Março de 2005

Seminário sobre Terapias Alternativas - Capa

Como auxiliar e às vezes como concorrentes da medicina, surgem continuadamente terapias alternativas, das mais variadas espécies.

Todas buscam encontrar caminhos não convencionais para os males mais brandos ou mais sérios da pessoa.

Na área do Espiritismo surgiram duas terapias alternativas que, a partir de princípios e práticas comuns no Espiritismo, criaram sistemas de atuação no campo da medicina ou da psicologia com bastante aceitação. São a Terapia de Vidas Passadas e Apometria

O ICKS organizou um SEMINÁRIO SOBRE TERAPIAS ALTERNATIVAS, que será realizado no dia 19 de março, sábado, das 14:30 às 18 horas em sua sede à Avenida Francisco Glicério, 261, onde conhecedores e praticantes dessas terapias apresentarão e debaterão com o público, suas bases e sucessos.

A Terapia de Vidas Passadas se baseia na reencarnação, e a Apometria usa a mediunidade.

Para apresentar essas terapias, foram convidados dois representantes de organizações que reúnem e estudam as práticas dessas terapias.

9º SBPE, Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita - Capa

O ICKS convoca a todos os espíritas para participar do 9º SBPE, a ser realizado em Santos, nos dia 13,14,15 e 16 de outubro deste ano.

O SBPE se caracteriza, desde sua primeira edição, como um espaço aberto para a apresentação de trabalhos inéditos sobre temas científicos, filosóficos, religiosos, éticos, psicológicos e sociais, abordados à luz do Espiritismo, de acordo com o pensamento kardecista.

As inscrições já estão abertas.

TRABALHOS

Os trabalhos para o 9º SBPE deverão ser apresentados para uma análise prévia da Comissão Organizadora. Essa análise não tem sentido de censura, mas de verificação da adequação aos propósitos do Simpósio.

Para essa apreciação preliminar, os autores deverão enviar um Resumo, sintetizando o tema e o desenvolvimento do trabalho.

Esse Resumo deverá ocupar apenas 1 página tamanho A4, marginada em 2 cm em todos os sentidos, escrita em Times New Roman, corpo 12, programa Word 98, Millenium, 2000 ou Xp.

Após a análise, o autor será contatado e enviará o trabalho completo, com as mesmas dimensões acima, com o máximo de 20 paginas.

Todos os trabalhos serão publicados em CD.

Tanto o resumo como o trabalho completo deverão ser enviados por e-mail: ickardecista@terra.com.br ou em disquete 3 1/2.

CRONOGRAMA

A remessa dos trabalhos deve obedecer ao seguinte cronograma.

INFORMAÇÕES

Qualquer informação sobre o 9º SBPE pode ser obtida por e-mail ickardecista@ig.com.br, por telefone (13) 3284 2918. Endereço para correspondência Avenida Francisco Glicério, 261 – CEP 11065-401, Gonzaga, Santos, SP.

Um novo Pensar - Jaci Régis

Foi há muito tempo. O local, um clube que cedera o salão, já não existe mais. Era uma noite fria e chuvosa. O vento soprava forte e andar na orla da praia era difícil. Mesmo assim, o salão estava cheio. Estávamos realizando um evento sobre a família Eu mesmo já tinha realizado uma palestra na noite anterior. Naquela noite, teríamos um orador conhecido, de fala fluente, aplaudido em todo o país e fora dele.

Conforme ele desenvolvia seu discurso, meu espanto era cada vez maior. O orador desenvolvia com facilidade o tema. Mas aquele discurso me pareceu velho, irreal, fora da realidade das pessoas, da sociedade que se confrontava em processo de rearrajamento.

Relembro esses fatos para avaliar meu próprio caminho, porque desenvolvi um novo pensar. que me levou a uma ruptura com a forma de pensar o mundo e a nós mesmos.

O pensar confessional depende de um modelo, de um líder ou herói que sintetiza todas as virtudes, que possui o poder, o sinete da divindade. Sua meta é superar o humano, seguindo caminhos que o levem ao céu, à felicidade, enfim. .O crente veste espécie de armadura medieval que supostamente o fortalece, dá segurança e o mantém (ou deveria manter) afastado do mal.

De onde estou, mantenho meus princípios, sem qualquer mutação essencial.

Mas exercito um novo pensar.

Não revejo princípios, revejo as formas de entender os princípios.

Sigo a máxima "examinai tudo e retende o que é bom".

No novo pensar, um livre pensar, não preciso de um herói, nem de um modelo a seguir. Preciso, certamente, de referências e exemplos. Mas desvencilhei-me da armadura e sigo, como simples mortal, na busca de mim mesmo. Que significa olhar o outro e tentar compreender e viver as diferenças. Sem necessariamente justifica-las.

Seria obtuso de minha parte, não reconhecer as mutações constantes que envolvem permanentemente as sociedades. Não se trata de mera retórica. Mas de exigência para não perder o sentido positivo e evolutivo da vida.

Não inovo. Kardec afirmou que o Espiritismo seria ciência ou fracassaria e também que o que parece hoje verdade pode amanhã ser considerado mentira e vice-versa.

Essa capacidade de mutação, de reversão de idéias fertiliza o Espírito. Sigo livre com poucas certezas e muitas dúvidas. Mas isso não aniquila o ideal, nem perturba o caminho Posso revisar, questionar Deus, Kardec, o Espiritismo, sem contestá-los. Interrogo a vida e procuro respostas, porque assim me delineei mentalmente no estudo do Espiritismo.

Como entender a atuação divina no mundo envolto em caos? Como situar o Espírito imortal no jogo intricado da evolução, das relações entre pessoas. Como penetrar o complexo mundo da mente, que tipifica a exclusividade do ser?

Revejo o dogma da reencarnação e o coloco como mero instrumento da lei da evolução, processo biopsiquico tão natural quanto são os processos evolutivos da natureza, sem o colorido punitivo e aflito da salvação, do pecado e do castigo, um jogo que não honra uma idéia da harmoniosa manifestação da divindade na vida.

Esse novo pensar, a princípio, pode ser angustiante, tensa.

Em 624. a vida seguia segundo os ditames da fé. De repente, veio a bomba! Ao contrário do se afirmava como palavra de Deus, o mundo não estava placidamente parado, mas se movia, girava. A reação foi violenta. Galileu teve que desmentir. Os que se mostraram indignados, muitas vezes o faziam sinceramente revoltados com a petulância daquele sujeito em desmentir a verdade, a afirmação da palavra de Deus.

Ainda hoje há quem pense o mundo e as pessoas conforme os dogmas da fé. Há quem despreze a ciência, talvez com o medo de que tudo em que acreditava desmorone como castelo de cartas, refugiando-se nos livros sagrados que trariam a palavra de Deus, ainda que escritos por pessoas.

Mas a Terra se movia mesmo.

E tudo também se moveu lenta ou aceleradamente.

Como terá que mover-se a pedra pesada da fé que se cristalizou no passado, defendendo o pensar restrito dos profetas como verdades eternas, definitivas.

Realmente concordo com Emmanuel que o Espiritismo é sol e por isso não pode ficar na sombra, obscurecido.

Não alimento a ilusão de que como nova "revelação" o Espiritismo seja a verdade final. Mas gostaria muito que tivéssemos a competência de, como queria o fundador da doutrina, que ela fosse um elemento coadjuvante no processo de transformação social em andamento, a escoar no tempo e no espaço.

Gostaria muito que pudéssemos provar, pela mediunidade, a imortalidade. Pela lei da evolução explicar os desníveis evolutivos das pessoas e pela Lei Divina e Natural, apresentar a forma como Deus age na vida em todos os sentidos.

Relembro Marx "tudo o que é sagrado será profanado" e aprecio a perspicácia do pensador, não no sentido da corrupção da moral e do bem que nunca existiram plenamente em qualquer sociedade, mas como o rompimento de estrutura mentais e sociais erguidas sobre os as bases disponíveis para o pensamento. Qual a diretriz para o comportamento, afinal? Repito o que diz O Livro dos Espíritos "vede Jesus" E reconheço nele o poeta da vida, recitando poema do Sermão do Monte. Vejo-o como um homem sábio, um profeta de todos os tempos, ensinando o caminho e caminhando nele.

