Setembro de 2005

Tudo pronto para o 9º SBPE - Capa

As providências para a realização do 9º SBPE estão prontas. O temário está definido. A hospedagem contratada.

Agora é só guardar a inscrição e a presença dos espíritas.

Na edição passada publicamos a relação completa dos temas e seus autores.

O tempo para a apresentação dos trabalhos será de 60 minutos, dos quais 20 minutos devem ser reservados para perguntas e debates. O tempo parece suficiente, desde que aproveitado eficientemente. Por isso os expositores deverão preparar suas apresentações com dados que dêem o perfeito perfil de seus temas. Deve ser recordado que o inteiro teor dos temas estará à disposição dos interessados no CD que será produzido pelo SBPE e à venda desde o início do Simpósio.

O 9º SBPE contará com um projetor multimídia. Os expositores que desejarem utilizá-lo deverão entrar em contato com a Comissão Organizadora para a equação da disponibilidade do aparelho.

Mesas redondas

Duas mesas redondas serão realizadas.

A primeira, na quinta-feira, dia 13 de outubro, na inauguração do Simpósio, a partir das 15:30 horas.

Essa mesa debaterá o tema NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ES-PIRITISMO, a partir de um texto que será apresentado por Jaci Regis.

Após a leitura do texto, o assunto será debatido por um grupo de expositores convidados: Milton Medran, Reinaldo di Lucia, Mauro Spinola, Jacira Jacinto da Silva, e outros, aberto o debate para os presentes.

A segunda mesa redonda será realizada no sábado, dia 15 de outubro, também a partir das 15:30 horas. O tema será A ÉTICA ESPÍRITA E O ABORTO, A EUTANÁSIA, CÉLULAS EM-BRIONÁRIAS E ANENCEFALIA.

Serão debatedores, Ademar Arthur Chioro dos Reis, Maria Cristina Zaina, Alcione Moreno, Jacira Jacinto da Silva, Milton Medran Moreira, Marcelo Henrique Pereira e outros, aberto o debate a todos os presentes.

Reunião da CEPA

Como em sido rotina, neste SBPE haverá uma reunião dos delegados e amigos da CEPA. Será na sexta-feira, dia 14 de outubro, a partir das 15:30 horas. A reunião será presidida pelo presidente da CEPA, Milton Medran.

Encerramento artístico

A Comissão Organizadora convidou Marcelo Henrique Pereira para apresentar seu trabalho Descobrindo a Arte Espírita, no domingo, dia 16, no encerramento do Simpósio. Além da parte teórica, Marcelo Henrique, junto com Sandra Régis, comandará uma apresentação artística de canto.

Façam já suas inscrições

O prazo para as inscrições foi fixado até o fim de agosto por conveniência da organização. Os que ainda não fizeram devem fazê-lo imediatamente, para que a Comissão Organizadora tenha condições de organizar a hospedagem e outras providências para o sucesso do Simpósio.

Eros e Tanatos - Jaci Régis

A mitologia grega criou deuses que encarnavam os sentimentos, medos, esperanças humanas. Eros é o deus da vida, do amor. Tanatos, o da morte.

A idéia que o Espiritismo acende na mente das pessoas parece estar mais para Tanatos do que para Eros. Aliás, essa é também ou, mais precisamente, essa é a raiz do conceito de vida do cristianismo e de todas as religiões sempre preocupadas mais com a morte do que com a vida.

Toda a engrenagem teórica das religiões e mesmo de algumas escolas filosóficas está voltada para preparar a criatura para a morte, a vida depois da vida do que para bem vivê-la e gozada. As filosofias do existencialismo concluem que o homem é um ser para o nada ou para a morte.

As religiões cristãs desprezam a vida, o sexo, a alegria, o prazer e concentram-se na exaltação da dor, do sofrimento como caminhos exclusivos para a salvação.

No Espiritismo, não tem sido diferente.

No Espiritismo a brasileira, seguindo o caminho do catolicismo, a dor é exaltada. A criatura é liminarmente culpada.

Emmanuel, o líder mais recente da religião espírita, afirma em seu livro O Consolador, editado em 1939 pela Federação Espírita Brasileira, psicografado por Francisco Cândido Xavier: a dor é sempre o elemento amigo e indispensável. E a redenção de um Espírito encarnado na Terra, consiste no resgate de todas as suas dívidas ...)(questão 241).

Essas considerações nos vêm à mente, devido a um ato concreto.

Recentemente promovemos um curso sobre Perda de Entes Queridos. A adesão foi promissora, pois nada menos do que 60 pessoas se inscreveram, a maioria sem vínculos com o Espiritismo.

Debatemos ali a morte, a vida além túmulo.

As pessoas estavam curiosas em saber sobre a sobrevivência, onde estão seus entes queridos, se serão recebidos no além-túmulo, na hora da morte, por parentes e amigos. Na verdade há um medo sobre o futuro, sobre sua qualidade moral, sobre possíveis punições depois da vida.

Afinal ninguém tem certeza da própria moralidade e diz-se que depois do sepulcro o julgamento divino é severo, para alguns, irremediável.

Em seguida, tentamos realizar um curso "Conversando sobre Almas Gêmeas" e não conseguimos um número nem mesmo razoável de adesões.

O curso tinha como propósito falar sobre o amor, a paixão, através das vidas sucessivas.

Daí a conclusão que o Espiritismo não se abriu para falar do amor. O amor natural, humano, sexual, Eros. Tornou a mediunidade um canal sobre a morte e não sobre a vida imortal. Os mortos que falam pelos médiuns se apresentam muitas vezes, lamentosos, tristes, saudosos, mortos.

Há muitos anos, venho falando e defendendo a tese de que Deus nos criou para o prazer, em contraposição aos que insistem no louvor à dor, ao sofrimento e à pesada mão da pseudo Justiça Divina que se abate sobre as criaturas, exigindo lágrimas e angustia para pagar dívidas contra a divindade, para resgatar faltas cometidas.

Seria falso se não reconhecesse as imensas necessidades e grande futilidade que domina a maioria de nossa humanidade, encarnada e desencarnada. Como também não compreendesse o papel da dor e do sofrimento. Mas a eficácia da dor não decorre dela mesma. A eficácia da dor só aparece quando é instrumento de mudanças das estruturas mentais. Porque há dores que podem levar à transformações das emoções e dos sentimentos para melhor, como também pode provocar revolta e ódio.

Mas reflito sobre o princípio da evolução e descarto que todo o sistema de vida terrena esteja baseado na necessidade de salvação ou regeneração individual e coletiva tão apregoada dentro do Espiritismo, desde os tempos de Kardec. Afinal, somos imperfeitos antes de maus.

Os ícones do cristianismo são invariavelmente sofredores. O Cristo é mostrado na cruz, sangrando e doloroso. Os mártires alcançam a santidade pelo sacrifício.

Chagas nas mãos, coroas de espinhos são dadas como testemunho da maldade intrínseca das criaturas, a desobediência crônica em relação a Deus e a ação desse deus sobre suas criaturas num conflito interminável.

