Agosto de 2004

CEPA será diferente depois do Congresso - Capa

Durante o XIX Congresso Espírita Panamericano, a realizar-se na cidade de Rafaela, Argentina, será realizada a Assembléia Geral da Confederação Espírita Panamericana que deliberará sobre o local do próximo Congresso e Conferência Regional, elegerá o novo Conselho Executivo e reformará os estatutos da entidade.

Pela proposta apresentada, a CEPA deixará sua característica de entidade confederativa e expandirá sua atividade para todos os continentes, como movimento de idéias e divulgação do pensamento de Allan Kardec.

Com a nova estrutura a CEPA terá maior dinamismo e se desligará de tarefas que atualmente não têm mais sentido.

As instituições sejam centros, associações, federações se ligarão à CEPA apenas com o sentido de formar um bloco de idéias e base para promoções de congressos, conferências, simpósios em todas as partes.

Esse dinamismo exigirá novas estratégias e uma ação de marketing ousada e eficiente, de modo que a base kardecista do Espiritismo científico e filosófico se espalhe com eficiência pelas Américas, Europa, Ásia, Oriente Médio e Austrália.

O Conselho Executivo que termina sua gestão, sob a presidência de Milton Rubens Medram Moreira, deixará uma contribuição positiva para o futuro da entidade.

Começar a observar os Fatos - Editorial

Em palestra no ICKS, o Dr. José Nilson Nunes Freire, disse uma frase que merece reflexão. Segundo ele "o olhar de observação é muito, muito pequeno, no Espiritismo". Ele referia-se ao grande número de fatos que ocorrem nas sessões mediúnicas e outras, que passam despercebidos por falta de uma prática de observação na maioria dos centros. Comentou que existe uma literatura sobre a aplicação de energias e nenhuma feita por espíritas, considerando que a aplicação de passes, por exemplo, é uma tradição no movimento, mas não provoca uma investigação séria e científica de seus efeitos.

O Dr. José Nilson acredita que isso está mudando, porque já existe certa tendência à pesquisa. Se for fato, devemos aplaudir.

As associações e centros espíritas parecem não ter interesse em pesquisa, mas apenas em ajudar. Isso parece-lhes o essencial. Mas o Espiritismo dará um passo importante como forma de pressão social, se puder apresentar estudos, investigações consistentes, cientificamente eficazes, provando a ação das energias espirituais, a existência do perispírito e a influência do pensamento sobre a saúde.

Há universidade no exterior que têm departamentos e pesquisadores dedicados a examinar, por exemplo, o efeito da imposição das mãos na cura de doenças e outros efeitos.

A mediunidade precisa ser controlada e usada não apenas para a doutrinação de espíritos e a psicografia de mensagens e livros, alguns bastante precários, mas como instrumento de excelência para provar a imortalidade.

O fato de estarmos convictos de nossas teses, não significa que devemos desconsiderar a necessidade de provas, pois essas são os instrumentos decisivos para que a doutrina contribua para mudar a estrutura mental das pessoas e da sociedade.

A questão do Desemprego - Editorial

Não basta dizer ao homem que ele deve trabalhar, é necessário também que o que vive do seu trabalho encontre ocupação, e isso nem sempre acontece. Quando a falta de trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo, como a escassez. Essas palavras foram escritas por Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, comentando a questão 885-a são bastante atuais, mostrando inclusive o pensamento social do kardecismo.

A crise de emprego tem se acentuado em todo o mundo. Culpa-se, quase sempre, a globalização da economia para esse flagelo que cria legiões de pessoas sem possibilidade de ganhar o próprio sustento. No Brasil, o nível de desemprego está, segundo as estatísticas oficiais, em 11,7% da força de trabalho.

A economia globalizada penaliza os países pobres, emergentes ou miseráveis, cuja economia frágil, são geralmente desorganizados, corroídos pela corrupção e dirigidos por elites irresponsáveis socialmente. Neles, a renda per capita é baixa, o PIB frágil e dependem de recursos externos.

Diz ainda Kardec "Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançada na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das conseqüências desastrosas desse fato? E mais adiante "A desordem e a imprevidência são duas chegas que somente uma educação bem compreendida pode curar." Nisso está o ponto de partida, o elemento real de bem-estar, a garantia da segurança de todos".

