Junho de 2004

Contribuição para a Evolução Consciente - Capa

O XIX Congresso Espírita Panamericano, uma iniciativa da CEPA- Confederação Espírita Panamericana, a realizar-se de 8 a 12 de setembro de 2004, na cidade de Rafaela, Argentina, tem como objetivo mostrar o Espiritismo como uma contribuição para a evolução consciente.

A partir do tema central, o Congresso terá debates e estudos, sob o enfoque espírita, nas áreas da Educação, Ação Social, Comportamento e Ciência.

Esses estudos serão realizados em painéis, oficinas e temas livres.

Modificações nos Estatutos

Durante o Congresso será realizada uma assembléia geral das instituições filiadas e adesas, para analisar uma proposta de modificação dos Estatutos da CEPA. Serão também eleitos os novos membros do Conselho Executivo para o próximo quadriênio e relatada a gestão 2000/2004, sob a presidência de Milton Rubens Medran Moreira.

Comissão Organizadora

O XIX Congresso está sendo organizado pelo CREAR - Conselho de Relações Espírita Argentino, através da Comissão Organizadora, presidida por Raul Drubich. São também membros da Comissão, Dante E. Lopez, vice-presidente da CEPA, Alfredo Quintana, presidente do CREAR-AR, Gustavo Molfino, membro do CREAR-AR e Guillermo M. Dubrich, presidente da Agrupación Juvenil Joaquim Soriano.

Caravana brasileira

A participação brasileira no XIX Congresso será expressiva. A maior parte dos brasileiros se concentrará em Porto Alegre e dali partirá em ônibus diretamente para Rafaela. O e-mail da Comissão Organizadora: congresocepara2004@gruposyahoo.com.ar.

A Guerra nos dias Atuais - Editorial

O Livro dos Espíritos, ao condenar a guerra, diz também que ela se torna necessária para produzir a liberdade e o progresso.

Não muitos estranham essa assertiva do livro inicial da doutrina.

Vemos na atualidade, o que diz também O Livro "No estado de barbárie os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por isso que a guerra, para eles, é um estado normal".

Como encaixar essas considerações ao momento atual em que os Estados Unidos, sob a liderança do Sr. George W. Bush invadiu o Iraque com motivações sobretudo político-econômicas?. Embora condenado pela sociedade mundial, os Estados Unidos, por possuir, no momento o maior poderio econômico e militar, foi à guerra e podemos, sem dúvida enquadrá-lo no quesito do "direito do mais forte".

Não houve meios de justificar a guerra do poderio americano com a fragilidade do Iraque e agora vemos cenas de barbárie contra os prisioneiros que não podem ser toleradas e que a própria sociedade americana repudia, isso sem mencionar os estragos materiais, as mortes, o caos, o pavor que se alastram naquele país.

Não é tão antigo o horror que o nazismo causou com sua truculência e desumanidade na segunda guerra mundial. Como não é compreensível que o Estado Judeu pratique contra os palestinos ações que um de seus próprios ministros assemelha ao praticado pelos nazistas contra o povo judeu, marcado pelo holocausto de milhões deles nos campos de exterminação.

Todavia, embora o sr. W. Bush arrogantemente tenha desprezado a opinião mundial, vê-se agora em voltas com uma jornada sem saída, apelando, porém, em termos, para a ONU, para o envolvimento da sociedade ocidental em sua aventura, atrás do petróleo iraquiano.

A ação americana reduz o impacto da figura desprezível do ditador Saddan, aprisionado e impotente mostrado pela propaganda americana e com muitas razões, aliás, como um verdadeiro monstro.

Repudiamos esse terror estatal, quanto o terror de bandos e grupos desorientados, manchados de sangue e indiferentes a dor, ao sofrimento e angústia de milhões vítimas diretas e indiretas do terrorismo.

O que esperar dos Congressos ? - Editorial

Nesse ano de 2004, que marca o bicentenário dos nascimento de Kardec, serão realizados dois congressos de caráter internacional.

De 8 a 12 de setembro, a CEPA, realiza seu XIX Congresso Espírita Panamericano, em Rafaela, Argentina. A FEB, por sua vez, promove o Congresso Internacional em Paris, França, a partir de 4 de outubro.

São eventos importantes que reúnem centenas de pessoas de todas as partes.

E daí? Isto é, que produtos serão produzidos nesses Congressos? Que novos estudos, novas idéias comprovadamente positivas e lastreadas nos princípios espíritas sairão desses conclaves?

A olhar para trás infelizmente a perspectiva não é das melhores.

Durante um certo número de dias serão apresentados trabalhos, alguns sem qualquer significação, outros mais bem elaborados, que dormirão depois nos Anais e na memória de uns poucos.

Os congressos espíritas são confraternizativos, na medida que a doutrina cristalizou-se em uma posição religiosa, no pior sentido, de um conjunto de crenças com caráter absolutista e sem necessidade de melhorar, progredir, superar-se.

Mesmo os adeptos da CEPA caem, com facilidade nesse esquema, seja porque a influência da entidade Panamericana seja pequena socialmente falando, seja porque, no caso da FEB, o que importa é implantar o reino de Deus, sob a égide do Cristo de Deus, que é aliás o projeto de todas as religiões cristãs, que naturalmente excluem de seu rol os espíritas..

É provável que no congresso febiano, alguns Espíritos reconhecidos, como Ismael, Bezerra de Menezes e até Allan Kardec, enviem por um ou mais médiuns consagrados mensagens reafirmando a missão do Espiritismo e exaltando nosso promissor futuro para a regeneração da humanidade. Já vimos esse filme antes.

De resto a estrutura dos centros , federações e associações espíritas de classe que se formam no movimento é religiosa,evangélica, moralista e inadequada para produzir algo mais revolucionário e consistente. Talvez com algumas e poucas exceções.

Congratulações I, Congratulações II, Caderno Cultural - Cartas Abertas

CONGRATULAÇÕES I

Mais uma vez congratulamo-nos com o ilustre Jaci e toda a sua valorosa equipe, pelas edições do ABERTURA, sem dúvida o mais combativo, mais fiel e mais transparente órgão da imprensa espírita kardecista é a mais legítima, que temos no Brasil. Parabéns a vocês, pela isenção, a dignidade e a coragem pela emissão de conceitos, críticas e a mais profunda análise jornalística que temos na atualidade. Vale a pena ler o ABERTURA. Wilmar Coelho dos Santos, Juiz de Fora, MG.

CONGRATULAÇÕES II

Quanto ao jornal ABERTURA, tenho gostado muito principalmente pelos seus arrojados artigos como a entrevista dada pela Física Érika , Minas Gerais, sobre "André Luiz não trouxe ciência ao Espiritismo". Ao ler o titulo tem-se a impressão que ela vai "descer o pau" em André Luiz, mas ao ler o seu conteúdo, mostra-se claramente o quanto de razão ela tem. Parabéns.