Para as criaturas humanas resta, na visão católico-cristã, o céu tedioso ou o inferno abrasador. No Espiritismo, infelizmente foram criados sucedâneos aos conceitos católicos tradicionais, ainda que transitórios. O Umbral sugere um sinônimo de inferno, colônias espirituais surgem como espécie de purgatório, e uma tal de zona crística, como o céu dos eleitos. Os Espíritos Superiores, mesmo que tenham evoluído, surgem no imaginário como os Anjos e os obsessores são considerados diabos, ainda que temporários. Ao pecado original, temos o pecado originário do passado.

Precisamos romper com essa carga de conceitos negativos e revolucionar nosso próprio conceito de vida e vivê-la com intensidade e responsabilidade. A felicidade e o prazer são metas não apenas factíveis, desejadas, mas indispensáveis para entender a criação da vida como um ato de amor divino.

As almas gêmeas são frutos da mitologia e do desejo que a divindade nos presenteie com um par perfeito, como se o amor pudesse brotar como uma flor cuja semente fosse aleatoriamente semeada por Deus.

O amor se constrói e a visão de uma vida permanente evanesce essa necessidade de receber pronto um parceiro perfeitamente adequado aos nossos gostos e às nossas necessidades.

O amor com paixão une as almas no tempo infinito.

Enigmas da Psicometria (Parte II) - Eduardo de Barros Lima

No seu livro "Enigmas da Psicometria", Ernesto Bozzano analisa diversos relatos publicados na revista inglesa "Light", entre 1901-1903. Segundo a revista, a médium, srta. Edith Hawthorne, "psicometrando" várias amostras de diversos objetos, que lhe foram enviadas pelo o Sr. Samuel Jones, vai identificando a origem e narrando as ocorrências relativas a ele. O mais surpreendente, além da identificação dos possuidores, é a capacidade dela obter informações, tanto de entes encarnados, como desencarnados, amostras animais e vegetais ,chegando ao extremo de descrever o processo geológico de uma amostra de rocha.

Nos fenômenos onde ocorrem a capacidade de ligação mente à mente ( Telepatia ), mesmo a de um animal, pode-se discutir quanto a ligação telepática, mas e quanto a capacidade de se ligar a matéria inanimada? Uma das explicações formuladas, fala sobre a capacidade de Telestesia ,conforme Charles Richet, " Conhecimento que tem o indivíduo de qualquer fenômeno não perceptível nem cognoscível pelos sentidos normais, e estranhos a toda e qualquer transmissão mental, consciente ou inconsciente."

Na telestesia existe a visão detalhada de conhecimentos precisos e esclarecimentos verídicos do objeto que o sensitivo capta. Fundamenta-se na dicotomia da Telepatia pela ligação não mente à mente, mas mente – objeto. Este caso específico da fenomelogia referente à matéria inanimada, seria uma junção de ambas as capacidades extra sensoriais para explicar a capacidade de "ligação" com a matéria bruta.

Um dos grandes enigmas deste tipo de clarividência, a psicometria, se refere à forma como o objeto consegue reter, ou a informação, ou a "Influência" do possuidor. Afinal, o que seria exatamente que o médium psicômetra consegue captar no manuseio destes objetos? Algum tipo de energia? Assim como o calor, uma forma de energia em trânsito, que se transporta seja por condução, convecção ou radiação, embora efêmera, por um intervalo de tempo pode ser armazenado e transitar entre objetos e sistemas? Poderia a matéria, não armazenar, mas reter algum tipo de informação, pela " gravação " de informações, como em um disco rígido de computador ou quem sabe algum tipo de condensador?

Embora grande parte dos fenômenos se desenvolva por meios anímicos, a participação de entidades desencarnadas traduz o verdadeiro quilate das aspirações que uma genuína e séria direção de pesquisar que Espiritismo deveria tomar, abdicando de " fenômenos maravilhosos", mas se apoiando em coerentes e eficientes modalidades de exercício científico.

Resta-nos destacar a atuação de Bozzano, que apresenta e formula teorias para tentar equalizar os vários enigmas que compõe o assunto, mas nunca deixando de tentar compreender a verdadeira faceta da manifestação clarividente.

(*) Segunda parte do artigo publicado na edição passada.

Cartas Abertas (Elogios e Jovens Espíritas da Guatemala) - Da Redação

Caros amigos da equipe do Abertura.

É sempre motivo de satisfação tomar conhecimento das matérias publicadas nesse veiculo de comunicação.

É sem duvida um jornal que presta um serviço de qualidade na disseminação da cultura espírita. Temas atuais, artigos esclarecedores, linguagem rica e assecivel, além de boa diagramação. Gostoso de ler. Parabéns.

Éder Fávaro- São Paulo

Saludo, soy espirita y vivo en el canton juchanep del municipio de totonicapan guatemala, dirijo un grupo de jovenes y necesito que atraves de mi correo me envien temas para jovenes.

Esperamos sus contactos atentamente.

Jose Joaquin - Canton Juchanep

A Verdade Revelada e a Investigada - Editorial

Desde o século passado trava-se uma disputa entre a verdade revelada e a verdade pesquisada.

As religiões tradicionais e, de modo geral a sociedade que elas formaram através dos tempos, permanecem fixadas no que se pensa ser a verdade trazida por emissários ou pelo próprio Deus. Através dos milênios, formou-se uma estrutura mental, social, filosófica e, até certo ponto, científica, para explicar as coisas.

Dividiu-se, talvez incorreta mas compreensivelmente, o mundo, as verdades, em divinas e profanas.

O que era divino, trazido por profetas e religiões era espaço, território de Deus e por isso não apenas sem possibilidades de compreensão mas, sobretudo, intocável.

As descobertas na área da Física, por exemplo, embora revolucionando o divino, a visão sensorial das coisas, não atinge diretamente as pessoas no seu dia a dia.

Se a Física relativista de Einstein renova a Física newtoniana ou se os quartz são partículas subatômicas, ou mesmo que há uma Física Quântica, atinge o nível dos intelectuais dos cientistas, principalmente.

Mas, a partir da metade do século vinte os progressos da genética começaram a entrar no território privativo da criação.

Embora, sob o nosso ponto de vista, as descobertas do DNA e outras incursões da Genética apenas desnudam a excelência do projeto da Criação, tocam, todavia, numa questão profundamente pertur-badora: a vida humana.

A manipulação dos genes, a engenharia genética, a clonagem, o uso de embriões para a cura de doenças, são fatos que mexem com as concepções antigas, que refugiavam-se na vontade misteriosa de Deus ou em supostas provas e expiações escolhidas antes da reencarnação, para justificar a dor.

Agora, os avanços científicos diminuem a dor, curam doenças e prolongam a existência na Terra, produzindo um nível de vida melhor e mais sensato.

A inércia do plano divino, deixando por milênios os sofrimentos e as dores abater-se sobre todos, é explicado teologicamente pela divida da criatura para o criador, seja pelo pecado original ou por desvios e culpas das vidas pregressas.

O cientista que pesquisa a vida biológica e mental cinge-se ao organismo como princípio e fim das criaturas. O biólogo americano. James Watson um dos descobridores do DNA propõe nada menos que uma espécie de eugenia da raça, a eliminação pura e simples dos que apresentam, antes de nascer, anomalias e problemas e descarta qualquer limitação ética na relação da mulher com a maternidade.