A análise de Kardec continua pertinente. Governos, a elite empresarial e a sociedade em geral, precisam mobilizar recursos, criatividade e reconsideração sobre a moral e a cidadania, para estimular o crescimento econômico e eliminar ou pelo menos reduzir o desemprego a níveis suportáveis de modo que se evitem tensões sociais, violência e escárnio da miséria, porque a pessoa humana precisa ter, segundo O Livro dos Espíritos, "para a vida material, a posse do necessário, para a vida moral, a consciência pura e a fé no futuro".

Felicitación, IBEM - Cartas Abertas

Estimado Jaci y demás compañeros del ICKS.

Reciban un especial saludo.

Queremos felicitarlos por arribar a sus 50 años el Lar Veneranda. Su perdurabilidad y labor humanitaria es muestra del esfuerzo y dedicación de todos quienes han depositado sus recursos y su buena voluntad para el logro de tan valiosa tarea.

Asi también, queremos agradecer la información que frecuentemente recibimos de sus actividades, así como el jornal Abertura, que es un verdadero referencial del pensamiento espírita de la actualidad.

En breve estarán también recibiendo nuestra publicación Revista Nueva Generación, la cual ha tenido un considerable atraso en el envío por razones ajenas a nuestra buena voluntad.

Con nuestros mejores votos de amistad y cariño nos despedimos cordialmente, esperando continuar en este intercambio tan importante y que valoramos mucho.

Un fuerte Abrazo.

Daniel Torres

Grupo Espírita Nueva Generación - Guatemala.

IBEM

O IBEM-Instituto Brasileiro de Educação Moral é uma organização educacional sem fins lucrativos sediada no Rio de Janeiro (Rua Gustavo Riedel, 63, Engenho de Dentro) que desenvolve a capacitação de educadores em geral através do Programa Educação Moral para a Formação do Homem.

O IBEM realiza palestras, oficinas e seminários inteiramente gratuitos, em escolas, cabendo a estas apenas o reembolso das despesas de viagem dos monitores do IBEM. As palestras têm duração de 1h30 hora/aula, as oficinas têm duração de 3 horas/aula e os seminários 4 horas/aula. O IBEM fornece seu material pedagógico. As aulas são expositivas-dialogadas. As oficinas desenvolvem-se com aplicação de dinâmicas educacionais e os seminários, dividem-se em parte teórica e exemplos práticos. Em todas as atividades utilizamos retroprojetor, datashow e outros recursos disponíveis. As escolas interessadas devem entrar em contato conosco pelo www.educacaomoral.hpl.ig.com.br. Marcus De Mario, presidente do IBEM.

Evangelização - Jaci Régis

Um dos mitos do movimento espírita é a evangelização. Um dos folclores difundidos é que eu seja contra a evangelização.

A evangelização tornou-se não uma meta possível para a criatura, mas a própria moldura do movimento espírita, que então se complicou num misticismo improdutivo. As pessoas pensam, os centros praticam a evangelização como a leitura e interpretação dos evangelhos cristãos. Perseguem nas linhas dos versículos respostas apropriadas para nortear suas vidas e pensamentos, abstraindo muitas vezes o uso da razão e do bom senso. Como em outros casos, a evangelização passou a ser, por si só, a resposta padrão para todas as dificuldades.

Dizer, por outro lado, que seja contra a evangelização é certamente exagero.

Talvez porque entendo a evangelização não como uma interpretação dos textos, nem na idolatria de Jesus de Nazaré. Mas como propósito de espiritualização. Ou seja, na aplicação prática e dinâmica do espírito da doutrina de Jesus de Nazaré, de forma libertadora, fora dos esquemas reformistas e evangelistas.

Embora a proposta kardecista seja a moralização, o apego aos evangelhos decorreu do perfil dos primeiros espíritas mergulhados na cultura católica. Mas teve um grande avanço com o surgimento da figura do Espírito Emmanuel, que desde a década de trinta se manifestou pelo médium Francisco Cândido Xavier, católico fervoroso, como sabemos.

Em 1939, a FEB publicou o livro O Consolador, no qual Emmanuel responde às perguntas mais diversas. Opinou sobre temas de ordem científica, moral, religiosa e doutrinária, afirmando, invariavelmente, que tudo repousava nas mãos de Jesus Cristo. Para ele, toda a verdade estava em Jesus, todo o caminho encontrava-se no evangelho e todas as respostas poderiam ali ser encontradas.