Na edição do mês de abril eu adorei o artigo "Os princípios do Espiritismo estão firmes" de sua autoria e a coluna "Opinião em Tópicos" do companheiro Milton Medran, que nos contou sobre o atentado terrorista na Espanha, gostei muito.

Parabéns pelo jornal e seus princípios de divulgar a nossa doutrina, que em tempo atual, isto é, voltada ao terceiro milênio- Marco Antônio de Andrade – Taubaté, SP.

CADERNO CULTURAL

Registramos a nota publicada no "Flama Espírita", órgão do Centro Barcelonês de Cultura Espírita, de Barcelona, Espanha, fundado por Josep Casanovas Llardent e dirigido por Pura Angelich e David Santamaría, sobre o Caderno Cultural Espírita editado pelo ICKS. O registro está na edição de abril/junho de 2004.

Pessimismo, rota de Sombras - Jaci Régis

Diante de tantas notícias e acontecimentos funestos, aqui e em toda a parte, como olhar nosso tempo e o futuro?

A pergunta parece bastante oportuna.

-Como ser otimista num mundo perverso?

Essa a resposta que ela me deu, quando falávamos sobre as necessidades da sociedade. Seu pessimismo era muito antigo. Completara mais de setenta anos.

-O que você faz?

-Sou médica, pediatra, disse. E corrigiu ex-médica, porque me aposentei.

Viera pelos pesadelos, pela insônia.

Ela contou que tinha insônia crônica. E quando conseguia dormir, desde muito cedo, entrava em pesadelos mórbidos, dolorosos. Lembrou sua infância em cidade do interior de Minas Gerais e sua graduação médica em Belo Horizonte.

Sempre tivera pesadelos e que quando menina de seis ou sete anos, brincava com outras colegas na frente da igreja e ali entrou. E viu um caixão com um cadáver. Essa cena a impressionara muito e jamais se desligou dela.

Estava, contudo, ainda balada com a morte do pai.

-Era um homem muito bom, assegurou. Tanto que, farmacêutico ou dono de farmácia, tivera insucessos contínuos na gerência de seu negócio, porque, na visão dela, quem não tinha dinheiro ele dava remédio de graça.

Fazia pouco tempo que ele morrera. A mãe, acometida de gravíssima doença morrera antes dele. A morte da mãe não fora sentida. Durante sua doença o que mais ela sentiu foi que o pai, tendo que cuidar dela, ia dar-lhe comida e não mais almoçava com ela e suas irmãs, o que muito a penalizou

-Sou solteira por opção, disse quando lhe perguntei sobre sua vida afetiva.

-Nenhum namorado, nenhuma paixão?

-Náo tinha tempo para namorar e quando me apaixonei foi por apenas 15 dias.

-Sou virgem, arrematou.

-Nunca teve uma relação sexual?

-Não...

-Não sabe o que perdeu, brinquei

E ela deu de ombros. Fazer o que?

E seus pesadelos?

Contou algo difuso, sem muita nitidez. Eram cenas mórbida, sempre ligadas à morte, ao escuro, à névoa. Acordava sobressaltada, mas penso que a repetir-se sempre, passou a fazer parte de sua vida afetiva solitária. Talvez, quem sabe, nos desvãos das emoções que os pesadelos lhe traziam, pudesse fazer escoar seu erotismo contido.

-Comecei no Espiritismo, lendo Nosso Lar, de André Luiz. Ela afirma que com a leitura dessa e outras obras do autor, onde ele relata cenas muitas vezes dantescas no Umbral, identificou muitos desses cenários com os de seus pesadelos

Ai os pesadelos aumentaram.

-Você começou mal, devia ter lido primeiro Kardec.

-Mas eu lí bastante Kardec...

Ela contou sua trajetória profissional, sempre marcada por um viez negativo.

Primeiramente, estagiara num hospício e desistiu. E contou que ficara revoltada com o desvio praticado pelos dirigentes e isso era marcante.

-Eu trabalhava num posto em que as criança atendidas moravam em bairro do Guarujá, sem saneamento, sem infra-estrutura sanitária adequada. Por isso, cada três vinham as mesmas crianças com os mesmos problemas... Era desanimador.

Seus comentários ora iam para seu problema de insônia, ora deslizavam para a crítica, certamente justa, contra os poderes públicos que não davam infra-estrutura sanitária, ora para políticos e funcionários que desviam verbas...

Quando não conseguimos filtrar as notícias elas avançam pela nossa mente e se mantemos um estado pessimista, negativo, ora podem nos apavorar, ora são excelente alimento para a justificar atitudes de indiferença perante a vida, ainda que, muitas vezes, nos consideremos caridosos.

O pessimismo corroe a alma porque coloca óculos escuros em nosso olhar. Sob essa visão distorcida, pequenos gestos ou grandes tragédias parecem vir confirmar a inutilidade do amor, do prazer, da maternidade.

Cuidamos de nós mesmos e permanecemos mais ou menos inertes diante da vida, vendo escoar os anos no isolamento de lamentações e prognósticos sombrios. Existe um sorriso perverso de satisfação, quando os fatos confirmam nossas predições sombrias.

Ela viera talvez para assegurar que muitos de seus pesadelos teriam origem na ação dos Espíritos. Claro que essa hipótese não pode ser descartada de todo. Nossa mente procura parceiros afetivos, vibracionais. Desejos, frustrações, ansiedades que se tornam parte da personalidade, são habilmente ocultados de nossa consciência e como fantasmas, passam a povoar nossa mente e o sono liberta a imaginação e a realidade oculta. Então queremos atribuir os transtornos à forças externas, impostas circunstancialmente, sem que nosso dedo se metesse.

Ali estava uma mulher frustrada afetivamente, tentando remediar uma vida árida, pessimista, porque era pessimista e mórbida, sobretudo. Passara toda a existência esquivando-se de assumir alguns riscos na afeição, na doação de afeto, no abraço da paixão.

Trabalhara talvez com desvelo, mas caminhara isolada na visão que justificava seu próprio caminho árido, sem prazer. Agora, sem filhos, sem parceiros, olhava para sobrinhos e afilhados que abriam uma tênue oportunidade de realização afetiva.

A mulher foi embora, sem que pudesse liberá-la dos pesadelos, mostrando-lhe todavia, sua estrutura mental mórbida, que produz cenas de acordo com seu critério de vida.

As almas mórbidas, negativas, têm sonhos tristes, negativos e cheios de morte e sombras.Porque se negam a olhar a luz, a admirar o luar. Tais pessoas, não é raro atraírem Espíritos e correntes mentais da mesma qualidade, mantendo-se numa teia de sentimentos confusos, tristes, infelizes.

