OPINIÃO Ano X – 110 Julho 2004

 

QUANDO O ESTUDO FAZ A DIFERENÇA

Nossa Opinião: CCEPA um núcleo singular

Editorial:  A lógica da guerra e a lógica da paz

Espiritismo : O pensamento atual da CEPA – Livro lançado na XIV Conferência Regional Espírita

Notícias:   Salomão e a Alteridade   Educadores espíritas poderão formar associação     

Opinião em Tópicos:  O perdão do Papa  Temos o que merecemos   O poder    É tempo de promessas (Milton Medran Morreira)

Enfoque:  O Exemplo dos livros (Carlos Grossini)

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QUANDO O ESTUDO FAZ A DIFERENÇA

 

Com temas previamente escolhidos, grupos do CCEPA inovam mais uma vez.

 

          A cada trimestre do ano um novo tema. É assim que os quatro grupos que desenvolvem estudos mais avançados de espiritismo no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre realizam suas atividades durante o ano.

          No passado mês de junho, de 3 a 17, os grupos (dois do período da tarde e dois da noite) fizeram a apresentação final dos “Temas de Outono”. O resumo dos trabalhos é feito no auditório do CCEPA, em forma de seminário, com integrantes dos demais grupos.

          Temas de Outono

          Os dois grupos do período da noite, coordenados por Rui Paulo Nazário de Oliveira e Carlos Grossini, elegeram como temas de outono, correspondentes ao primeiro trimestre do ano, respectivamente: “Parapsicologia e Espiritismo” e um estudo de “A Gênese” de Allan Kardec. Já os grupos da tarde, coordenados, respectivamente, por Leda Beier e Eloá Bittencourt ocuparam-se o primeiro do tema “Importância e Significado da Vida Física” e o segundo de “Mediunidade – Metodologia Kardequiana”.

          Temas de Inverno

          Encerrada a apresentação dos grupos, estes já partiram para o estudo dos chamados “Temas de Inverno”, que se desenvolverão até setembro. O grupo noturno coordenado por Rui Nazário aborda, nesse período, um estudo de “Manuel S. Porteiro – Vida e Obra”; Grossini e seu grupo “Crestomatia Espiritualista”. À tarde, Leda coordena estudos sobre “A Família – Laboratório da Consciência” e Eloá e seu grupo examinam “Regressão de Memória e Terapias de Vida Passada”.

          Outros programas

          As temáticas agora iniciadas estendem-se até setembro, quando “Temas da Primavera” inauguram novas programações até o final do ano.

          Simultaneamente, o Departamento de Estudos do CCEPA, dirigido por Maurice H. Jones, mantém em funcionamento o Ciclo Básico de Estudos Espíritas que, sob a coordenação de Salomão Jacob Benchaya, reúne, uma vez por semana, pessoas que cumprem o estágio inicial do estudo espírita, tendo como fundamento as obras básicas de Allan Kardec. Além disso, no mínimo duas vezes ao ano, promove-se o Curso de Iniciação ao Espiritismo, voltado para o público em geral.

 

Nossa Opinião

CCEPA – UM NÚCLEO SINGULAR

          Já se passaram mais de 25 anos, desde quando, tendo como laboratório a antiga Sociedade Espírita Luz e Caridade, hoje Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, nasceu o primeiro projeto de estudo sistematizado da doutrina espírita. A partir dali, quando, então, eram dirigentes da Federação Espírita do Rio Grande do Sul Maurice Herbert Jones e Salomão Jacob Benchaya, se desfecharia o que, talvez, passe para a história do espiritismo como a mais importante iniciativa no campo do estudo doutrinário: a Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que, mais tarde, seria também lançada em nível nacional pela Federação Espírita Brasileira, por proposição daqueles mesmos dirigentes da FERGS.

          O pioneirismo da SELC, hoje CCEPA, resulta de um permanente estado de inquietude que caracteriza as pessoas atraídas para este núcleo. Nada sintetiza melhor essa inquietação do que a frase cunhada por Jones: “Sabemos pouco, não temos certezas definitivas, mas ousamos buscar”.

          Não poucas vezes, essa singular casa espírita sediada no extremo sul do Brasil é apontada como um nicho de intelectuais. Nada mais falso. No CCEPA, como na antiga SELC, da mesma forma que no movimento espírita em geral, há pessoas de todos os níveis intelectuais: com pouca ou razoável instrução formal; portadores de diplomas superiores ou apenas com instrução fundamental. Mas existe, em verdade, um elo que os une: o desejo de aprender, a ânsia da busca, a inquietação por mudanças que melhor viabilizem o conhecimento, a difusão e a vivência do espiritismo em consonância com todas as áreas do saber.