Penso em Deus de forma positiva. Vejo a divindade mais sábia, mais sólida, na medida em que não coloco Deus na minha língua para citá-lo nas mais mesquinhas condições, ora como aquele que ajuda a vitória, ora aquele que abandona na derrota.

Um novo pensar é um caminho difícil porque tudo parecia calma e tranquilamente certo, até que Galileu Galilei disse... "mas se move".

Influência dos Espíritos nos Transtornos Psíquicos - Eduardo de Barros Lima

Um dos temas abordados durante uma das reuniões semanais realizadas às sextas feiras no ICKS, teve como temática de desenvolvimento "A influência dos espíritos nos transtornos psíquicos".

Este assunto, de vasto campo de discussão e reflexão, trouxe para a pauta de debates uma visão desmistificadora dos mecanismos e modelos até então apresentados sobre o processo obsessivo que tanto impacta a literatura e o pensamento espírita.

Kardec coloca na pergunta 459 do Livro dos Espíritos, um questionamento nos seguintes termos: "Os espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?" Cuja reposta foi: "A esse respeito sua influência é maior do que credes, porque, freqüentemente, são eles que vos dirigem".

Vemos aí uma afirmação e alerta sobre a ação externa ao pensamento e ações dos Espíritos encarnados. Mas, uma dúvida ainda se coloca nesta resposta. Mas que, nas perguntas seguintes, é paulatinamente posicionada, como abaixo.

460- Temos pensamentos próprios e outros que são sugeridos?

Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem às vezes ao mesmo tempo sobre um mesmo assunto e freqüentemente bastante contrários uns aos outros; pois bem, nesses pensamentos há sempre os vossos e os nossos. Isso vos coloca na incerteza porque, então, tendes duas idéias que se combatem.

461 - Como distinguir os pensamentos próprios daqueles que são sugeridos?

Quando um pensamento é sugerido, é como uma voz falando. Os pensamentos próprios são em geral os do primeiro momento. Além de tudo, não há para vós um grande interesse nessa distinção e muitas vezes é útil não sabê-lo: o homem age mais livremente. Se decidir pelo bem, o faz voluntariamente; se tomar o mau caminho, há nisso apenas maior responsabilidade.

Independente da sistemática demonstração desta influência temos clara identificação do canal que é utilizado para concretização desta ligação mental entre os dois Espíritos: o pensamento, ou seja, a influência psicológica que um Espírito exerce sobre o outro.

Mas, como esta influência fica demonstrada? Qual o mecanismo utilizado para esta troca de idéias e mensagens? Através do processo de codificação e decodificação da mensagem por meio de um veículo.

Temos então um codificador ( Espírito desencarnado ), uma mensagem ( idéias ), um veículo ( pensamento ) e um decodificador ( Espírito encarnado), formando o processo de comunicação. Neste, o receptor ( decodificador ) na verdade retroalimenta a comunicação através da contínua ligação mental que forma com o emissor.

Falamos então que o receptor "ouve", não apenas escuta, o emissor, ou seja, ele presta atenção ao que está sendo enviado, pois tem uma identificação pessoal com as idéias e sensações que esta mensagem lhe trás.

Chegamos a uma posição onde podemos observar que ambos os elementos desta ligação mental, partem para uma simbiose de pensamentos, que leva a um conluio de emoções e objetivos mútuos.

Certamente, muitas das ditas obsessões, subjugações ou fascinações, não têm fundo mediúnico, mas puramente anímico. Mas, quando detectada a sintonia mental entre os dois Espíritos, vê-se, muitas vezes, a cumplicidade de sentimentos.

A porta aberta dos transtornos psíquicos pode certamente levar à facilitação da influenciação de uma mente que já possui uma pré-disposição mórbida, com total sintonia de pensamentos e entrelaçamento de idéias, objetivos e sentimentos.

Como responderam os Espíritos ao professor Rivail, "muitas vezes vos dirigem", mas certamente como co-pilotos.

Cartas Abertas - Da Redação

ESPIRITISMO NA HOLANDA

Queridos amigos,

Temos a grata satisfação de apresentar a http://allankardec.pagina.nl, filiada a Startpagina. A allankardec.pagina é mantida pelo Conselho Espírita Holandês ( Nederlandse Raad voor het Spiritisme) com o objetivo de divulgar e promover o espiritismo na Holanda, conforme codificado po Allan Kardec, através da indicação de sites organizados por assunto. Convidamos a todos a colaborarem com o crescimento e melhoria da página através de sugestões de sites, artigos, pesquisas, palestras, seminários, simpósios, exposições e livros referentes a Doutrina Espírita. Toda sugestão será bem-vinda e poderá ser enviada para o e-mail vrede_id_wereld@yahoo.co.uk.

Antecipadamente, agardecemos sua colaboração.

Em nome do Conselho Espírita Holandês,

Fraternalmente, Maria Moraes

TSUNAMI I

Excelente o editorial Mediuncracia.

A matéria "Tsunami, castigo divino?": qual o critério para afirmar que os espíritos que ditaram a resposta 539, não conheciam nada sobre placas tectônicas? Um aspecto negligenciado nas abordagens espíritas sobre as tragédias coletivas refere-se aos sobreviventes. Po que não discutir o trauma daqueles que não morreram?

Um abraço

Lair Amaro

A resposta da questão 539 e outras mostra que o conhecimento dos Espíritos a respeito da geologia terrena era precário, senão inexistente. Eles preconizavam o lado moral, que era o foco da atenção. Segundo Kardec, o conhecimento dos Espíritos não era, talvez nesse campo, muito superior ao nível da ciência de então.

Os sobreviventes ficam sujeitos a trauma, fome, desepero, com sequelas que muitas vezes persistem. Mas são vistos como objetos da solidariedade.

A morte é que causa espanto, inclusive, porque representa, na visão mística, um castigo divino.

TSUNAMI II

Quero parabenizar a direção do Abertura pelo excelente material que vem publicando. Sobre o tsunami, estou de acordo com o que foi publicado, porque tira as dúvidas de nosso entendimento. Foi muito bem colocado o tema. Alias, gosto sempre do que o Abertura publica.

Argemiro Miranda - São Paulo

ABERTURA

Parabéns pelo belo formato do tablóide "ABERTURA", um excelente orgão de divulgação da doutrina enviada por Jesus. Os meu mais sinceros agradecimentos, e recba aí um abarço carinhoso meu, e de meus familiares.

Marcos Antônio de Andrade - Taubaté.

 

Vácuo Profundo - Editorial

Mais de trinta milhões de pessoas votaram para alijar, do programa BBB, um dos concorrentes. A existência de programas como esse e o seu sucesso, não apenas no Brasil mas em muitos paises mostra o vácuo profundo das pessoa, na sociedade em geral.

Milhões pagam para espiar, compartilhar o desenrolar dos dias seguidos de um grupo de homens e mulheres segregados para desencadear emoções e fatos que uma convivência desse tipo produz. Pagam porque suas almas se projetam na ociosidade e no sucesso temporário dos componentes desse espetáculo real.

Não podemos ignorar as mudanças profundas que ocorreram na sociedade desde o término da segunda guerra mundial.

Diante do cansaço e do medo que se abateu sobre a sociedade, criou-se o que se chama de contra cultura. Ou seja, atitudes, formas de vida e pensar que vão contra o tradicional, o que era considerado correto. O mote é ironizar modelos morais, ousar em afrontar tradições e exaltar o fútil. O escárnio é usado com freqüência.

Certamente não é toda a população, mas todos são influenciados.

Fracassaram as respostas dadas pelos esquemas religiosos e quase-religiosos, todos fazendo a mesma proposta moral, de renuncia, de aceitação da vida como imposição de Deus ou de forças divinas.