Tratara de crianças mas, quem sabe nunca as olhara com carinho, mas apenas como clientes renitentes excluídos socialmente que lhe vinham a cada três meses buscar auxílio medicamentoso.

Certamente um otimismo irreal é tão prejudicial quando o pessimismo crônico. A realidade pode às vezes ser cruel, mas de modo geral, podemos ter esperança, mesmo certeza de que a luz vence as trevas e o bem sobrepaira sobre o mal.

É preciso cultivar o coração com flores e perfumes, para que possamos ter serenidade para entender e enfrentar momentos difíceis.

Livre-Pensador e Agnóstico - Eugênio Lara

O Espiritismo bem compreendido, profundamente interiorizado e aplicado no dia-a-dia produz que efeitos no comportamento? Ou melhor, qual o perfil de uma pessoa que entra num processo de assimilação, de incorporação mental e afetiva dos princípios éticos da filosofia espírita?

O referencial de boa parte dos dirigentes espíritas parece ser o da moralidade, segundo o modelo cristão: um comportamento piedoso, imerso na renúncia, na abnegação, de um total desprendimento. Essa postura é desejável e, amiúde, exigida pelo meio espírita. E como as pessoas normais não suportam manter esse perfil de santo, o resultado é o comportamento hipócrita, a falsidade afetiva diante dos conflitos, diante da vida.

Depois de dois mil anos de evangelização já era para o mundo ter dado um salto moral qualitativo. Isso não aconteceu e nunca acontecerá por que o cristianismo mostrou que é um fracasso como ideologia, como parâmetro ético. Jesus de Nazaré e Jesus Cristo são duas personalidades completamente distintas e antagônicas. Por isso não sou cristão, ou melhor, me considero anticristão. Essa ideologia é perniciosa, é uma praga, faz mal para a saúde física e mental; deveria ser expelida da face do planeta. Fui cristão, quando católico; hoje não assumo mais esse rótulo. Considero-me um livre-pensador, vinculado a uma corrente filosófica, um conjunto de idéias, uma forma de conhecimento que Allan Kardec, seu fundador, denominou de Espiritismo.

Sou livre-pensador e agnóstico justamente porque sou kardecista. Alguns colegas de trabalho, amigos e conhecidos se espantam quando digo que sou agnóstico, que não tenho religião. "Mas você não é kardecista?", argumentam surpresos. E procuro explicar. Mas nem todos entendem por ainda estarem vinculados à idéia de que todo mundo tem que ter alguma religião. Pois o livre-pensador não tem religião. E sinto-me livre para questionar, criticar e até negar o Espiritismo.

O livre-pensar nasce com a filosofia grega e se inscreve modernamente na nossa cultura com o advento do Iluminismo. Kardec, influenciado pelo Positivismo e, principalmente pelo Iluminismo, dotou o Espiritismo de uma tal criticidade, que é quase impossível virar um crente, um ser pio, devoto e dogmático. O Espiritismo possui uma alma iluminista.

Antes do Iluminismo a liberdade de consciência e de pensamento eram inseparáveis do rótulo de libertino, em um sentido bem pejorativo. Todavia, após Rousseau, Voltaire, Montesquieu e tantos outros filósofos, essa realidade mudou. Surge a figura do livre-pensador, liberto dos grilhões do pensamento místico, mágico e dogmatista. Daí a eterna briga da Igreja com os filósofos da ilustração.

O pensamento livre incomoda, liberta e ao mesmo tempo causa angústia em função do permanente estado de dúvida. Mas é uma angústia prazerosa porque criativa. Quem pensa adquirir certezas ao penetrar no pensamento kardecista está redondamente enganado. O crente deseja a certeza. O livre-pensador, a reflexão, a possibilidade de mudança, a eterna dúvida criativa, transformadora, perquiridora. O formato de pergunta e resposta de O Livro dos Espíritos não foi escolhido apenas por um motivo pedagógico e adotado somente como recurso didático. Ele tem a ver com o espírito crítico, científico, de pesquisa que o Druida de Lyon adotou em toda a Kardequiana.

O Espiritismo é ainda o grande desconhecido dos próprios espíritas, no dizer do filósofo espírita J. Herculano Pires, principalmente pelo fato de ser uma filosofia de livres-pensadores. Pois não é todo mundo que está disposto a se libertar das amarras da alienação religiosista e romper com a postura mágica e mística. O espírito do livre-pensar paira sobre a filosofia kardecista e nele nos movemos, nos reciclamos e por ele entramos num processo de transformação intelecto-moral inevitável, desejável e possível.

Sobre o Casamento - Jaci Régis

A transformação do casamento em união baseada no amor tem sido considerada uma utopia. Ao revés das interpretações românticas da vida, muitos analistas afirmam que a mistura de amor e casamento não dá certo. Ou quase não dá.

Apesar disso, a tendência da maioria é procurar o casamento como objetivo seguro para exercitar a suas necessidades afetivas e procriar.

Recentemente, na revista Veja, a escritora americana Laura Kipnis deu entrevista baseada em seu livro Against Love - A Polemic (Contra o Amor -Uma Polêmica) a ser publicado no Brasil, na qual descarta qualquer ou remota possibilidade de ser feliz no casamento. Ela diz que nos Estados Unidos, apenas 38% dos casamentos são felizes e que o divórcio chega a 50% dos casamentos. E mais ainda, que os jovens parecem ter um primeiro casamento como uma espécie de introdução, desfazendo-o com muita brevidade e entrando em outras tentativas que, segundo a escritora reflete apenas a ilusão de que poderão encontrar a pessoa ideal.

Perguntada porque até os homossexuais querem casar, ela disse que eles querem mais do que isso, eles querem obter o aval do governo para sua condição sexual.

Felicidade e Casamento

Amor e casamento não são necessariamente sinônimos ou conseqüentes. Há os que casam sem se amarem e os que casam porque se amam.Os primeiros percorrem um caminho que vai de algumas satisfações ao completo desânimo, mas jamais poderão alcançar o nível realmente satisfatório. Os segundo constroem uniões harmoniosas, embora também com problemas.

Qual a causa do amor? Por que essa ligação possante e misteriosa causa tanta satisfação e plenitude nas pessoas? Alguns acreditam que seja uma espécie de "química" que torna a relação especial, insubstituível.

Mas como definir o amor, o que dele se espera, o que ele quer?

Lembro-me da canção da Caimi: "O amor acontece na vida... estavas desprevenida e, por acaso eu também...". Assim, diz-se que o amor acontece e pronto...

Teoricamente, contudo, todos postulam a possibilidade de amar e por isso, desde os tempos imemoriais, procuram a figura do ser ideal, aquele que completará a nossa vida, formará conosco o par completo, o parceiro, o cúmplice que selará a vida para a delícia definitiva...