Por outro lado as confissões religiosas mantêm-se fiéis a verdade que elas mesmas criaram e que se mostram inadequadas conforme os tempos, o pensamento e a ciência avançam.

Essa disputa só será encerrada se o Espírito, ser inteligente da criação, for "descoberto" pela ciência. Então, um novo momento se abrirá para entender melhor os mecanismos da vida.

Até lá, parece racional que tanto a ciência quanto as crenças compreendam que não têm toda a razão, apenas alguma razão. Se o futuro parece reservar a vitória à verdade investigada, não há razão para menosprezar algumas partes da verdade revelada. É uma questão de bom senso.

Nem o começo, nem o fim - Editorial

O radialista Alamar Regis, costuma enviar longos e-mails sobre os mais diversos assuntos. Na última semana lançou alguns sobre as enormes contradições dos textos do Velho e do Novo Testamento.

Os pastores evangélicos, quando defrontados com essas contradições, resolvem a questão com o apelo à hermenêutica, isto é, o que importa é o conjunto e o conjunto, dizem, apesar das incongruências, é a palavra de Deus.

O Espiritismo à Brasileira, principalmente algumas localidades e federativas, tornou-se uma seita evangélica. Esses núcleos exacerbaram a evangelização, desenvolvendo inclusive uma linguagem típica como o "Evangelho redentor de Jesus por roteiro de plenitude e felicidade" e pensam de tal forma restrita que não dizem dez palavras sem citar algum trecho do evangelho, para eles contendo toda a verdade.

Quando Kardec criou a doutrina, procurou dar-lhe sanção na cultura católica, então muito influente. Por isso lançou O Evangelho segundo o Espiritismo, que é uma pequena coletânea de trechos do Novo Testamento por ele interpretado.

Isso não autoriza essa evangelização que, chamada de libertadora e de redentora, cria, todavia, como vimos, uma forma de pensar afastada da vida corrente, do dia a dia, para isolar-se em elucubrações místicas. Como tem sido comum na história, contraditoriamente, não se peja em condenar quem não pensa como eles.

A lista que Alamar divulga mostra, por seu lado, que o Espiritismo não tem nada a ver com essa pretensa "palavra de Deus" e que o pensamento kardecista precisa libertar-se desse caminho negativo e superado.

Jamais o Espiritismo deixará de recorrer ao pensamento de Jesus de Nazaré, humanizado e participante do processo evolutivo de todos os Espíritos, reconhecendo a excelência de seus ensinamentos sem que isso nos aprisione a fórmulas inventadas e sacramentadas pelas religiões.

O conhecimento da verdade, produto da investigação, dúvidas e buscas, nos fará livres, disse Jesus. Mas não caiamos no abismo de afirmar que ele trouxe toda a verdade.

A vida é mais complexa e profunda e ele é uma parte importante, mas não o princípio e o fim.

Não às Armas - Editorial

No dia 23 de outubro, os brasileiros serão chamados a opinar, em plebiscito, sobre a produção de armas no país.

Essa decisão do Parlamento brasileiro, mostra a contradição que o tema levantou. De um lado os que são favoráveis à produção de armas e sua venda, dizem que este é um instrumento válido para a defesa do cidadão, diante da violência.

Argumentam que o desarmamento da população a fará refém dos bandidos que, a despeito da lei, se armarão e existe todo um aparato de contrabando de armas a sua disposição.

Entretanto, a experiência tem mostrado que a população desarmada reduz em muito os crimes de morte por armas, pois sem acesso a elas, muitos conflitos que acabariam em morte serão resolvidos pacificamente ou pelo menos sem vítimas mortais.

A posição do Espiritismo é clara.

Seu código moral defende a fraternidade, propugna por uma sociedade mais justa e a extensão do direito a todos os seres humanos.

A liberalidade do Espiritismo se entende ao entendimento e ao respeito recíproco, ampliando os horizontes da vida terrena e reafirmando a imortalidade como projeção natural da pessoa para além da morte física.

Mas exalta a necessidade de preservação da vida corporal como instrumento de aprendizado e evolução.

Por isso, qualquer violência é repudiada pela doutrina espírita.

A criminalidade tem muitas causas, algumas decorrentes do processo evolutivo, mas a maioria é resultado das injustiças sociais, dos desníveis econômicos entre as pessoas.

Não basta, assim, proibir as armas. É preciso ir mais além, criando condições de infra-estrutura social, moral e econômica que dêem às pessoas um horizonte mais harmonioso e conseqüente com sua natureza humana.

No plebiscito de 23 de outubro, votaremos contra a produção de armas.

Sobre a Eutanásia (Imprensa Espírita) - Da Redação

Na bela Revista da ABRAME, órgão da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas, número 4, 2005, Kéops Vasconcelos, escreve sobre a eutanásia. Ele traça, com bastante propriedade, o roteiro da chamada boa morte, desde os tempos da Grécia antiga, fala do drama de Terri Schiavo. En cima seu artigo com uma citação do Evangelho Segundo o Espiritismo, de autoria do Espírito São Luiz, " Aliviai os últimos sofrimentos o mais que puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que seja por apenas um minuto, pois esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro".

É dentro dessa dramática e insustentável orientação, que o autor discorre sobre o tema.

Transcrevemos alguns trechos do artigo."Para a Doutrina Espírita o momento da morte orgânica não coincide necessariamente com o da desencarnação, no sentido do desprendimento dos laços que unem o Espírito ao corpo.(..)". Interrogados se a separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes da cessação completa da vida orgânica, os Espíritos codificadores(sic) responderam que "na agonia, a alma algumas vezes já tem deixado o corpo, nada mais há que a vida orgânica...".

Parece inadequado classificar os Espíritos que responderam às perguntas de "Espíritos codificadores". Eles não codificaram nada. Quem codificou foi Allan Kardec, chamá-los, por extensão de "codificadores" falseia o seu papel na obra fundamental do Espiritismo.

"Com essas informações, podemos atender a que é possível em certos casos de more encefálica que o Espírito já não mais esteja vinculado ao corpo, que o rompimento do laço perispiritual tenha já ocorrido, a despeito de haver ainda função orgânica vital no corpo inerte. Não podemos, contudo, ter a exceção por regra, admitindo que todo e qualquer caso de diagnóstico médico de morte encefálica ou de irreversibilidade, ou incurabilidade, permita a conclusão de que não haja mais Espírito vinculado ao corpo". Nesse contexto, é suficiente afirmar que toda a prática eutanásica é, em princípio, contrária à vida e, portanto, ofensiva às leis divinas.. "Nada ocorre por caso, na natureza. O que nos sucede é herança de nosso próprio passado, de acordo com a lei da ação e reação, de sorte que até mesmo o propósito altruístico que preside a algumas das in evidências eutanásicas não fica impune, conquanto se possam considerar os atenuantes..."

Esse tema e outros de igual relevância, nos colocam diante de fatos que necessitam um exame criterioso. Existem orientações doutrinárias, a partir do princípio de preservação da vida. Mas há fatores que tornaram mais complexas certas decisões. Não podemos nos esconder-se atrás de conceitos pétreos, intocáveis.