As opiniões de Emmanuel, mesmo que ele dissesse que "ainda nos encontramos num plano evolutivo, sem que possamos trazer ao vosso círculo de aprendizado as últimas equações, nesse ou naquele setor de investigação e análise" foram tomadas como mensagens divinas e, serviram mesmo de pretexto para consolidar o aspecto místico do movimento espírita, ainda que, para ser verdadeiro, o Espírito, não se portasse, apesar de tudo, como um místico inveterado.

Consultado sobre a iluminação da alma, afirmou categoricamente: "Esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões" (questão 230).

Tamanho programa, proposto para mentes ansiosas de perfeição, angustiadas com as inquietações internas e pressionadas por processos de culpas reais e imaginárias, conflitadas com o uso e a explosão das forças sexuais, representa um convite ou quase uma imposição para restrições, privações.

A vida não pode tornar-se uma prisão de esquemas, nem o Espírito afogar-se na angústia da perfeição que leva a comportamentos esquemáticos, auto-mortificantes e de falsa humildade, direi quase arrogante.

Para mim, a espiritualização é processo consciente que, contudo, para utilizar uma expressão do Espírito Bezerra de Menezes, através de FC. Xavier, "é urgente, mas não apressada", que pode encontrar na evangelização um suporte decisivo, libertador.

O próprio Emmanuel, na questão citada, reconhece isso ao dizer que "Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá a pensamentos mais puros", sinalizando que a iluminação ou espiritualização segue o caminho da persistência adquirida pela convicção suave de que a evolução é processo contínuo, refletivo e que reconhece os obstáculos e as dificuldades da alma, sem esmorecimento ou revolta.

A evangelização deveria ser o mais possível e progressivo caminho da espiritualização, a partir da compreensão livre e refletida da filosofia espírita, como decorrência da nova visão que a doutrina kardecista permite. Entretanto, atropelou-se o processo e a evangelismo seja livresco, seja discursivo ou programático, com todos os males do evangelismo das igrejas cristãs, avançou como porta bandeira da perspectiva de aperfeiçoamento e decisão das pessoas que aderiram ao Espiritismo.

Então não há luz, pois os que se sentem culpados ou querem superar seus males íntimos buscando o perdão divino, anseiam apresentar de uma folha de serviço cunhada no dever de caridade sem, muitas vezes, serem caridosos consigo mesmos ou privando-se de prazeres que desejam, lutando contra idéias que acalantam, esperando compensações futuras ou a proteção de amigos espirituais que lhes supram as necessidades do coração.

Emmanuel, ao criar um modelo de iluminação solitário, disciplinado e baseado em "exterminar a próprias paixões", desconheceu a realidade psicológica das paixões, dos sentimentos e dos desejos, que fazem parte do caráter dos Espíritos e que não podem simplesmente serem extirpados, como se tira um pé de mato na horta de vida.

As paixões são a base da vida, como o é o desejo e tirá-los da alma é deixá-la vazia, atônita. Viver sem paixão é ser uma espécie de legume. Saber usar a força da paixão é o caminho correto na busca da espiritualização. Aceitar o desejo e transforma-lo em alavanca de realizações úteis e produtivas é sinal de inteligência e aproveitamento das energias do coração.

Como Emmanuel e tantos não concebem a vida sem a dor, sem o sofrimento, a existência terrena passa a ser vivida como uma tragédia grega em que as lágrimas e as aflições devem ser aceitas como medalhas para as feridas da alma, no duro combate pela perfeição.

Creio que houve um erro nesse caminho.

Penso que muitos dos evangelizados nesse modelo, estão cheios de dúvidas sobre seus sentimentos, desejos e paixões, pois não se superam paixões e desejos simplesmente por privação e tentando ignorá-los. Eles continuarão existindo mesmo que represados, comprimidos e afastados do consciente. Nesse caso, não há propriamente evolução, pois a privação por mais bem sustentadas um dia se torna insuportável e a força dos sentimentos reprimidos surge na vida e produz muitos males à alma, que então se julga fracassada, infeliz e mais imperfeita do que pensava que era.

Uma lástima.