Em 1994, publiquei no ABERTURA um artigo, "O Casamento dá volta por cima", baseado em trabalho jornalístico editado no jornal O Estado de São Paulo, do qual destaco a opinião da psicoterapeuta Lídia Rosenberg Arantangy que afirma que as coisas ficaram mais complicadas porque hoje o casamento tem de servir até para você ser feliz. "Quem inventou essa instituição, diz ela, jamais imaginou que casar um dia serviria para isso. E poderia perguntar hoje, de olhos esbugalhados: Casar para ser feliz? Que maluquice é essa".

Os Espíritos dizem que Casamento é Prova ou Expiação

No Espiritismo, o casamento, como de resto a vida corpórea, é sempre vista, analisada como um segmento voltado para a dor, para o sofrimento.

Nessa compreensão, não resta muita esperança para a felicidade no casamento. E muito menos a possibilidade da união das almas ideais. Afinal, a vida corpórea seria apenas a volta dos culpados para resgatar o passado.

Para muitos e "abalizados" espíritas, encarnados e desencarnados, todo o casamento é fatal, isto é, antes de encarnar se contrata o casamento e os fios misteriosos da vida conduzem os parceiros para o inevitável. O casamento está, nessa visão, no rol das expiações e provas.

Para o Espírito Emmanuel, "os consórcios humanos estão previstos na existência no quadro de provas e expiações ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam... O matrimônio, muito freqüentemente, na Terra, constitui uma prova difícil, mas redentora. (O Consolador, questão 170)".

É sabido que o Espírito Emmanuel elaborou a teoria das almas gêmeas, que nascidas umas para as outras, jamais encontrarão em outras almas o amor verdadeiro, a felicidade real. Por isso, quando separadas, suspiram para a união final. Esse casamento perfeito é o ideal de todas as almas.

A teoria das almas gêmeas, ou metades eternas, parece calcada numa visão modificada do mito dos andróginos, duas criaturas unidas num mesmo corpo, do mesmo sexo ou não, que tendo sido separadas por ordem de Zeus, procuram-se ansiosamente pois só seriam felizes com o encontro de sua metade.

Romântica ou não essa visão parcial da vida imortal toca as pessoas principalmente as infelizes no casamento que aspiram uma união ideal que seria realizada, talvez no além, talvez em outras vidas e, com isso, tornam-se indiferentes aos parceiros eventuais ou se deixam alienar em função dessa fantasia.

André Luiz afirma que "o homem ou a mulher encarnado podem experimentar o casamento terrestre diversas vezes, sem encontrar a companhia das almas afins com as quais realizariam a união ideal. Isso porque, comumente é preciso resgatar essa ou aquela dívidas que contraíram com a energia cipoal aplicada de maneira infeliz ante os princípios de causa e efeito" (Evolução em Dois Mundos pagina 185).

Em razão desse posicionamento os Espíritos acima se manifestam contra o divórcio. Diz Emmanuel "Partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas (Vida e Sexo)".

Ele dramatiza os problemas de relacionamento conjugal, dessa forma: "essa jovem suave foi, no passado - em existências já transcorridas – a vítima de nós mesmos, quando lhe infligimos os golpes de nossa própria deslealdade ou inconseqüência, convertendo-a na mulher temperamental ou infiel que nos cabe agora relevar e retificar" "... o rapaz distinto... provavelmente depois o homem cruel e desorientado, suscetível de constrange-la a carregar todo um calvário de aflições – foi no pretérito – em existências que já se foram – a vítima dela própria, quando desregrada e caprichosa, lhe desfigurou o caráter metamorfos e ando-o no homem vicioso ou fingido que lhe compete tolerar e reeducar" (Vida e Sexo, pág. 36).

Sem recusar a possibilidade dos traumas e decepções que nossos atos causam em nossos parceiros eventuais ou não nos caminhos da vida, seria exagero atribuir tamanho desalento evolutivo, quase regressivo, pelo desenlace amoroso.

Kardec Ficou Com O Amor

Allan Kardec não foi tão enfático como os Espíritos cristãos que dirigem o movimento espírita brasileiro. É verdade que na obra kardecista não há lugar para a felicidade pessoal, para o prazer singular. O amor é visto, explicitado, dentro de um determinismo de dever. todavia, o fundador da Doutrina teve uma visão menos pessimista e dolorosa do matrimônio.

"No casamento, o que é de ordem divina é a união conjugal para que opere a renovação dos seres que morrem", afirma ele. E comenta caustico: "Nas condições ordinárias do casamento, é levada em conta a lei do amor? Absolutamente! (...) O que se procura não é a satisfação do coração, mas a do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: todos os interesses materiais. Quando tudo corre bem, segundo esses interesses, diz-se que o casamento é conveniente e quando as bolsas estão bem equilibradas diz-se que os esposos estão igualmente harmonizados e devem ser felizes".

"Mas, prossegue Kardec, nem a lei civil. Nem os compromissos que ela determina podem suprir a lei do amor, se essa não presidir a união".

Como se vê, Kardec não fala em destino, carma ou união obrigatória. Ele é partidário do divórcio. "E um dia se perguntará se é mais humano, mais caridoso, mais moral ligar um ao outro dois seres que na podem viver juntos, ou restituir-lhes a liberdade, se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumenta o número de uniões irregulares" (Trechos do capítulo XXII do Evangelho segundo o Espiritismo – Não separar o que Deus juntou).

Afinal Como Ficamos?

A definição de felicidade é tão difícil talvez como definir o amor.

Há felicidades parciais, momentâneas, ocasionais. Haverá felicidade permanente, completa?

Minha visão da vida corpórea é menos fatalista e não consigo aceitar que tudo esteja tão exatamente combinado, prescrito, previsto.

A visão do casamento divino, indissolúvel é coisa do passado. O divórcio é remédio quase sempre inevitável para os males das uniões mal feitas, desfeitas, conflitivas.

Naturalmente o doce lar, na visão mais realista não é tão comumente doce. Mas ali, no recesso das realidades da coexistência, não direi da intimidade, porque casais há que jamais tiveram intimidade, embora fiquem nus, habitem o mesmo quarto e durmam na mesma cama, surgem situações, geram-se conflitos que ajudam, muitas vezes, a solucionar velhas questões do coração ou se precipitam em dolorosos confrontos.

Todavia, como disse Gonzaguinha, é preciso "viver sem medo de ser feliz", porque a vida "é bonita é bonita..." Se conseguirmos encontrar um fluxo de prazer de viver, um fluxo de energias positivas, dando escoamento a nossa afetividade, podemos realmente ser tão feliz quanto possível e, não sei como, um momento, um dia, uma fonte misteriosa fará despertar em nós o amor e esse amor encontrar um amor para nós.

Mas jamais diria que devemos manter uma união de qualquer forma, acima de todos os sofrimentos, indiferença ou solidão.