Dizer que nada ocorre por acaso, é tornar o pensamento extremamente concreto, fechado, preso ao fatalismo. E a doutrina não é fatalista. O fato de trazermos nossos problemas inscritos em nosso ser, através das encarnações não nos torna prisioneiros de fantasmas criados pelo medo ou pela visão de punição, de contenção pela suposta ação divina, condenatória, cerceadora.

Temos livre arbítrio. É preciso ter coragem e responsabilidade de usá-lo, com critério e racionalidade.

Fatores Positivos e Negativos (Problemas Sociais e Políticos) - Da Redação

No relatório divulgado pela ONU sobre a desigualdade no mundo (veja artigo na última página) há ao lado de informações negativas alguns dados positivos.

Segundo o relatório, foram alcançados progressos em alguns setores.

A vacinação contra a difteria, pólio, tétano, sarampo, tuberculoso e coqueluche, atingiu 75% das crianças em todo o mundo, em 2003, contra 5% em 1983.

Essa vacinação prevenirá as doenças e evitará mortes e sofrimentos de milhões de crianças em países sub desenvolvidos e emergentes.

Também a produção de alimentos cresceu desde os anos 70. Na verdade triplicou. Estatisticamente, a queda dos preços dos principais cereais foi de 76% beneficiando as populações mais pobres que tiveram maior acesso à eles, melhorando a dieta alimentar. Também a produção de alimentos aumentou sua participação no comércio mundial em 11%, com o crescimento de renda correspondente, principalmente nos países cuja economia se baseia na agricultura.

Politicamente, a parte da população mundial vivendo em países com algum grau de democracia teve acentuado crescimento. Em 1980, apenas 46% dos países tinham um grau de democracia. Esse percentual cresceu para 68% em 2000.

O clima democrático amplia a liberdade de pensar e de criar, evita a tirania governamental e crescem os direitos pessoais.

A desigualdade na distribuição do consumo é, porém, muito grande. Apenas 1 bilhão de pessoas detém 80% do PIB (produto interno bruto) mundial e os outros 5 bilhões ficam com apenas 20% do PIB.

O Brasil tem a pior defasagem de renda do mundo. Aqui a renda dos 10% mais ricos supera em 32 vezes a renda dos 40% mais pobres.

186 milhões de pessoas estavam desempregadas em 2003. Enquanto isso as despesas militares alcançaram 1 bilhão de dólares.

O panorama apresentado pela ONU é um desafio aberto à comunidade rica internacional. Mas, como têm acentuado alguns analistas africanos, por exemplo, a doação pura e simples perpetua as ditaduras e não estimula a criatividade e a produção interna.

Somente a educação abre uma perspectiva de progresso real. Educação, contudo, que seja também uma reação ao egoísmo pessoal e nacional.

Tempo de Faxina, Ideologias e Crenças, Só o Conhecimento, Novos Tempos (Opinião em Tópicos) -  Milton R. Medran Moreira

Tempo de faxina

Como diria Moacir Scliar, a batalha final não será entre cristãos e muçulmanos, nem entre petistas e tucanos. A batalha final há de ser entre éticos e não-éticos, independentemente de crenças, partidos e ideologias.

Gosto de reler, de vez em quando, a resposta que o espírito São Luís deu à última pergunta de "O Livro dos Espíritos": "o bem reinará sobre a Terra quando entre os Espíritos que vêm habitá-la , os bons vencerem sobre os maus. Então farão nela reinar o amor e a justiça que são a fonte do bem e da felicidade".

São Luís fala ali de uma "nova geração" de espíritos que habitarão a Terra, acrescentando que "todos aqueles que tentem atrasar a marcha das coisas dela serão excluídos, porque serão deslocados do convívio com os homens de bem, dos quais perturbariam a felicidade". Ou seja: um dia uma faxina mais radical terá que ser feita, nesse complicado planetinha.

Ideologias e crenças

Nos últimos dois séculos de nossa História, quase fomos levados a concluir que a questão do bem e do mal se resolveria com o domínio de uma ideologia sobre a outra. Por algumas décadas, o mundo se dividiu entre direita e esquerda, entre capitalismo e socialismo. Teóricos brilhantes e ativistas valentes, de um ou de outro lado, apostaram na excelência de sua ideologia e na capacidade de ela salvar o mundo. Muitos deram a vida por isso. Antes, e por muito tempo, vigorou a idéia de que o bem seria privilégio dos crentes, e que aos não-crentes estaria reservada a maldição.

Neste início de século, já está claro que a ética não se subordina nem às ideologias e nem à fé. Homens inescrupulosos, no Brasil e no mundo, pertencem a diferentes ideologias e professam diferenciadas crenças.

Só o conhecimento

Não sei se já nos encontramos no vestíbulo do tempo em que "os mansos e pacíficos herdarão a Terra" ou se muitas CPIs ainda terão que acontecer até ser isso possível. De qualquer sorte, parece que estamos nos encaminhando para a assimilação, mais ou menos generalizada, de que a ética é o componente primordial do progresso de uma nação. É o elemento que faz a diferença na estabilidade de um povo ou de um país e na construção da felicidade de seus integrantes.

A religião foi decisiva no processo de introjeção da questão do bem e do mal. As ideologias, mais modernamente, estabeleceram o processo dialético que deu lugar ao pluralismo. Mas, tanto religião como ideologias são círculos fechados, insusceptíveis de se abrirem a uma realidade mais ampla. Só o conhecimento totalmente desinteressado pode produzir esse efeito.

Novos tempos

Esse conhecimento desinteressado (porque sua aquisição está vinculada ao combate do orgulho e do egoísmo) é o terreno no qual se situa o espiritismo. O conhecimento de si mesmo, na sua dimensão mais profunda, conduz o homem a uma ética universal. Que paira acima das ideologias. Que se sobrepõe às crenças.

São Luís, na última questão de O Livro dos Espíritos, fala de um tempo em que já não será possível o convívio, no Planeta, entre homens de padrões éticos tão diferenciados como os que hoje convivem, lado a lado. Platão concebeu uma sociedade superior, capaz de ser governada por filósofos (amantes do conhecimento e da virtude). Kardec sonhou com uma "aristocracia intelecto-moral" a gerir os destinos dos homens. Utopias ou realidade cujo parto doloroso há de findar depois dessa desconcertante onda de violência, terrorismo e corrupção que assola o Brasil e o mundo?

Sistemática para Atualização do Espiritismo - Marcelo Henrique Pereira

A Confederação Espírita Pan-Americana, desde o seu Congresso de Porto Alegre, no ano de 2000, tem divulgado a idéia da necessidade da "atualização do espiritismo", permitindo-se a incorporação das idéias e dos resultados de experimentos e pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento humano, sobretudo em função do inquestionável avanço da Ciência nas últimas três décadas, principalmente. O que se defende não é a "adulteração" dos escritos originais publicados (e creditados) ao codificador, Allan Kardec, nem tampouco a "revisão" com alteração dos textos segundo o pensamento majoritário das tendências científicas e filosóficas de nosso tempo. Do contrário, a proposta é, metodologicamente, apresentar as (possíveis) complementações em relação aos tópicos, teses e conceitos que, em razão do progresso humano, se tornaram obsoletos ou defasados, porque a linguagem e o conhecimento repassado pelos Espíritos Superiores em meados do século XIX (entre 1857 e 1868) circunstancialmente estavam apropriadas para aquela época, sendo desconexas em relação aos dias hodiernos.