Júpiter e os Robôs - Eugênio Lara

Quando há longos anos li pela primeira vez o artigo de Allan Kardec na Revista Espírita (1858) sobre a vida em Júpiter, logo me veio à mente o livro Eu, Robô, do grande ficcionista Isaac Asimov. É que na reportagem o fundador do Espiritismo descreve, segundo informações dos Espíritos, a vida moral e cotidiana daquele planeta. Há, inclusive, um desenho psicopictoriografado pelo médium e grande dramaturgo, Victorien Sardou, da mansão do compositor erudito Mozart, em Júpiter. O desenho é belíssimo. Lembra o estilo daquele pintor holandês pré-surrealista, Hieronymus Bosch (1450-1516) e de certas pinturas góticas do período medieval.

A lembrança surgiu em função da descrição dos animais nesse planeta, mais evoluídos, próximos do formato humano, cujas funções desempenhadas correspondiam a de nossos serviçais, ou à dos escravos ao tempo de Kardec.

E fiquei a pensar: evoluído, Júpiter? Será? Seriam mesmo animais?

A descrição moral é interessante. Seria bom viver em um planeta onde o egoísmo fosse uma exceção, ao contrário do nosso, onde o desprendimento é um fato raro, digno de nota em qualquer parte do mundo. No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a função desempenhada pelos animais, responsáveis pelo trabalho material, mecânico, não-intelectual.

A descrição tem mais de um século. Mesmo assim, a distância moral entre os dois mundos é muito grande. Ainda que fizéssemos hoje tal comparação.

Em nosso mundo as máquinas podem fazer o serviço que em Júpiter seria feito por animais. No tempo de Kardec já existiam máquinas. Em Júpiter, suponho, também. Mas não são descritas.

Quem hoje lê esse texto de Revista Espírita talvez faça a mesma pergunta: onde estão as máquinas? Cadê os aparelhos, toda a parafernália necessária à garantia de um conforto maior, da produtividade? Não há descrição alguma.

A robótica é hoje uma das áreas mais avançadas do conhecimento humano. O que eu lia nos antigos gibis e HQs quando criança está virando realidade. Há quem diga que o ficcionista norte-americano Isaac Asimov é mais profeta do que visionário. Seu livro mais famoso, citado no início, serviu como base para um filme recente onde a relação homem/máquina se desenrola de forma nem sempre amistosa.

Blade Runner (Caçados de Andróides) e a trilogia de Matrix também seguem o mesmo caminho aberto por Stanley Kubrick em seu, 2001 - Uma Odisséia do Espaço, um clássico da ficção científica. É a criatura contra o criador, numa metáfora semelhante à teologia cristã, do conflito de Lúcifer contra Jeová, do homem pecador que inverteu a equação e criou Deus à sua imagem e semelhança.

Não estamos longe de termos uma Rose em nossos lares, aquele robô-fêmea do desenho animado Os Jetsons, que fez sucesso nos anos 60 e ainda hoje faz a alegria da criançada. Ou como o Robô, de Perdidos no Espaço e o Data, de Jornada nas Estrelas - Nova Geração, seriados famosos que deixaram sua marca na história da ficção científica.

A Robótica é um ramo recente da Ciência. No tempo de Kardec pouco se cogitava a respeito. Ninguém imaginava o que seria um robô, um andróide, um replicante ou um ser cibernético, um ciborg. Talvez por isso a descrição de Júpiter, feita na linguagem e segundo o conhecimento da época, tenha deixado escapar esse pequeno detalhe: aqueles animais, serviçais e ordeiros, não seriam robôs? Como explicar esse suposto fato a pessoas que ainda estavam ensaiando sua convivência com a tecnologia em franco desenvolvimento? O automóvel, o avião, os foguetes e estações espaciais ainda estavam no campo da ficção. A existência de um robô seria um delírio, que hoje se tornou uma realidade.

A Cirurgia Plástica, a Beleza e a Vaidade - Da Redação

A questão da beleza passou e passa pelo crivo da filosofia, da estética e da espiritualidade. Sim, a maior beleza, sem dúvida, é a da alma, aquela que expande os sentimentos mais nobres, a espiritualidade, que Espírito desenvolve na perspectiva de sua vida, de seu futuro.

O ideal de beleza é certamente variável, mas para a pessoa humana, a perfeição das formas corporais, a expressão agradável e mesmo bela da face, enfim, o conjunto da pessoa, é uma meta que todos perseguem.

Há pessoas belas externamente. Formas perfeitas, face como de uma boneca, por isso demonstrando uma forma de beleza puramente externa. Enquanto outras não tão aquinhoadas, expressam uma beleza não ostensiva, não resplandecente, mas suave, agradável, irradiando de si mesmas.

