OPINIÃO Ano XI – 112 Setembro 2004

CONGRESSO DE RAFAELA INAUGURA NOVO TEMPO

Nossa Opinião: Uma orquestra que se afina

Editorial:  Entre Rafaela e Beslan

Notícias:  A presença do CCEPA no Congresso da CEPA   -  Novo curso de iniciação ao espiritismo no CCEPA  - A era de Kardec ,  A Conferência de outubro       

Opinião em Tópicos:  Que problemão  -   Só o Papa     -   Liberdade de religião    (Milton Medran Morreira)

Enfoque:  A Importância da Família na Formação do Ser (Néventon Vargas)

Opinião do Leitor

 

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CONGRESSO DE RAFAELA INAUGURA NOVO TEMPO

 

Com novos estatutos e reelegendo seu Conselho Executivo, a CEPA permanece com sua presidência no Brasil por mais quatro anos e inaugura uma nova fase de sua história.

 

Um Congresso Histórico

 

          O XIX Congresso Espírita Pan-Americano, realizado de 8 a 12 de setembro, na cidade argentina de Rafaela, com a participação de cerca de 600 inscritos, acaba de dar início a um novo período da história da CEPA.

          Por unanimidade, os delegados presentes, representando entidades filiadas à Confederação, situadas na Argentina, Brasil, Colômbia, Estados Unidos, México, Porto Rico e Venezuela, aprovaram um novo estatuto que moderniza a CEPA e torna mais ampla a participação de seus membros, horizontalizando decisões e criando novas áreas de trabalho.

          A Assembléia Geral da entidade reelegeu seu presidente, o brasileiro Milton Medran Moreira, assim como seu 1º e 2º vice-presidentes, respectivamente, Dante López (da Argentina) e Ademar Arthur Chioro dos Reis (Brasil). Para a 3ª vice-presidência, foi eleito o porto-riquenho Pablo Serrano.

          A nominata completa dos dirigentes da CEPA, escolhidos para gerir os destinos da entidade nos próximos 4 anos vai publicada no boletim América Espírita, encartado nesta edição.

 

Conselho Executivo e novos colaboradores, a partir da esq.: Raúl Drubich (Secretário de Estudos Científicos), Tereza Samá de Mayo (Tesoureira) Juan Carlos Cenizo (SecretárioEditorial), Dante López (1° Vice-Presidente), Salomão J.Benchaya (Secret.Geral),    Milton Medran Moreira (Presidente), Ademar Arthur Chioro dos Reis (2º Vice-Pres.), Pablo Serrano (3º Vice-Presidente), Cláudio Drubich (da Comissão Fiscal), Mauro de Mesquita Spinola (Secret.Adjunto) e Marcelo Henrique Pereira (Secr.da Juventude), Jon Aizpúrua (Assessor Especial).

 

Um grande tema para expositores convidados

 

          A temática central do Congresso “Espiritismo: uma contribuição à evolução consciente” permitiu a apresentação de excelentes painéis sobre Educação (com Marcelo Henrique Pereira, Sandra Regis e Ana Luciano de Culzoni), Mediunidade (Sandra Regis, Carlos Grossini e Dante López), Autoconhecimento (Adela Culzoni, Milton Medran Moreira, Moacir Costa de Araújo Lima e Alejandro Ruiz), Ação Solidária (Jacira Jacinto da Silva, Patrícia Manera e Mauricy Antônio da Silva) e Modelos de Consciência Atuais (Ademar Arthur Chioro dos Reis e Raúl Drubich), com enfoques sempre subordinados à questão da “evolução consciente” que também foi tema para uma conferência pública pronunciada por Jon Aizpúrua no Teatro Belgrano para mais de 700 pessoas.

          Além disso, temas variados versando sobre ciência, filosofia e moral espírita foram abordados no Fórum de Temas Livres para os quais se inscreveram dezenas de trabalhos.

 

A homenagem a Kardec e a presença de Porteiro

 

          Dois destaques especiais do Congresso. Na noite de 9/9, no Teatro Lasserre, realizou-se o painel comemorativo aos 200 anos de nascimento de Allan Kardec. Foram painelistas: Mauro Spinola, Hugo Beascochea e Jon Aizpurua, enfocando aspectos da vida e da obra do fundador do espiritismo.