Em suma, a inteligência espiritual dos homens do século XXI não pode ficar "conformada" às informações relatadas pelo Espírito Verdade, tanto porque o "orientador" das questões (Kardec) tinha um determinado (e temporal) conhecimento, proporcional à sua bagagem espiritual, mas condicionado aos "termos" e às "idéias" de seu tempo, quanto a terminologia utilizada pelos Espíritos Superiores ficava condicionada à tradução possível, por parte do Codificador, havendo, ainda, "informações que não podiam ser repassadas àquela época" pela própria limitação dos circunstantes.

Na esteira do progresso – sempre ascendente e nunca possível de retroação – indiscutivelmente a humanidade de hoje é superior aquela da época européia de 1857. Espíritos que aqui estão nos dias presentes têm conquistas e avanços pessoais, e o contexto sócio-espiritual é espiritualmente superior (apesar das visões pessimistas de quem observa o mundo "de luneta", possam apontar para um "caos" social, em face da violência e do egoísmo marcantemente presentes em todos os confins do planeta). Negar tal circunstância é acreditar que hoje estejamos "inferiorizados" em relação aos tempos de Rivail.

A tônica do movimento espírita "oficial" é a de que a "revelação" espírita só pode ser "corrigida", modificada ou ampliada, por meio de uma "outra" (nova) revelação, com a participação dos mesmos missionários de outros tempos.

Revisitam, assim, a própria teoria (equivocada – porque parcial e tendenciosa) de que (somente) o Espiritismo seja o "consolador prometido por Jesus", depreciando e anulando toda e qualquer teoria, movimento, filosofia e trabalho realizado por variados Espíritos luzeiros, em variadas partes do globo, e, sobretudo, nos lugares que nunca se ouviu falar de Jesus, nem se reconhece sua missão e/ou importância (e, comparativamente, mais de 2/3 da população terrena, ainda hoje, situa-se em regiões em que o cristianismo não exerce influência e a personalidade do Mestre de Nazaré é apenas "um ilustre desconhecido").

Primeiro: seria ingenuidade e presunção demais de nossa parte imaginar que as "revelações" estivessem circunscritas a pequenos movimentos ou localidades específicas (como a repetir a errônea configuração da "terra prometida" ou do "povo santo"). Segundo: os luminares espargem sua luz para todos, numa idéia de amplitude e de misericórdia, disseminando a "todos" os Espíritos – e, não a "determinados" grupos – as informações relevantes e necessárias.

O principal argumento dessa gente é a de que os encarnados não possuem "quilate" ou "estatura" moral-espiritual para promoverem a (hercúlea, mas necessária) tarefa de revisão da magistral obra de Kardec, a qual competiria aos mesmos "emissários" desencarnados, em um processo (e procedimento) similar ao desenvolvido pelo emérito professor francês.

Parece-nos, guardadas as devidas proporções, a mesma fábula do "consolador", quando recordamos que determinadas religiões ou seitas cristãs ainda esperam "a volta" de Jesus, como prometido, mas em "presença física", para "apascentar" o rebanho. Ou, em segundo plano, então, aguardam, paciente e preguiçosamente – a encarnação de missionários, como o inesquecível Francisco Cândido Xavier (aliás, apontado, erroneamente, por muitos, como a "reencarnação" de Allan Kardec, em função da notável diferença de "personalidade" entre o preclaro professor Rivail e o amantíssimo servidor do Cristo uberabense).

Mas há, ainda, uma terceira situação, mais grave que as anteriores, a qual aponta para o total desconhecimento do conteúdo da Codificação e, em paralelo, desconsidera e desqualifica todo o trabalho humano presente em variados setores do conhecimento humano, os quais, sem nenhuma dúvida, importaram em substanciais mudanças qualitativas da vida do homem e da Sociedade. Ora, meus amigos, é impossível estender o olhar para nosso tempo e não visualizar inúmeras e inquestionáveis progressos filosóficos e científicos em relação ao panorama do século XIX. E, em assim sendo, há o que acrescentar – em relação aos tópicos tratados por Kardec – e o que modificar, porque o conhecimento daquele tempo tornou-se obsoleto e desproporcional. É isto, verdadeiramente, o que se defende.

E, como o título deste (polêmico) artigo é acerca da "sistemática" do trabalho de atualização, ousamos apresentar nossa proposta para ampla discussão e avaliação do movimento espírita, em especial daqueles que continuam cônscios de que o projeto de Kardec continua atual e oportuno, sobretudo por investir em critérios como o "consenso universal dos ensinos dos espíritos" e o "caminhar lado a lado com a ciência, ficando com esta última, caso ela supere as informações espirituais daquela época". Nossa sugestão é a atualização do que seja possível, dentro das próprias limitações de nossa parte, já que não temos "dedicação exclusiva" e nem "vivemos", em termos de renda, do Espiritismo. O que temos defendido, sobretudo em listas de discussão virtual (na internet) ou em encontros da CEPA, é a formação de pequenos núcleos de pesquisadores e estudiosos (os quais poderão ser ampliados, é claro, com a agregação de novos colaboradores e entusiastas), divididos por área de conhecimento (Biologia, Direito, Física, Medicina, Sociologia, etc.), analisando cada uma das obras basilares, propiciando um estudo comparado entre o que publicou Kardec (como fruto de suas incomensuráveis pesquisas), o que foi acrescentado por outros Espíritos, em comunicações diversas recebidas por médiuns idôneos, desde os primeiros tempos pós-Kardec até os dias atuais, e, ainda e finalmente, pelas informações egressas das filosofias e ciências de nossa era, calcadas em experimentos e realizações fidedignas, muitas das quais com a participação de profissionais com formação espiritualizada e, até, espíritas. Trabalho, aliás, que demanda tempo, mas que, a priori, não importa em qualquer deslocamento físico, porque pode ser realizado por meio dos recursos de informática e comunicação à distância do presente. Basta, tão-somente, boa vontade em participar e organização em desenvolver as atividades, democratizando e conservando a seriedade do intento.

Deste modo, em cada texto selecionado, a manutenção do texto original, com a grafia daquela época, é um reconhecimento à autenticidade e à fonte, conforme critérios metodológicos científicos, agregando-se-lhes, em notas específicas (de rodapé), ou em comentários em outra grafia e com a transcrição fidedigna da origem do apontamento, permitindo-se a "atualização" do pensamento kardequiano, com nosso contributo e evitando, principalmente, que a própria Doutrina possa cair no descrédito e no ridículo, por continuar afirmando situações que foram superadas pela evolução científica.

Como obra clássica que é, cada um dos livros da Codificação permite seja adotado o mesmo procedimento utilizado por diversas ciências de nosso tempo, conservando a originalidade do texto primevo e complementando-o, pela atuação serena e organizada de "seguidores" ou "discípulos" de tais teorias, permitindo que a obra se mantenha atual e necessária.