          No CCEPA estudar espiritismo é uma regra a que todos se submetem com prazer. Necessariamente, todo o trabalhador da Casa deverá integrar um de seus grupos de estudo. Contribuirá como pode e na medida de sua disposição e disponibilidade. Mas, é justamente esse o fator que, por acréscimo, fortalece vínculos de amizade, qualificando as relações humanas de seus componentes.

          Reunirmo-nos para estudar para nós é sempre uma celebração. Quase uma festa. Está aí um modelo singelo, que, na verdade, sequer consegue atrair número expressivo de pessoas. Mas que tem funcionado. Aqui, podemos dizer que o estudo, e não um estéril intelectualismo, faz a diferença. (A Redação)

 

 

A LÓGICA DA GUERRA E A LÓGICA DA PAZ

 

Onde reina o amor não há desejos de poder, e onde domina o poder há ausência de amor. Um é a sombra do outro.
(C.G.Jung)

          Embora vivamos todos num mesmo mundo, é inegável que nossos valores se situam em mundos bem diferentes uns dos outros. Cultivamos lógicas díspares que nos fazem ver o homem, o mundo e os fenômenos que nos rodeiam sob óticas inteiramente diferenciadas.     Há os que atravessam a vida cultivando a lógica da guerra e há os que vivem sob a lógica da paz. Uns e outros raciocinam de forma totalmente diferente. Aquela soldado americana, fotografada apontando uma arma contra os órgãos genitais de um prisioneiro iraquiano ou puxando outro por uma corda, feito um cão, aquela moça, por certo, foi instruída rigorosamente sob a lógica da guerra. Diante dela e sob sua guarda, estavam apenas prisioneiros. Suas vidas não tinham importância alguma. Bem que poderiam ter sido mortos antes de ali estarem.

          Igualmente, os terroristas árabes que, mascarados, gravaram em vídeo a decapitação de um soldado americano, pela lógica que cultivam cometeram um ato inteiramente justo. Ali não estava um homem, mas um povo que, por justiça, teria de ser vingado.

          A vida, a honra e a dignidade humanas passam a valer nada quando vistas sob a lógica da guerra, da violência ou da vingança. Há outros valores que se apresentam como superiores: o poder, a riqueza e até o patriotismo e a fé. Sim, porque patriotismo e fé sem amor, humanismo e justiça, levam ao fanatismo, à barbárie e à covardia. São doenças da humanidade que, ontem, podem até haver produzido heróis e santos, mas que, hoje, envergonham a raça humana.

          Só teremos razão de nos orgulhar de nossa condição humana quando todas as nossas ações estiverem rigorosamente orientadas pela lógica da paz.  Mas isso não tem se mostrado fácil. Não basta sairmos à rua agitando bandeiras brancas e pedindo paz. Isso é só um ato exterior. A lógica da paz é cultivada internamente e adubada por renúncias e atitudes de respeito e solidariedade que, na prática, terminam sendo bastante custosas.

          Em meio a tudo isso, resta-nos esta certeza: por mais que insistamos em nos autodestruir, pertencemos a uma espécie fadada a vencer. Basta olhar para trás e ver o que já fomos e aonde conseguimos chegar.       

 

Por mais que insistamos em nos autodestruir, pertencemos a uma espécie fadada a vencer.

 

 

LANÇADO NA XIV CONFERÊNCIA REGIONAL ESPÍRITA O LIVRO:

ESPIRITISMO:   O PENSAMENTO ATUAL DA CEPA

 Uma coletânea de artigos sobre o que é a Confederação Espírita Pan-Americana, seus objetivos, sua natureza, sua história, sua organização e, sobretudo, o que pensa, como instituição, acerca de alguns temas doutrinários e da organização do movimento espírita.

Leia aqui a síntese do pensamento dos diversos autores sobre os temas abordados na obra.