          Outro destaque foi a realização de sessões mediúnicas com grupos limitados de congressistas para mostrar modelos utilizados em diferentes localidades. Numa dessas sessões, o espírito Manuel Porteiro ditou belíssima mensagem captada pela psicografia da médium brasileira Yolanda Polimeni.

          A mensagem do respeitado pensador espírita argentino integra as Declarações Finais do Congresso e serve de tema para o comentário que se publica abaixo.

 

Nossa Opinião

 

UMA ORQUESTRA QUE SE AFINA

 

          Em outubro de 2000, quando em Porto Alegre se realizou o XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, o espírito Manuel S.Porteiro surpreendeu-nos a todos com uma linda mensagem mediúnica que dizia:

          “Nota a nota compõe-se a sinfonia. Assim, no grande concerto da vida universal, cada nota representa um pensamento que procura a verdade e o amor como expressão da harmonia.

          Cantar num só coro não significa entoar o mesmo tom, a mesma voz, no mesmo tempo. Ao contrário, o coro se compõe de vozes, de sons diversos, de tons variados para que expressem a beleza.

          O Espiritismo é como a canção universal, entoa as notas da ciência, da filosofia e do amor para compor a harmonia dos que buscam as verdades que conduzirão o espírito humano a dimensões não imagináveis, mas de imensa felicidade”.

          Agora, no Congresso de Rafaela, Porteiro parece continuar a mensagem de 2000, ditando à mesma médium esta linda página:

          “Vejo que os músicos afinam seus instrumentos e ensaiam a melodia. A orquestra está pronta para executar a canção e a canção será bela. Será uma canção de amor que inundará todos os corações, que fará todos felizes e nos permitirá sorrir, porque fizemos a nossa parte. Cantemos, amigos, cantemos esta bela canção que se chama Trabalho, Tolerância e Fraternidade”.

          Sobre o Congresso de Rafaela que refletiu com precisão o atual momento histórico da CEPA e os objetivos das pessoas que levam avante esse projeto progressista e livre-pensador, nossa opinião é exatamente a do admirável espírito Manuel Porteiro: A orquestra está começando a ensaiar e a melodia que executa há de penetrar nos ouvidos e nos corações daqueles que ainda não quiseram ou não puderam entender a mensagem da CEPA. Esta foi composta sobre uma pauta de trabalho, tolerância e fraternidade. (A Redação).

 

Errata: Na reportagem de capa “Tudo pronto em Rafaela”, da edição de agosto, Opinião se referiu à Sociedad Espiritismo Verdadero como tendo sido fundada há 176 anos. Erramos. Aquela instituição tem 76 anos.

 

Editorial

 

ENTRE RAFAELA E BESLAN

Temos bastante religião para nos odiarmos, mas não o suficiente para nos amarmos.

Jonathan Swift

 

          Justamente às vésperas do histórico XIX Congresso Espírita Pan-Americano, que se celebrou em Rafaela, o mundo, novamente, era surpreendido por um dos mais revoltantes episódios de irracionalidade, fanatismo e barbárie.

          No exato momento em que, numa cidade da Argentina, cuidava-se de estruturar um evento tratando do tema “evolução consciente”, em Beslan, cidade russa situada a milhares de quilômetros, terroristas protagonizavam cenas dantescas que acabaram por produzir cerca de 350 vítimas, a maioria das quais crianças, tomadas como reféns em uma radical ação política.

          Como tem sido regra, nesses episódios de terror e irracionalidade que marcam a contemporaneidade, este também teve como inspiração componentes políticos e religiosos. Seus protagonistas, tanto quanto aqueles que promovem a guerra, dizem assim agir sob proteção divina.

          O horror daquelas cenas comprova, uma vez mais, que nem sempre a crença em Deus tem sido capaz de conduzir o homem ao bem. Entretanto, e necessariamente, a crença no homem sempre nos conduz a uma atitude positiva perante a vida.

          Crer no homem é acreditar em suas potencialidades para o bem. Mais do que crer é fazer em prol da promoção humana, independentemente de qualquer reserva relativamente à sua raça, seu credo, sua condição econômica, política, social ou cultural.

          Se contemplarmos sob essa perspectiva a história do homem, veremos que, apesar da violência, do terrorismo e da guerra que hoje apavoram todos os homens de bem que são, aliás, a grande maioria, a espécie a que pertencemos ruma para estágios superiores de evolução. O movimento é sempre ascendente e, por isso, esses fatos que, ontem, eram até institucionalizados pela religião e pelo poder civil, hoje revoltam profundamente o homem orientado por aquelas crenças que foram capazes de evoluir e pelo poder político efetivamente comprometido com o bem comum.

