Artigo de Reinaldo Di Lucia - Publicado na Espirit Net em Abril de 2001

EDUCAÇÃO ESPÍRITA

O espiritismo, ao vir a lume em meados do século passado, trazia um atrativo especial, que o fazia digno da curiosidade e da atenção das camadas mais intelectualmente preparadas da Europa: uma nova forma de ver o mundo, calcada exclusivamente na razão e na pesquisa. Em suma, era, fundamentalmente, uma nova forma de conhecimento, e descortinava uma nova verdade: a realidade do espírito.

Ora, à parte os elementos característicos da pesquisa ( método, recursos, critérios de validação ), qualquer novo conhecimento está sujeito a um problema que mais cedo ou mais tarde deve ser satisfatoriamente resolvido: o modo pelo qual será feita a transmissão deste novo conhecimento àqueles que não participaram de sua elaboração.

Coloca-se, assim, o problema do ensino espírita. Que nada mais é que uma faceta de um problema fundamental do ser humano: o de utilizar os conhecimentos das gerações anteriores para preparar as novas gerações e fazê-las procurar o desconhecido. E, neste quesito, o ensino espírita passa pelos mesmos problemas do ensino de qualquer outro conhecimento.

A grande discussão atual do ensino é como utilizar os modernos meios de comunicação ( que, ademais, transformaram não só os modos de transmissão de informação, mas a própria cultura dos povos ). Isto porque nossa aula tradicional ( aquela em que um professor na frente da classe, passa as informações a um grupo de alunos ) é originária da época da Idade Média, um tempo no qual, não havendo sequer livros em quantidade tal que pudessem ser facilmente consultados pelas pessoas, a informação oral era a única possível.

Entretanto, os meios de comunicação de massa, que incluem a TV, o satélite e a Internet, estão transformando esse modelo rapidamente numa estrutura ultrapassada. Não só a facilidade de aquisição de informações várias por todos ( informações que estão acessíveis de um modo rápido e barato ), mas também a necessidade de atualizar também rapidamente estas informações tornam o professor ( e a sala de aula tradicional ) elementos anacrônicos.

Assim, o ensino está num processo de grandes mudanças: não é mais sua função transmitir informações ( que podem ser obtidas mais eficientemente de outras formas ). O principal objetivo é ensinar as pessoas a pensar, a utilizarem de modo correto e criativo a enorme gama de informações a que elas passaram a ter acesso.

Estas considerações valem também para o ensino espírita; e, pensando bem, com agravantes: a falta de uma evolução continuada do pensamento espírita faz com que sua linguagem, e também alguns conceitos, estejam defasados, longe da realidade atual de nossos jovens, e mesmo dos adultos.

O movimento espírita precisa criar novas formas de transmitir o conhecimento espírita, dando ênfase aos novos conceitos que surgem e focando a consciência crítica, disponibilizando meios de aquisição de informações adequados à nossa época. Não podemos repetir os mesmos enganos que o ensino tradicional tem cometido, e que colocam o Brasil num dos últimos lugares no " ranking " cultural mundial.