 

“Aquele que não assumir perante o Espiritismo, ou qualquer outra proposta cultural, uma postura crítica corre o risco de simplificações facilmente deturpadoras que levam ao sectarismo, ao fanatismo e à intolerância.”                                                                     Milton Medran Moreira

 

“Não se coaduna com a verdade pretender identificar laicismo com anti-religiosidade, nem, evidentemente, com ateísmo. Laico não é anti-religioso; laico é arreligioso, ou seja, um terreno neutro em questões religiosas.”                                                                               Jon  Aizpúrua

 

"No son las personas que la integran, ya que éstas fueron cambiando a través de todos estos años, pero en el pensamiento fiel a Kardec, investigador, inquisitivo, progresista, íntegro, abierto, tolerante pero firme en su definición de conceptos, allí está la CEPA.”              Dante López

 

“A partir do momento em que o Espiritismo foi institucionalizado, começou sua descaracterização, transformado numa seita ligada ao modelo judaico cristão do pecado e do castigo.”                                                                                                                        Jaci Regis

                                        

 

 “Reina, infelizmente, nos meios evangélicos a concepção de uma doutrina sagrada, completa, de origem divina -  qual obra divina seria imperfeita? -,  modelo de pensar que gera entre os seus profitentes uma postura imobilista, de vocação salvacionista, posto que depositária da verdade.”                                                                                                                      Salomão Jacob Benchaya

 

“Os exemplos de desrespeito aos textos básicos do Espiritismo, até aqui, têm sido perpetrados com mais freqüência no próprio seio  da oficialidade dominante.”                     Wilson Garcia

 

“Nessa visão de Kardec, o espiritismo não pode, de nenhum modo, estagnar-se; se o fizesse, não seria uma ciência, e nem mesmo uma filosofia, uma vez que tanto uma quanto outra só se efetivam com a contínua inquietação do pensamento.”                                Reinaldo Di Lucia

 

  “Não se pode legitimamente falar de espiritismo sem praticar sua ética, o que nos traz a convicção de que fraternidade e diálogo são elementos que pragmaticamente o caracterizam.”                                                                                             Luiz Signates

 

“A figura do evangelizador nunca foi idealizada por Kardec em nenhum momento. Nem mesmo em seu terceiro livro da Codificação.”                                            Carlos de Brito Imbassahy

 

“A simples menção da possibilidade de atualização do espiritismo deixa os dogmáticos em pânico, apesar do claro ensinamento de Kardec, de que o espiritismo jamais ficaria ultrapassado, porque caminharia com a ciência.”                                                                       Nícia Cunha

 

“E a CEPA  nos oferece um exemplo prático de despojamento, humildade, simplicidade e, o mais importante, eficiência na sua forma de agir e atuar, priorizando o que é, deve e precisa ser priorizado: a doutrina e o movimento.”                                             José Joaquim Marchisio

                                                                       

“O Espiritismo é intrinsecamente dinâmico e sujeito, portanto, a um permanente processo de atualização cuja condução é, sim, responsabilidade de espíritos encarnados assim como já o fora sua codificação.”                                                                                     Maurice Herbert Jones

 

       Leia, pense e depois faça seu julgamento.

 

 

Notícias

SALOMÃO E A ALTERIDADE

          Prosseguindo com a programação de conferências especiais, sempre na primeira segunda-feira de cada mês, no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, neste dia 5 de julho, Salomão Jacob Benchaya, Diretor de Eventos do CCEPA, aborda o tema “Fundamentalismo e Alteridade – Como lidarmos com as diferenças”.

          No mês de julho, como convidado do CCEPA, o Prof. Cícero Marcos Teixeira, biólogo e mestre em educação, abordou “Genética e Reencarnação”.

          Convidado para o mês de agosto, o médico Ricardo Herbert Jones, abordará, no dia 2/8, o tema “De Médico a Curador – Modelos Conceptuais na Arte de Curar”

          As conferências da primeira segunda de cada mês são inteiramente abertas ao público, assim como as abordagens feitas nas demais segundas-feiras, sempre às 20h30min., no Grupo de Conversação Espírita.

          No turno da tarde, às sextas-feiras, às 15 hs., igualmente reúne-se um Grupo de Conversação Espírita, no auditório do CCEPA, com participação inteiramente aberta ao público.

          (FOTO DE SALOMÃO)

Salomão Jacob Benchaya aborda o tema “Fundamentalismo e Alteridade”, neste dia 5 de julho.

 

EDUCADORES ESPÍRITAS PODERÃO FORMAR ASSOCIAÇÃO

          Aconteceu na Universidade Santa Cecília, em Santos, SP., nos dias 10, 11 e 12 de junho, o I Congresso de Pedagogia Espírita.