A vida é dinâmica e o casamento não pode se constituir numa prisão em nome do amor.

Abrindo a Mente : Quem foi Gustave Geley ? Quem foi Camille Flamarion ? O que é Ectoplasma ? - Alexandre Cardia Machado

1- Quem foi Gustave Geley?

Cientista Francês, formado em medicina, nascido em 1868. Foi o primeiro presidente do IMI – Instituto de Metapsíquica Internacional, em 1919 convidado por J.Myers abandonou a medicina para dedicar-se exclusivamente à metapsíquica. Autor de dois livros traduzidos para o Portugues: O ser Subconsciente (FEB) e Resumo da Doutrina Espírita (Lake). Geley é sempre uma referencia no estudo de materializações de Espíritos.tendo se notabilizado pelos moldes em parafina de mãos de espíritos.

Escolhido pelo jornal Abertura como um dos 20 Espíritas e Pesquisadores do Século 20.

Para abrir mais a sua mente leia: www.espiritnet.com.br/Biografias/biogust.htm ou Abertura julho de 2000.

2- Quem foi Camille Flamarion?

Grande astronomo frances (1842 – 1925), dissípulo de Allan Kardec escreveu os livros A Pluralidade dos Mundos Habitados; Astronomia; Astronomia Popular; As Terras do Céu; Deus na Natureza; As maravilhas Celestes; As Estrelas e As Curiosidades do Céu. Era médium, tendo comunicado o texto que deu orígem ao capítulo VI de A Gênese – Uranografia Geral. Proferiu o discurso junto ao túmulo de Allan Kardec quando de seu desencarne.

Para abrir mais a sua mente leia: A pluralidade dos Mundos Habitados de Camille Flamarion Ed. Ícone

3- O que é ectoplasma?

Do grego Ekto – para fora e Plasma – modelável, ou seja algo que sai do médium para ser modelado, termo criado pela Metapsíquica para denominar os fluídos que o médium emite durante sessões de materializações. Este material foi coletado e analisado, tendo sua composição química determinada em 1916 pelo pesquisador Polones Lebiedczinsky que coletou uma certa quantidade que emanava do médium e mandou ser analisado no Istituto Biológico do Dr. Francé em Munique e tambem no Museu de Agricultura e Indústria de Varsóvia o resultado diz que trata-se substância albuminóide unida a um corpo gorduroso e com células análogas as que se encontram no corpo humano – lembra muito o líquido linfático. James Black analisando chegou a seguinte composição: C120 H 1184 N 218 S5 O249 - tratando-se portanto de proteína.

Para abrir mais a sua mente leia: Espírito, perispírito e Alma – Hernani Guimarães Andrade Ed. Pensamento – SP - 1984

Perguntas e Respostas: Espiritismo sem Kardec, Células-Tronco - Da Redação

Espiritismo sem Kardec

Prezado Jaci Regis,

Faço parte do GEIE – Grupo de Estudos Integrados de Espiritismo, coordenado pelo Prof. Ney P. de Meira Albach, Grupo sediado na Casa Transitória Fabiana de Jesus, Ponta Grossa – PR. Ao mesmo tempo publico o jornal Ótica Espírita, que circula em nossa cidade. E nas próximas edições, tendo em vista o Bicentenário do Nascimento de Kardec, vamos fazer algumas matérias em torno do assunto. Por esse motivo, estou lançando uma pergunta para alguns espíritas que têm contribuído para o pensamento Kardecista. A pergunta é: Qual a importância de Allan Kardec para o Espiritismo?

Prezado Paulo Roberto,

Perguntar "Qual a importância de Allan Kardec para o Espiritismo", é uma redundância. É o mesmo que perguntar qual a importância de Einstein para a Lei de Relatividade, de Freud para a Psicanálise. Sem Kardec não existe Espiritismo, que ele fundou, codificou, estabeleceu suas bases, diretrizes e futuro.

Sua pergunta, embora redundante, tem sua importância, porque reproduz a perplexidade de uma realidade dolorosa, que é a existência de um "Espiritismo sem Kardec" que pode ser constatado diariamente nos milhares dos centros "espíritas" erguidos não segundo as bases kardecistas, mas sobre bases pessoais, sejam de desinformação gritante de médiuns e dirigentes que usam apenas o nome da doutrina, seja dos que se atrelaram ao movimento religioso espírita consolidado por Francisco Cândido Xavier e Emmanuel, que criaram uma seita à margem do kardecismo, embora não desprezem o trabalho de Kardec, mas o submetem ao primado de Nosso Senhor Jesus Cristo, tomado e tido como um semi-deus, semelhante ao culto que dele fazem as igrejas cristãs. Este Espiritismo cristão, religioso e assistencialista, certamente não desmerece seus adeptos, mas desvirtua o bom sentido progressista e progressivo da Doutrina Kardecista, o Espiritismo. Ele peca pelo uso de uma linguagem melíflua inadequada para uma doutrina que veio pare revolucionar, pela estruturação de um modelo moralista e uma análise não realista das realidades do Espírito humano.

Células-tronco

Venho através desse e-mail buscar suas opiniões a respeito de um assunto que nos chama a atenção: o uso de células- tronco embrionárias para fins terapêuticos.

Vindo de diversas fontes, o chamado de apoio às pesquisas científicas com esse "material" faz-se presente nos mais variados veículos de comunicação recebendo, de um lado a aceitação com ou sem conhecimento de causa, de outro a recusa nas mesmas condições. Abaixo, segue parte de um desses comunicados que circulam pela internet, o qual deixo como tema de reflexão aos senhores. Peço seu retorno com seus comentários e observações baseados nos princípios da Doutrina Espírita para que possamos todos nós, cidadãos ligados à Doutrina, formarmos uma opinião comum relativa ao assunto. Desde já agradeço sua atenção e sua resposta.

Atenciosamente,

André Luiz R. Santos

Prezado André Luiz,

A utilização das "células-tronco" é um recurso sob todas as maneiras válido, quando eticamente usado. Digo eticamente porque existem nesse setor pessoas que não titubeiam em produzir fatos bastante deprimentes, criminosos mesmo, como o assassinato de crianças para aproveitamento de órgãos e células-tronco. Como sabemos essas células que não têm um código genético definido, se adaptam e se transformam em células que acabam por substituir as mortas ou inexistentes, restaurando processos de deterioração.

