OPINIÃO Ano XI – 114 Novembro 2004

 

MEDIUNIDADE NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Nossa Opinião: Lições do episódio

Editorial:  A Força das coisas

Notícias:  Imortalidade – Tema da conferência de novembro    Carlos Grossini o orador de dezembro   Mais dois grupos concluem CIESP       

Opinião em Tópicos:  Mediunidade em alta – Isenção investigativa – Menos cético  -  A pesquisa espírita    (Milton Medran Morreira)

Enfoque:  O poder de um presidente que o mundo rejeita (José Rodrigues)

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Globo dá notícia dizendo: “nunca se viu nada parecido”

 

MEDIUNIDADE NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

As homenagens a Allan Kardec, no mês de seu bicentenário, terminaram com um episódio de larga repercussão na imprensa: Deputado faz pronunciamento e “incorpora” um espírito.

            A notícia

            Comentando que “nunca se viu nada parecido no Congresso Nacional”, o Jornal da Globo, edição de 28/10 último, noticiou para telespectadores de todo o Brasil que o Deputado Luiz Bassuma (PT – Bahia), havia presidido a sessão da Câmara dos Deputados, naquele dia, prestando uma homenagem a Allan Kardec, pelo bicentenário de seu nascimento. Ao encerrar a sessão, Bassuma proferiu uma oração. “Naquele momento – segundo a notícia ilustrada com o som e a imagem da solenidade – baixou a cabeça e mudou o tom de voz e, com os dedos trêmulos da mão esquerda, batia na mão direita”.

            A notícia veiculada pela poderosa TV Globo dá conta de que kardecistas presentes acreditam que um espírito falava por meio do deputado. Alguns achavam que a voz do espírito se parecia com a do médium Chico Xavier”.

            O fato foi noticiado e comentado por praticamente todos os grandes jornais do Brasil. Muitos espíritas afirmaram que a voz e o semblante do deputado, na possível “incorporação” seriam de Bezerra de Menezes.

           

 

 

Repercussão na Lista da CEPA

            A notícia logo repercutiu na Lista da CEPA – cepa@grupos.com.br –, trazida que foi àquele grupo de debatedores na Internet por Andréia Vargas (Paraíba). Agnes Henriques Soares (de Minas Gerais) comentou sobre o assunto, dizendo ter assistido a toda a sessão pela TV e que “os pronunciamentos dos deputados foram coerentes, bem embasados e esclarecedores”. Acrescentou que “foi interessante ver a Doutrina Espírita ser tratada em plena Câmara dos Deputados, inclusive com manifestação mediúnica”.

            Já o debatedor Dourado (São Paulo) postou mensagem fazendo uma série de indagações: “Na Câmara, pode? Em que melhora os homens com isso? Que intento teria esse espírito, se é que havia? Houve sensatez? Bom-senso? Consenso? Pelo que conheço de Chico, ele jamais faria isso. Passa pelos princípios e orientações gerais do ensinamento espírita? Quem é esse deputado? Em que condições foi eleito? Qual seu nível de ser e saber? É um homem justo?”.

            A essas indagações, o debatedor Marcelo Henrique Pereira (Santa Catarina) respondeu ver o fato jornalístico como “positivo”. Acrescentou que “importante é falar, falem bem ou mal” e que “a nós, espíritas críticos, caberá sempre o exame racional do fenômeno, da mensagem, do meio, mas sem julgamentos pessoais. Eis a ética da alteridade”.

            Para Jacira Jacinto da Silva (São Paulo), que também se manifestou na lista, a despeito de haver recebido comentário de que o deputado que protagonizou o acontecimento é espírita, médium e bem conceituado, “o episódio foi infeliz”. Diz que “manifestação dessa natureza não contribui em nada, não tem objetivo algum, apenas servindo de motivação de chacotas e desprestígio do espiritismo. Para ela, “uma filosofia séria como a nossa merece ser tratada com a seriedade que lhe dedicou seu fundador”.  Justificando, acrescentou que “ninguém ouviu dizer que Kardec saiu fazendo exibicionismo com o fenômeno mediúnico, antes o condenou e advertiu que deveria ser praticado com recolhimento, no lugar certo, com o grupo certo, com objetivos definidos”. Jacira, que é Juíza de Direito em Birigüí, SP, informou que, em seu trabalho, ouviu “comentários hilários e muitos questionamentos”.