          Contando com a participação de aproximadamente 1.100 pessoas, lotando o auditório da Universidade, o evento teve como um de seus importantes destaques o lançamento da campanha de criação da Associação de Educadores Espíritas. Os educadores foram convidados a unir forças e formar associações regionais, num primeiro momento, para que, no futuro possa se estruturar uma entidade de abrangência nacional.

          A idealizadora do evento a Profa. Dra. Dora Incontri autografou seu livro "Pedagogia Espírita" e abriu o evento com uma conferência proferida com muita emoção. Outras tardes de autógrafos também ocorreram, com o lançamento de obras dos seguintes escritores espíritas: Prof. Regis de Morais, Profª. Priscila Nacarato, Eduardo Monteiro, Prof. Ney Lobo, Dr. Antônio Carlos Costardi, Profa. Heloísa Pires, Nancy Puhlmann, Rita Foelker, Adalgiza Baliero, Cleber Novelino e Dr. Francisco Cajazeiras.

          Educadores espíritas de 14 Estados brasileiros participaram do congresso, que foi transmitido ao vivo pelas Rádios Boa Nova e Rio de Janeiro.

          O encerramento do conclave esteve a cargo do médico Sérgio Felipe que, em sua conferência, apresentou o projeto Uniespírito – A Universidade do Espírito.

 

A pedagoga Dora Incontri, idealizadora do evento, abriu o Congresso de Pedagogia Espírita, com emocionada conferência.

 

 

Opinião em Tópicos

 

Milton R. Medran Moreira

 

          O Perdão do Papa

          No último mês de junho, João Paulo II, em mensagem pública, voltou a pedir perdão dos erros cometidos pela Igreja na Inquisição.

          Quem sou eu para dar conselho ao Papa? Mas, se pudesse, pediria a ele que acabasse com esses pedidos de perdão e que liberasse, de uma vez por todas, a cristandade desse complexo de culpa que a atormenta. Os erros da Igreja não são apenas erros da Igreja. São erros de nossa civilização. São erros da humanidade. A História é uma sucessão de erros, de equívocos, de crimes que, todos juntos, devemos assumir. É exatamente assim que se dá o processo de crescimento da humanidade. E do indivíduo também. Errando e aprendendo. Caindo e levantando.

          Temos o que merecemos

          Ao tempo em que o Tribunal da Inquisição queimava hereges, éramos nós próprios, gênero humano, que lá estávamos, agindo em nome das verdades que tínhamos tudo para pensar fossem absolutas e eternas. E, em defesa dessa verdade, que, afinal de contas, detinha o respaldo da própria palavra de Deus, não hesitávamos em desprezar o homem. As maiores humilhações sofridas pelo homem na sua história foram praticadas pelo próprio homem e em nome de Deus.

          Na realidade, cada civilização tem as leis, o governo, a religião, os costumes e a moralidade que for capaz de assimilar.Envergonharmo-nos deles depois não resolve nada. Importante, sim, é esforçarmo-nos, hoje, por remover suas veladas influências que, sorrateiramente, permanecem.

          Transportando tudo isso para a atualidade, quando a atividade e os organismos políticos assumem a centralidade de nossa vida, podemos também dizer: cada sociedade tem os políticos que merece.

          O poder

          Por tudo isso é que é que cada vez tenho mais compaixão de quem está no poder. Mesmo que ele seja um sujeito bacana, bem intencionado, situado à frente de seu tempo e de seus costumes, capaz de, pessoalmente, pôr-se acima dos erros contumazes de sua época, ele sempre será refém das circunstâncias que o rodeiam.

          Imagino que todo o governante honesto saia do poder frustrado. O exercício do poder é uma dura prova para o homem.

          Por isso, as grandes mudanças que transformam uma nação ou a humanidade como um todo, nunca partem do núcleo do poder. Por melhor que este seja. Partem sempre da periferia. Daí os hereges, cujas verdades foram sufocadas pela Igreja e cujo acerto só o tempo pôde confirmar. Daí também as revoluções que precisaram derrubar reis ou ditaduras para implantar uma nova ordem social. Esta também logo se contaminará, na medida em que se estruturar como poder.

          É tempo de promessas

          Tudo seria diferente, é claro, se fôssemos governados por deuses, como chegamos a pensar que éramos em outros tempos. Mas somos homens, imperfeitos, que, imperfeitamente, tratamos de nos organizar como sociedade. Não há outro jeito que não seja esse.