O desafio está, pois, lançado. De nossa parte, já estamos começando a fazer diversos estudos no âmbito da ciência jurídica, o Direito, procurando tratar dos temas jurídicos enfocados por Kardec, comparando-os com as teorias jurídicas que evoluíram até nosso tempo, escudados nos maiores filósofos e juristas de todos os tempos, sobretudo os posteriores ao codificador. Para todos aqueles que estiverem dispostos a discutir os aspectos jurídicos e sociológicos do Espiritismo, deixamos nosso e-mail para troca de idéias e intensificação da estratégia de trabalho (harmonia@floripa.com.br). Aguardamos sua mensagem e bom proveito a todos!

Decretos de Morte (Mundo Atual) - Da Redação

Quando o aiatolá Khomeine, sentado no trono de sua majestade de líder total do Irã, decretou a morte do escritor Salman Rushdie, o mundo ocidental se escandalizou. O motivo do decreto sinistro era a afronta que, segundo o clérigo muçulmano o escritor havia cometido contra o profeta Maomé, em seu livro Versos Satânicos.

Agora, para espanto geral, o pastor evangélico americano Pat Robertson, pediu em programa de televisão, alto e bom som, que o governo do presidente Bush mandasse seu serviço secreto nada mais nada menos do que assassinar o presidente da Venezuela, Hugo Chavez. O motivo é o constante atrito provocado pelo venezuelano contra a política americana.

A reação foi instantânea e o pastor suavizou sua ameaça para seqüestro, embora a imprensa local acusasse o governo Bush de reagir timidamente.

Pat Robertson, fundador da Coalizão Cristã e líder de uma proeminente organização evangélica tem um programa de TV que é assistido por cerca de um milhão de pessoas.

Se a atitude do aiatolá foi atribuída ao primitivismo do Islã, sob o ponto de vista ocidental, a atitude do pastor, mostra, a mesma irritação fundamentalista dos religiosos.

Talvez em suas preces eles tentem convencer seu deus para fazer o assassinato. Mas como os céus não respondem e tanto o escritor, como o presidente venezuelano continuam com boa saúde, o primeiro depois de um longo período de proteção policial, os líderes religiosos saem em campo para executar seus próprios decretos.

A mentalidade religiosa não muda, apesar dos tempos. Na Irlanda os católicos criaram o IRA para matar, assassinar, roubar, em nome de propósitos de liberdade. Em Israel, os religiosos acreditam que a terra que era ocupada até metade do século vinte pelos árabes lhes pertence por decreto de seu deus Jeová, o mesmo poderia ser dito pelos árabes, cujo deus lhes teria dado a terra.

Esses conflitos mostram o subterrâneo das organizações e que os métodos de censura e violência que marcam a história das religiões continuam vivos. Onde têm o poder, como nos países árabes de formato teológico, mandam matar, torturar e censurar. Em Israel, o poder civil impõe as leis, como na desocupação de terras usurpadas dos palestinos.

No ocidente, a pressão dos fundamentalistas protestantes têm sido forte no governo Bush, ele mesmo um dos que "encontrou Jesus", depois de superar o alcoolismo.

Verificamos que o mundo fica bem melhor e mais fraterno quando livre do tacão religioso.

"Que se deve pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?".

-É tomar o homem o lugar de Deus na distribuição da justiça. Os que assim procedem mostram quão longe estão de compreender Deus e que muito ainda têm que expiar. A pena de morte é um crime, quando aplicada em nome de Deus e os que a impõe se sobrecarregam de outros tantos assassínios. (Livro dos Espíritos, questão 765).

Lauro Perrone - Da Redação

Desencarnou no dia 14 de agosto, o Dr. Lauro Perrone. Participante ativo do movimento espírita, de Santos. Foi um dos fundadores da Juventude Espírita de Santos, em 1947, hoje Mocidade Espírita Estudantes da Verdade. Estudando medicina no Rio de Janeiro, Lauro esteve presente no Congresso de Mocidades e Juventude Espíritas, ali realizado em 1948, sob a direção de Leopoldo Machado.

Voltando à Santos, integrou-se no Centro Espírita Allan Kardec, participando e dirigindo reuniões mediúnicas e fazendo palestras. Foi conselheiro da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda. Na sociedade teve participação importante em clubes de servir e sociais. Era casado com Emilia Portela Perrone. O casal teve filhos Ricardo, Mauro, Márcia (desencarnada) e Cláudia.

O corpo foi cremado.

Animismo e Mediunidade (Mundo Paranormal) - Marcelo Coimbra Régis

ANIMISMO E MEDIUNDIADE

Foi Alexander Aksakof (1832-1903) quem introduziu a palavra animismo nas investigações dos fatos mediúnicos, em seu livro Animismo e Espiritismo. Analisando as grandes experiências espíritas de seu tempo, procurou distinguir e diferenciar as verdadeiras manifestações dos Espíritos daquelas provocadas pelo próprio médium. Concluiu que todo o tipo de fenômeno mediúnico encontra um possível equivalente na ação inconsciente do médium, que qualificou de animismo..

Allan Kardec, no O Livro dos Médiuns, já havia observado esse fato. A natureza da mensagem é que permite diferenciar a procedência, seja mediúnica ou anímica.

Sobretudo no início do exercício da mediunidade, o novo médium terá esse inconveniente que superará com o desenvolvimento equilibrado de suas faculdades passando progressivamente do animismo à verdadeira mediunidade. (Le Journal Spirite-França)

O que é Experiência fora do Corpo ? (Abrindo a Mente) - Alexandre Cardia Machado

O que é Experiência fora do Corpo?

Este termo conhecido pela sigla em Inglês OBE ( Out of Body Experience) nada mais é do que o nosso tão conhecido desdobramento, onde por expansão do perispírito, a pessoa consegue perceber que se emancipou e pode desde ter uma simples percepeção ou até mesmo controlar este estado e deslocar-se nesta condição até onde seu pensamento assim o deseje. Por este intermédio é possível realizar uma série de atividades no campo da parapsicologia ou do Espiritismo. O oriente chama este fenômeno de "projeção astral". Wando Vieira , médium que juntamente com Chico Xavier psicografou algumas obras de André Luiz, como Evolução em Dois Mundos, encantou-se tanto com esta possibilidade que criou uma corrente espiritualista chamada de - Projectologia e Conscienciologia. O Espiritismo, sem desconhecer estes fatos no entanto não estimula a sua prática por entender que a percepção da pessoa fica prejudicada, neste estado, e sendo portanto pouco confiável as descrições advindas deste método. A Projectologia pretende treinar seus seguidores nesta prática e obter com isto um desenvolvimento pessoal em dose dupla, uma vez que ao invés de dormirmos estaríamos aproveitando este tempo para seguir aprendendo no plano espiritual.

Para abrir mais a sua mente leia: Leia O Livro dos Médiuns – allan Kardec, capítulo VII da Bicorporeidade e da tranfiguração. Ed FEB pagina 145.

Arme-se - Jacira Jacinto da Silva

Em plena discussão sobre o referendo que decidirá, em outubro próximo, sobre a proibição da comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, ocorreu-me escrever sobre a necessidade de nos munirmos de outras armas para vivermos bem.1

Cabe, inicialmente, consignar nossa posição sobre a questão do desarmamento. Em que pese a distorção com que certos assuntos são ventilados na imprensa e a má orientação que muitas vezes impede o direcionamento das nossas idéias, é certo que a lei só não foi aprovada de plano por que, lamentavelmente, até para se cultivar valores nobres exige-se a imperiosa construção do caminho. Aquilo que poderia parecer tão óbvio, aparece às vezes entre névoas que confundem, sugerindo até que um perigo iminente possa traduzir alguma proteção às pessoas de boa-fé. Nada, além do loby formado pelas indústrias de armas, justificaria a discussão em análise, tão evidentes os desastres decorrentes do acesso fácil às armas.