 

Nossa Opinião

LIÇÕES DO EPISÓDIO

            Um episódio mediúnico num ambiente como o da Câmara dos Deputados só pode dar lugar a opiniões as mais diferentes. A começar pela discussão sobre a autenticidade do fenômeno. Ninguém jamais poderá confirmar tratar-se de uma verdadeira comunicação mediúnica ou  apontar sua autoria. Sempre haverá o risco da mistificação ou do embuste. À falta de um critério seguro de avaliação, o resultado será apenas um: os crentes festejarão o episódio, os descrentes o recusarão ou dele até farão troça.

            A despeito disso, está certo quem afirma se haver criado um bom mote para a imprensa e que não haveria melhor episódio para abrir algum espaço propiciando se falar em espiritismo. Veja-se: o fato aconteceu nos últimos dias de outubro. Naquele mês, no Brasil inteiro, fora e dentro do meio espírita, se multiplicaram homenagens ao bicentenário de nascimento de Allan Kardec. Mesmo que tenhamos conseguido alguns espaços na mídia, registrando a efeméride, não consta, por exemplo, que um veículo poderoso como a TV Globo dele tivesse se ocupado. Bastou um fato mediúnico para a notícia explodir, ganhando nobres espaços em todo tipo de veículos da imprensa nacional.

            Sob esse aspecto é de se lamentar não o destaque dado pela imprensa, mas nossa própria incapacidade de conquistarmos espaços para a divulgação daquilo que de melhor tem o espiritismo: sua rica filosofia. Todos temos a convicção plena de que lidamos com idéias profundamente transformadoras. A filosofia espírita representa um paradigma novo de conhecimento, conduzindo a um aprimoramento ético-moral. O fenômeno mediúnico, base experimental a partir da qual defluiu a proposta doutrinária espírita, é secundária, diante da magnitude de sua filosofia. É instrumento, não fim em si mesmo. No entanto, o espiritismo só consegue ser notícia com o fenômeno.

            Isso tudo nos indica uma crua realidade: o espiritismo, visto na sua essencialidade, ainda está longe de ser compreendido e assimilado, mesmo em países onde a religião espírita goza do prestígio e da popularidade que tem no Brasil. Indica também, por conseguinte, que o trabalho em prol de sua divulgação, nos meios e com os métodos adequados, continua se apresentando como gigantesco desafio aos verdadeiros espíritas.

            (A Redação)

 

Editorial

A FORÇA DAS COISAS

 

“O solo treme a cada instante sob os pés, porque não é ainda o reinado da liberdade e da igualdade sob a égide da fraternidade; porque o orgulho e o egoísmo continuam presentes, paralisando os esforços dos homens de bem”.

(Allan Kardec, em “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, em Obras Póstumas)

 

            Nos primeiros dias deste mês, o mundo todo teve seus olhos voltados para os Estados Unidos da América do Norte, atento ao processo da sucessão presidencial que se faria naquele país. Uma eleição tensa que, aos olhos do mundo, iria definir aspectos envolvendo interesses de toda a população global. Maior potência política e econômica do Planeta, as ações internas e externas daquela nação afetam decisivamente o mundo por inteiro.

            Aparentemente, a opção eleitoral que logo se fez conhecida chancelou um projeto em plena execução: a continuidade da guerra que, em tese, tem como objetivo combater o terrorismo internacional, mas que, na prática, vem sendo responsável pela morte de milhares de pessoas inocentes. Pela lógica vigente que sustenta tal tipo de opção, esse é o preço que o mundo civilizado tem de pagar para reconquistar a segurança e a paz. Ressalte-se, inclusive, que o mesmo raciocínio é oferecido como justificativa das milhares de baixas de soldados estadunidenses e de países aliados, assim como seqüestros, execuções e assassinatos que vitimam civis desses países, nas zonas conflagradas. Há que cortar a própria carne para se obter o fim colimado, raciocinam.