          É uma pena que a maioria das pessoas bem intencionadas que postulam o poder não pensem em todas essas limitações e condicionamentos. E, por isso, prometem. Prometem o que nunca poderão dar enquanto governo. Prometem concretizar sonhos que são justos e que todos sonhamos, mas que pedem tempo para se realizar.

          Acho que isso também nós estamos começando a aprender. É bom que seja assim. Pois vem aí um novo período eleitoral.

 

 

Enfoque   

           

         

O Exemplo dos Livros.

          Carlos Grossini *

 

                   Foi num destes almoços mensais do CCEPA que conversando com o Valdir Ahlert, companheiro de grupo de estudo, ele fez o seguinte comentário, “que pena que eu não fui acostumado a ler desde pequeno”. Pensei e respondi: “Comigo foi assim também. E eu também sinto por isso”.

          Depois desta conversa, comecei a pensar sobre o assunto, ou seja, da nossa relação tardia com os livros, e fiz uma abstração sobre eles, os livros. Estou me convencendo de que existem algumas facetas desses nossos amigos que eram ignoradas por mim antes da reflexão que me inspirou a escrever este texto. Vamos lá, serão necessárias umas poucas linhas.

          Os livros respeitam muito o nosso livre arbítrio, pois mesmo diante da nossa indiferença estiveram ali quietinhos a nossa espera, e mesmo depois de descobertos toleram muito bem o nosso ritmo de leitura, seja ele qual for.

          Os livros são bastante pacientes, nunca reclamam quando nós nos esquecemos do que lemos e voltamos a percorrer as suas páginas para relembrar algo que achamos muito importante, porém já   lido e esquecido.

          Os livros são discretos, não invadem o nosso correio eletrônico e nem abrem aquelas janelinhas indesejáveis na frente de nossos olhos.

          Esses nossos amigos, os livros, estão permanentemente a nossa disposição e, ao abrir uma de suas páginas, será quase impossível encontrarmos uma mensagem, “esta página não está disponível no momento”.

          Penso então, que temos muito a aprender com os livros e, nesse caso, não estou me referindo ao conteúdo propriamente dito e sim à forma com que este conteúdo chega até nós: para uns mais cedo, para outros, como eu e o Valdir, mais tarde. Essa temporalidade passa então a ser secundária, pois os livros não perecem e nem sequer aguardam o melhor momento para se mostrarem. Fazem diferente, ficam a disposição das nossas escolhas, o que geralmente acontece no tempo de cada um.

          Estou agora imaginando que nós poderíamos procurar nos orientar pelo exemplo que os livros nos dão, sendo também respeitadores do momento de cada um, com paciência, discrição e disponibilidade. 

          Será importante também aceitar, como os livros, que as pessoas nos abandonem antes do esperado, sem com isso ficarmos chateados, pois o que aconteceu foi só o desinteresse de quem nos acompanhava.

          Os livros nos amam e nunca nos disseram isso da boca para fora. Até porque quem os criou, pensou, pensou e resolveu fazer com que eles não falassem.

          Acho que esta é a maior lição dos livros: o amor incondicional, se é que esta expressão não seja redundante.

          E agora Valdir, o que faremos?  Sugiro irmos ao encontro destes nossos amigos, os livros. Não para recuperarmos o tempo perdido, e sim para melhorar o tempo que temos para viver, pois do que li até o momento esta foi a melhor descoberta que através dos livros aprendi.

* Carlos Grossini – Administrador hospitalar; Coordenador de Grupo de Estudos Espíritas no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.

 

 

ANÚNCIO DO CONGRESSO

 

AINDA É TEMPO DE INSCREVER-SE E PARTICIPAR DO XIX CONGRESSO ESPÍRITA PAN-AMERICANO.

O MAIOR EVENTO ESPÍRITA NO ANO DO BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE KARDEC.

RAFAELA – ARGENTINA – 8 A 12 DE SETEMBRO/2004

O CENTRO CULTURAL ESPÍRITA DE PORTO ALEGRE ENVIARÁ NUMEROSA DELEGAÇÃO.

JUNTE-SE A NÓS

INFORMAÇÕES: CENTRO CULTURAL ESPÍRITA DE PORTO ALEGRE

Rua Botafogo, 678, Porto Alegre, Fone (51) 32316295 – E-mail: ccepa@terra.com.br