Maio de 2005

Em Junho, a Família é o Tema - Capa

O ICKS reserva, tradicionalmente, as palestras de sextas-feiras do mês de junho, para a abordagem do importante tema da família.

Sob o tema principal "O Desafio da Família Atual", serão desenvolvidos quatro temas, por especialistas convidados, para debater e esclarecer algumas das dificuldades e desafios que a família moderna enfrenta.

Desde a harmonização afetiva do casal, ao tirocínio eficaz na construção da psicoesfera familiar, que é resultado dos desejos, afirmações, pensamentos e atitudes do grupo familiar, a partir do casal, o papel da família torna-se decisivo, num mundo mutável, com solicitações por vezes esdrúxulas.

Tanto o casal, quanto os filhos, em qualquer faixa de idade, são submetidos a constante e diários bombardeios da mídia, dos costumes que vão sendo estabelecidos ninguém sabe por quem, mas que se tornam parâmetros, exigências e estímulos para comportamentos e atitudes pessoais e coletivas.

O Espiritismo, desde seu início, em 1857, deu especial importância ao trabalho da família e a responsabilidade dos pais, que categoriza até como missão.

Na verdade, a família modificada, diminuída, urbanizada ou não, constitui a base para o equilíbrio das pessoas e da sociedade.

Programa

O programa ainda passível de modificações, prevê quatro palestras, com debate, sempre às sextas-feiras, das 20 às 22 horas, na sede do ICKS, à avenida Francisco Glicério, 261está, em princípio, estruturado da seguinte forma:

9º SBPE, Chegaram os Primeiros Resumos - Capa

30 DE JUNHO PRAZO FINAL

PARA OS RESUMOS

Os primeiros Resumos para o temário do 9º SPBE, chegaram à Comissão Organizadora. Até 30 de junho próximo, os autores de trabalhos para o 9º SBPE, devem enviar seus Resumos. Isso é importante, não apenas para coordenar os temas apresentados, como para determinar as providências necessárias para a organização do Simpósio.

Como já foi publicado, esses Resumos devem apresentar o tema e seus objetivos, em apenas uma folha A4, enviada via Internet.

A análise não tem sentido de censura, uma vez que o SBPE se caracteriza, desde sua primeira edição, como um espaço aberto e democrático para a abordagem de temas escolhidos e coerentes com o pensamento kardecista. São mesmo desejados temas polêmicos, intrigantes e que apresentem novas idéias e interpretações, que contrariem a linha de pensamento do ICKS, sobre assuntos científicos, filosóficos, religiosos, éticos, psicológicos e sociais..

Após a análise, o autor será contactado e enviará o trabalho completo, com as mesmas dimensões acima, com o máximo de 20 páginas.

Todos os trabalhos serão publicados em CD.

Tanto o resumo como o trabalho completo deverá ser enviado por e-mail: ickardecista@terra.com.br ou em disquete 3 1/2.

INFORMAÇÕES

Qualquer informação sobre o 9º SBPE pode ser obtida por e-mail ickardecista@ig.com.br, por telefone (13) 32842918. Endereço para correspondência Avenida Francisco Glicério, 261 – CEP 11065-401, Gonzaga, Santos, SP.

A Freira e Eu - Jaci Régis

Quando li a entrevista senti uma certa afinidade. Nada pessoal. Nada que relacionasse sua vida à minha. Apenas o aspecto da luta pelas suas idéias, sua exclusão e sua fragilidade.

Nessa profusão de artigos, notícias, fotos e comentários sobre a morte e a sucessão papal, surgiram personagens discretas ou não, punidas pelo Vaticano, por suas idéias contrárias à Cúria.

Ivone Gebara é seu nome, teóloga, submetida à reeducação teológica, justamente pelo cardeal Ratzinger, eleito Bento XVI.

Lendo sua entrevista no jornal O Estado de São Paulo, de 24 de abril, o que me atraiu foram suas considerações sobre a posição da Igreja e comparei e confirmei que a mentalidade religiosa é a mesma. Não importa se de uma Instituição que se mantém desde a Idade Média e arrebanha mais de 1 bilhão de adeptos no mundo, ou uma, numericamente insignificante religião, a espírita, que no Brasil, onde tem sua única expressão, não chega a 3 milhões de adeptos.

"As pessoas querem consolo a qualquer preço e a alienação como forma de sobrevivência", afirma Ivone. E aduz "Há uma volta ao passado, e esse é um recuo atraente porque, como sabemos, a religião é lugar de grande segurança emocional".

Outro não tem sido nossa reflexão sobre a religião criada à sombra do Espiritismo no Brasil. As pessoas procuram os centros espíritas dentro desse espírito de segurança emocional, dessa alienação em busca de consolo. E é isso que os centros espíritas querem oferecer, na verdade, podem oferecer, porque uma filosofia racional e afetivamente equilibrada como a Doutrina Kardecista, não serve de apoio para alienação, mas como suporte para a afirmação pessoal, a inclusão na realidade e na busca ponderada e suave da verdade.

Ivone Gebara analisa o papel das escrituras e pondera "Nas igrejas prende-se que os textos são palavras de Deus. Nós, teólogas, defendemos que sejam vistos como produção literária de uma época, com abertura para a transcendência". Também muitos espíritas estão presos às palavras das escrituras, não como pensamentos de filósofos, profetas e Espíritos, mas como "a palavra de Deus", num sentido de certeza total.

Reclama que "senhores do Vaticano, não nos lêem, não nos ouvem, nos vetam". Essa é a pior barreira, a do silêncio, da exclusão para que sua voz seja esquecida no vozerio das afirmações gratuitas, das acusações, das calúnias e especulações meramente místicas.

Isso ocorreu comigo e com outros companheiros. As portas do movimento em geral estão cerradas para nós. Nós tentamos levar nossas idéias através de recursos escassos, não conseguimos o diálogo aberto, fraterno.

Cito um exemplo pessoal. Um antigo companheiro que foi meu professor da Faculdade, juntos participamos de diretoria de instituição beneficente, da qual foi um dos fundadores, compartilhamos centenas de reuniões mediúnicas. Todavia, quando nos encontramos fortuitamente nas caminhadas da praia, comprimentamo-nos afetuosamente, de longe. Ou se eventualmente paramos, falamos sobre doenças e saúde, nunca sobre doutrina. Ele ocupa elevado cargo na cúpula do movimento e eu sou um qualquer, expulso, excluído. Não posso ser "reeducado", mas posso ser ignorado, vetado.

Cito–o sem qualquer sentido de queixa ou retaliação. Sempre o admirei e continuo admirando. Refiro-me apenas a que ponto leva a visão confessional. Desde o momento em que me insurgi contra a religião espírita, entrei na lista negra do movimento e meus livros deixaram de ser vendidos, não mais fui convidado para palestras e nunca sou citado.

Entretanto posso, sem jactância, dizer que tenho algumas contribuições ao pensamento espírita, num movimento tão pobre de escritores, encarnados e desencarnados, com reduzidos número de pesquisadores, investigadores e filósofos. Nossa literatura é repetitiva e sem brilho, porque circunscrita a um processo de doutrinação moralista. Nossa imprensa, volumosa e sacrificada, pensa-se como instrumento de consolação, quando deveria ser, como Kardec fez na Revista Espírita, lugar de debate e troca de idéias e informações.

A freira foi excluída porque, certa vez, falou ponderadamente a favor de aborto de uma mulher, diante da impossibilidade material de criar a criança. Sobre o aborto ela disse: "Como mulher não posso deixar de ver como a sociedade trata o corpo feminino. Sempre a mulher é a culpada, sempre a responsabilidade é da mãe, quase nunca se fala do pai. A polêmica do aborto não é simples e não vejo perspectiva de mudança. Falar de aborto é falar de violência, não me canso de dizer isso".