Tudo isso é verdade e será sempre verdade.

Como também é verdade que "o organismo não é senão um meio de manifestação" da alma, do Espírito, com todas as conseqüências dessa afirmação, pois corpo espelha, de modo geral, o Espírito.

Isso, não obstante tem muitas facetas.

A Ciência parece ter o prazer de desmentir as afirmações furibundas da religião.

As pessoas nascem feias, propensas à obesidade, a certas doenças, diziam as religiões por azar, vontade de Deus ou porque pediram, antes de encarnar.

Essa fatalidade por vezes amarga, tem sido enfrentada galhardamente pela ciência que investiga, descobre e inventa remédios e terapias capazes de mudar, às vezes radicalmente, essa sentença determinística, porque afinal, não há religião que não pregue que o ser humano é réu da Justiça Divina, seja pelo pecado dos pais, pelas circunstâncias ou porque pecou em vidas passadas.

Remédios e terapias, intervenções cirúrgicas até no ventre materno, corrigem, salvam, reestruturam a vida corpórea, contrariando os supostos decretos da Justiça Divina, cobrando infalível, ceiteil por ceitil, nossas faltas, segundo as doutrinas, inclusive a espírita.

Assim, encarnações que se anunciavam desastrosas são recuperadas. Feiúras são contornadas para belezas palatáveis e até surpreendentes.

Casamentos determinados antes do nascimento são desfeitos e refeitos os caminhos da vida.

Certamente, podemos afirmar que a essência do indivíduo mal continua má, que o descontrole espiritual prossegue mesmo com aparências novas.

O que se tem esquecido é que o Espírito é um ser psicológico. Que ele tem capacidade de reajustar, renovar, reprogramar sua vida, tomando direções bastante diversas do que se supunha.

Aliás, essa questão da natureza psicológica da pessoa é desconsiderada desde sempre pelas religiões e até pela ciência médica, por exemplo, sempre relegando para segundo plano a questão do sentimento, das angústias, dos medos que rondam a alma.

"Milagres" da cirurgia plástica, certo ou errado?

A revista Veja, publicou na sua edição de 14 de julho último, reportagem sobre os "milagres" da cirurgia plástica na transformação corporal de mulheres. Há também registro dessa transformação em homens, mas as mulheres avultam.

Segundo a revista "existem os liberais, de mentalidade aberta e vaidade suficientemente ativada para esticar uma ruguinha aqui, enxugar um gordurinha ali. Existem os conservadores, avessos a qualquer intervenção estética... E existem os revolucionários. Para eles, o céu, ou talvez nem isso, é o limite".

Pretendemos analisar as iniciativas de reprogramar o corpo, dentro da visão espírita.

Para tanto, fizemos uma pesquisa entre 30 mulheres espíritas, desde 13 a 70 anos e verificar o que elas pensam. Entrevistamos também, o cirurgião plástico e espírita convicto, Dr. Lauro Perrone, sobre o assunto..

"As pessoas têm obrigação de cuidar da vestimenta corpórea".

O médico e cirurgião plástico, Lauro Perrone é espírita desde a juventude. Integrou a Juventude Espírita de Santos é ativo colaborador do Centro Espírita Allan Kardec, de Santos e Conselheiro da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda. Nesta entrevista ele aborda a questão da cirurgia plástica estética, que executa profissionalmente e o pensamento espírita.

Abertura – A cirurgia plástica tem promovido verdadeiras transformações estéticas no corpo humano, principalmente nas mulheres. Na sua visão como profissional esse avanço da ciência médica é moralmente aprovado pela visão espírita?

Lauro Perrone – Às vezes torna-se difícil adequar aquilo que é feito graças ao progresso da ciência, relativamente à cirurgia plástica e aquilo que a doutrina espírita estabelece. Entretanto, parece-me perfeitamente coerente, e não fere os ditames doutrinários, a busca de aperfeiçoamento corporal. Diga-se que, sendo o homem um espírito imortal, que utiliza um corpo transitório para seu aperfeiçoamento e crescimento, deve ser considerado como uma unidade, espírito-corpo, validando as tentativas de melhorar o invólucro material em busca de sintonia com o que é codnsiderado o padrão a ser seguido.

Abertura – Como ficam as provas e expiações que seriam as causas de certas imperfeições, feiúras e mal-estar das pessoas com seu corpo, seu rosto?