            É possível que tenhamos superestimado o episódio das eleições americanas. Ninguém pode sustentar que, fosse outra a opção eleitoral, as atividades bélicas cessariam e o mundo viesse a ganhar a paz. Poderosos interesses movimentam as engrenagens da guerra, e a paz mundial talvez não seja ainda um projeto das potências que dominam o Planeta.

            As motivações da guerra, mesmo que disfarçadas por argumentos nobres e preservadores da paz, estão sempre calcadas em interesses ligados à dominação e ao poder. Suas raízes mais profundas nutrem-se dos primitivos sentimentos do orgulho e do egoísmo, apontados pelos espíritos superiores como principais matrizes do atraso moral da humanidade.

            Há de ser muito difícil para quem conquista fatias tão importantes do poder político e econômico trabalhar efetivamente pela paz, quando sentimentos inferiores podem ter sido a motivação maior dos próprios grupos que lhes propiciaram ascender ao poder. Mesmo assim, é gratificante ver que, fora dos círculos do poder ainda contaminados pelo vício e pela corrupção, viceja e se fortifica, no mundo inteiro, uma forte consciência pacifista. É justamente no seio da sociedade civil não atrelada ao poder que cresce a convicção de que sem os nobres sentimentos do perdão, da tolerância e da fraternidade incondicional entre raças e povos, a humanidade não atingirá, jamais, patamares aceitáveis de bem-estar social e político.

            Essa periférica, mas gigantesca onda pacifista, que já não mais tolera a violência e rejeita o impulso da vingança e da retaliação, pouco a pouco, há de chegar também nos círculos do poder. Seguir alimentando essa política de responder sempre com violência a violência recebida necessariamente produzirá experiências amargas que convencerão de sua inconveniência. Pouco a pouco, a humanidade aprenderá a lição. Pela força das coisas, como diria Kardec.

 

As motivações da guerra, mesmo que disfarçadas por argumentos nobres e preservadores da paz, estão sempre calcadas em interesses ligados à dominação e ao poder.

Caixa de texto: As motivações da guerra, mesmo que disfarçadas por argumentos nobres e preservadores da paz, estão sempre calcadas em interesses ligados à dominação e ao poder.

 

IMORTALIDADE – TEMA DA CONFERÊNCIA DE NOVEMBRO

            O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, que nas primeiras segundas-feiras do mês, oferece uma conferência pública, dedicou o dia 1º de novembro deste ano para o tema da imortalidade do espírito. A conferência foi do diretor de comunicação social da entidade e presidente da CEPA, Milton Medran Moreira que, naquela noite, pronunciou palestra para cerca de 50 pessoas com o tema “Imortalidade – Mito ou Verdade?

           

            Carlos Grossini, o orador de dezembro

 

            No próximo dia 3 de dezembro, seguindo a programação mensal de conferências, o expositor será Carlos Grossini, que abordará “Princípios Fundamentais do Espiritismo”.

           

MAIS DOIS GRUPOS CONCLUEM CIESP

 

            Nos dias 10 e 11 de novembro, encerraram-se mais dois Cursos de Iniciação ao Espiritismo (CIESP) promovidos pelo CCEPA. Os dois eventos se desenvolveram paralelamente, às 4as. feiras, à tarde e 5as. feiras à noite, coordenados por Maurice Herbert Jones e Salomão Jacob Benchaya, tendo concluído, respectivamente, 21 e 18 participantes.    Dentre os concluintes, os que tiverem interesse em prosseguir nos seus estudos espíritas, poderão participar do CIBEE-Ciclo Básico de Estudos Espíritas, etapa que terá início imediato, nos mesmos horários do CIESP.

 

Opinião em Tópicos

Milton Medran Moreira

 

Mediunidade em alta

            A mediunidade está em alta na mídia. Na recente 50ª Feira do Livro de Porto Alegre, a imprensa deu bastante destaque à presença de Marcel Souto Maior, autor do best-seller “As Vidas de Chico Xavier”, uma biografia do famoso médium mineiro, desencarnado em 2002, que já vendeu 120 mil cópias. No embalo do sucesso, Souto Maior acaba de lançar “Por Trás do Véu de Ísis – Uma investigação sobre a comunicação entre vivos e mortos”, que já chegou ao evento cultural da capital gaúcha com a invejável marca de 20 mil exemplares vendidos e logo se colocou entre os livros mais  comercializados da feira.