Então temos a grande multidão cada vez menos ligada a objetivos maiores da vida e uma parcela de crentes, como linhas paralelas. Os primeiros alardeiam liberdade sexual, ruptura de preconceitos e criação de preencher o vazio.

Os segundos estão contidos, superficialmente, em guetos de crentes que tentam passar incólumes diante do apelo cotidiano.

Se a rebeldia da contra cultura teve e tem seu lado bom, pois é instrumento de revisão de conceitos e preconceitos, por outro lado torna a sociedade permissiva, porque abre caminho para atitudes claramente desequilibradas e lesivas à vida.

Todos se confundem perante a morte e a dor. Mas o tecido social se esgarça e rompe ela ação da industria do suposto prazer, pelo oferecimento e justificativa dos desvios que se tornam nefastos e diluidores das relações humanas.

Com o vazio que cresceu e cresce, multidões optaram pelo niilismo e a mídia entra aí como veículo ideal para a insensatez, o permissivo, notadamente nas formas de comportamento sexual, que é a base de todo o equilíbrio e desequilíbrio pessoal e social.

Há toda uma industria que valoriza o errado, o negativo e o apelo é intenso para o triunfo do nada existencial, colorido pelas belas mulheres nuas, pelas novelas repetitivas mas que abordam, sem cessar, o desejo, o falso sentido do prazer.

As chamadas forças do bem parecem indecisas ou tentam vender imagens e opções carcomidas, totalizadoras e rígidas, que tocam alguns, mas que não decidem o destino da maioria.

Muitos dirão que esse processo tem em si mesmo o remédio, porque haverá um tempo que tudo cansará e o rebanho voltará ao Senhor.

Que Senhor, eis a questão.

Haveria alternativa que fosse aceita e encaminhasse as massas para outros rumos? Claro que sim. Mas que rumo?

Esse o desafio. Descobrir uma proposta que nem queira voltar ao passado, nem se estiole na indiferença aos valores espirituais.

Mas aí também cabe a pergunta, que valores espirituais?.

O que se tem que fazer é oferecer uma outra face da existência, que não seja modorrenta do moralismo, nem chata com atitudes hipócritas. Teremos que mostrar que podemos fazer uma sociedade equilibrada sem ser aborrecida, termos uma moral e uma ética positiva, mostrando que a espiritualidade é caminho, pois ela é produto da alma, sem menosprezar o mundo, mas transcende a materialidade da vida, o que não significa qualquer apelo o ascetismo, à fuga dos verdadeiros prazeres, à alegria e de uma vida intelectual, social abundante, plena no amor à existência humana..

Talvez o Espiritismo pudesse ajudar nesse sentido, se não perder o verdadeiro sentido de sua estrutura renovadora.

Pedagogia Espírita - Editorial

A iniciativa coordenada por Dora Incontri, de criar um curso de Pós Graduação Lacto Sensu, sobre Pedagogia Espírita, agasalhada pela Universidade Santa Cecília, de Santos, merece destaque e apoio. É uma forma prática, acadêmica e objetiva de dar sentido ao ideal de tornar realidade a contribuição do Espiritismo no campo fundamental da educação.

O prof. Rivail pode ter muitos e merecidos títulos, mas o de pedagogo, discípulo de Pestallozzi lhe dá um caráter humanista, educacional, projetivo como contribuição básica para uma nova sociedade.

Diariamente se lê e vê, debates e artigos, trabalhos e seminários sobre a necessidade de ampliar, qualificar, democratizar – no sentido de ser acessível a todos – a educação.

O Espiritismo, como se tem provado, tem base para desenvolver uma pedagogia orientada para o desenvolvimento da sensibilidade e da natureza espiritual da criatura humana.

Recentemente foi realizado em Santos um grande encontro que reuniu mais de um milhar de participantes, todos entusiasmados com as possibilidades de uma pedagogia espírita.

Apesar desse entusiasmo, a procura das vagas tem sido pequena e corria o perigo de não alcançar o número mínimo estipulado pela Universidade.

Caso o Curso não seja realizado por falta de alunos, o que esperamos que não aconteça, será uma mostra triste do velho ditado do que se fala e não se faz.

Mas a iniciativa parece ser vitoriosa e será para que o Espiritismo mostre à sociedade a que veio.

A Energia Atômica - Da Redação

Foi um largo passo da ciência pénetrandon os segredos do átomo e desintegrando, liberando uma fonte de energia poderosa.

Todavia, o desenvolvimento de bombas atômicas que marcou a desintegração atômica, com milhes de mortes e estarrecendo o mundo, manchou esse marco científico.

A aplicação da energia atômica em atividades pacíficas segue lenta, na medicina e na produção de energia elétrica. Estas usinas são extremamente perigosas, embora os avanços nos esquemas de segurança. Mas o exemplo trágico de Chernobyl, na Ucrânia, com a morte e a destruição devido ao vazamtnto da energia dos reatores da usina elétrica são ainda muito vivos.

Agora, não obstante os esforços dos Estados Unidos e da ONU, vários paises dispõem de artefatos atômicos. Paises como a Índia, o Paquistão em eterno confronto e com uma população, em muitos casos, abaixo do nível da pobreza, analfabeta e fanática, desenvolveram a bomba atômica., Tanto quanto a Correia do Norte, resíduo atípico dos regimes comunistas, aparentemente liderado por um ditador carismático e com dificuldade em alimentar a população, ameaça com sua bomba atômica.

O Irã, dominado pelos cléticos xiitas parece estar disposto a fazer sua própria bomba, ameaçando Israel e outros vizinhos.

Essas circunstâncias parecem levar dúvidas sobre a utilidade pacífica da desintegração atômica.

Fé e Razão - Imprensa Espírita

A revista Reformador, da Federação Espírita Brasileira, aborda, como tema de capa, na sua edição de fevereiro último, o tema Fé e Razão. No seu editorial, sempre muito sumário e sem profundidade, a revista conclui que o Espiritismo teria feito, afinal, a ligação entre a ciência e a religião.

Diz: " Com isto, Allan Kardec, codificando a Doutrina Espírita, revelada pelos Espíritos Superiores e submetendo todos os seus ensinos a uma análise assentada no uso da lógica, edificou a ponte que liga a Fé à Razão, unindo consequentemente, a Ciência à Religião. Demonstrando que as duas se completam, constatou, também, que essa união, à luz da Verdade, proporciona ao homem segurança no trato das questões que o afetam mais diretamente utilizando a Razão, iluminada pela Fé, melhor compreende as Leis que emanam de Deus e, utilizando a Fé, assentada pela Razão, aplica de forma mais adequada essas mesmas Leis"

Era esse o propósito de Allan Kardec. Esse propósito foi realmente alcançado? O texto é capcioso. Na verdade ele está fundamentado na fé que ilumina a razão, pois a fé é apenas "assentada" na razão. Seguindo, aliás, o famoso triângulo de Emmanuel que prioriza a religião sobre a filosofia e a ciência.

A Fé raciocinada preconizada por Kardec é paradoxal. A ciência, afinal não precisa da fé, mas de ética. Fé é uma atitude voluntária, intuitiva e, nesses termos, irracional. A razão é a base do raciocínio espírita, segundo Allan Kardec.

Teriam os espíritas brasileiros, em particular, se tornado minimamente racionais na análise dos fatos, a começar pela mediunidade, ou seguem apenas a fé intuitiva, irracional?

São as federações, os movimentos corporativistas de médicos, magistrados, psicólogos e outras profissões, espíritas, exemplos acabados desse perfeito equilíbrio?

A resposta é, lamentavelmente, não.

O que se faz no Brasil é um Espiritismo místico, sem apelo à razão, esquemático, salvacionista. Parece duro esse exame. Mas quem contestará?

A idéia de que Deus só pode ser entendido pelo misticismo, pela produção de preces e prédicas sobre as dores segundo as vidas passadas, não é racional. Porque reduz a moral, a ascensão espiritual aos ritos herdados das igrejas.

