evento, acompanhado de um apelo da participação de uma boa turma “para entrarmos de pé direito no espaço acadêmico, com a proposta de educação do terceiro milênio”.

            O primeiro curso de pós-graduação em Pedagogia Espírita surge como conseqüência  natural do Congresso de Pedagogia Espírita, realizado, com êxito, ano passado, naquela mesma universidade da cidade de Santos, sob a coordenação da pedagoga espírita, Dra. Dora Incontri que, igualmente, coordenará, agora, o curso de pós-graduação.

 

           

Detalhes sobre o curso:

           

·         Início: 5 de março de 2005

Mais informações

UNISANTA – PABX (13) 3202-7100

Pós – com Christiane (13) 3202-7114  
Ou no site www.unisanta.br

Mais detalhes

PEDAGOGIA ESPÍRITA - 1ª. TURMA


Objetivo: Debater a Pedagogia Espírita, no contexto da cultura contemporânea. Capacitar pesquisadores para desenvolver projetos nesta área e capacitar educadores para aplicação de uma nova prática pedagógica.


Público Alvo: Interessados em geral que tenham curso superior em qualquer área. Se houver vagas, podem ser aceitos alunos-ouvintes.


Programa: Filosofia Geral; Filosofia Espírita; Religião e Pós-Modernidade; Espiritismo e Cristianismo; Ciência e Espiritismo;   História da Educação I; Filosofia da Educação; Filosofia Espírita da Educação; Espiritismo e Sociedade; Psicologia Espírita da Educação; História da Educação II; História da Educação Brasileira; História da Educação Espírita; Metodologia Científica I; Estética e educação; Didática Interdisciplinar; Escola Espírita; Prática Pedagógica Espírita; Metod. Científica I I – Orientação Monografia; Tópicos especiais;  Filosofia para Crianças; Tecnologia , Arte e Educação;  Ensino Inter-Religioso; Espiritismo e Educação Ambiental; Arquitetura e Educação; Espiritismo para Crianças; Educação Familiar.


Coordenador do Curso
Prof.ª Dr.ª Dora Alice Colombo (Dora Incontri)

CORPO DOCENTE


Alessandro Cesar Bigheto
Graduação em Pedagogia pela Faculdades Anchieta. Mestrando em História da Educação pela Unicamp. Membro do grupo de pesquisa do Histedbr – Unicamp.

Alexander Moreira de Almeida
Médico Psiquiatria. Doutorando pelo Departamento de Psiquiatria da USP. Fundador e Coordenador do NEPER (Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos do Instituto de Psiquiatria HC-FM-USP) Diretor Técnico e Clínico do HOJE - Hospital João Evangelista

Alysson Leandro Macaro
Graduação em Direito (USP), doutor em Direito pela USP. Professor pós-graduação Universidade Mackenzie – SP.

Carlos Orlando Villarraga
Engenheiro químico pela Universidade Nacional da Colômbia.

Dora Incontri (Dora Alice Colombo)
Graduação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper-Líbero. Mestre e Doutora em Filosofia da Educação pela USP. Pós-doutorada em Filosofia da Educação pela USP.

João Francisco Regis de Morais
Graduação em Filosofia e Ciências Sociais, Mestre em Filosofia Social, Doutor em Educação, Livre Docente em Filosofia da Educação. Professor titular aposentado da Unicamp e atual Professor Titular da PUCCamp.

José J. Queiroz
Graduação em Filosofia, Mestre em Teologia e doutor em Direito Canônico pela Universidade Santo Tomás de Aquino de Roma. Professor no Departamento de Ciências da Religião – PUC-SP.

Luis Augusto Beraldi Colombo
Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie. Mestre em Educação, Arte e Cultura pela Universidade Mackenzie. Professor FACAMP (Campinas).

Ney Lobo
Graduação em Filosofia. Autor de várias obras sobre Pedagogia Espírita.

Priscila Grigoleto Nacarato
Graduação em Pedagogia na USP. Mestre e doutoranda em História da Educação pela USP.

Sergio Felipe de Oliveira
Médico Psiquiatra pela USP. Mestre na Faculdade de Medicina da USP. Diretor da Clínica Pineal Mind, autor do projeto Uniespírito.