Estatísticas elaboradas com muita seriedade pelos organizadores da campanha pelo desarmamento, informam que na maioria absoluta das vezes a pessoa de boa índole se prejudica com a posse da arma, enquanto os criminosos se beneficiam até com a aquisição da arma pelo homem de bem, pois a furtam e com ela mesma vitimam o proprietário.

O mais tradicional perigo de se manter uma arma em casa é o seu uso indevido por uma criança ou um curioso e até mesmo pelo proprietário em momento de desequilíbrio, mas há outros. A casa munida de armas é sempre um chamariz aos assaltantes, pois além da presunção de possuir valores, o acesso fácil à arma se torna uma atração em si. O que deveria servir de segurança, transmuda-se em perigo. Além das armas que entram ilegalmente na comunidade por meio do contrabando, as armas regularmente adquiridas pelas pessoas que pensam estar se protegendo, engrossam o cabedal bélico das facções criminosas. Uma arma adquirida regularmente pelo cidadão que quer se proteger é, potencialmente, uma arma a mais à disposição do crime. Há, ainda, um outro inconveniente muito sério. As pessoas de bem não são treinadas para usar armas. Diante do criminoso, a possibilidade de a vítima safar-se é ínfima por diversas razões. Além de não estar acostumada ao manuseio da arma, move-se por sentimentos muito diversos daqueles que embalam os corações que estagiam no mundo do crime e, por essa razão, agirá com pena, com medo, com vistas a evitar uma desgraça. Nenhum desses sentimentos passa pela cabeça do criminoso, que age rápido e liquida a vítima.

Votemos a favor do desarmamento e contra a contribuição inocente para o enriquecimento dos inescrupulosos e o aumento da criminalidade.

Outras armas podemos e devemos usar. O espiritismo nos oferece um manancial de recursos auxiliares das nossas ações. O conhecimento da filosofia espírita é a grande arma contra uma infinidade de males que afetam nossas vidas, inigualável instrumental no combate à criminalidade. Ensina, por exemplo, que somos responsáveis pela construção de uma sociedade melhor. De nada adianta nos munirmos com os mais pesados armamentos se estamos fomentando a formação de criminosos quando cultivamos a desigualdade social, esquecemos crianças perdidas pelas ruas, ignoramos crianças vendendo drogas, esfomeadas e agredidas por todas as formas de violência, física e psicológica.

Quando ignoramos as causas da marginalidade, da transgressão, da dependência química, e tantas outras distorções sociais, estamos colaborando para aumentar a violência, a desintegração da família, a evasão escolar e muitas outras manifestações de uma sociedade desestruturada. Uma arma em casa diante desse panorama não representa segurança; ao contrário, aumenta o perigo. Reporto-me, por oportuno, ao finalizar estas linhas a uma passagem do último capítulo da GÊNESE, denominada Os tempos são chegados. Que sirva para a nossa reflexão.

(...) O progresso intelectual realizado até este dia nas mais largas proporções, é um grande passo, e marca uma primeira fase da Humanidade; mas sozinho é impotente para regenerá-la ; enquanto o homem estiver dominado pelo orgulho e o egoísmo, utilizará sua inteligência e seus conhecimentos para proveito de suas paixões e de seus interesses pessoais ; por isso que os aplica no aperfeiçoamento de meios de prejudicar os outros e de se destruir entre si.

Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, colocando um freio às paixões más; somente ele pode fazer reinar entre os homens a concórdia, a paz, a fraternidade. É ele que derrubará as barreiras entre os povos, que fará cair os preconceitos de casta e calar os antagonismos de seitas, ensinando os homens a se considerarem irmãos chamados a se auxiliarem mutuamente e não a viver à custa uns dos outros. Será ainda o progresso moral, secundado aqui pelo progresso da inteligência, que reunirá os homens numa mesma crença estabelecida sobre as verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e, em por isso, aceita por todos.

A unidade de crença será o laço mais forte, o fundamento mais sólido da fraternidade universal, ferida desde todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem ver no próximo inimigos a serem evitados, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem amados.(Texto extraído da lista da cepa, denominado "MÁXIMAS DE ALLAN KARDEC", colocado em circulação por Oswaldo Casagrande.)

A Desigualdade é mais grave que a Pobreza - Da Redação

"A desigualdade é um problema mais grave do que a pobreza , mas a temos relegado totalmente, e a situação chegou a tal ponto que já não é "privilégio" de país pobre: a desigualdade aumenta nos EUA, no Canadá, nos países nórdicos", afirma o novo relatório da ONU sobre desigualdade social no mundo. Segundo o autor do relatório, o brasileiro Roberto Guimarães, ao se preocuparem somente com o crescimento econômico e a redução da pobreza, governos e sociedades embarcam em uma ilusão que não resolverá problemas.

O relatório diagnostica uma segunda tendência. Além de ter aumentado nos últimos 25 anos, a pobreza se disseminou. E a razão para isso, aponta o pesquisador, é a globalização, que vem ocorrendo de forma assimétrica.

"A globalização é ruim? Não, mas é assimétrica. Seus custos estão aumentando a desigualdade", afirma. "Ninguém discute que você precisa de liberalização econômica. Mas é fato que ela criou desigualdade", diz. "Hoje em dia, o modelo de comércio que cresce mais é o comércio bilateral. Se todo o comércio fosse global, a renda mundial cresceria US$ 200 bilhões, sendo US$ 100 bilhões para os países pobres. Já se o modelo atual continuar crescendo, a renda mundial vai crescer US$ 150 bilhões: US$ 130 bilhões para os países ricos e menos US$ 20 bilhões para os países pobres, que vão pagar a conta", prevê. Como exemplo da "conta" a ser paga, ele cita a taxação de até 20% sobre produtos de países em desenvolvimento importados pelos desenvolvidos. "Enquanto isso, nós cobramos, em média, uma taxa de 1% deles".

O ESPIRITISMO E

A IGUALDADE

Para o Espiritismo, a Lei de Igualdade faz parte da Lei Natural ou divina.

Mas o que o Espiritismo entende por igualdade? Geralmente o estudo da igualdade no Espiritismo parte do enunciado moral. Na verdade, segue o mesmo molde do cristianismo, conforme disse Kardec: "O Espiritismo ao contrário (do cristianismo) nada tem a destruir, porque assenta suas bases no próprio cristianismo sobre o Evangelho do qual é simples aplicação". Ora, o cristianismo, institucionalizado na Igreja Católica, sempre foi contra a igualdade e a liberdade. Se os princípios do Evangelho, relativos à relação das pessoas é semente permanente, a instituição religiosa portou-se como empecilho à igualdade entre as pessoas.

Por isso o Espiritismo sempre fixou-se na igualdade e na liberdade, no aspecto pessoal, individual, envolvido com o processo evolutivo, mas apegado, como o cristianismo na questão da culpa, da expiação, da inferioridade moral intrínseca das pessoas.