Parece que tais palavras podem ser, com justiça, aplicadas aos espíritas que se obscurecem na condenação de todos os fatos relacionados com a interrupção da gestação.

Para ela, a igreja estaria inibindo não apenas a religiosidade, mas a criatividade, porque "a instituição acaba dizendo que apenas alguns foram escolhidos por Deus". Embora sob forma muito diferente, por óbvias razões, aqui entre nós alguns médiuns são catalogados como únicos porta-vozes credenciados e seus Espíritos-guias considerados luminares. Suas palavras são quase sempre leis, aceitas sem contestação, sem uma análise imparcial e crítica.

Kardec escreveu sobre uma possível unidade de crença "obstada, desde todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem uns, os dissidentes, vistos, pelos outros, como inimigos a serem evitados, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem amados".

Ivone Gebara está com 60 anos. E eu com 73 anos. Nem ela, provavelmente, nem eu, com certeza, veremos as mudanças. que aspiramos.

Somos apenas semeadores.

Solidariedade e Paz - Marcelo Henrique Pereira

"Felizes os que promovem a paz."

(Slogan da Campanha da Fraternidade 2005.)

Empunhar a bandeira da alteridade, no movimento espírita e fora dele, tem sido uma das maiores preocupações da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo - Abrade. Neste sentido, além de divulgar por todos os meios de comunicação disponíveis a necessidade da compreensão do universo do outro, com o fim de estabelecer, com ele, um diálogo alteritário, a Abrade engaja-se, agora, à Campanha da Fraternidade 2005, uma iniciativa que, neste ano, pela segunda vez na história, congrega diversas igrejas e filosofias cristãs, através de uma ação conjunta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

A campanha está aberta à participação das demais organizações da Sociedade civil, sejam elas de caráter religioso, cultural ou sócio-político. É um trabalho de cooperação para afirmar a possibilidade única de construir uma cultura de paz e não-violência através da solidariedade. Não existem condições específicas para a participação institucional ou individual a não ser a de entrar no espírito e nos objetivos da Campanha que estão delineados no texto-base, disponível na homepage da promotora (www.cnbb.org.br).

Se a solidariedade é um conceito embasado na idéia de que todos fazemos parte de uma mesma família, a Humanidade, a cultura solidária promove o reconhecimento da dignidade e do direito de cada pessoa. E a paz é um bem para todos e de todos, e por isso precisa ser promovida de modo solidário. A ampliação do "foco" e dos entes promotores, tem por objetivo superar os preconceitos e fechamentos sectários, que impedem a aproximação entre os fiéis das diversas comunidades e grupos religiosos, tradicionalmente avessos ao trabalho conjunto e com dificuldade de diálogo e parceria.

Em linhas gerais, a subscrição da iniciativa pela Abrade, importará em ações como: * divulgação do tema nas mídias disponíveis; * distribuição de cartazes no meio espírita; * estímulo à reflexão acerca da temática, nas reuniões espíritas públicas; * realização de debates em eventos específicos; * estar presente e participar de eventos com tal temática, promovidos pelas igrejas cristãs; e, * escrever e publicar artigos promocionais na imprensa.

Não basta, pois, querer a paz, desejá-la nos ambientes em que vivemos. É preciso mais. É imperiosa a conduta ativa na união de esforços de todas as pessoas, independente de convicções religiosas, no esforço de desenvolvimento da cultura e das estruturas e organizações da convivência humana, para a superação da violência e a construção de uma cultura de paz, disponível para todos.

Assim sendo, perguntar-se-ia: o que você, em particular e, depois, a instituição espírita de que você participa, estão fazendo para promover a paz e a solidariedade entre os homens? Pense e se comprometa como promotor da paz. É dela que o mundo precisa!

Cartas Abertas - Da Redação

NOVO CENTRO ESPÍRITA

Caros Senhores,

Suadações Fraternais!

Comunicamos, através desta, a fundação de uma nova casa espírita na cidade de Barra Bonita (SP), identificada como ASSOCIAÇÃO CULTURAL ESPÍRITA ALLAN KARDEC, cuja principal finalidade será o estudo e a divulgação do evangelho de Jesus, através dos apontamentos do Codificador Allan Kardec.

Estamos iniciando num bairro simples, com várias carências, e necessitamos semear a importância da leitura como ferramenta de edificação. Para tal, precisamos contar com a preciosa colaboração dos nobres irmãos de causa na doação de obras da literatura espírita, para iniciarmos nossa biblioteca e, posteriormente, implantarmos o "Clube do Livro".

Agradecemos desde já, a atenção aos nossos objetivos.

Paz a todos!

Roosevelt Andolphato Tiago

Barra Bonita - SP

Papa morto, Papa posto e o Futuro da Igreja - Editorial

É impossível não registrar o espetáculo de fé, político e televisivo que foi o sepultamento do corpo do papa João Paulo II. O velho pontífice católico governou sua Igreja por mais de 26 anos, taxado de conservador. O enterro do corpo, com todo o ritual próprio, ocupou grandes espaços em jornais e tempo da televisão e, como sempre, milhões se comoveram e agüentaram horas intermináveis em filas para olhar o corpo em decomposição do considerado Santo Padre.

Sucede-lhe um cardeal alemão, de cultura também extremamente ortodoxa.

Dá também, para constatar como a Igreja está parada no tempo. Aqueles homens de bata vermelha, chapéu ponteagudos, príncipes de uma corte suntuosa e ritualista, se esforçam para demonstrar a firmeza de uma instituição que existe desde a Idade Média, o que lhe dá um aspecto de perenidade, diante das mutações do mundo.

Não lhe importa que o homem tenha ido à Lua, que a ciência avance pelos domínios divinos e que lance dúvidas cruéis sobre todas as verdades que ela defende.

O papa que morreu e o papa que o sucedeu, representam a espinha de uma ortodoxia coerente com sua pretensa destinação de porta-voz de Deus e portadora da verdade absoluta, desde o primeiro dia, não obstante as culpas, erros e descaminhos que marcam o seu caminho.

Embora a imponência, a Igreja agora é apenas uma grande Igreja que congrega um pouco mais de 1 bilhão de adeptos, num mundo de 6 bilhões de pessoas. A sociedade ocidental e cristã, embora essa magna manifestação de fé, é positivamente leiga, laica ou atéia. As ordenações, encíclicas e declarações do papa não são mais o tom determinantes. Nem impedem a aprovação de leis e práticas pessoais e sociais que contrariam suas diretrizes, nos países de imensa maioria de adeptos dela. São ordenações para os católicos que, na maioria, as contradiz e sem remorsos.

Segundo as estatísticas, o número de adeptos da Igreja Católica diminuiu em todo o mundo. O Brasil, que é considerado o maior país católico do mundo, viu retrair-se o número de adeptos de mais de 95% para pouco mais de 70º% da população. Ao contrário, os movimentos pentecostais cresceram muito e continuam em expansão, graças ao extraordinário tino financeiro e esquema de marketing que lhe garante acesso e domínio de mídia eletrônica. Mas também a quantidade de pessoas que se declaram não religiosas, tem aumentado significativamente.

Esse panorama reflete o desgaste das propostas e ordenações da religião cristã.

Qual o futuro da fé? Como ficarão as sociedades sem a base da crença real, das diretrizes básicas e firmes? Como soa a voz rouca dos sacerdotes pregando contra as necessidades e realidades dos crentes?

Allan Kardec afirmou que "Infelizmente, as religiões hão sido sempre instrumentos de dominação". Ainda assim, acreditou que "um dia virá em que todas essas crenças tão diversas na forma, mas que repousam realmente sobre o mesmo princípio fundamental – Deus e a imortalidade da alma - se fundirão numa grande e vasta unidade, logo que a razão triunfe dos preconceitos".

A utopia kardecista prossegue como esperança num futuro nebuloso e inseguro.