          Em Rafaela, nos últimos dias, espíritas de diferentes partes da América, trabalhando a idéia da evolução consciente, renovaram sua crença no homem e em suas potencialidades. E todos que lá foram saíram convencidos de que entre a barbárie de Beslan e o humanismo de Rafaela, fundado na crença dos valores do espírito, este há de preponderar. A razão sempre termina por vencer a ignorância e a luz acaba por debelar as trevas. As investidas do fanatismo, do terror e da barbárie não irão, jamais, derrogar a lei de progresso a que toda a humanidade está jungida.

 

Entre a barbárie de Beslan e o humanismo de Rafaela, fundado na crença nos valores do espírito, este há de preponderar

 

Notícias

 

A PRESENÇA DO CCEPA NO CONGRESSO DA CEPA

          Como sempre tem ocorrido nos eventos da CEPA, foi intensa a presença de integrantes do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre no XIX Congresso Espírita Pan-Americano.

          Sob a coordenação de Milton Bittencourt e Marta Samá, o CCEPA organizou uma excursão com ônibus especial que levou cerca de 30 participantes do Rio Grande do Sul, pertencentes ao movimento espírita de Porto Alegre, Santa Maria, Alegrete e Manuel Viana.

          Na organização do Congresso, colaboraram intensamente Milton Medran Moreira, Salomão Jacob Benchaya e Tereza de Mayo, integrantes do CCEPA que, igualmente, integram o Conselho Executivo da CEPA. Rui Paulo Nazário de Oliveira, presidente do CCEPA, foi eleito para integrar o Conselho Fiscal da CEPA na nova gestão.

          Um destaque especial para a atuação de Carlos Grossini no painel Mediunidade e Evolução Consciente e para Maria de Fátima Benchaya e Mariana Benchaya, também da delegação do CCEPA, com o trabalho “Instituição espírita: o olhar do jovem sobre este espaço”, para o Fórum de Temas Livres do Congresso. Maurice H. Jones integrou a Comissão de Avaliação de Temas Livres.

 

          Moacir Costa de Araújo Lima, que também é colaborador do Centro Cultural Espírtia de Porto Alegre, teve destacada atuação no Congresso da CEPA, como painelista e autor de dois trabalhos para o Fórum de Temas Livres. Lançou, no evento, seu último livro “A Era do Espírito” em ato do qual também o presidente da CEPA, Milton Medran Moreira, fez lançamento de sua recente obra “Direito e Justiça, um Olhar Espírita”.

 

 

NOVO CURSO DE INICIAÇÃO AO ESPIRITISMO NO CCEPA

          O curso, destinado especialmente a quem quer conhecer o espiritismo a partir de suas bases, terá duas edições, uma às quartas-feiras à tarde e outra às quintas à noite, conforme cartaz abaixo.

         

A ERA DE KARDEC – A CONFERÊNCIA DE OUTUBRO

          Maurice Herbert Jones, pensador espírita residente em Porto Alegre, ex-presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, atual vice-presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre é o conferencista de outubro do CCEPA. No próximo dia 4/10, seguindo a programação prevista para todas as primeiras segundas-feiras de cada mês, Jones abordará o tema “A Era de Kardec”, numa homenagem ao bicentenário de nascimento do codificador do espiritismo, que transcorre em 3 de outubro.

 

         

          Opinião em Tópicos

Milton R. Medran Moreira

          Que problemão

          Foi exatamente com esse título “que problemão para o catolicismo” que meu amigo Aureci Figueiredo Martins distribuiu a seus correspondentes na Internet a notícia, veiculada no mês passado sobre uma inusitada polêmica nos Estados Unidos.

          A menina Haley Waldman, de Trenton, EUA, teve sua primeira comunhão anulada pela diocese a que pertence porque a hóstia que lhe foi dada, na ocasião, não era feita de trigo, mas de arroz.

          Haley sofre de um problema digestivo que a impede de ingerir trigo. O glúten a expõe a sérios riscos, inclusive cancerígenos. O vigário não teve dúvida: mandou que lhe fizessem uma hóstia especial, à base de arroz, que foi a utilizada na cerimônia. Só que o bispado, com base em precedentes jurisprudenciais da Igreja, anulou o sacramento. Fundamento: hóstia que não seja de trigo não contém o corpo de Cristo. E ponto final.