Assim dentro do progresso da ciência o uso de recursos válidos para minorar ou eliminar o sofrimento só poderia receber o total apoio de uma doutrina progressista como o Espiritismo. O Senado está para aprovar uma lei sobre o uso das células-tronco, mas existe o perigo de ser proibido utilizar as células-tronco dos embriões, porque a igrejas católica e evangélica, se colocam contra porque atribuem ao embrião o início da vida. Sem dúvida esse é o principio da vida orgânica. Para o Espiritismo a vida essencial é a espiritual e o Espírito não é prisioneiro dos embriões. Algumas pessoas ligam o corpo ao Espírito de forma quase que obsessiva. Supõem que o Espírito fica prisioneiro de seu organismo depois deste morrer ou que acompanham células retiradas de seus corpos, enquanto vivos. Chegam a ser contra os transplantes porque supõem que o Espírito, por exemplo, obsediaria o receptor do coraçºao de seu corpo morto, apegado á bomba cardíaca. A falta de uma reciclagem positiva dos textos doutrinários leva a bloqueios de entendimento que limitam a vida e sugerem, a tais pessoas, que a ciência esteja infringindo os códigos divinos, como fazem os religiosos que se opõem à transfusão sanguínea, a pretexto que a Bíblia diretamente o proibiria.

Depoimento de José Rodrigues: Lar Veneranda comemora seu Cinquentenário - Da Redação

Naquele tempo, a palavra voluntário tinha uma conotação um tanto militar. "Os Voluntários da Pátria". A expressão ONG, sequer existia. Havia alguns "pratos de sopa", albergues, internatos, asilos, até históricos. Mas as creches eram raras, dentro de uma concepção socialmente estratificada. O conceito vicioso de caridade, da mão única, ainda perdurava, com os jornais pontificando os gestos de generosidade de alguns para com outros, devidamente fotografados.

A creche nasce sob um conceito revolucionário. Uma guarda temporária da criança enquanto seus pais, e invariavelmente, sua mãe, ocupa-se profissionalmente. Ao final do dia, a família volta a se juntar no seu núcleo de origem e autêntico, sob o manto da dignidade. Há 50 anos, quando foi fundado o Lar Veneranda, essa era uma idéia futurista. Que ganhou corpo, se aperfeiçoou, na medida em que as mães passaram a desenvolver alguma forma de integração com a entidade, na busca de alfabetização, aprendizado profissional e sociabilização. As crianças, por sua vez, durante a permanência na creche, têm garantida sua formação escolar básica.

Lá por volta de 1960, quando um grupo de jovens da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade assumiu cargos de direção no Lar Veneranda, sob um clima um tanto tenso com os dirigentes de então, essa construção sequer seria um sonho. Para complicar, a entidade havia criado um internato, de difícil e descompensada gestão, pela própria natureza do objeto. Nessas casas sempre fica o sabor da insatisfação, porque a vida familiar em coletivo não é natural. Ter o seu espaço, suas coisas, faz parte dos estímulos à vida. E crianças havia que tinham seus próprios parentes em condições de protegê-las. Mais tarde, corajosamente, o internato foi desfeito, com fortalecimento da creche.

Testemunho que aqueles jovens, sob a liderança de Jaci Régis, estavam plenos de entusiasmo. A experiência administrativa era pouca; alguns de nós estávamos ingressando em faculdades, cursos noturnos, em paralelo com o trabalho profissional diário. Mesmo assim, conseguimos fazer uma parceria com os mais experientes, como com dona Branca (Maria Branca Martins de Lima), mulher batalhadora da primeira à última hora, com Flávio Campos Mota, então tesoureiro, entre outros.

Foi com Flávio que dei os primeiros passos nas contas do LV. Todos os sábados, pela manhã, eu percorria os dois núcleos da entidade, nas ruas Ministro Xavier de Toledo, 130 e Soares de Camargo, 13. Levantava os gastos da semana e seus comprovantes e deixava o numerário para a seguinte. Também fazia os pagamentos aos funcionários. Eu utilizava uma lambretinha para esses percursos, e de certa feita, sem perceber, deixei cair na rua, em uma curva, o envelope com o dinheiro dos salários. Mal havia entrado em casa, uma quadra dali, dois senhores jovens bateram à porta e perguntaram se não era "daqui este envelope"... Eles viram quando o pacote caiu e com o olhar seguiram a motocicleta que, por felicidade, estacionou bem próximo. Daquele dia em diante passei a acreditar ainda mais em anjo...

Foi nessa mesma moto que, em dia de reunião de diretoria e com a greve no transporte coletivo da cidade, dei carona para dona Branca, como também para Altivo Ferreira, o que hoje seria uma quebra de protocolo, ante suas imagens conhecidas.

Os desafios foram constantes durante todo o tempo, como continuam. Prédios construídos, não raro em meio a crises econômicas, mudanças de ênfases para um ou outro segmento, contudo, nada mudaram no eixo de serviço do Lar Veneranda. A filosofia espírita como retaguarda e a opção de vida de seus dirigentes são impulsos que alimentam o trabalho. Um trabalho silencioso, distributivista, promocional, semente do que a sociedade ainda carece em abundância. Recolho deste tempo que passou, o privilégio da convivência com companheiros dedicados, o aprendizado do fazer, o desafio do aperfeiçoamento, a honestidade por dever, a doação pura e simples do tempo e de energias, como forma de vida. O semelhante, aquele que está do outro lado, na suposta recepção, é apenas um igual, que vai crescer conosco na terapêutica da paz.

Curso Intensivo sobre o Livro dos Espíritos - Da Redação

Atendendo a alguns pedidos, damos a seguir a estrutura do CILE - Curso Intensivo sobre O Livro dos Espíritos. Poderíamos chamar o Curso de leitura dinâmica e orientada, com crítica e revisão do Livro dos Espíritos.

Já na sétima aula, o Curso mantém um grupo de alunos bastante regular.

O ICKS, terá o prazer de fornecer maiores detalhes aos que se interessarem.

COMO SE DÁ O ESTUDO

No início da aula, os alunos são reunidos no salão principal, onde o coordenador faz uma pré-seleção sobre o tema que será estudado na noite e que será baseado no Guia de Estudo entregue na aula anterior

Como ficou claro no programa detalhado, cada aula abrange um grande número de itens. Daí a necessidade de dividir os alunos em grupos. Cada grupo é conduzido por 2 monitores.

Todavia, o Guia de Estudo abrange todo o tema da aula e não apenas os temas de cada grupo. Dessa forma, embora estudando os temas separadamente, os alunos devem ler todos os itens mencionados no Guia. No grupo eles devem ser esclarecidos sobre dúvidas que tiveram no estudo dirigido.

Após as reuniões dos grupos, voltam os alunos para o auditório e cada grupo apresenta um breve resumo dos temas estudados, cabendo ao coordenador analisar e completar os resumos lidos, fechando o estudo da noite.

ESTRUTURA DO CURSO

DISTRIBUIÇÃO TÍPICA DO TEMPO DAS AULAS

Cada ula é dividida em três etapas, conforme quadro abaixo. Esse método tem a vantagem de iniciar o estudo da noite, já orientado pelo Guia de Estudo anteriormente distribuído, fazendo uma leitura total do tema, evitando a segmentação imposta pela distribuição em grupos. Na movimentação, os alunos podem circular, tomar café, refrigerantes, disponíveis na lanchonete.