            O escritor, em entrevista ao jornal Zero Hora, declarou-se “menos cético” do que quando iniciou suas pesquisas. Informa que tem encontrado muita fraude, mas também muitas surpresas, com fatos impressionantes e inexplicáveis.

Isenção investigativa

            Tenho visto muitos espíritas se preocuparem com essa questão de jornalistas ou investigadores dos fenômenos mediúnicos demorarem a conceder a eles a mesma interpretação que nós espíritas lhes damos.Ou ficarem sempre “em cima do muro”.

            Acho que todo o pesquisador sério tem mesmo de partir de uma atitude de ceticismo. Até mesmo de oposição àquilo que, normalmente, classificam como “sobrenatural”. Aqueles nomes habitualmente citados por nós, de ilustres personalidades que confirmaram as teses espíritas, como Crookes, Aksakof, Bozzano, Zölner e outros, eram céticos. A maioria deles entrou nessa história com o objetivo claro de “desmascarar” os espíritas. Só com o tempo, terminaram por admitir a questão da intervenção dos espíritos, mas nunca se declararam espíritas. Exatamente isso lhes deu mais credibilidade.

Menos cético

            Souto Maior, na entrevista, informou que lança este segundo livro menos cético que antes. Refere um episódio que o teria levado a começar a mudar de atitude. Teria sido uma mensagem de uma tia sua, recebida por um médium em Brasília. Como não conhecera essa tia, se impressionou com alguns dados da mensagem, confirmando situações reais.

            Quanto a mim, não pude deixar de ficar temendo que, com aquele e outros episódios, o autor, que está vendendo tanto exatamente por tratar do fenômeno espírita sem ser espírita, amanhã ou depois venha com outro livro, agora confessando-se inteiramente crente no espiritismo. Talvez com isso perdesse a credibilidade que está conquistando.

A pesquisa espírita

            O tema conduz a refletir sobre uma de nossas carências, sempre reconhecida:  a da escassez da pesquisa científica no meio espírita. O que é explicável. A trajetória que, via de regra, percorremos até nos tornarmos espíritas passa, em uma de suas fases, pelo convencimento da autenticidade do fenômeno mediúnico. São experiências pessoais que nos conduzem a novas atitudes perante a vida, sem mais necessidade de questionarmos os fundamentos da imortalidade e da comunicabilidade, questões, então, já resolvidas em nós.   Pois, isso deveria  nos estimular a desenvolver os ricos aspectos filosóficos do espiritismo. Apresentá-lo dentro de um contexto filosófico será sempre um estímulo à pesquisa científica de parte de quem tem competência para realizá-la. Enquanto “vendermos” o espiritismo como uma crença ou nos comportarmos como crentes, dificilmente o desvincularão dos dogmas religiosos com cuja investigação ninguém mais está preocupado. 

 

Enfoque

 

O poder de um presidente que o mundo rejeita

 

José Rodrigues *

 

            A reeleição de George W. Bush para a presidência dos Estados Unidos, reconhecida como a nação mais poderosa do planeta, ocorre num momento em que a busca das liberdades democráticas se acentua. Nelas está a liberdade de expressão, curiosamente desbravada pelo mesmo país que hoje é alvo crítico da grande maioria dos países. Em resumo, a continuação de Bush, após a desastrada invasão do Iraque e o pouco caso em relação à ONU nesse episódio, para citar os mais recentes, é vista como fator de instabilidade mundial, suscetível de provocar novos confrontos entre nações e provocar a alta de produtos ainda essenciais, como o petróleo. Com poucas exceções, a exemplo de Israel e Rússia, a opinião pública internacional vê um mundo mais perigoso com Bush na Casa Branca.

            Em prol da liberdade de expressão, várias publicações, exprimindo a opinião da maioria de seus eleitores, manchetaram no dia cinco de novembro, títulos do tipo: “O império piora”, pelo francês Libération; o Le Monde, simplesmente disse: “Por quê?”. Segundo o Portal da Comunicação na Internet, um dos mais ácidos foi o inglês Daily Mirror: “Como 59.054.087 pessoas podem ser tão idiotas?”. Na Alemanha, as opiniões não foram menos duras e no Brasil, um artigo de Quentin Peel, colunista do “Financial Times”, publicado no jornal “Valor” de 05/11, disse: “Condenados a mais quatro anos”.