         

          Só o Papa

          A mãe da garota, Elizabeth, não se conforma com a decisão. Só que, nesse caso, nem adianta se queixar ao bispo que já firmou posição: não é de sua competência transformar arroz em trigo (embora possa, como qualquer padre, transformar pão em corpo de Jesus).  Por isso, a família está querendo recorrer ao Vaticano. Só o papa talvez possa convalidar essa comunhão. Ou nem ele. Acontece que, em precedente famoso, também acontecido nos Estados Unidos, uma outra menina, de 5 anos, que sofria da mesma doença, teve sua primeira comunhão anulada em todas as instâncias, inclusive na Santa Sé, porque ingerira partícula consagrada feita de arroz e não de trigo. Nesse caso – diz a notícia que foi publicada no site do jornal O Estado de São Paulo - , a família terminou deixando o catolicismo, inconformada com a decisão.

         

          Liberdade de religião

          Há aqueles que, inconformados, deixam a Igreja, diante de decisões que lhes pareçam absurdas. Mas a regra não é essa. O catolicismo, por exemplo, está cheio de divorciados que se casam outra vez, de mulheres que usam anticoncepcionais e comungam, de crentes que não vão à missa aos domingos. E, mesmo sabendo que essas violações são tidas pelas leis eclesiásticas como graves, seguem se dizendo católicos.

          Há também – e cada vez em maior número – judeus reencarnacionistas, cristãos cumprindo obrigações em terreiros de umbanda e espíritas fazendo promessa no Santuário de Aparecida.

          Antropólogos e sociólogos que têm se dedicado a interpretar o fenômeno religioso de nosso tempo, especialmente no Brasil, afirmam que a tendência hoje é mesmo esta. Cada crente recolhe princípios, ritos e crenças das diversas religiões disponíveis no mercado e faz desse conjunto a sua religião particular, mesmo que siga se dizendo pertencente a uma delas. Libertos do jugo da fé imposta e do temor reverencial que ela impunha, os crentes se sentem descompromissados da obediência irrestrita às normas de sua religião convencional.

 

          Liberdade da religião

          Krishnamurti de Carvalho Dias, o grande pensador espírita que nos deixou há pouco mais de 3 anos, em uma de suas brilhantes tiradas, estabeleceu a diferença entre liberdade de religião e liberdade da religião. Os crentes polivalentes que adotam essas fórmulas híbridas assimilaram a liberdade de religião. Trocam uma pela outra. Misturam umas com as outras. Mas seguem fascinados pelo mistério, que é base de todas elas, garantia de sua sobrevivência e fator de preservação de seu poder sobre as massas. Libertar-se da religião implica em decisão quase sempre solitária e corajosa. Diferentemente do que pensam os religiosos de todos os matizes, a decisão de libertar-se da religião não implica em libertar-se da espiritualidade e nem em negar Deus. Porque espiritualidade é muito mais que religião e Deus não é propriedade dos sistemas institucionalizados da fé.

          Quando, como no caso dos EUA, se tem a coragem de contestar um elemento ritual sagrado, substituindo-se-o por outro, se está vivendo a liberdade de religião. Mas, ainda não se é capaz de libertar-se da religião.



Enfoque

A Importância da Família na Formação do Ser

Néventon Vargas *

Hoje, como no passado e, acredito firmemente, no futuro, a estrutura familiar tem papel fundamental na formação da personalidade dos indivíduos. É, portanto, nela que está alicerçada a sociedade, pois esta vem a ser o reflexo das individualidades que a formam.

Para embasar a nossa argumentação, precisamos antes tecer alguns comentários a respeito de nós próprios, da nossa natureza, da nossa origem e do nosso destino. Ou seja, reportemo-nos à Filosofia de Sócrates, que recomenda: “Conhece-te a ti mesmo”.

A Filosofia Espírita tem em O Livro dos Espíritos os seus fundamentos, apresentando-se na sua página de abertura como Filosofia Espiritualista, que trata da imortalidade da alma, da natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, das leis morais, da vida presente, da vida futura e o porvir da Humanidade.