O espetáculo continua. Aquele homem de branco e os de batas vermelhas e chapéus ponteagudos, são guardiões de uma verdade que envelheceu e em parte destruídas pelo tempo. A Igreja não parece ter opção. Se modernizar-se, confessará que suas verdades eram frágeis, temporárias. Precisa manter-se conservadora. Apesar das profecias de São Malaquias, é provável que vejam trocas de papas muitas vezes.

Até quando?

O Jovem no Movimento Espírita - Editorial

"O jovem é o futuro do movimento espírita". Ouvimos constantemente essa frase em eventos, encontros espíritas e nos corredores dos centros. É fato que os jovens são o futuro do movimento, mas fica colocada a questão: que tipo de incentivo está sendo dado para que esse futuro deslanche?

Também é comum ouvirmos que a geração de hoje é acomodada, que não está preocupada com nada além do que o seu próprio umbigo, que falta determinação em promover mudanças e etc. Em parte, essas afirmações são verdadeiras, mas não podemos generalizar. Existem muitos jovens preocupados com o futuro do país, do mundo e do movimento espírita. Esses últimos fazem parte do seleto grupo de mocidades em todo o país, que lutam pelo futuro da Doutrina.

Parece, porém, que o engajamento destas mocidades não está sendo bem trabalhado. Sabemos que os jovens se reúnem, sabemos que eles estudam o Espiritismo, mas onde está o resultado de todo esse trabalho? Em simpósios e encontros, vemos, com algumas exceções, as mesmas pessoas apresentando seus estudos aprofundados.

Será que está sendo dado o espaço ao jovem? Será que ele está lutando por esse espaço? Não seria a hora de olharmos com mais atenção para esse futuro tão imediato?

Não basta apenas convida-los a participar de um evento, ou até mesmo para promover uma palestra ou uma gincana. É preciso sim envolvimento, engajamento e dedicação dos mais antigos com os mais novos. Toda criança precisa ser levada pela mão nos primeiros anos de vida. Com os jovens espíritas não poderia ser diferente.

Muitos podem pensar que isso se trataria de uma intromissão no trabalho deles, mas o intuito não é de ser algo imposto e sim uma ajuda de alguém mais experiente na elaboração de trabalhos e projetos. Com certeza deve haver muito a ser colocado no papel e muito a ser questionado, baseado nas amplas discussões que se desenvolvem nos encontros dos jovens, por isso a importância dos mais experientes no assunto.

Deve ser dada autonomia sim, mas com um bom suporte, para que estes jovens não se percam neste caminho tão importante para o futuro e revitalização da Doutrina Espírita.

Hora de Pensar e Expor - Editorial

A aproximação do 9º SPBE, é oportunidade para os espíritas que refletem sobre a realidade social, humana e política, que pesquisam, investigam e realizam trabalhos em vários setores, colocarem no papel suas conclusões e participar do evento.

Afinal, nas oito edições anteriores, o espaço foi aberto e temos um acervo de grande valor, em nossos Anais e no último CD editado. Nesses oito eventos, foram cerca de 126 trabalhos debatidos e publicados, contando apenas a partir do 2º SBPE, pois o primeiro teve apenas oradores convidados.

O SPBE, entre outras inovações, estrutura seu temário exclusivamente baseado nos trabalhos enviados. Não há temas previamente determinados, nem um assunto principal.

Assim, o número de trabalhos enviados determina a distribuição do tempo, permitindo a cada autor um tempo bastante razoável para apresentar e debater suas idéias.

Kardec sempre destacava que o número de espíritas entre as classes intelectuais era muito grande e isso o satisfazia, porque precisamos utilizar nossa inteligência, nosso conhecimento científico, nossa capacidade de filosofar em favor do enriquecimento do pensamento espírita.

E, como também afirmou o fundador, o Espiritismo toca em todas as ciências, se interessa por todos os assuntos e, por isso, nos amplia as possibilidades de refletir, pensar, investigar numa gama muito grande de interesses. E, por conseguinte, temos a necessidade de trazer à luz nossas reflexões, o que pesquisamos, o que pensamos.

O SBPE foi criado para isso, está aberto a todos. Não delineamos numa forma de cercear, de restringir o acesso de idéias e opiniões divergentes, desde que enfocadas no espírito da doutrina.

De ouro lado, se quisermos que o Espiritismo seja mais do que uma seita ou doutrina fechada e supostamente completa e definitiva, precisamos questionar. Fazê-lo, contudo, com base, com decisivo apoio na investigação, na lógica, na ciência.

Enfim, o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita está ai, como lugar oportuno para pensarmos o Espiritismo e suas contribuições à sociedade e um novo sentido da vida planetária.

O convite está feito.

O Discurso de Divaldo (Imprensa Espírita) - Da Redação

O jornal Folha Espírita, edição de janeiro de 2005, traz interessante entrevista do espírita baiano, Divaldo Franco, sobre o aborto. Sua opinião é taxativa: "o aborto, mesmo terapêutico, é imoral". Abordando a anencefalia: "segundo o conhecimento médico, o anencéfalo tem vida breve ou nenhuma. Assim sendo, por que interromper o processo reparador que a vida impõe ao espírito que se reencarna com essa deficiência? Será justo impedi-lo de evoluir, por egoísmo da gestante?" Ele crê que é torturante para a mãe que carrega no ventre um ser que não viverá, mais "trata-se de um sofrimento programado pelas Soberanas Leis da Vida". Sobre a violência, afirma que "segundo benfeitores espirituais, a Terra vem recebendo verdadeiras legiões de espíritos sofredores e primários, que se encontravam retidos em regiões especiais e agora estão tendo a oportunidade de optar pelo bem de si mesmos".

Essas opiniões poderiam ser como mais uma entre tantas. Entretanto ele o médium Divaldo Franco. É ser médium e missionário, lhe dá uma condição especial. É visto como porta-voz da Espiritualidade Superior. Daí sua transcendência e sua suposta autoridade.

Entretanto, tanto a opinião do espírita baiano, quanto a muitos Espíritos, dentro de uma linha mais ou menos uniforme, precisam ser meditadas.

O que vem a ser "soberanas leis da vida"? Só existem para dar dor, punir, fazer sofrer? Observamos uma inflexibilidade total. São extremamente maniqueístas. Bem e mal e nada mais. Emparedam a vida num cubículo estreito e de onde não se pode sair.

Parece faltar bom senso nessas análises autoritárias e sem margem de dúvidas. Para Divaldo, condenando as jovens que engravidam cedo, se tiveram lucidez para engravidar, têm que agüentar os encargos da maternidade, como se tudo fosse tão simples e linear.

No caso da anencefalia, nunca se cogita, como nos ensina O Livro dos Espíritos, que aquela gravidez possa ter sido produzida sem a presença de um Espírito, caindo-se no determinismo punitivo que de comum é dado à vida terrena.

Jamais aceitaremos o aborto como método anticoncepcional. Mas, por que não analisar com critério cada caso? Os espiritualistas e materialistas, cingem-se à vida orgânica, univivencial apenas. Nós espíritas, temos a fonte da vida no Espírito imortal.

Cremos que esses líderes super-humanos, precisam ter mais cautela e maior misericórdia, quando tratam de questões tão delicadas e evitem condenações supremas e irremediáveis. Afinal, o Espiritismo é uma doutrina aberta, descortina horizontes mais amplos.

O Fosso Religioso (Problemas Sociais e Políticos) - Da Redação

A situação dramática do Iraque, invadido e dominado pelos Estados Unidos, com a colaboração da Inglaterra e outros países, está presente no noticiário de todos os dias. Dezenas de pessoas são mortas em atentados terroristas, alguns suicidas.

O que tem cada vez mais se acentuado é a divisão irremediável de fundo religioso.