Seria mesmo bom que os espíritas usassem mais a razão para que a fé, no dizer de Emmanuel, fosse saber.

Células Embrionárias - Problemas Sociais e Políticos

A Câmara Federal aprovou a lei de Biossegurança, que permite experiências com células tronco embrionárias, vencendo dura batalha travada no clima emocional das religiões, inclusive a espírita. Temia-se que a ação de lobbys religiosos, principalmente depois da eleição do deputado Severino Cavalcante para a presidência da Câmara notoriamente contrário à medida.

Entretanto a esmagadora maioria dos deputados aprovou a lei, que já tinha sido aprovada no Senado Federal.

Existe uma salutar preocupação de pessoas e entidades com a ética na ciência. A bioética tenta estabelecer limites à ação dos cientistas, sempre que valores ou a vida humana possam estar em risco.

Outro tanto fazem os ambientalistas, no sadio exercício da vigilância da preservação do meio ambiente.

Entretanto, uns e outros, não raro estabelecem uma rígida negativa a qualquer progresso ou modificação.

No caso das pesquisas sobre as células embrionárias, a igreja católica, sobretudo, mas também fundamentalistas protestantes (nos Estados Unidos conseguiram que o presidente Bush proibisse o uso de células embrionárias)e alguns espíritas se colocaram contra, a pretexto de que os embriões são vidas. Como disse uma cientista, todos os órgãos têm vida, mas não são indivíduos.

Preferir descartar embriões do que aproveitá-los para pesquisas científicas que podem levar a cura de doenças genéticas ou não e as causadas por acidentes, parece bastante paradoxal.

As investigações e pesquisas prosseguirão, mas não há nada ainda de concreto quanto a sua aplicação. Algumas experiências feitas recentemente dão grandes esperanças a pessoas paraplégicas, como também aos portadores do mal de Parkinson e Alzheimer.

Enfim, venceu o bom senso e mais uma vez as religiões mostraram sua face retrógrada e incapacidade de avançar.

Opinião em Tópicos (Aborto e Pecado, Condições Excepcionais, Dignidade e Vida, Lei Natural e Modernidade) -  Milton R. Medran Moreira

Aborto e pecado

Vítima de estupro e grávida do próprio irmão, a estudante C. (18 anos) perambulou por cinco diferentes hospitais paulistas para interromper a gravidez. Mesmo com o boletim de ocorrência em mãos, comprovando o estupro, não encontrava médico algum que concordasse em fazer o que lhes pedia a moça: livrar-se daquela gravidez que recém iniciara. Somente no quarto mês de gestação, ela conseguiu a realização do procedimento, num hospital público da Capital, a 476 quilômetros de casa.

O relato está em reportagem da Folha de São Paulo (27.2.05) que traz depoimento da médica Fátima de Oliveira, registrando: "A idéia de pecado está claramente presente". Segundo ela, mulheres vivendo situações aflitivas como essa "são tratadas como criminosas".

Saliente-se que o direito penal brasileiro permite o aborto nessa circunstância (quando a gravidez resulta de estupro) e na hipótese de perigo à vida da gestante. Mas, o medo tem feito com que médicos e hospitais se neguem ao procedimento legalmente autorizado.

Condições excepcionais

Fosse eu pai da estudante referida na reportagem e de seu estuprador, mesmo na condição de espírita, teria concordado com o aborto. E você? É diante da crueza das situações concretas que se tem de examinar caso a caso. Um reducionismo simplório tem obstaculizado, no meio espírita, o debate desses temas. Diz-se, simplesmente, que o Livro dos Espíritos só autoriza uma hipótese: a do perigo de vida da gestante (q.359). Estou analisando detidamente o tema no meu livro "Direito e Justiça – um Olhar Espírita" (Ed.Imprensa Livre, 2004): Em meados do século 19, como agora, a Igreja, não reconhecia a licitude do aborto nem naquela circunstância, expressamente autorizada pelos espíritos, na resposta à questão 359, proposta por Kardec. Com aquela resposta, a doutrina espírita tomou uma clara posição: é contrária ao aborto, mas admite-o em condições excepcionais. Certamente, se Kardec houvesse colocado uma situação concreta como aquela narrada na reportagem, os espíritos não teriam condenado a interrupção da gravidez em circunstâncias assim. Porque o bom senso não a condena. Antes, recomenda-a, de preferência, já no início. Hoje já dispomos da "pílula do dia seguinte".

Dignidade e vida

O delicado tema da gravidez resultante da violação à liberdade sexual da mulher não estava na agenda de discussões do Século 19. Só passou a ser relevante para o direito, mais de 60 anos após a edição de O Livro dos Espíritos. Levantou-a o grande jurista espanhol Jiménez de Asùa, no III Congresso Científico Pan-Americano, em 1924. Ele recomendou que as legislações modernas salvaguardassem essa hipótese de aborto não criminoso. Na base do raciocínio está um argumento chamado em direito de "inexigibilidade de outra conduta". Esta se dá quando alguém pratica um fato definido como crime, mas em circunstâncias tais que não seria razoável exigir-lhe outra conduta. O direito não é feito para heróis, assim como o espiritismo não existe para santos, mas para pessoas comuns, sujeitas às vicissitudes da vida. A dignidade humana é direito inalienável que, muitas vezes, se contrapõe até ao direito à vida.

Lei natural e modernidade

O espiritismo é uma doutrina moderna e profundamente humanista. Como tal, toma posição clara em favor da vida. Ao espírita repugna, em tese, a idéia do aborto. Assim como do homicídio, do suicídio ou da eutanásia. Mas, o direito à vida, mesmo sendo o mais importante, muitas vezes é posto em confronto com outros direitos que, em dada circunstância, será justo preservar. É por isso que o mesmo direito que define crimes também prevê as "excludentes de criminalidade", como a legítima defesa, o estado de necessidade, o exercício regular de um direito e outros. O Livro dos Espíritos, diferentemente da forma como o tomam muitos espíritas, não é um Código Penal, definidor de crimes e de punições. É um generoso compêndio de direitos humanos, a partir dos valores da lei natural, gravada em nossa consciência. Sobrepor a lei natural ao arbítrio do sagrado tem sido uma luta difícil, mesmo na modernidade.

O Investigador - Dalmo Duque dos Santos

A missão de Allan Kardec foi, essencialmente, um trabalho de comunicação, no aspecto técnico-científico, e muito acentuadamente no aspecto ideológico. Nos seus escritos encontramos sempre a preocupação com o formato da informação a ser transmitida, com a linguagem, com a mídia a ser utilizada, com o público-alvo, bem como as repercussões e retorno dessas informações, das quais se autodenominava, não um autor, mas um portador e membro de uma equipe.

No aspecto técnico percebe-se, claramente, não só sua habilidade de comunicador, herdada da Pedagogia, mostrando sempre um impecável ordenamento na organização e distribuição didática dos temas, mas também a sagacidade de um investigador a desvendar os paradigmas de uma nova Ciência, cuja base filosófica, de conseqüências morais, deve ser informada de maneira adequada para a cética Sociedade do seu tempo e do futuro. Aqui aparece o aspecto ideológico.

Ao tomar contato com os fenômenos espíritas, o Professor Rivail logo percebeu suas várias nuances e os múltiplos rumos que esses acontecimentos poderiam tomar. Enquanto a maioria das pessoas reparava apenas no aspecto supérfluo dos fenômenos "sobrenaturais" que se manifestavam, Rivail tratou de olhar essas manifestações primeiramente sob o prisma da curiosidade científica, pois era esta não só a sua formação intelectual, mas também um importante traço do seu caráter: "Só acreditarei vendo e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar e nervos para sentir..."

Outro aspecto logo identificado por Rivail nesses fatos foi o filosófico. Ali estava algo que desafiava o materialismo e a crise existencial que assaltavam a sociedade européia da Era Industrial. Enquanto uma multidão se entregava ao extremo da descrença e do desencanto, no outro extremo um gupo significativo se perdia nos laços confusos do esoterismo vulgar ou no fanatismo religioso, o mesmo que decretaria o dogma da infalibilidade papal.