Não há, pois, uma visão social. O relatório da ONU refere-se não apenas às desigualdades pessoais, mas entre povos, dentro do panorama macroecômico da realidade mundial de hoje. O que a literatura clássica do Espiritismo trata é da relação de riqueza endinheirada e não da distribuição social da riqueza produzida pelo trabalho e pelas transações entre pessoas e países.

As teses da igualdade defendida pelos movimentos sociais da época, foram consideradas produtos de indivíduos sistemáticos, ambiciosos ou invejosos.

Aliás, toda a doutrina social exposta por Allan Kardec recairá sempre no aspecto do egoísmo e do orgulho, como fatores desencadeantes das divisões, dos conflitos, da miséria.

A FORÇA DAS CIRCUNSTÃNCIAS

No Capitulo XVIII do livro A Gênese, Allan Kardec afirma que "O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade".

Uma análise das idéias de Kardec e dos Espíritos acerca do progresso da humanidade mostrará que elas se centralizaram na equação da moralidade e na determinação divina.

Comentando, na Revista Espírita de 1868, a ocorrência de uma grave fome na Argélia, ele escreve: "Deve acusar-se a Providência por todas essas misérias? Não, mas a ignorância, a incúria, conseqüência da ignorância, o egoísmo, o orgulho e as paixões humanas. Deus não quer senão o bem; tudo fez para o bem; deu aos homens os meios para serem felizes; a esses cabe aplicá-los, senão quiserem adquirir experiências às próprias custas".

Essa linguagem mantém o mesmo conflito bíblico entre Deus e a criatura. Segundo Kardec, Deus teria dado tudo para a felicidade, mas as criaturas desprezaram e têm que aprender a sua própria custa. Ora, não foi sempre assim? Onde, senão no Éden, que as coisas fluíram como maná celestial?

Já na Lei do Progresso, a iniciativa divina para acelerar o progresso foi destacada na questão 783, quando diz que "Deus provoca, de tempos a tempos, um abalo físico ou moral que transforma". E Kardec aduz que o homem "se esclarece pela própria força das circunstâncias".

O que significam "amadurecimentos" e "força das circunstâncias?".

Deduz-se que Kardec e os Espíritos atribuíam tudo a um projeto divino que, em determinado momento, provoca o aceleramento do progresso, através de guerras, motins, tsunamis, destruição em massa, epidemias, fome generalizada. Enfim, desgraças.

Pode ser que isso seja mesmo verdade, mas a análise serena dos fatos merece uma visão menos providencialista. É preciso verificar que a pressão dos fatos, as circunstâncias, leva a mudanças também pela consciência política, a revolta contra a opressão, a miséria, as ditaduras, que produzem as ânsias pela liberdade, constituem a essência das motivações humanas.

Talvez seja mais correto ver os acontecimentos como uma combinação da atuação divina como pano de fundo, não determinante dos fatos e a ação de pessoas e grupos fruto do amadurecimento possível, incompleto, das pessoas.

Os movimentos proletários eram reprimidos pela força, seus líderes condenados ou exilados. A Igreja se posicionava contra. E também Kardec e os Espíritos.

Em sua viagem a Lion, em setembro de 1861, registrada na Revista Espírita de outubro de 1861, Allan Kardec foi homenageado e falou para uma platéia composta na maioria por operários. Kardec os cumprimenta por terem abjurado "as culposas esperanças na desordem e os criminosos desejos de vingança" provavelmente devido a movimentos reivindicatórios dos trabalhadores. Na mesma ocasião, ele leu a "Epístola de Erasto aos Espíritas Lioneses", na qual o Espírito de Erasto faz considerações sobre a igualdade. "Acabo de pronunciar a palavra igualitária. Julgo útil nela deter-me um pouco, porque vimos pregar, em nosso meio, utopias impraticáveis, pois, ao contrário, repelimos energicamente tudo quanto pareça ligar-se às prescrições de um comunismo anti-social; antes de tudo somos essencialmente propagandistas da liberdade individual, indispensável ao desenvolvimento dos encarnados; consequentemente inimigos declarados de tudo quanto se aproxime dessas legislações conventuais, que aniquilam totalmente os indivíduos.(...) Então, Espíritas! A igualdade proclamada pelo Cristo, e que nós mesmos professamos nos vossos grupos amados, é a igualdade ante a justiça de Deus. Isto é, nosso direito, conforme nosso dever cumprido, de subir na hierarquia dos Espíritos e um dia atingir os mundos adiantados, onde reina a perfeita felicidade.(...) Igualdade diante de Deus, isto é, a verdadeira igualdade.(...) Em conseqüência, repito, proclamando o dogma sagrado da igualdade, não vimos ensinar que aqui em baixo deveis ser todos iguais em riqueza, saber e felicidade, mas que chegareis, todos, à vossa hora e conforme vossos méritos, à felicidade dos eleitos".

A UTOPIA KARDECISTA

Kardec criou sua utopia. Utopia, como sabemos, é um projeto, um sonho ao longo prazo, quase perfeito, onde tudo se encaixa maravilhosamente. No Livro dos Espíritos temos na Lei de Igualdade a questão:

812-a: É possível que todos se entendam?

-Os homens se entenderão quanto praticarem a lei de justiça.

Simples e objetivo. Quem seria contra?

Ai está a utopia, porque desconhece o caminho que a isso conduz. É uma condição final, extrema, possível, talvez.

Mas a natureza da imperfeição humana determina caminhos difíceis e experiências repetidas e lentamente superadas para a concretização dos ideais.

No mesmo discurso feito para os espíritas lioneses, Kardec diz que escreveria um livro mostrando que todos os flagelos poderiam ser superados. Não escreveu, mas podemos deduzir que ele mencionaria o combate ao orgulho e ao egoísmo como armas infalíveis contra todos os males humanos. Em princípio é mesmo.

Mas na análise puramente moral dos fatos, bordeja o ideal, a idealização que supera a realidade. Geralmente as utopias tendem a pausterizar as pessoas, a criar tipos homogêneos, capazes de uma reação mais ou menos sincrônica, com alguma coisa de heróico.

O mundo do século vinte e um tem características sociais, geopolíticas e de relações internacionais, bem como questões internas de países que jamais poderiam ser imaginadas. A partir do acréscimo vertiginoso da população e da abertura do comércio, a internacionalização da economia e da influência do mercado financeiro até os conflitos mais comezinhos no âmbito da família, da cidade e do país.

São fatores complexos, certamente baseados no egoísmo e no interesse pessoal, na ganância e desejo de poder que gera crueldade moral, indiferença pelo sofrimento e a violência, não apenas a aplicada pelos delinqüentes e terroristas, mas a violência da privação, da insensibilidade.

Claro que os conflitos básicos são sempre individuais, mas o coletivo pesa sobre todos, porque é produto e causa de males sociais. Seria absurdo uma igualdade moral e intelectual entre as pessoas. A igualdade possível é a convivência e o respeito entre os diferentes.

As utopias tendem para a idealização das possibilidades e a crença férrea na consecução de seus objetivos, num tempo indefinido, na base de "um dia... quando todos..." e assim por diante, como instrumentos imponderáveis que, todavia, sustentam a fé na vitória, mesmo que impossível.