Sunitas e xiitas, facções do Islã, se odeiam e conforme a situação um grupo sufoca o outro. Durante a ditadura de Saddam, os sunitas tiveram o poder e não deixaram de hostilizar os xiitas. Agora com a queda do ditador, os xiitas sobressaem, enquanto os sunitas se omitem nas eleições e atacam mesquitas xiitas.

Os islâmicos estão historicamente atrasados perante o cristianismo.

Durante séculos os cristãos travaram odienta luta fratricida, seja pelo combate a supostas heresias de católicos ou protestantes, ou na luta entre protestantes e católicos, guindados ao poder em países rivais na Europa.

Hoje a maioria dos muçulmanos, ao contrário do que se pensa, não é de origem árabe. Estes são apenas 13% do total de muçulmanos no mundo. O maior pais muçulmano é a Indonésia.

Em toda a parte, mas com maior ênfase nos países árabes, os muçulmanos lutam entre si, embora todas as facções louvem Alá e o Profeta Maomé.

Assim também os cristãos adoram o Deus Jeová e louvam Jesus Cristo e apregoam suas lições de fraternidade, amor, tolerância e solidariedade. Isso não impede que se contraponham e se não chegam a se odiar nem entrar em luta fratricida, até por não haver mais clima para isso, disputam a melhor interpretação e representação divina na Terra.

Os muçulmanos estão bastante comprometidos com a morte e com a destruição, talvez porque sua doutrina prega o amor à morte e isso ceifa a vida de dezenas de jovens, fanatizados. E estabelece um clima de terror, de ódio e separação entre pessoas da mesma etnia, do mesmo país e, teoricamente, da mesma religião.

Agora os sunitas, na oposição, atacam os xiitas seja porque são xiitas ou porque são aliados dos americanos.

O fosso religioso se mistura com critérios políticos, étnicos e econômicos, criando situações dramáticas e contundentes, terroristas e criminosas.

A paz no Iraque, após a retirada dos americanos, só será possível se houver uma harmonização entre as fações sunitas e xiitas.

Que Alá os inspire.

Opinião em Tópicos (Fumaça Branca, Progressistas e Conservadores, Relativismo, Dogmas x Progresso) -  Milton R. Medran Moreira

Fumaça branca

Terça-feira, 19 de abril. Os olhos do mundo estavam presos à pequena chaminé da Capela Sistina. Por volta do meio-dia, horário brasileiro, a fumaça branca precedeu o bimbalhar dos sinos e o anúncio do "habemus papam".

A rápida escolha, no segundo dia do Conclave, recaíra sobre o mais conservador dos cardeais. O alemão Joseph Ratzinger era anunciado "urbi et orbi" como Bento XVI. Dias antes, nas exéquias de seu predecessor, o futuro papa, então Prefeito da Congregação para a Doutrina e a Fé (sucessora do Santo Ofício), de forma sutil adiantara seu programa de governo, caso eleito. A Igreja – disse ele – não pode conviver com relativismos. Foi, é e será fiel aos seus dogmas fundamentais.

Mesmo assim, os chamados setores progressistas do catolicismo guardavam a esperança de que, depois do conservador João Paulo II, se abrisse espaço para um pontificado progressista.

Progressistas e conservadores

Há como o catolicismo assumir, de fato, uma postura progressista, no mundo? Depende do que se entenda por progresso. João XXIII, nos anos 60 do último século, passou à História como um papa progressista. Ele promoveu coisas tais como: celebração dos rituais na língua de cada povo, em vez do latim; o uso de vestes comuns de padres e freiras, no lugar de batinas e hábitos; o diálogo com outras igrejas cristãs, buscando a unidade.

Sob alguns aspectos, João Paulo II também foi progressista. Aprofundou o diálogo inter-religioso. Pediu perdão pelo tratamento dado pela igreja a Galileu Galilei;. Condenou as violações de direitos humanos das grandes potências que fazem a guerra, pretextando combater o terrorismo.

Mas, os setores ditos progressistas da igreja reclamam outro tipo de progresso. Que mulheres possam ser ordenadas, por exemplo. Que se permitam o divórcio, o uso de preservativos, as pesquisas com as células-tronco, o aborto em algumas circunstâncias, o casamento dos padres.

Relativismo

Aí é que a coisa pega. Quando Ratzinger diz que a igreja será fiel a seus dogmas, parece dizer coisas assim: Não pode haver igualdade de direitos entre o homem e a mulher, pois esta, segundo o dogma do pecado original, foi o veículo da desgraça do homem. Não se pode compactuar com o instituto do divórcio, pois está escrito na Bíblia "não separareis o que Deus juntou"; Nada de experiências com células-tronco embrionárias, pois no momento em que um espermatozóide fertiliza um óvulo, simultaneamente Deus cria uma alma para aquela célula que, obrigatoriamente, se transformará em feto e, depois, em ser humano, destinado sofrer neste "vale de lágrimas", do qual só poderá redimir-se pelo batismo e pela fé em Jesus como único salvador . Daí, também, a inviabilidade do aborto, em qualquer circunstância.

Sair fora desses rígidos parâmetros, é incorrer no relativismo, condenado pelo papa e pela igreja.

Dogmas x progresso

Não nos enganemos. Instituições e pessoas que vêem a vida pela ótica da fé, e só subsidiariamente pela da razão, sempre hão de exercer um papel conservador no mundo. Não se pode esperar delas iniciativas progressistas. É certo que o tempo as arrasta e acaba por dobrá-las, obrigando-as a concessões extemporâneas que, no caso da igreja, têm vindo sob a roupagem do arrependimento e de pedidos de perdão. São atitudes inócuas, porque já não podem produzir efeito. Acontecem a reboque dos avanços promovidos pelo laicismo.

A religião continua sendo a âncora à qual se agarram almas frágeis que têm medo de navegar rumo a horizontes novos. Dogmas religiosos são barreiras ao progresso. E, no entanto, não existe religião sem dogma. Quando Bento XVI condena o relativismo, opta por integral fidelidade a um jeito de ver Deus, o homem e o mundo que não reconhece o progresso como lei natural. Há nisso, convenhamos, uma honestidade que não podemos condenar. Religião e progresso, ao curso da história do Ocidente, têm se mostrado incompatíveis.

Eutanásia - Nícia Cunha

Os espíritas sempre se colocaram contra o aborto, a eutanásia, o suicídio e a pena de morte. Esta postura está de acordo com a Codificação Espírita e o consenso geral, já que em sã consciência ou condições normais, ninguém deseja morrer ou matar.

Mas há fatos que se impõem e levam a interrogações angustiantes. Como o de Terri Schiavo, mulher americana que ficou 15 anos em estado vegetativo e cujos aparelhos de sustentação vital foram desligados após longa batalha judicial entre seus pais e seu marido, vindo a falecer de inanição. Isto é, de fome e sede, em lenta e inadmissível crueldade.

Religiosos em geral, especialmente os que acreditam que só terão uma vida e um corpo físico, que um dia ressuscitará, combatem vigorosamente as práticas legais ou ilegais para abreviar vidas físicas em agonia, ou com poucas chances de normalidade funcional. Não admitem qualquer outro tipo de morte que não seja a natural.

Por temerem a ira divina e os castigos anunciados, apegam-se aos seus organismos, mesmo cientes de que na decomposição, eles não escaparão ao processo cíclico do carbono, lição elementar da biologia e muito bem definida no enunciado científico de Lavoisier: "neste mundo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".

Como, então, ocorrerá a ressurreição, ou melhor, o reagrupamento dos átomos corpóreos que passaram por diferentes e sucessivos organismos? Exemplificando: um corpo humano foi devorado por um animal, que por sua vez alimentou outra pessoa, que também morreu, foi enterrado, adubou um vegetal, que alimentou outro ser humano. Ao final, a quem pertenceriam os átomos dessa cadeia? Qual das criaturas envolvidas nessa inter-relação, teria seu corpo físico restabelecido?