O hábito natural e filosófico de fazer perguntas do tipo "quem sou?", "de onde vim? " e "para aonde vou? " conduz para o materialismo ou para o deísmo; a indiferença seria uma indecisão. Se inteligências se manifestam e se identificam como seres humanos que já viveram na Terra e revelam a existência de planos de vida que ampliam e superam a visão mitológica das religiões tradicionais, isto terá como conseqüência uma mudança de comportamento, seja para a negação, seja para a indiferença, seja para a crença. Isso preocupou de tal forma o nosso professor que ele não queria que essa nova Ciência fosse encarada como mais um rótulo religioso, julgada pelo preconceito religioso ou ainda pelo preconceito contra os religiosos.

Mas, à medida que as manifestações foram acontecendo e os contatos se aprofundando, através de múltiplas formas de questionamentos, percebe-se que os Espíritos também querem falar filosoficamente de Religião, querem romper preconceitos e reafirmar conceitos perdidos na Antiguidade oriental e clássica. Os Espíritos não estão interessados apenas em brincar de levantar mesas e dar pancadas nas paredes, para assustar os humanos supersticiosos; querem não só falar de fenômenos, mas também chamar a atenção para outros aspectos da vida e se reportarem a assuntos que consideram essenciais para tocar na ferida da crise existencial pela qual passa o Homem. Para tanto, vão estabelecer e transmitir simultaneamente a combinação integrada de importantes conceitos doutrinários, que serão a espinha dorsal da revelação Espírita: a Existência do Espírito, a Sobrevivência da Alma após a morte do corpo físico, a Pluralidade das Existências ou Reencarnação, a Diversidade de Mundos, a Comunicação pela Mediunidade entre Espíritos encarnados e desencarnados e entre Mundos, a Lei Causa e Efeito e a Evolução Progressiva dos Seres e das Formas. Esses conhecimentos formam uma síntese das principais informações espirituais reveladas no conjunto de todos milênios da experiência humana, em vários momentos e diferentes contextos históricos, agora reunidos numa ordenação filosófica e científica. O alvo dessa mensagem é o Homem Contemporâneo, pós-moderno, cético e altamente influenciado pelo materialismo. Mas também é direcionada à uma parte da Humanidade ainda sensível aos valores transcendentais. Era necessário, então, organizar todas as informações possíveis para propor uma tese atraente e intrigante; problematizar todos os dados em forma de antíteses atrevidas e desafiadoras e depois elaborar conclusões lógicas sobre as mesmas. A idéia era chegar a uma síntese segura e irrecusável, que poderia ser traduzida com o seguinte raciocínio do Codificador: "Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito."

Em comunicação direta a Rivail, no dia 12 de junho de 1856, os Espíritos falam abertamente de suas intenções e da responsabilidade daquele que foi escolhido por eles para agir como instrumento intelectual encarnado. Ele não aceita, ainda, essa tarefa como característica de uma missão pessoal e questiona o Espírito de Verdade se, realmente, é disso que se trata. A mensagem foi comentada em uma nota somente dez anos e meio depois de recebida, em 1867, e nela o Codificador constata todas as previsões feitas pelo Espírito comunicante.

Pergunta – "Bom Espírito, eu desejaria saber o que pensais da missão que me foi designada por alguns Espíritos. Peço-vos que me digais se foi uma prova para o meu amor-próprio. Tenho, sem dúvida, como sabeis, o maior desejo de contribuir para a propagação da Verdade, mas, do papel de simples obreiro para o de missionário-chefe, a distância é grande. E não posso ver como justificar, para mim, um favor dessa espécie, preterindo tantos outros que possuem talento e qualidades que não possuo.

Resposta – Confirmo o que te foi dito, mas aconselho-te a maior discrição, se queres ser bem- sucedido. Saberás, mais tarde, coisas que te explicarão o que hoje te surpreendem. Não te esqueças de que tanto poderás ter sucesso, como fracassar. Neste último caso, outro te substituiria, porque os desígnios de Deus não podem depender da cabeça de um Homem. Por isso, nunca fales de tua missão, seria um meio de fazê-la malograr. Ela não pode ser justificada, senão depois de a obra concluída, e tu ainda nada fizeste. Se conseguires realizá-la, os homens, cedo ou tarde, saberão reconhecê-lo, porque é pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore.

Pergunta - Certamente não tenho a menor vontade de tirar partido de uma missão, na qual mal posso acreditar. Se estou destinado a servir de instrumento para os desígnios da Providência, que ela de mim disponha. Neste caso, reclamo vossa assistência e a dos Bons Espíritos, para que me auxiliem e me sustentem em minha tarefa.

Resposta - Nossa assistência não te será negada, mas será inútil se, de tua parte, não fizeres o que for necessário. Tens teu livre-arbítrio. Cabe a ti usá-lo como entenderes. Homem algum é fatalmente constrangido a fazer alguma coisa

Pergunta - Quais as causas que poderiam fazer-me malograr? Será a insuficiência de minha capacidade

Resposta – Não, mas a missão dos reformadores é cheia de escolhos e perigos. A tua é rude, previno-te, pois terás que revirar e transformar o mundo inteiro. Não penses que te bastará publicar um livro, dois livros, dez livros e ficar tranqüilamente em tua casa. Não! Terás que arriscar tua pessoa. Suscitarás ódios terríveis. Inimigos encarniçados conjurarão tua perda. Serás alvo da malevolência, da calúnia, da traição, mesmo da parte daqueles que te parecerem os mais dedicados. Tuas melhores instruções serão desprezadas e deturpadas. Mais de uma vez serás vencido pela fadiga. Em suma, terás que sustentar uma luta quase constante como sacrifício de teu repouso, de tua tranqüilidade, de tua saúde e mesmo de tua vida, porque sem isso viverias mais tempo.

Pois bem! Vários já recuaram, quando em meio de um caminho florido encontraram sob seus pés somente espinhos, pedras pontiagudas e serpentes. Para missões dessas, não basta a inteligência. É preciso, primeiramente, para agradar a Deus, haver humildade, modéstia e desprendimento, porque Ele abate os orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens é preciso coragem, perseverança e uma firmeza inabalável. É preciso, também, prudência e tato para saber levar as coisas com propósito, sem comprometer-lhes o sucesso com medidas ou palavras intempestivas. É preciso, enfim, dedicação, abnegação e estar pronto para todos os sacrifícios.

Vês que tua missão está subordinada a condições que dependem de ti."

(Trechos de capítulo de livro inédito a ser publicado)

 1. Obras Póstumas. Minha Iniciação no Espiritismo: Minha Missão.

Notícias (Raul Dubrich assume a Presidência do CREAR) - Da Redação

Em Assembléia Geral, realizada no dia 11 de dezembro e 2004, na cidade de Virginia, Santa Fé, o Conselho de Relações Espíritas Argentino elegeu sua nova diretoria, para o mandato de 2004 a 2006.

Raul Dubrich foi eleito presidente em substituição a Alfredo Quintana. Os demais membros da direção do Conselho são: 1º Vice Presidente: Fernando Novello, 2º Vice presidente: Juan Carlos Cenizo, Secretario: Gustavo Culzoni, Pro-Secretario: Mabel Maero, Tesoureiro: Antonio Bruni.

Foram também eleitos, Norma De Wine, Maximiliano Oggero, Rodrigo Quintana, como vagas efetivas e Gustavo Molfino e Marcela Novello, suplentes. Comissão de Contas: Lilian Mercedes Pracilio de Beascochea

A nova diretoria pretende continuar o trabalho de unificação do Espiritismo argentino e a realização da IV Jornada do Pensamento Espírita, em Buenos Aires, de 13 a 15 de agostro de 2005.