 

Enfoque

O PROBLEMA DAS INTERPRETAÇÕES

Daniel Torres *

            O conhecimento espírita sofreu uma variedade de interpretações e  descontextualizações, tanto por espíritas como por não-espíritas. Isso deu como resultado, entre outras coisas: formas particulares de praticar o espiritismo, a formação de uma variedade de correntes com o uso de adjetivações que as identificam, um movimento espírita dividido, dissidentes, etc. Para entender o espiritismo e evitar essas deformações interpretativas é necessário estudá-lo profunda e integralmente. Esse estudo, como se sabe, deve ser metódico, reflexivo e iniciar-se por onde é cabível: dos seus princípios, formulados nas obras do insigne pedagogo francês Allan Kardec. Tamanha importância deu Kardec ao assunto que, em Obras Póstumas, expressou: “Um dos maiores obstáculos que podem entorpecer a propagação da doutrina espírita será a falta de unidade. O único modo de evitar isso, senão para o presente, ao menos para o futuro, é formulá-lo em todas as suas partes e ainda em seus menores detalhes, com tanta precisão e clareza, que toda a interpretação divergente seja impossível”. (Obras Póstumas – Projeto de 1868).

            As deformações interpretativas retardam o progresso do espiritismo e confundem as pessoas que dão os primeiros passos nesse conhecimento. Estes verão contradições entre as propostas de um e de outro espírita, de uma ou outra instituição ou entre um e outro escritor. Em quem confiar, afinal? Todos devemos partir de uma referência. Essa referência, como uma bússola, é oferecida pelas obras de Allan Kardec. Com isso, não se pretende cerrar portas a outros autores e a novos avanços que, dia a dia, se apresentem. Nem se pretende, como equivocadamente se possa pensar, em fazer com todos pensem igual nos diversos aspectos estudados pelo Espiritismo. Seria um erro de graves conseqüências. O que se propõe é que, sendo o Espiritismo toda uma ciência e uma filosofia de conseqüências morais, possui um corpo de doutrina  com bases claras e definidas que devem ser o ponto de início e de convergência entre todos os espíritas, não importando sua nacionalidade, sua cultura e a instituição a que pertençam. Enfim, representa o laço que os deve unir.

 

Manuel Porteiro: “O Espiritismo é como a canção universal. Entoa as notas da ciência, da filosofia e do amor para compor a harmonia dos que buscam as verdades que conduzirão o espírito humano a dimensões não imagináveis, porém de imensa felicidade”.

 

            Todo o extremo é contraproducente. Duas pessoas que pensam igual não progridem. Mas também duas pessoas que pensam de forma oposta não se entendem.  Propiciar ou promover essas atitudes extremas gerará intolerância, fanatismo, estatismo, personalismos, deformação doutrinária, enfim, tantas coisas. Ao passo que uma postura equilibrada alimenta a fraternidade, o desenvolvimento sustentável, o entendimento, um clima amplo e aberto de diálogo e de trabalho coletivo, onde a personalidade do espírita se funde com a doutrina que representa para constituir um todo em total harmonia.

            Essa visão equilibrada a possui a própria doutrina por natureza e é claramente exposta, com grande eloqüência, em mensagem transmitida através da médium Yolanda Polimeni e firmada pelo Espírito que se identificou como Manuel S.Porteiro (ilustre escritor espírita argentino, reconhecido como o pai da Sociologia espírita):

            “O Espiritismo é como a canção universal. Entoa as notas da ciência, da filosofia e do amor para compor a harmonia dos que buscam as verdades que conduzirão o espírito humano a dimensões não imagináveis, porém de imensa felicidade”.

* Daniel Torres é engenheiro elétrico, dirigente do Grupo Espírita Nueva Generación, de Ciudad Guatemala, Guatemala. Artigo originariamente enviado em espanhol. Tradução da editoria.

           

Opinião do Leitor

 

Publicações em espanhol

            No que se refere à divulgação do espiritismo na Espanha, vejo com muita clareza  que faz falta mais informação em espanhol. Seria ótimo que os jornais  da qualidade de Opinião e Abertura tivessem a suas réplicas em espanhol (se não completos, pelo menos os artigos mais destacados) para serem espalhados aqui. É uma idéia que faz tempo me bate na cabeça.

            Pura Argelichpargelich@yahoo.es – Barcelona, Espanha.

 

Mediunidade na Câmara

            Discordo daqueles que viram na manifestação mediúnica ocorrida na Câmara dos Deputados, quando da homenagem ao bicentenário de Allan Kardec, um ato inoportuno e de desprestígio ao Espiritismo (Opinião de novembro).

            Pessoalmente, ao assistir ao episódio protagonizado pelo Deputado Luiz Bassuma, na  televisão da Câmara, me emocionei. Senti a autenticidade do fenômeno e acho que ele muito contribuiu para a divulgação da mediunidade e da Doutrina dos Espíritos.

            Lúcia Lisboa Silva Lima – Canoas, RS.