Por contraponto, os reencarnacionistas deveriam ter dele um maior desapego, pois sabem que é apenas a vestimenta provisória do espírito, que o abrigará até quando se desgastar; e que no futuro, esse mesmo espírito habitará outros corpos humanos, paulatina e sucessivamente.

Mas entre reencarnacionistas também não há aprovação de eutanásia ou aborto, mesmo em caso de fetos anencéfalos, pelas mesmas razões religiosas que movem os que não acreditam em reencarnação: noção de pecado, sentimento de culpa e temor de castigo divino.

Tendo Deus criado Leis Naturais perfeitas e imutáveis, não seria lógico acreditar que as revogaria em função de favorecer ou prejudicar algo, ou alguém. A natureza age de modo contínuo e constante nos processos cósmicos e vitais, cujo funcionamento mal podemos percebe. E só são bons, ou maus, segundo o nosso limitado e precário julgamento.

Nascer na Terra é desaparecer provisoriamente em espírito. Morrer, é ausentar-se dela fisicamente, sumindo ao contrário. Reentrando na vida corporal, o espírito está sujeito às injunções da matéria e do contexto no qual se encontra. No caso de um parto, ou de uma morte, não ocorrem alterações sobrenaturais, por mais que se acredite em "milagres". Dado que o espírito não atua diretamente na matéria, só a intervenção humana impulsiona ou retém processos vitais, já que o encarnado é também uma força da natureza do orbe.

Tanto formação, quanto extinção de um organismo, ocorrem lentamente. Levam-se meses formando um corpo, e em bases normais, são necessários anos, para extingui-lo. Se algo incomum ocorre durante uma gestação, com riscos para a gestante, ou o nascituro esteja em dificuldades, os médicos interrompem ou adiantam o parto. Aplicam-se anestésicos, cirurgias são feitas e isso constitui ato de misericórdia, de endosso à vida e de facilitação ao espírito reencarnante. Todos aprovam, há reconhecimento geral das maravilhas da ciência médica e da infinita bondade divina.

Em sentido oposto, acreditando-se que a morte física nada mais é do que um trabalho de parto para a vida espiritual, não seria ilógico admitir que o espírito preso em um corpo extremamente deficiente ou moribundo, pudesse receber ajuda dessa mesma ciência médica, também contando com a compreensão e bondade divina, para acelerar a travessia para o mundo espiritual, evitando sofrimentos e crueldades no desligamento.

A título de isenção nesses dolorosos processos, impõem-se absurdos como o de Terri Schiavo, publicamente exposta e apenas monitorada em sua lenta agonia. Por ironia do destino, "Schiavo" em italiano, significa "escravo". Aquela sofredora criatura já sem liberdade, perdida devido à lesão incapacitante, foi também escrava e mártir, em função de mitos e preconceitos religiosos.

A sacralização do corpo físico é uma realidade milenar e um dogma arraigado, mantido sob o argumento de que a vida é um dom divino e que a Deus pertence. A maioria das pessoas acha que o espírito reencarnante, mesmo deficiente físico, deve submeter-se a uma longa existência de expiações. Ou que um encarnado com lesões graves e irreversíveis, ainda que em fase terminal, precisa conformar-se com um longo martírio até a morte, pela necessidade de purgar pecados, de ter tempo para arrependimentos, visando à salvação da alma, ou esgotamento de carmas.

É que as religiões, sempre nos inculcaram noções de culpa e castigo. Até mesmo a obra kardequiana, tão libertária, contém a noção de que o sofrimento eleva, propicia expiações e provas, para preparar o espírito para um reencontro vitorioso com o Criador. Se isso fosse uma verdade geral, pronta e acabada, seria lícito admitir que Deus é despótico e cruel, por comprazer-se no sofrimento de sua criatura. Essa crença é uma tremenda injustiça para com Deus, desmente sua perfeição, pois em sendo ele capaz de sentimentos malévolos, não seria perfeito, portanto não seria Deus.

De fato, o dom da vida é sagrado. E nós, os humanos, sequer temos o poder de extingui-la, já que a vida verdadeira é a do espírito imortal. Tão imortal que, em existindo o inferno (ou o umbral dos espíritas) nem mesmo ele o consome.

Neutra em si mesma, a inteligência pode ser usada para o bem ou para o mal, dependendo de como as criaturas aplicam as capacidades que ela permite conquistar. É a maior dádiva divina ao ser humano: através de estudos e raciocínio dedutivo, ela lhe permite chegar aos cumes da moralidade, da ética, da sabedoria geral e científica, possibilitando o discernimento.

Se, com a permissão de Deus (pois ele não se intromete na questão) a ciência é aplaudida ao ajudar um espírito na sua entrada na matéria, por quê também não o poderia ser, ao auxiliar na saída, quando isso fosse possível, misericordioso e feito de modo ético?

Segundo a Doutrina Espírita, Deus delegou aos humanos, a tarefa de co-criadores. Portanto a eles cabe estabelecer e aplicar os melhores parâmetros de correção e justiça em leis terrenas que admitissem esses dolorosos, mas às vezes necessários procedimentos.

Tese de Mestrado pesquisa a Influência de Ações Espirituais no Tratamento de Doentes  Mentais (Notícias) - Da Redação

Sob o título, Uso das práticas espirituais em instituição para portadores de deficiência mental, Frederico Camelo Leão, médico psiquiatra, apresentou sua Dissertação de Tese de Mestrado, na Faculdade de Medicina da USP, SP.

A dissertação, relatou os resultados da aplicação de recursos espíritas em pacientes com retardamento mental. O objetivo do estudo foi avaliar o impacto de práticas espirituais na evolução clínica e comportamental de pacientes portadores de deficiência mental internos em uma Instituição de saúde.

O autor utilizou o método, ensaio controlado comparando grupo experimental submetido à prática espiritual com grupo controle. O instrumento utilizado para obtenção dos dados foi a Escala de Observação Interativa de Pacientes Psiquiátricos Internados.

A pesquisa alcançou os seguintes resultados: a comparação do grupo controle (N=20) com o grupo experimental (N=20) verificou a diferença de variação entre os grupos (p=0,045), demonstrando possíveis benefícios de tal intervenção.

O autor concluiu que a pesquisa apresentou resultados positivos e estimula uma série de questões a serem desenvolvidas em futuras investigações.

Ainda o Código de Da Vinci (Mundo Atual) - Da Redação

Falando em nome do Vaticano, um cardeal criticou o livro O Código de Da Vinci, do americano Dan Brown, que afirma que Jesus teria casado com Maria Madalena e gerado um filho.

O prelado pediu aos católicos que não lessem, o livro que era "um saco de mentiras".

O Código de Da Vinci, já vendeu 25 milhões de exemplares em todo o mundo e será tema de um filme.

O sucesso do livro parece decorrer da desmistificação da figura do Cristo que a igreja tenta manter intacta, conforme foi criado e modelado por ela.

Na verdade, o Cristo nascido de uma virgem, assexuado e imune aos problemas humanos que a Igreja moldou e que os roustainguistas querem que nem nascido foi, mas materializado, corresponde às fantasias sobre deuses que surgem na Terra e não é inédita. Krishna, na Índia teve o mesmo nascimento milênios antes.

Os espíritas evangélicos também têm frêmitos de indignação, talvez mais fortes do que os católicos e protestantes, como reagiram mais do que eles, quando foi apresentada uma figura de Jesus bem diferente dos quadros dos pintores europeus e das descrições de Emmanuel.

O irônico disso tudo é que desde há séculos se briga, mata e desune por detalhes frívolos.

O que importa é a mensagem.

Jesus pode ter casado, como casado foi Buda e o que isso muda?