Endereço para correspondência: Comisión Directiva del CREAR, Güemes 255, 2300, RAFAELA, Argentina. crear@cre-ar.org

Combate ao Vício de Fumar - Mundo Atual

Já ratificado por 51 paises, o Acordo, para o controle do tabaco, no âmbito da Organização Mundial da Saúde, pretende estabelecer restrições ao consumo do cigarro em todo o mundo. O Brasil é um dos signatários e teve importante papel nas discussões que levaram ao Acordo, mas o Senado Federal, pressionado pelos produtores de cigarro e plantadores de fumo, ainda não ratificou o acordo, o que afastará o país da reunião que tratará brevemente para adotar medidas concretas, como a elevação de impostos e restrições à propaganda.

Reconhecidamente como fator preponderante no câncer do pulmão, entre outros males comprovados, o uso de cigarros é causador, como qualquer viciação, de problemas sociais e humanos. No Brasil, já está proibida a propaganda do cigarro e o Ministério da Saúde coloca avisos sobre os males do cigarro e os maços do produto estampam figuras educativas. Mas o consumo não aprece diminuir.

Ao contrário da bebida e das drogas cujos efeitos são imediatos ou mediatos, o cigarro corroe o pulmão e o organismo de modo geral, ao longo do tempo e de forma irremediável.

Dentro da visão espírita, toda viciação é, no fundo, um processo egoísta, depreciador da alma e corrompendo o corpo influi no equilíbrio do Espírito.

Os que norteiam sua vida pelos padrões da doutrina kardecista, reconhecem a importância do corpo sadio e a mente desobstruída de viciações, como instrumentos básicos para a concretização de seu projeto de aproveitamento e crescimento espiritual, na vida corporal.

A mente que se deixa viciar estraga, muitas vezes, sua existência e isso acarreta conseqüências imprevisíveis para o futuro. Sabemos que o corpo é o veículo sinérgico para a manifestação do Espírito. Nesse sentido, alma e corpo são uma unidade que precisa ser tratada com extrema responsabilidade e equilibradas formas de vida.

Os viciados no fumo, segundo algumas mensagens mediúnicas, sofrem a angústia do vício mesmo depois da morte do corpo, uma vez que as viciações se fixam na mente imperecível.

Cognitive Sciences Laboratory - Marcelo Coimbra Régis

O CSL tem como meta determinar quais fenômenos parapsicológicos podem ser reproduzidos e verificados sob condições controladas em laboratório e compreender seus mecanismos. O CSL se utiliza de modernas ferramentas de experimentação comportamental, fisiológica e física. O CSL também procura entender quais aplicações práticas podem resultar de tais fenômenos. O Laboratório está sediado nos Estados Unidos, em Palo Alto, California.

Por mais de 20 anos o CSL tem sido o centro de excelência em pesquisas parapsicológicas e tem sido mantido pela área de inteligência do governo americano (CIA), através do programa conhecido como Star Gate. O Star Gate consistiu na investigação da veracidade da ESP e possíveis aplicações práticas no campo da espionagem. O programa foi constituído pelo Congresso Americano, coordenado pela CIA e teve duração de 24 anos. Seu relatório final conclui pela validade estatística da ESP realizada em laboratório, porém nenhuma evidência de que informações relevantes ao ramo da espionagem pudessem ser obtidas por meio da ESP foi comprovada.

Missão:

A missão do CST pode ser desdobrada em três aspectos:

· Determinar quais fenômenos parapsicológicos podem ser comprovados em laboratório;

· Entender os mecanismos que governam esses fenômenos;

· Examinar quais aplicações práticas podem resultar dos mesmos.

O laboratório é também um centro multi-disciplinar devotado a pesquisar e entender uma ampla gama de experiências humanas. Além de explorar os fenômenos parapsicológicos, o CSL também realiza pesquisas em campos afins como: neurociência, cognição, psicologia, fisiologia e física.

Filosofia de Trabalho:

O CSL adota uma filosofia de trabalho conservadora em relação aos fenômenos parapsicológicos. O Laboratório assume que todos os fenômenos serão eventualmente entendidos no contexto das ciências físicas. Como conseqüência o CSL questiona qualquer interpretação dualística ou mística em relação a tais fenômenos.

Atualmente o CSL, em conjunto com outros institutos de pesquisa, se dedica a explorar a capacidade do sistema nervoso central em prever eventos futuros automaticamente.

No site do CSL também pode se encontrar relatórios, artigos e pesquisas realizadas pelo mesmo, sendo bem interessantes os artigos relacionados às pesquisas patrocinadas pela CIA.

Para saber mais: Visite o site: http://www.lfr.org/LFR/csl/index.html

Abrindo a Mente (Quem foi o Dr. W.J. Crawford ? , O que é Matéria Psi ou Psi-Átomo ? ) - Alexandre Cardia Machado

1) Quem foi o Dr. W.J. Crawford?

Dr. Crawford professor de Engenharia Mecânica na Queen’s University, de Belfast. Dirigiu uma série de experiências de 1914 a 1920, com a medium Katheleen Golinger, sobre o ectoplasma, onde muitas das propriedades desta materia foram determinadas. Desencarnou em 1920, mas deixou um monumento imperecível nos tres livros escritos sobre pesquisa experimental. Ajudando a ciência psíquica numa base sólida.

Para abrir mais a sua mente leia: "The Reality of Psychic Phenomena" 1917; "Experiments in Psychical Science" em 1920 e "The Psychic Structures at the Goligher Circle" em 1921– História do Espiritismo – Arthur Conan Doyle – Editora Pensamento

2) O que é materia psi ou psi –átomo?

Esta idéia sugiu da análise dos livros de André Luiz, especialemnte este trecho de Evolução em dois mundos " Elementos atômicos mais complicados e sutis, aquém do hidrogênio e além do Urânio, em forma diversa daquela em que se caracterizam na gleba planetária" Hernani Guimarães desenvolveu conceitualmente esta ideia e propos as bases para esta existência, já que existe "algo" que sobrevive à morte física, que é possível moldar, se tornar visível, deve portanto possuir propriedades "parafísicas". Ao mesmo tempo em que a matéria física ao ser estudada mais profundamente, chegamos muito próximos da energia pura, talvez a matéria espiritual também o seja. Na conceituação desenvolvida pelo prof. Hernani a diferença entre esta matéria psi a matéria física é que a matéria psi teria mais uma dimensão física. A chamada 5a dimensão. Com a existência desta dimensão a mais uma série de fenômenos espíritas ou parapsicológicos, como o aporte, materialização entre outros podem ser explicados.

Para abrir mais a sua mente leia: Psi Quantico – Hernani Guimarães Andrade . Ed. Pensamento - São Paulo 1986.

'A Mulher na Dimensão Espírita" 30 Anos depois - Da Redação

Em 1975 a ONU - Organização das Nações Unidas patrocinou o Ano Internacional da Mulher. Em toda a parte foram promovidas palestras, eventos, saudando a nova mulher, que começava a surgir, principalmente no mundo ocidental.

Nos dias 29, 30 e 31 de maio de 1975, a DICESP-Divulgação Cultural Espírita, então dirigida por Jaci Regis e José Rodrigues, sugeriu a União Municipal Espírita de Santos a promoveu o Seminário Espírita da Mulher, realizado nas dependências da Associação Atlética Banco do Brasil, na Avenida Ana Costa, em Santos.

Para esse Seminário foram convidados a proferir conferências, Jaci Régis, a Dra. Marlene Rossi Severino Nobre e a socióloga Nancy Puhlmann di Girolamo. Após cada conferência foi aberto ao público presente a oportunidade de formular perguntas, respondidas pelos conferencistas. O Seminário foi um sucesso.

Tendo gravado todas as conferências, inclusive as perguntas e respostas, a DICESP resolveu publicá-las em um livro, iniciando sua atividade editorial.

Os autores fizeram alguns ajustes nos textos gravados, adequando-os para uma publicação e assim em novembro de 1975, foi lançada a 1ª edição de A MULHER NA DIMENSÃO ESPÍRITA.

Trinta anos depois

A Mulher na Dimensão Espírita foi, sem dúvida, o primeiro livro espírita a analisar o papel da mulher de forma objetiva e equilibrada.