GUIA DE ESTUDO

O Guia de Estudo abrange todos os itens do tema da noite. Ele é, na verdade, uma forma de orientar o estudo, segmentando os temas por aula. No Guia de Estudo (vêr no quadro), são mencionados os itens a serem lidos, estudados e respondidos. Cada Guia é estudado em casa e respondido em folha separada, que será entregue e analisada na aula respectiva. Pede-se, sobretudo, ao aluno que registre suas dúvidas e é sobre elas que os monitores enfocarão suas explicações.

PROGRAMA DETALHADO

Na formulação da grade de temas, o Curso segue uma linha quase linear no desdobramento dos temas abordados no Livro. Como a intenção é abranger todos os itens do livro, e dispondo de um tempo limitado de 24 horas/aula, Algumas intercalações de temas foram necessárias para dar uma forma mais coerente no estudo dos assuntos. Assim cada aula programada é bastante extensa o que inviabilizaria um estudo com todos os alunos, dado o tempo disponível. Por isso, cada tema é dividido em quatro itens, que correspondem ao número de grupos formados no Curso.

O Programa detalhado avança com os capítulos continuados, seguindo a distribuição no livro. Damos abaixo um exemplo do programa, referente às aulas nº 1 e 2. As colunas representam o nº da aula, o nº do Guia de Estudo, que no caso da aula nº 1, que trata da Introdução, não aparece o nº do Guia, porque sendo a aula inicial não teria como entrega-lo ao alunos. Assim o Guia nº 1, que foi entregue nessa primeira aula, seria debatido na aula nº 2, o tema central da aula e sua divisão nos quatro grupos.

Verifica-se que são mencionados os números das questões do LE, a serem abordadas.

Opinião em Tópicos : Os filhos de Deus, O Fundamentalismo Cristão, Dos Templos para o Poder, Criacionismo nas Escolas Públicas  - Milton R. Medran Moreira

Os filhos de Deus

No meu tempo de guri, no seminário, ouvi, por várias vezes, os padres dizerem em aula: "Se essa gente que defende a evolução quer ser descendente do macaco, o problema é deles. Nós, cristãos, somos filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança". Era com esse simplório tipo de argumento que a igreja, na época, ainda defendia o criacionismo, embora a ciência já tivesse a questão da evolução como uma teoria perfeitamente comprovada. Mas, lá já se vão cinqüenta anos. A igreja, hoje, vive outros tempos. Seria por demais ingênuo que a mesma organização que mantém e explora centenas ou milhares de universidades no mundo inteiro, viesse a público defender uma tese bíblica que se contrapõe claramente à ciência. A Igreja Católica aprendeu a se secularizar em tudo aquilo que lhe convém, ao mesmo tempo em que mantém a aura de uma instituição sagrada, reduto convencional e social, onde pode se perpetuar o mistério. Este não tem nenhum compromisso com a lógica racional e, sob seu manto, podem conviver pessoas cultas e incultas. É muito mais cômodo para a igreja estimular essa dicotomia do sagrado e do profano, situando-os em campos diferentes e incomunicáveis, do que querer compatibilizar todas as questões da fé com a razão.

O fundamentalismo cristão

Há um provérbio que diz que o diabo sabe muito mais por ser velho do que por ser diabo. As igrejas evangélicas de perfil fundamentalista se constituem num fenômeno bem mais recente, principalmente no Brasil. No tempo em que meus professores, no seminário, faziam aquele tipo de afirmação, elas recém estavam aportando por aqui. Só na última década é que ganharam a importância social que detêm entre nós. Mas, estão ainda socialmente presas às camadas mais humildes da população. Têm templos imensos e numerosas bancadas parlamentares. Mas, ao que me consta, não têm redes de universidades, nem são chamadas a opinar sobre as grandes questões da cultura ou da educação. Isso lhes permite dizer o que os padres de meu tempo de guri diziam e que agora sabem já não lhes ser conveniente afirmar. Podem, por exemplo, sem que, normalmente, isso implique em conseqüências importantes no âmbito da crítica, sustentar que a Terra tem apenas 6.000 anos e que os seres humanos, naquele tempo, saíram prontinhos das mãos de Deus, juntamente com a vaquinha feita para lhes dar o leite e o cavalo para lhes servir de montaria.  Que toda a criação, representada pelas espécies hoje existentes, foram obras de um Criador divino que as fez tais como se nos apresentam hoje, para servir o homem, feito por Deus para ser "o rei da criação".

Dos templos para o poder

Enquanto afirmações dessa natureza são proferidas nos respectivos templos ou, mesmo, nos programas de televisão assistidos por quem tem seu interesse despertado para esse tipo de crença, tudo bem. A liberdade de crer é uma das grandes conquistas de nosso tempo. As baboseiras ditas em nome da fé, mesmo que baboseiras, produzem efeito num campo onde ninguém tem o direito de interferir: a consciência individual do cidadão, que é patrimônio indevassável. Das doutrinas espiritualistas modernas, ninguém melhor defendeu isso do que o espiritismo. A questão 840 de O Livro dos Espíritos reconhece ao Estado o direito de reprimir atos provocados por crenças capazes de perturbar a sociedade, mas assevera que "a crença íntima é inacessível". O problema surge é quando conceitos de fé contrários à ciência e à razão terminam sendo oficializados pelo Estado por crentes que conquistam fatias de poder.

No Brasil, as carências culturais e sociais de nossa gente, a par de levarem multidões cada vez maiores às igrejas que prometem, por um simples passe de mágica, a prosperidade na Terra e a bem-aventurança eterna no céu, também estão levando ao poder indivíduos que nada perdem, e só ganham politicamente, com posturas que reproduzem ações das teocracias medievais.

Criacionismo nas escolas públicas

É exatamente nesse contexto que se insere o comportamento do casal Garotinho, que hoje governa o Estado do Rio de Janeiro.  Tudo começou no ano 2000, quando Anthony Garotinho, então Governador (hoje é Secretário de Segurança), sancionou lei que previa o ensino religioso confessional, com aulas separadas por credo, nas escolas estaduais. Neste ano, a hoje Governadora, Rosinha Matheus, mulher de Garotinho e, como ele, evangélica, contratou os professores de religião. Sob a alegação de que não há estrutura para oferecer aulas confessionais, foi elaborado um programa interconfessional, com alguns conceitos comuns às religiões cristãs. Aproveitando a brecha, a Secretaria de Educação definiu o criacionismo como tema a ser desenvolvido nas aulas de religião da rede pública. É um atraso. Um verdadeiro atentado que interfere diretamente na formação de crianças que, embora não obrigadas pela lei, são constrangidas pelos pais a assistirem às aulas de religião.