            Peel cita um trecho de pronunciamento do ex-ministro de Relações Exteriores da Índia, Jaswan Singh, no qual observa que “É muito triste. Eles queriam uma coalizão internacional contra o Iraque e terminaram praticamente provocando  formação de uma aliança internacional contra os EUA”.

 

 

            Essas digressões vêm juntar-se a uma discussão que parece acadêmica, mas guarda bons fundamentos práticos. O cientista político Samuel Huntington, norte-americano e professor na Universidade Harvard, publicou um polêmico livro “O Choque das Civilizações”, em 1996, no qual sinalizou que se patenteavam  conflitos entre Ocidente cristão e o islã. A tese foi muito combatida por outros intelectuais, como Francis Fukuyama, e depois do 11 de setembro, por Antony Guiddens, sociólogo e diretor da London School of Economics, um dos pais da chamada terceira via, alternativa diferente das sociais-democracias e do liberalismo. Guiddens, em resumo, diz que os conflitos são entre o cosmopolitismo e o fundamentalismo. O cosmopolitismo pode ser identificado na globalização, sob todas as formas, a mais aguda, a da velocidade da informação.

            Os fundamentalistas, especialmente das facções islamitas, opõem-se ao Ocidente, cuja encarnação não é apenas de costumes, mas de busca de poder e, no caso mais específico, das fontes de petróleo. Grandes grupos norte-americanos têm interesse direto nessa indústria, inclusive a família Bush. Um estudo da revista “The Economist”, em 2000, (Suplemento Mais, da Folha de S. Paulo-07/03/04), identificou 31 grandes conflitos em andamento no mundo, dois terços deles envolviam muçulmanos combatendo muçulmanos, ou muçulmanos combatendo não-muçulmanos. O fato é que a visão de Deus e do mundo permeia esses conflitos, com o requinte de seguidores colocarem fim à vida terrena como passaporte para o paraíso.

            Bush também pode ser qualificado como um fundamentalista ocidental, ao dividir o “bem” e o “mal” para justificar as guerras preventivas, potencialmente contra o terrorismo, mesmo com o fiasco de não ter encontrado armas nucleares no Iraque, nem prendido Osama Bin Laden, que se auto-proclamou autor intelectual do 11 de setembro.

            Na verdade, a outra parte do mundo está farta desse jogo de interesses econômicos e injustiças. Os norte-americanos reelegeram Bush porque, no frigir das discussões com Kerry, garantiu que seria mais “duro” com os terroristas que seu oponente. Ocorre que, a nosso ver, George W. Bush, no caso, é parte do problema e não da solução. As votações “fechadas” a favor de Israel, na maioria das causas com seus vizinhos, têm muito a ver com as reações de facções radicais, ligadas ou não ao fundamentalismo islâmico.

            Pode haver um fanatismo sincero, ingênuo, que muda com o esclarecimento, mas há o cego e interesseiro, falso, hipócrita, por defender interesses particulares e buscar mais poder.

            A tese espírita, que tem sua luta própria para se escoimar de crendices, de poderes temporais e até do manto de “anjos”,  vai ao fundo das questões em busca da lei natural.    Talvez por ser tão simples, seja de difícil aceitação. Por ser anárquica e libertária, para que o homem ressurja como foco principal das ações humanas e espirituais, caminha a passos lentos, com tanto conteúdo para servir como complemento da paz.

            Essa simplicidade está numa resposta dada pelos espíritos a Allan Kardec: “Qual a causa da instabilidade das leis humanas?” – “Nos tempos de barbárie são os mais fortes que fazem as leis, e as fazem em seu favor. Há necessidade de modificá-las à medida que os homens vão melhor compreendendo a justiça. As leis humanas são mais estáveis à medida que se aproximam da verdadeira justiça, quer dizer, à  medida que são feitas para todos e se identificam com a lei natural”.

            Esse é o caminho.  

 

* José Rodrigues é jornalista e economista. Um dos coordenadores do site Pense-Pensamento Social Espírita. www.viasantos.com/pense