As posições dos três autores ficaram definidas nos textos, cada um analisando um aspecto do problema da mulher.

Jaci Regis, abordou A Mulher no Plano Existencial; Marlene Rossi Severino Nobre, discorreu sobre A Mulher no Plano Humano e Nancy Puhlmann di Girolamo, A Mulher no Plano Social.

O sucesso do livro foi bastante expressivo.

Até 1994, foram tiradas nove edições, com 29 mil exemplares vendidos, um número expressivo, tanto para o mercado livreiro em geral, como para o mercado livreiro espírita, considerando que trata-se de um livro de pessoas encarnadas quase sempre preteridas pela produção mediúnica, mesmo a de baixa qualidade.

Duas capas

A capa das primeiras edições foi desenhada por Laurindo Peixoto. As demais edições tiveram a capa modificada com ilustração de um cartaz exposto na Federação Espírita do Estado de São Paulo, quando de uma manhã de autógrafos ali realizada.

A repercussão e censura

O livro com tão boa vendagem não tem sido citado por autores que tratam do tema. Preferem os textos de mensagens e de livros mediúnicos, que parecem provir da esfera divina. Desde há alguns anos a vendagem praticamente cessou porque há um bloqueio contra as obras assinadas por Jaci Regis.

Todavia, as ponderações feitas pelos autores que o livro traz estão perfeitamente atuais, mesmo porque o movimento espírita não tem se preocupado em explorar o tema, a não ser para estabelecer regras de comportamento e diretrizes morais para a vida das mulheres e das famílias.

Espiritismo : Diferentes Caminhos - Jacira Jacinto da Silva

Custa crer que existem visões tão discrepantes e divergentes para uma mesma filosofia.

A maioria dos espíritas aprendeu desde a infância que professava uma religião. Alguns descobriram mais tarde que, na verdade, Kardec criou uma nova filosofia, a partir de intensos estudos e pesquisas dos fenômenos mediúnicos. Outros, muito poucos, aliás, tiveram o privilégio de conhecer a doutrina espírita pelo seu corpo de conhecimento, por uma visão laica.

A grande maioria dos espíritas, porém, vê o Espiritismo como uma religião. Isso não está diretamente ligado à discussão que se inicia, mas entendi que deveria mencionar essa introdução, pois, ao final, restarão bem nítidas as conseqüências de se aderir a uma ou a outra posição.

Na verdade, pretendo destacar dois enfoques muito divergentes que são encontrados no movimento espírita como orientação às pessoas para ajudá-las a se entenderem, a compreenderem a finalidade da sua existência e a se portarem diante dela.

Tomarei um exemplo para facilitar a expressão do meu pensamento.

Analisando as obras básicas do Espiritismo, todos os livros escritos por Allan Kardec, e outros que lhe sobrevieram, encontra-se um manancial de informações que permite entender a dinâmica da vida, racionalmente.

Em síntese, criados como seres racionais, todos são dotados dos instrumentos necessários para atingirem a perfeição e a felicidade. No entanto, o uso desse recurso varia de acordo com a evolução; razão pela qual, dotadas de livre arbítrio, as pessoas vão fazendo as suas escolhas e facilitando ou dificultando a vida. Os diferentes temas tratados nos livros acima mencionados oferecem muitos recursos para o enfrentamento das dificuldades diárias, permitindo o nosso crescimento de forma simples e racional.

De outro lado, uma infinidade de obras psicografadas apresenta um outro enfoque espírita da vida. A mensagem é mais ou menos a mesma na sua grande maioria, mas os caminhos, os instrumentos de conscientização é que variam muito, parecendo formar um outro contexto doutrinário.

Por exemplo. A análise do Livro dos Espíritos, especialmente das questões 208, 209, 210 e 385, e de outras obras correlatas, impõe aos pais o dever inalienável e inafastável de educar e orientar os filhos, mostrando a importância de bem aproveitar a oportunidade para melhorar as condições de vida de todos, dos pais e dos filhos.

O estudo racional dessas obras leva ao convencimento de que o processo de educação se transforma em lição importante para o crescimento do conjunto familiar, evidenciando a necessidade de todos se ajudarem reciprocamente na busca de melhorar as condições de enfrentamento dos problemas vivenciais.

Aprende-se que se trata de um projeto conjunto de aprimoramento das pessoas, cujo exercício dependerá dos esforços de cada um, sendo perfeitamente possível que ao final da jornada uns tenham se transformado em personalidades totalmente diferentes, mais sábias, mais amáveis, mais intelectuais, enquanto outros vão deixar a experiência terrena levando muito poucos acréscimos, embora pertencentes à mesma família.

Na outra vertente, é comum encontrar, para mostrar ao pai o dever de auxiliar a mãe e de assumir na mesma medida o dever de educar e acompanhar a formação dos filhos, mensagens melodramáticas, com historinhas apelativas, de pouca credibilidade; recurso que minimiza a capacidade intelectual das pessoas e trabalha com elas como se só pudessem responder a este tipo de estímulo.

Li uma história psicografada que contava o caso de um julgamento. Resumidamente, dizia que depois de o Promotor de Justiça ter acusado o réu e pedido a sua condenação, surgiu a mãe no tribunal, contando que havia se envolvido na juventude com um rapaz, o que resultou na gravidez do acusado. Lamentou ter criado o filho sozinha; atribuindo a sua situação, agora no banco dos réus, ao abandono do pai. E finalizou dizendo que o próprio promotor era o tal genitor.

No meu ponto de vista, a mensagem é de péssimo gosto. Mistura as atribuições da Promotoria de Justiça com o caso de um representante do Ministério Público, que, como ser humano, pode não ter a exata noção de responsabilidade, como pode acontecer também com um juiz, um advogado, um engenheiro, um padeiro, um médico, ou qualquer outro profissional, sem que isso, por si só, seja suficiente para colocar em dúvida a legitimidade do exercício daquela função. É certo que se espera de alguns órgãos do Estado, que estejam representados por pessoas exemplares, mas a experiência tem mostrado que onde existem pessoas estão os problemas relacionados à imperfeição humana.

Qual parece ser a mensagem do Espiritismo mais coerente com o seu contexto filosófico? Esses textos que apresentam apelos melodramáticos, fazendo crer que as pessoas só respondem a chamamentos sentimentalistas, não representam o Espiritismo. Além de menosprezarem a capacidade intelectual das pessoas, prestam o desserviço de se vincularem ao nome da doutrina espírita, que na sua versão genuína, valoriza o ser humano e acentua a sua capacidade de vencer os desafios pelos próprios recursos.

A propósito da história acima narrada, de acordo com a filosofia espírita, a mulher que cria um filho sozinha, tem todas as suas atribuições normais de mãe, mais o dever inafastável de exigir do pai a sua participação. "Perdoar" o pai negligente; ter pena do pai inadimplente, inconformar-se e azedar-se com o desrespeito do pai sem tomar qualquer providência, são atitudes que poderão resultar em sofrimentos atrozes no futuro quando tiver de se deparar com um caráter deformado.

As mães sozinhas são também negligentes na medida em que desrespeitam seus filhos, deixando de tomar as providências cabíveis para exigir que o pai cumpra seus deveres morais e materiais.

É fácil perceber que a visão racional do Espiritismo mais permite avançar; razão pela qual, as lições de Kardec devem ser colocadas sempre em primeiro plano.

A Presença de Deus - Da Redação

Deus existe disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. (O Livro dos Espíritos, questão 14)

A resposta dada pelos Espíritos é mais do que sensata. É sábia. Ela nos coloca diante de uma realidade insofismável. Falta-nos condições de pensar Deus, na sua essência e da maneira como tudo começou.

Diante dessa impotência para entender a divindade e a razão de todas as coisas, os fundamentos da criação do universo e da vida, criam-se fantasias para explicar a natureza e a vontade divina.