Em seu Estudo sobre a Natureza do Cristo, em Obras Póstumas, Allan Kardec, diz "A questão da natureza do Cristo foi debatida desde os primeiros séculos do cristianismo e pode-se dizer que não está ainda resolvida, uma vez que ainda é discutida em nossos dias".E Conclui: "É notável que durante essa interminável polêmica que apaixonou os homens durante uma longa série de séculos e dura ainda, que acendeu as fogueiras e desverte ondas de sangue, disputou-se sobre uma abstração, a natureza de Jesus, que se fez a pedra angular do edifício, embora disso não haja falado... Depois de dezoito séculos (agora mais de vinte séculos) de lutas e de disputas, ( ) se está inda nessas discussões estéreis que não levaram senão à perturbações".

A Ética Espírita é a do Prazer - Maria Vitória Antunes

Embora a palavra prazer seja, não raro, vilipendiada, rebaixada ao nível dos espasmos meramente emotivos e mesmo das paixões mais desprezíveis, ela, na essência, representa o panorama do Universo.

Impossível pensar que Deus, soberanamente justo e bom, tenha desenhado a vida das pessoas, dos Espíritos, como um mapa de dor, sofrimento e angústia.

Certamente sofrimento, dor, angústia fazem parte da vida da maioria dos Espíritos de nosso nível, pelo simples fato de que engatinhamos no aprendizado da afetividade, na escala ascendente do amor.

Se contemplamos à noite o céu estrelado, se admiramos a beleza das flores, embora tão fugazes, se nos extasiamos com as belezas das coisas, do verde, do céu, enfim, de tudo que emoldura o panorama natural, como entender que a Causa Primária tenha reservado para nós, que afinal damos sentido à vida universal, o destino do sofrimento e não do prazer?

Todas as crenças reservam severas penas e críticas ao ser humano. Para elas, as criaturas poderiam ser melhores, mais fraternas, mais equilibradas. Como tem a visão da vida única, não podem perceber que as variações do comportamento decorrem dos estágios evolutivos de cada um. A teoria espírita da evolução resolve o problema, sem apelar para as condenações, as punições e as maldições sobre a pessoa humana.

Supor que a soberana sabedoria fosse incapaz de projetar o destino das criaturas para o prazer é pensar que Deus é incompetente e atroz. Os textos sagrados expõem a perplexidade dos profetas e líderes religiosos de todos os tempos, diante da variedade dos caracteres das criaturas. Sua visão esteve sempre focada na janela entre o berço e o túmulo e a crença na imortalidade, fixou-se no destino irremediável do ser, no sentido do prêmio e do castigo eternos.

Essa mentalidade criou raízes, como é natural, e o cristianismo apoiou-se no império da dor como único caminho de ascensão. Sem entender qual a causa maior das dores e dos sofrimentos, carregou sobre eles o destino e o futuro das pessoas.

Mesmo nos textos espíritas o prazer é negado e a dor exaltada.

"Todo sofrimento traz ensinamentos importantes, que só assimilamos enfrentando a dor com resignação e paciência", escreveu o autor, refletindo o entendimento mais divulgado para o cenário da sociedade. Para ele e para a maioria toda a dor é resultado de nossos próprios atos do passado, restringindo o magnífico programa de tornar um princípio espiritual, potencial, mas simples e ignorante, num Espírito pleno de sabedoria e de amor, ao jogo de culpa e castigo. E, pior ainda, na banal aplicação da Pena de Talião.

Essa compreensão mantém a relação de Deus com a criatura nos moldes do velho Jeová que sempre cultivou a punição, o mau humor. Espiritismo veio justamente para romper com essa visão penumbrosa e cruel da divindade e do destino dos Espíritos. Cultivar o prazer é aplicar sábia e ponderadamente as potencialidades do ser. Buscar o prazer é manter relações de simpatia e dignidade, de consideração e respeito para o com o outro.

Certamente existe o prazer sexual, o prazer de comer como formas naturais e submetidas ao tirocínio da mente equilibrada, como respostas necessárias ao equilíbrio interno.

Todos procuramos respostas adequadas e satisfatórias aos nossos anseios, nossos desejos. Porque o desejo é a mola propulsora do progresso.

Resignar-se, renunciar, em termos colocados pela teologia, são atitudes negativas.

Aceitar o sofrimento e tirar dele o proveito para seu aprendizado é postura inteligente e que ultrapassa os limites da aceitação imposta pela vontade divina.

Certamente todos temos um passado ou, mais acertadamente, uma biografia, que surge naturalmente nos nosso atos, ações e medos. Superá-los ou reafirmá-los, pelo direcionamento positivo de nossas energias é o programa básico da evolução.

Deus não pode estar decepcionado com a criatura. Isso é criação dos profetas e Espíritos comprometidos com a visão negativa do ser humano. Curiosamente quem exige perfeição são os profetas imperfeitos, os Espíritos com lacunas evolutivas no campo do sentimento e, não raro, atolados em culpas.

Outro tem que ser a visão do Espiritismo, que exalta a criatura e não vê qualquer necessidade ou razão para que a constituição da vida esteja baseada na dor, no sofrimento ou no castigo.

Buscar o legítimo prazer, que decorre sobretudo do equilíbrio alcançado perante a Lei, ou seja, a construção de uma individualidade que se harmonize com os fatores positivos do universo, é o que nos ensina a doutrina espírita, ao nos mostrar a importância de um fragmento existencial para nosso futuro.

Pela plenitude do processo evolutivo, podemos afirmar que Deus não condena, não exige. Apenas dá oportunidade, abre caminhos para que o Espírito imortal seja feliz.

Porque a ética espírita é a do prazer e da felicidade.

Jargão Espírita e Comportamento Confessional - Salomão Jacob Benchaya

A palavra "jargão" aplica-se, mais apropriadamente, à gíria profissional, ou seja, a linguagem carregada de expressões usuais no âmbito de cada profissão ou atividade, geralmente ininteligível para os não-integrantes desses grupamentos. Assim, diz-se "jargão médico", "jargão econômico" para designar o linguajar específico dos profissionais dessas áreas.

Para os propósitos deste comentário, forçando um pouco a semântica, falarei do "jargão espírita" ou, mais especificamente, do jargão espírita e do comportamento confessional, notadamente quando dirigentes e expositores espíritas se apresentam em ambientes não-espíritas.

O jargão espírita ou jargão dos espíritas é observado quando um interlocutor espírita emprega a terminologia espírita ao dirigir-se a pessoas não-espíritas ou neófitas, sem explicar o significado de expressões, tais como "perispírito", "ectoplasma", "palingenesia", "mediunidade", "umbral", "mesas girantes", "obsessão", etc. Torna-se imperativo que, nas conversações ou nas exposições doutrinárias, haja o cuidado de se traduzir, conceituar ou tornar significativas tais expressões, sem o que não haverá comunicação satisfatória.

O comportamento confessional é caracterizado pelo uso de expressões típicas e manifestação de hábitos e atitudes específicas de ambientes religiosos. Em muitos centros espíritas, as pessoas costumam tratar-se por "irmãos", não são bem aceitas manifestações de alegria e descontração, no auditório não são permitidas conversas ou só se fala sussurrando, há placas dizendo "O silêncio é uma prece", certas vestimentas são desaprovadas, alguns chegam a conduzir "religiosamente" o "Evangelho Segundo o Espiritismo" debaixo do braço, assim como um protestante carrega a Bíblia.

Já tive oportunidade de participar de diversos eventos promovidos por organizações espíritas e destinados ao público em geral. São cursos e seminários em dependências de universidades, fóruns e mesas-redondas em agremiações de profissionais e, mesmo, as tão comuns conferências públicas de médiuns famosos. É sabido que, em sua maioria, o público que acorre a esses eventos é o público espírita. Mas, uma parcela não o é.