Lauro Perone – As pessoas têm obrigação de cuidar da vestimenta corpórea. A existência presumida da interferência de provas e expiações quanto às imperfeições ou feiúras coloca-se no mesmo patamar das deformidades congênitas, como, por exemplo, lábio leporino e pé torto congênito, ou de moléstias que, evidentemente, têm que ser combatidas.

Abertura – Na sua prática, qual a conseqüência na auto-estima das pessoas que fazem cirurgia plástica para satisfazer suas vaidades?

Lauro Perrone – É nesse, na verdade, um dos pontos mais favorecidos nas pessoas que se submetem à cirurgia plástica estética. A auto-estima é, de maneira geral, grandemente aumentada nesses indivíduos.

Abertura – Por que o Espírito encarnado nem sempre está satisfeito com seu corpo, esteticamente falando?

Lauro Perrone – Acredito que isso se deva ao fato de que, na quase totalidade das pessoas, o corpo apresenta problemas inestéticos que, comparados àqueles dos que são privilegiados com corpos perfeitos e esculturais, situação tão bem difundida atualmente pela mídia, são considerados inferiores e suscetíveis, como realmente são, de serem melhorados pela cirurgia plástica.

Abertura – Acha legítimo uma pessoa submeter-se a dietas, tratamentos, várias cirurgias plásticas para alcançar um modelo de beleza que ela idealiza, por pura vaidade e mesmo futilidade?

Lauro Perrone – Sim, desde que não levadas ao exagero. Nesta questão aplica-se o mesmo dito acima.

Abrindo a Mente : Qual é o objeto da Ciência Espírita e qual a sua base de sustentação ? Os animais têm alma ? - Alexandre Cardia Machado

1. Qual é o objeto da Ciência Espírita? E qual a sua base de sustentação?

O objeto da ciência Espírita é o Espírito e as suas relações com o mundo material, entendendo o Espírito como o ser, transcendente, que supera a morte física. A sua sustentação está no fato mediúnico, nas evidências de reencarnação e nos fenômenos anímicos. O estudo destes fenômenos, o seu entendimento sem supertições, crendices e dentro de uma disciplina científica caracterizam o campo de pesquisa do Espiritismo.

O Caráter progressivo, ou seja o aprimoramento teórico também é uma característica fundamental para separar ciência de pseudociência. Toda ciência é medida pela quantidade e qualidade de trabalhos científicos elaborados, simpósios, seminários e publicações novas – isto caracteriza uma ciência progressiva.

Para abrir mais a sua mente leia: Introdução à Ciência Espírita – Biblioteca de ciência e Espiritismo – Aécio Pereira Chagas – Editora Lachatre – 2004 www.lachatre.com.br

2. Os animais tem alma?

Allan Kardec no Livro dos Espíritos nas questões 597 a 601 deixa bem claro que sim, os animais tem alma, pois sobrevive ao desencarne mas não tem consciência de seu estado na erraticidade, não são capazes de decidir o memento de sua reencarnação. Apenas quando o animal atinge a fase humana ou de inteligência superior é que passa a agir plenamente com seu livre arbítrio. A etapa animal é uma fase que todo espírito passa antes de tornar-se homem e portanto tem as mesmas características, por simplicidade, chamamos a alma dos animais de princípio Espiritual resguardando o nome espírito aos seres humanos. Isto tudo no que tange a espíritos encarnados no planeta Terra.

Para abrir mais a sua mente leia: Os Animais tem alma? Ernesto Bozzano Editora Lachatre – reeditado em 2003 www.lachatre.com.br. Leia também A alma dos animais – Celso Martins; 2001 ed. DPL. www.dpl.com.br.

A Habilidade e a Competência Espiritual - Dalmo Duque dos Santos

"Estamos em guerra, não há dúvida (...) Refiro-me à guerra cotidiana, essa que pelejamos mal começa o dia. Guerra não declarada, não percebida pela maioria – mas guerra de fato (...) É a guerra do leite, da carne, do pão, da manteiga, do emprego, do amigo, do inimigo, do lotação, do trem , do elevador. Batalhas tachistas, indeterminadas e sinuosas. Não obstante, duras."- Ferreira Gullar – in "O Menino e o arco-íris"