Após uma extensa e necessária introdução, onde esclarece sobre termos, método e objeções inerentes à Doutrina que está sendo apresentada, Allan Kardec inicia os questionamentos de forma brilhante, interrogando “O que é Deus?”, marcando um alicerce inquestionável para a seqüência da exposição, ao mesmo tempo em que se afasta do antropomorfismo até então existente na concepção de Deus.

Outras questões que devem ser citadas no encaminhamento da nossa argumentação, são:

-         132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

-         166. Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se?

-         766. A vida social está em a Natureza?

-         775. Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?

-         919. Qual é o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal?

Tais questões tratam da necessidade da encarnação, da evolução através da reencarnação, da necessidade da vida social e dos laços de família.

Analisando as questões apresentadas, suas respostas e respectivo desenvolvimento, concluímos naturalmente que somos os seres inteligentes da criação, eternos, cuja essência é espiritual; viemos do mundo espiritual, que é a nossa verdadeira morada; estamos na terra experimentando as vicissitudes da vida corporal para nos desenvolvermos moral e intelectualmente; voltaremos, com a morte do corpo, à pátria espiritual, onde teremos a oportunidade de analisar nossos erros e acertos, planejando novo estágio, em outro corpo, para continuar nossa evolução.

Eis o Ciclo da vida!

Mas o “Conhece-te a ti mesmo”, expresso na questão 919, não se resume apenas em saber da nossa essência, da nossa origem e do nosso destino. Envolve também a necessidade uma introspecção séria e honesta para identificarmos em nós todas as virtudes, todos os vícios, todos os erros, e assim lutarmos ininterruptamente para corrigir estes, superar outros e sublimar aquelas.

Eis a chave para a evolução espiritual!

Mas tais procedimentos só se tornam viáveis quando o indivíduo já tem consciência de suas necessidades, quando dá a devida importância para os valores morais.

Isto nem sempre é possível sem o auxílio de outros. Criado simples e ignorante, o Espírito jamais evoluiria se não tivesse as referências da vida em sociedade.

Lembremos que, na impossibilidade de o indivíduo evoluir isoladamente, a sabedoria divina coloca ao homem, em estágio na vida corporal, a necessidade da vida familiar, onde desenvolve suas faculdades com total dependência de seus ascendentes.

Aí ele tem as primeiras referências da vida corpórea, esquecido, temporariamente, das vidas precedentes. Aprende, desde os primeiros instantes de vida que a mãe responde às suas manifestações. A seguir, começa a tomar conhecimento dos demais membros da família que, depois de certa idade, passam a ter forte influência na formação do seu caráter. É neste período que a criança é mais suscetível de influência e que marca no seu íntimo todas as impressões externas que mais tarde, na adolescência e na fase adulta, se manifestarão consciente ou inconscientemente.

Em tais circunstâncias fica evidente o caráter da missão dos pais, pois cabe a eles, instrumentos do Criador, direcionar a evolução da pequena criatura.

Vale lembrar, entretanto, que a criança é um espírito em evolução e, como os demais membros da família, tem nas vidas pregressas uma história desconhecida, mas decisiva na formação da sua personalidade atual.

Tal entendimento nos recomenda comedimento nos sucessos, bem como indulgência nos insucessos que se obtenha na criação dos filhos. Entretanto, é acentuada a responsabilidade individual de cada membro na estruturação da família e, em conseqüência, da sociedade, tendo em vista que a todo instante somos referência para quem convive conosco. Cabe-nos então a constante vigilância para crescermos moral e intelectualmente, superando deficiências e redobrando esforços para vencermos as más tendências

 

marcador Néventon Vargas, militar da reserva, engenheiro civil, professor licenciado em física, assessor de comunicação social da CEPA, residente em João Pessoa, PB.

 

Opinião do Leitor

 

          Olá Milton. Li e reli com entusiasmo o texto "La actualidad del espiritismo en Francia", no boletim “América Espírita”, encartado em "Opinião" de agosto. O autor, Jacques Peccatte, ao mostrar os trabalhos do Círculo Espírita Allan Kardec na França traz um grande alento quanto ao reencontro do espiritismo com suas origens. Mais do que esperança, estamos certos de que esse reencontro não tem volta, pois está colocando o espiritismo em par com outros formas de conhecimento. Como diz Peccatte "o espiritismo tem seu lugar no mundo...".  Parabenizo também a d. Ruth Neumann pela versão do texto do francês para o espanhol.   

          José Rodrigues - Santos (SP).