Segundo Kardec "Sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas e o objetivo de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme à idéia que elas dão de Deus". (A Gênese, Capitulo I, item 24)

E qual a idéia que as religiões fazem de Deus?

A idéia de Deus nasceu do medo e da fragilidade do ser humano, nos primórdios da civilização. A ocorrência de fenômenos naturais e a dependência das condições atmosféricas para a cultura e a sobrevivência, não apenas despertou o medo, mas reconheceu um poder superior e geralmente colérico, que deveria ser acalmado por rituais e sacrifícios.

Esse sentimento persiste, embora todas as doutrinas de profetas e messias, revelando facetas mais suaves e até amorosas do poder divino.

Kardec afirma "A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de fonte primária, de pedra angular de toda a sua doutrina, é o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade". (A Gênese, capitulo I, item 23)

Todavia, o Deus do cristianismo é mais para o Jeová dos judeus do que para o Deus de Jesus de Nazaré.

As religiões que interpretam a vontade de Deus, dando-lhe roupagem e atitudes que lhes interessaram ou que acreditaram corretas, são incapazes de uma explicação razoável, perante o choque de uma imagem divina justa, bondosa, misericordiosa e as condições vivenciais da grande maioria. Esse o grande mistério sobre a divindade.

Por isso surgem sempre os mediadores, os que afirmam ter ligação com a divindade e pretendem obter graças e benesses divinas e distribuí-las entre as pessoas. Por isso também, a descrença nesse Deus moral, que "pune a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira geração".

O Espiritismo tenta suavizar esse disparate, introduzindo a reencarnação como justificativa para as dores dos seres humanos, as catástrofes, as injustiças, livrando Deus da causa das dores e hecatombes. Jogando toda a culpa nas costas dos seres humanos, seja nesta ou em várias outras vidas corpóreas, a teoria espírita procura dar um sentido de justiça à ação divina, sem que, por ora, não saiba justificar a própria vida. Na verdade torna a relação com Deus mais distante e mais conflitiva no interior da alma.

Mas a reencarnação é instrumento da evolução espiritual, essa sim, prova eloqüente da sabedoria divina e ser descoberta como foram descobertas as linhas da evolução dos seres vivos, no campo biológico, genético, antropológico.

A imagem do Deus cristãos, no campo da relação aflitiva, amorosa e justa com as criaturas está arranhada definitivamente.

Quando Nietzsche declara a morte de Deus, há justificada reação. Mas o filósofo alemão falava do Deus moral, do Deus das igrejas, de todas as igrejas.

"Já ouviu falar daquele louco que acendeu uma lanterna numa manhã clara, correu para a praça do mercado e pôs-se a gritar incessantemente: "Eu procuro Deus!" Eu procuro Deus!". Como muito dos que não acreditam em Deus estivessem justamente por ali naquele instante, ele provocou muita risadas... "Onde está Deus!", ele gritava. "Eu devo dizer-lhes: nós o matamos – você e eu. Todos somos assassinos... Deus está morto. Deus continua morto. E nós o matamos..." - (Friedrich Nietzsche, Gaia Ciência (1882), parte 125.).

UMA NOVA IDEIA

Tornou-se verdade absoluta que só se encontra Deus pela religião, um sentimento de "religar" a criatura ao seu criador.

Todavia, muitas vezes o cientista que descobre os mecanismos da vida está mais perto de Deus do que o sacerdote e o crente que ora e pede, aflito, diante das incógnitas da vida.

Porém, como Deus existe, é preciso ressuscitá-lo na mente e no pensamento das pessoas. O Espiritismo poderia fazer isso se conseguir romper com o modelo cristão sobre a divindade, ao qual está infelizmente preso.

O Espiritismo oferece uma visão muito mais ampla ao sinalizar a Lei divina ou natural, como fator de equilíbrio do universo, em qualquer dimensão da vida.

A crença num deus não resolve a relação humana.

A idéia de Deus só tem valor efetivo, quando conjugada com os valores morais, universais, que mostrem que todas as pessoas merecem respeito e vida, não obstante a diferença de sua crença em Deus, de seu Deus, a cor de sua pele, seu sexo, enfim.

É assim que existe uma Declaração Universal dos Direitos Humanos que fundamenta, mesmo que ainda teoricamente, as relações entre todas as raças, culturas e posições, acima de suas crenças e de seus deuses.

FATALISMO MORAL

Como era de se esperar, vários órgãos da imprensa espírita estão publicando artigos sobre o tsunami e todos procuram, com certa ansiedade, uma razão para isso. Para seus autores, tudo tem que ter uma razão moral, uma punição, um resgate coletivo. Interpretam ao pé da letra a informação de "que nada acontece sem a permissão de Deus", como uma forma de vigilância e controle pessoal, por parte da divindade de qualquer movimento que ocorra no universo. Além disso, como não existe o acaso, não cabe na cabeça dessas pessoas que o tsunami possa ter ocorrido sem ter uma causa moral anterior, mas uma reação do ambiente, dentro das condições geológicas e que atingiu cerca de 300 mil pessoas, sem que elas tivessem que ser punidas.

Assim como o primitivo diante das explosões de um vulcão, atribuía o fenômeno à ira divina, até hoje quando as mortes são promovidas por desastre da natureza, há um movimento natural para procurar a razão porque Deus permitiu. E se Deus permitiu é porque as pessoas que morrem mereciam ou, sarcasticamente, era para seu bem. Sem isso não há justiça. Substituem o "pecado original" do catolicismo pelo "pecado originário" do passado.

A não interferência de Deus, como querem os teólogos e crentes, não significa indiferença, mas a aplicação de sua Lei Natural que o Espiritismo nos mostra. A Lei Natural está estruturada para induzir, conduzir, levar ao equilíbrio, sempre que ele for quebrado, Esse reequilíbrio é um complexo de interações individuais e coletivas, cujas ligações nem sempre é possível compreender.

Aí, nessa complexa relação da pessoa consigo mesma e com os outros é que atuação divina se faz presente, pela criação de canais de renovação e caminhos para a felicidade.

Ao contrário das igrejas e profetas, Deus criou o universo e a criatura para a felicidade, o prazer, o amor e não para a dor, para o sofrimento. O inferno é criação das mentes mórbidas ou astutas que governaram as pessoas pelo medo. A vida é transição, aprendizado, crescimento.

Lançamento do Livro : Mecanismos da Mediunidade: Processo de Comunicação Mediúnica (Ademar Arthur Chioro dos Reis) - Da Redação

Será lançado, no próximo dia 18 de março, no Consistório da Universidade Santa Cecília, em Santos, o livro Mecanismos da Mediunidade: Processo de Comunicação Mediúnica,.de Ademar Arthur Chioro dos Reis, editado pela Editora CPDoc.

O novo livro de Chioro, é um trabalho de reflexão e aprofundamento sobre os mecanismos da mediunidade: o processo de comunicação mediúnica. Destina-se àqueles que praticam e estudam a mediunidade, interessados em compreender o fenômeno mediúnico, àqueles que se dedicam ao desenvolvimento e formação de médiuns, e aos dirigentes de reuniões mediúnicas.

Ademar Arthur Chioro dos Reis, é médico sanitarista e professor universitário. Mestre em Saúde Coletiva pela UNICAMP. Especialista e consultor nas áreas de Planejamento, Administração e Programação em Saúde. Atualmente é Diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde. Professor Universitário da UNISANTA (fisioterapia), UNILUS (Medicina) e UNIFESP (gestão em saúde).

Orador e dirigente espírita, ligado ao Centro Espírita Allan Kardec (Santos-SP), 2º Vice-presidente da CEPA – Confederação Espírita Pan-americana, Membro fundador do CPDoc. Autor do livro: Magnetismo, Vitalismo e o Pensamento de Kardec (Editora CPDoc).

O CPDoc é um grupo de pesquisa espírita dedicado ao desenvolvimento, publicação e divulgação de contribuições ao espiritismo com embasamento científico. Ademar Arthur Chioro dos Reis é participante ativo do CPDoc desde sua fundação, em 1988.