O exercício moral está para o espírito assim como o exercício físico está para o corpo. O exercício fortalece o corpo e dá a ele maior resistência ao cansaço e esgotamento gerados pelos esforços desgastantes. Já o exercício moral fortalece o espírito, dando ao mesmo maior resistência ao desânimo,à desesperança e desencantos causados tanto pelas decepções e fracassos corriqueiros do dia-a-dia, quanto nas grandes provações da existência. O exercício físico transforma o corpo numa ferramenta precisa, que obedece com sincronia elétrica ao comando do cérebro. O exercício moral também transforma faculdades mentais do espírito em instrumentos de alta precisão psíquica, sob controle da força de vontade e da espontaneidade das atitudes nobres. O primeiro integra o ser nos ambientes externos, onde sofre e resiste aos obstáculos e limites biológicos dos planos objetivos da matéria. O segundo integra o ser no seu ambiente interno, onde ele também sofre e resiste aos obstáculos e adversidades psicológicas, no plano subjetivo.

É verdade antiga e notória que o aperfeiçoamento do corpo físico fortalece o espírito, assim como o aperfeiçoamento mental reflete no corpo físico, em forma de força e resistência. Mas, apesar dessa admirável reciprocidade, a questão que nos parece essencial é que o corpo físico é sempre efêmero, transitório, um meio instrumental, enquanto o espírito é imortal, eterno e de finalidade evolutiva permanente. Um morre, em espiral regressiva, e se transforma nos elementos da sua origem material. O outro sobrevive e também se transforma, em espiral progressiva, retornando ao convívio das suas origens espirituais.

Então, na experiência existencial, o produto dessa integração corpo-espírito é que o espírito sempre colhe os melhores resultados dos esforços despendidos durante as provas. O produto do esforço físico termina no túmulo, e dele o espírito não souber subtrair dividendos psicológicos positivos. Já o produto do esforço espiritual supera a escuridão do túmulo e da consciência e penetra nos ambientes cada vez mais iluminados e perfeitos do universo metafísico, onde o corpo físico e suas sensações grosseiras e exteriores não possuem nenhuma utilidade. Nesses planos sutis o ser realiza experiências através dos sentidos interiores – a emoção equilibrada, a intuição, a clarividência – e muitas outras percepções ainda desconhecidas nos mundos físicos.

As faculdades psíquicas de alta precisão e percepção, típicas das inteligências superiores, somente são desenvolvidas através das experiências morais probatórias, pelo despertamento consciencial. Nelas o espírito, por vontade própria ou por imposição cármica expiatória, se envolve em situações críticas, de alto risco existencial, porém de alta potencialidade ressurreicional. Nessas circunstâncias, não bastam, portanto, o uso das inteligências lógicas, mas sim das capacidades psicológicas, de habilidades emocionais, geralmente adquiridas nos momentos de graves decisões e escolhas delicadas. Essa inteligência superior, além dos limites da razão e maturada pelo sofrimento em mundos inferiores, está sintetizada na lei do livre arbítrio e no aforismo "a semedura é livre, mas a colheita é obrigatória". Quem desconhece esse aspecto da educação metafísica não consegue compreender nem aceitar as provas, o sofrimento, a resignação e a humildade como poderosos fatores de inteligência e evolução espiritual. São esses os famosos tesouros que não enferrujam e que a traça não destrói. Este é o significado central da lição das bem-aventuranças ensinadas por todos os grandes educadores do espírito, iniciados na pedagogia cósmica e intuídos pela Consciência Universal.

Nas aparências exteriores, esses discursos crísticos e redentores – sempre vivenciais, exemplificados com atitudes – se mostram num primeiro momento, aos olhos comuns, como absurdos e contraditórios, pois que estão sendo observados somente pela ótica racional biológica. Mas, na perspectiva psicológica espiritual, essa aparência exterior se transmuta numa verdade na absurda e contraditória, revelando as nuances do percurso entre a imperfeição e a perfeição relativa da experiência existencial; e depois desse primeiro estágio, o novo percurso entre a perfeição relativa e a perfeição absoluta, busca constante e infindável do nosso destino espiritual, sempre de acordo com o nosso esforço e merecimento.

Ter ou Ser, eis a Questão ! - Wilmar Coelho

Desde seus primórdios na Grécia antiga, a Filosofia Ocidental, tem procurado descobrir a unidade na diversidade, harmonia e ordem, naquilo que a primeira visa parece caótico, complexo e sem explicação racional.