Acontece que esta parcela, justamente a que é formada por pessoas interessadas em conhecer o Espiritismo, acaba sendo "agredida" ou submetida a constrangimentos pelo uso do "jargão espírita" ou pelo "comportamento confessional". No mínimo, tais pessoas se sentem excluídas no ambiente por não entenderem o linguajar e os hábitos religiosos. É como eu me sinto quando, tendo de comparecer a um culto em igreja católica, por exemplo, eventualmente acompanho, maquinalmente, os movimentos de "senta/levanta" dos fiéis para não ser olhado como um "estranho no ninho".

A propósito, quando, recentemente, estive em Belém do Pará, em visita à minha família de origem e acompanhei meu pai à sinagoga, senti-me como um peixe fora d’água, tendo que simular a entoação das orações já há muito esquecidas e os gestos rituais do judaísmo para não sofrer a reprimenda expressa nos olhares furtivos dos que me viam como um renegado que havia abandonado a religião dos meus antepassados.

Lembro-me de como achei estranho, há 42 anos atrás, quando ingressei no movimento espírita jovem, que todos se tratavam de "irmão". Era "maninho" pra cá, "maninha" pra lá. Expressões de santidade no rosto, leveza no andar, falava-se baixinho para não perturbar o ambiente espiritual.

Então, não faz sentido que os freqüentadores de instituições espíritas tenham que assumir, nesses ambientes, atitudes e comportamentos estereotipados e, o que é pior, que esses procedimentos sejam transpostos para ambientes não-espíritas. Isso cheira a hipocrisia.

A Base do Futuro - Pura Argelich Minguella

Mais do que um tema que me cative, é uma preocupação que me vem acompanhando na maturidade de minha vida atual, pelas vivências e situações próximas e distantes que venho experimentando..

Sei que é um assunto controvertido e complexo e, por conseguinte, as críticas podem ser relevantes. Mas, como ser humano, possuidora de livre arbítrio, creio que posso exercer o direito de expor, com liberdade, meu pensamento acerca de uma questão fundamental como é a educação dos filhos.

O fato de não ter filhos, penso, me permite dar uma opinião muito mais neutra que qualquer pai ou mãe submetidos ao influxo dos sentimentos e vínculos que, em inumeráveis ocasiões, se convertem em verdadeiras barreiras, impedindo um enfoque e desenvolvimento adequados de todo esse tão delicado processo de aprendizado. Partindo de atuações mais ou menos equilibradas, todos os progenitores desejam o melhor para seus filhos e assim deve ser. Por eles trabalham, se sacrificam, sofrem, para poder dar-lhes o melhor, aquilo que eles, talvez nunca tiveram, pois "quando se ama se perde em boa medida (para não dizer totalmente) o controle e os sentimentos nos traem."

Nessa ação contínua de dar, e resolver, etc., os filhos vão aceitando como se tudo fosse dentro da normalidade, sem ser consciêntes do esforço que os outros tenham feito, sem questionarem nada e chegando, inclusive, a exigir essa continuidade.

Assim vão crescendo com grande rapidez, estimulados pelo contínuo bombardeio dos meios de comunicação nada recomendáveis, acostumando-se a ter ao alcance, sem o menor esforço de sua parte, quase tudo o que desejam. Experiências sedutoras chegam à idade jovem, e por carecer de necessária maturidade, pode lhes marcar de forma negativa para o resto de sua vida, acostumando-lhes a "tomar e deixar" sem reparos, e convertendo-se em ignorantes das feridas provocadas nos sentimentos dos demais.

Creio que estarão de acordo com algo fundamental para poder atenuar em boa parte tal problema. A Educação. Educar, segundo o Dicionário da Real Academia da Língua Espanhola é: 1) dirigir, encaminhar, doutrinar; 2) desenvolver ou aperfeiçoar as faculdades intelectuais e morais do menino ou do jovem por meio de ensinamentos, exercícios, exemplos.

Nós, os espiritistas, conhecemos (ou deveríamos conhecer) algo mais. Sabemos que não somos um livro em branco, cujas páginas começam ser preenchidas quando nascemos. Nossa "história" se perde na noite dos tempos. Trazemos em nós inumeráveis experiências que nos marcaram e forjando ao longo de nossa andadura como espíritos. Tudo isso tem configurado nossa personalidade que vamos manifestando continuadamente. As Leis Divinas nos levam ao lugar mais adequado para que prossigamos com nosso desenvolvimento e aprendizagem, dando-nos as ferramentas para isso, se é que realmente as aceitamos, pois não podemos esquecer o livre arbítrio, ainda que limitado, de que estamos dotados. Esse intercâmbio contínuo que se produz em toda a criação, entra em jogo no rol fundamental dos pais. E esse papel não é fácil, é um dever primordial.

No item 208 do O Livro dos Espíritos (Capítulo VIII. Semelhanças físicas e morais) o Allan Kardec, pergunta "Os Espíritos dos progenitores não exercem influência sobre o menino depois do seu nascimento? E a resposta dos Espíritos é: "Têm uma influência muito grande (…) devem coadjuvar o seu mutuo progresso. Pois bem, os pais têm por missão desenvolver o de seus filhos, mediante a EDUCAÇÃO (...)".

Reconheço que não é fácil, se ter a segurança daquilo que se põem em prática é o melhor. Mas muitas vezes essa educação, ou não existe ou é egoísta, absorvente, quase obsessiva. Tenta-se plasmar neles nossos anseios, que eles sejam uma continuação de nós mesmos, limitamo-lhes.

Mas, por outro lado, é certo que cada Espírito reencarna no lugar e na família mais adequada para seu progresso. E não esqueçamos que os Espíritos que encarnam nem sempre são entidades afins, sendo que, muitas vezes (para não dizer a maioria) são o contrário. Chegando, com eles, a aprendizagem mutua (os filhos aprendem com os pais mas também existem filhos que sobressaem a seus progenitores). É um intercâmbio, como tudo na vida. Como em qualquer relação entre os humanos, não só há que dar, também é necessário receber…

Então como atuar?

Quem conhece os ensinamentos espíritas possui bases que permitem observar, meditar e pôr-se em ação.

Disse que o exemplo é básico e, referindo-me à experiencia de educadores, manifestam eles que criar um hábito no menino, desde os primeiros meses, quando já começa a entender seu redor, é essencial. Nessa tenra idade não é necessário falar-lhe do porque é melhor fazer ou deixar de fazer algo, simplesmente é questão de mostrar-lhe, através de uma atuação prática, o que é adequado e o que é inadequado. Quer dizer, se o menino deixa cair algo ao chão, sem medir palavra, leva-se sua mãozinha para que recolha o objeto que jogou e o coloque no lugar conveniente. Já assim, repetindo-o uma e outra vez, para o menino aquilo se converte em hábito, ficando impregnado nele como um costume.

A educação, tanto moral como material, regirá seu comportamento no futuro. O exemplo dos pais e adultos ao seu redor, (aqui é onde há que fazer fincar pé nos ensinos que nos oferece a filosofia espírita) constituirá o cimento do projeto de vida que esse espírito trás e que deverá ir construindo ao longo de sua encarnação.

Na questão 208 (L.E.) o Espírito termina adicionando "(…) Para o Espírito do pai (melhor dito, para os pais, e não temos um Espírito, somos Espíritos) é esta uma tarefa. Se falha, será culpado" A resposta é drástica, dura. Mas como tudo na vida, haverá seus atenuantes e seus agravantes.

E os leitores se perguntarão, como se pode compatibilizar o dedicar-se plenamente a educação dos filhos e ganhar-se o sustento para poder viver, não digo com luxo, mas de uma forma digna? Penso que é um tema candente sobretudo na Europa, que merece uma reflexão à parte.