Lamentavelmente, isso se insere na onda de fundamentalismo que parece ganhar força nestes tempos de cultura superficial e massificada. Um terreno propício aos atos de terrorismo que se multiplicam no mundo e também à cultura da guerra. Como já é claro, as atitudes de belicosidade do atual governo dos EUA são também gestadas por posições fundamentalistas políticas e religiosas de seu Governo.

Mundo Paranormal: IAC, International Academy of Consciousness - Marcelo Coimbra Régis

O IAC, fundado em Portugal e com escritórios em vários países, tem como sua origem o IIPC-Instituto Internacional de Projecciologia e Conscienciologia fundado por Waldo Viera no Brasil. Os trechos a seguir foram obtidos no website do grupo e ilustram a história, os objetivos e as publicações.

História: Em Outubro de 2000, um grupo de voluntários do IIPC fundou a International Academy of Consciousness (IAC) em Portugal, com o intuito de incrementar a pesquisa em Conscienciologia e Projecciologia, assim como proporcionar instalações e oportunidades semelhantes às oferecidas no Brasil. A concepção desta base européia de pesquisa consciencial também objetiva servir como centro fulcral da pesquisa formal e acadêmica nos diversos campos relacionados com a consciência.

Nos dois anos seguintes, a IAC concentrou os seus recursos no desenvolvimento de uma série de cursos e workshops inovadores e na implementação de diversos projetos de pesquisa. Durante este período inicial da sua história, a IAC adquiriu um terreno, numa região denominada Alentejo, em Portugal, onde foi iniciada a construção, ainda em curso, do campus de pesquisa.

Subseqüentemente, o IIPC e a IAC formaram uma aliança estratégica com o objetivo de descentralizar a administração das unidades internacionais do IIPC. Deste modo, no dia 19 de Maio de 2002, a direção de todas as unidades não-brasileiras do IIPC foram transferidas para a "européia" IAC, abarcando desta forma todas as atividades educacionais e de pesquisa realizadas pelas unidades localizadas na Grã-Bretanha, Portugal, Espanha e Estados Unidos.

Neste momento, a IAC oferece um grande número de cursos curriculares e extracurriculares, assim como workshops, debates, fóruns e seminários em inúmeras cidades espalhadas pelo mundo.

O que é / Objetivos e Metas: A Academia Internacional da Consciência é uma organização sem fins lucrativos que se dedica ao estudo científico da essência humana (consciência, alma).

A IAC oferece cursos regulares, curriculares e extracurriculares, ao público em geral e organiza debates e conferências sobre os assuntos pesquisados, disseminando uma quantidade de informação substancial. A IAC também edita livros, assim como publicações científicas periódicas, com o objetivo de documentar e partilhar o seu conhecimento. Todos os centros educacionais da IAC oferecem conferências introdutórias gratuitas.

O principal objetivo da IAC é veiculares informações precisas e "autoverificáveis", respeitantes à natureza humana, para todos aqueles que as procuram. Clarificar e desmistificar os fenômenos psíquicos e a natureza multidimensional da vida, através de uma abordagem científica, é também uma excelente oportunidade para que todos os indivíduos possam catalisar o desenvolvimento da sua autoconsciência, o seu equilíbrio e maturidade.

Os cursos e eventos educacionais que a IAC organiza em todo o mundo, proporcionam aos alunos uma oportunidade para o seu enriquecimento e aprofundamento na própria compreensão da vida, através de um treino teórico e prático que abarca toda a experiência humana. Aqui se incluem temas como psiquismo (capacidades psíquicas), recuperações e curas notáveis, fenômenos paranormais, energias, corpo energético e controlo energético pessoal, experiência fora do corpo, sincronicidades (vulgarmente denominadas por karma), propósito ou programa de vida, evolução da consciência, e outros assuntos relacionados.

A informação veiculada pela IAC é o resultado de décadas de pesquisa e representa o consenso de inúmeras experiências individuais, assim como de investigações ligadas à história da humanidade, antiga e atual. Os estudos são regidos por princípios científicos, através da utilização de um paradigma que reconhece a existência de uma realidade não-física - uma abordagem progressista, não-materialista e de vanguarda.

A IAC é uma organização aberta que dá as boas vindas à participação de todas as pessoas que considerem que o seu programa existencial ou de vida, passa pelo trabalho em prol do desenvolvimento e pesquisa das idéias e conceitos teóricos abraçados pela conscienciologia.

Para saber mais: Visite o site do IAC: http://www.iacworld.org/

Lar Veneranda comemora seus 50 Anos - Da Redação

Para comemorar a passagem dos seus 50 anos de existência, a Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, ocorrido no dia 5 de junho, programou uma série de festividades internas e externas. Para crianças, mães e para o público ao redor da sede da Rua Evaristo da Veiga, 211, no bairro do Campo Grande foram agendadas visitas de escolas e passeata pelas ruas da cidade, além de uma exposição de fotografias inaugurada no dia 3 de junho.

No dia 5 de junho, às 16:30 horas, no auditório Lídia Barreto Couto, do edifício "Jaci Regis", sito à avenida Francisco Glicério, foi realizada a sessão solene e a inauguração da Exposição Comemorativa.

A sessão solene, tendo como mestre de cerimônia, Rosana Regis da Costa e Oliveira, começou com o Hino Nacional e, em seguida, pelo discurso proferido pelo presidente do Conselho Administrativo do Lar Veneranda, Jaci Regis. Ele fez um histórico da vida e obra do Lar, destacando o papel do fundador, Antonio de Freitas Costa, todas as etapas percorridas pela Instituição, citando que ele mesmo estava trabalhando ativamente no Lar, há exatamente 44 anos. Fez várias homenagens aos colaboradores já desencarnados, aos que ainda encarnados, mas afastados por motivos de doença ou idade, ex-funcionários e aos que continuam trabalhando ativamente. Após, falaram Altivo Ferreira e Henrique Diegues que participaram da reunião do Conselho Deliberativo da União Municipal Espírita de Santos, onde foi fundado o Lar Veneranda.

Foram entregues diplomas de Conselheiro Honorário, a ex-presidente Maria Vanda Rodrigues e ao ex-conselheiro Armando Grijó. Encerrando, falou a presidente da Comunidade, Valéria Regis e Silva que descreveu o trabalho atual da Instituição e apresentou um vídeo com as atividades diárias do Lar, filmado pelo conselheiro e diretor Antonio Ventura.

EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA

Organizada pela publicitária Danielle Pires, a Exposição Comemorativa retrata os cinqüenta anos do Lar Veneranda com fotos e textos elucidativos. Montada no saguão de entrada do edifício foi bastante elogiada e visitada pelas mais de 130 pessoas que compareceram à sessão solene. A Exposição continuará até fim do mês de junho, aberta ao público em geral.