Pura Argelich Minguella - Secretária do Centre Barcelonès de Cultura Espirita, de Barcelona - Espanha

Kadu faz Sucesso na Infância Espírita - Alexandre Cardia Machado

Lançado em 2003, o livro Kadu e o Espírito Imortal, de autoria da Psicóloga Cláudia Régis Machado, tem obtido muito boa aceitação em todo o país. Destinado ao público infanto-juvenil, o livro ensina, de maneira bastante didática e em forma de entretenimento, os fundamentos do Espiritismo.

Recentemente, um Clube do Livro Espírita incluiu o livro entre os que são distribuídos entre seus sócios.

Em Santos, o Centro Espírita Allan Kardec, que mantém a Infância Espírita, destinada ao ensino do Espiritismo adotou, em 2004, o livro como texto para as aulas. O trabalho com a criança é realizado pelo CEAK desde há mais de 50 anos e atualmente conta com 4 classes com 35 crianças e pré-adolescentes.

A decisão do CEAK, que adota desde 2001 a abordagem construtivista como base do aprendizado, foi baseada na análise da estrutura dinâmica, lúdica e atraente do Kadu como recurso pedagógico para o aprendizado da Doutrina Espírita.

Para avaliar o resultado do uso do Kadu, entrevistamos os monitores da Infância Espírita do CEAK, Roseli Régis Reis, Jorge Luiz Gomes da Silva e Adriana José Cardoso.

Roseli é a coordenadora da Infância e monitora da série que reúne crianças de 10 e 11 anos, Jorge Luiz coordena o grupo de pré-adolescentes, de 12 a 13 anos e Adriana.monitora crianças de 7 a 9 anos.

Abertura - Qual a motivação para a escolha do livro, Kadu e o Espírito Imortal, como livro de apoio na programação da Infância Espírita?

Roseli - Os temas da programação rodam semestralmente e o escolhido para o primeiro semestre de 2004 era Imortalidade. Tivemos conhecimento do Livro e achamos que tanto a estrutura lúdica quanto o tema central coadunava com o trabalho desenvolvido na infância.

Jorge - O tema do primeiro semestre era Imortalidade e o livro aborda o assunto com linguagem e dinâmica adequadas. No segundo semestre o tema era História do Espiritismo, assunto também abordado no livro.

Adriana - A abordagem dos assuntos selecionados de uma maneira diferente e divertida.

Abertura - De que maneira vocês usaram o livro nas aulas, que técnicas foram adotadas?

Roseli - Por meio de leitura, por vezes dramatizada, da história e seqüência das tarefas que são bastante desafiadoras e instigantes. Entremeamos com outras atividades pertinentes, ressaltando aspectos que julgamos necessário aprofundar dentro da temática geral abordada pelo livro. No primeiro semestre procuramos enfatizar a questão da Imortalidade e no segundo semestre a História do Espiritismo.

Foram jogos, teatro, recorte, colagem, confecções de textos e painéis complementares na biblioteca do CEAK e em casa estas atividades que enriquecem o trabalho do livro.

Jorge - Leitura, discussões, execução das atividades propostas e problematização.

Adriana - Devido à idade das crianças (7 a 9 anos), decidimos "contar" a história. Adaptando as atividades à faixa etária dos mesmos.

Abertura - Como vocês trabalharam o livro em cada ciclo, visto que este é para faixa etária de 9 a 14 anos e vocês atendem crianças a partir de 5 anos?

Roseli - As crianças do primeiro estágio (jardim) estão inseridas numa outra programação, que ainda segue as orientações do material argentino que adotávamos. As crianças do 2o estágio (7 a 9 anos) seguiram um esquema especial mediado pela monitora Adriana que elegeu os aspectos prioritários do livro, utilizando informações mais básicas, ou simples, para poder contar a história do Kadu em outros termos. Elas não têm, portanto, acesso direto ao livro, como é o caso dos dois estágios subseqüentes. A cada semana, a monitora prepara uma atividade que mobiliza as crianças em torno do assunto ou aspecto escolhido e vai construindo a história, preservando, em certa medida, o percurso traçado no próprio livro.

Jorge - Fui monitor do Grupo Respeito, (faixa etária de 12/13 anos), portanto não há dificuldade para aplicação do Livro como apoio.

Adriana - Adaptando as atividades.

Abertura – Qual a aceitação Kadu e o Espírito Imortal, pelas crianças e pelos monitores?

Roseli - Muito boa. O livro é extenso e utilizá-lo paulatinamente é o mais adequado. Sentimos que quando nos detemos apenas nele, gerava-se desinteresse, principalmente no 2o semestre, em que o esquema estrutural do livro já havia sido desvendado.

Jorge - O grupo executava com desenvoltura as tarefas. Muitas vezes a partir de questões propostas no livro, a discussão se aprofundava, fazendo com que os jovens se posicionassem.

Adriana - Muito boa.

Abertura – Já é possível verificar algum resultado desta experiência?

Roseli - Estamos concluindo que o resultado foi bastante positivo. O livro surgiu num momento em que nossas estratégias começavam a se esgotar e foi possível ganhar um fôlego. O que é melhor, com um material de excelente qualidade, inédito no meio espírita e com propostas que aliam seriedade, fidelidade doutrinária com inventividade e criatividade. O percurso traçado no Kadu e o Espírito Imortal permite o trabalho cognitivo de onde acreditamos que parta a mobilização para o conhecimento, passando pelo levantamento e confronto de hipóteses, alcançando sínteses parciais e finais. Este foi o trajeto adotado por nós nas novas propostas da Infância, implementadas desde 2001.

Para o nosso público, que possui uma capacidade cultural específica, o livro funcionou realmente muito bem, tanto em termos de motivação das crianças, como em crescimento intelectual e doutrinário.

Jorge - Observei o interesse da turma e usamos muito o livro como ponto de partida para a problematização.

Adriana - Até o presente momento, percebemos que as crianças têm assimilado bem o conteúdo.

Pré-Mocidade visita Abertura - Da Redação

Jovens participantes da Pré-Mocidade do Centro Espírita Allan Kardec, de Santos, visitaram a redação do ABERTURA, no dia 29 de abril. Acompanhados pelos coordenadores Ademar Arthur Chioro dos Reis e Wladmir Coelho Grijó, dez adolescentes foram recebidos pelo editor Jaci Regis e pela designer Danielle Pires.

Primeiramente, o editor mostrou como se faz o texto e a diagramação do jornal. O ABERTURA, que completou 18 anos agora em abril, tem sido constantemente aperfeiçoado tanto no texto como na apresentação. Falou da última reestrutura tanto da natureza das matérias publicadas, como da diagramação, tornando-o mais dinâmico e abrangendo assuntos mais diversos. A seleção dos textos é a primeira etapa da edição do jornal, que é produzido dentro de um programa de diagramação que estabelece medidas, tipo e tamanho do corpo da letras.

O ABERTURA é editado em oito páginas, com colunistas e seções definidas e espaço para reportagens, artigos de interesse geral e doutrinário.

Ele falou da distribuição e do custo do jornal e as formas para arrecadar o dinheiro necessário, através de assinantes, publicidade e de um grupo de colaboradores que formam o SOS ABERTURA, que se tornou a base financeira do mensário.

Depois, a designer, apresentou as fases de preparação do texto para impressão, a partir do trabalho em computação, com o uso simultâneo de quatro programas, a criação de arte, fotos e a produção de um CD, que remetido à Oficina Especializada, prepara o fotolito, que, enviado à gráfica, finalmente permite a impressão do jornal.

A pedido dos coordenadores, Jaci Regis explicou que o ABERTURA nasceu devido a crise no movimento espírita, que o obrigou a deixar a direção do jornal Espiritismo e Unificação, editado pela então União Municipal Espírita de Santos, no qual ficou 23 anos.

Explicou também que o motivo da ruptura foi a questão da religião espírita, que ele e o grupo de Santos, cujo centro, na época, era o Centro Espírita Allan Kardec, não aceitam.