A filosofia é uma palavra grega, composta de duas outras: philo+sophia. Philo quer dizer amor fraternal, amizade, respeito entre os iguais (outro). A palavra Sophia, quer dizer conhecimento, sabedoria. Portanto, a palavra Filosofia é "amizade pela sabedoria".

A grande discussão filosófica ontem e hoje gira em torno do "eu, mundo e o outro".

A essa busca da Verdade Filosófica, junta-se a filosófica e respeitada Doutrina Espírita, que através de sua sabedoria, nos leva estudar este emocionante e complexo tema Ter ou Ser eis a questão.

O Livro dos Espíritos, a magistral obra de Allan Kardec, trata-se do maior tratado espiritualista que o homem conheceu, na face da Terra. Este trabalho se propõe a isso.

Definições

Ter = do Latim Tenere, verbo que significa estar de posse, possuir e haver.

Ser= verbo que significa estar, ficar, existir, tornar-se.

Logo, por dedução lógica, teremos: Ter...matéria, Ser...Espírito.

Bases da pesquisa

1)Evangélica

Sede vós outros perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celestial (Mateus 5 44/48)

2)Filosófica

Por que existo? Por que há alguma coisa no lugar do nada? Como posso saber? Penso logo existo.(Descartes)

3)Espírita

Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre tal é a lei (Allan Kardec).

Vamos filosofar?

A partir dessas premissas acima, vamos filosofar? Vamos adentrar na busca criativa de soluções e respostas para os problemas humanos?

Ter prestígio social, convencional e humano.

Ter honrarias, diplomas e medalhas.

Ter recursos financeiros em bancos.

Ter poder e superioridade transitória.

Ter posses materiais, propriedades e bens.

Ter força material ilusória e efêmera.

Ter domínio sobre os mais fracos e pobres.

Ter prepotência política e dominadora.

Ter fanatismo em qualquer religião ou seita.

Ter comportamento desequilibrado e insensato.

Ter a coragem de errar, mesmo sabendo disso.

Ter tornada de decisões precipitadas e injustas.

Ter a capacidade de ver e cair no "buraco".

Ter em mente coisas duvidosas e faze-las.

Ter a frieza de coração e não auxiliar o outro.

Ter ganância e ambição desmedida na vida.

Ter desejos que prejudiquem aos outros.

Ter orgulho, egoísmo, vaidade e os vícios.

Ter paixão pelo que é errado ou fraudulento.

Ter desrespeito pelas Leis e o Direito.

Ser bom, caridoso e sábio, sempre.

Ser aquele que perdoa, sem ressentimentos.

Ser sincero, amigo do saber e pacífico.

Ser um exemplo onde estiver, com quem estiver.

Ser o construtor do próprio destino.

Ser empreendedor e criativo para o bem geral.

Ser otimista e feliz por viver, com quem estiver.

Ser afável com a criança, o jovem e o idoso.

Ser livre, igual e fraterno, para com todos.

Ser aquele que "cede" em casa e na sociedade

Ser aquela pessoa respeitada e querida por todos.

Ser influente em ajudar, firme para realizar.

Ser amigo de todos onde estiver, todos os dias.

Ser aquela pessoa que não reclama de nada.

Ser paciente com os parentes difíceis e doentes.

Ser amigo daqueles que nos apedrejam.

Ser amado e amar ao próximo (Jesus).

Ser aquela pessoa que ajuda sem exigir nada.

Ser justo e perfeito.

Ser conhecedor de si mesmo.

Ser... enfim, você mesmo!

Conclusão

O próprio cristianismo, sendo uma religião, vinda do Judaísmo, já possuía uma idéia muito clara do que era SER, pois Deus disse a Moisés:

Eu sou aquele que é, foi e será.

Eu sou aquele que sou.

O verdadeiro ser vivo, uno, imutável, eterno, imperecível, puramente inteligível, é o mundo inteligível da permanência e da verdade. (Platão).

Ser enquanto ser (Arsitóteles)

Reflexão filosófica final: Ter ou Ser, eis de fato uma grande questão.

Então qual será a nossa decisão? Ter ou Ser está o nosso coração.

Por conseguinte, a filosofia espírita, será daqui para frente, o grande roteiro, a nos guiar com amor e sabedoria. A par da lei de causa e efeito, da Justiça Divina, da progressão contínua e infinita do Espírito rumo ao grande Arquiteto e Senhor do Universo.

Ter ou Ser, eis a grande questão da humanidade, sempre.

Opinião em Tópicos : Ciência e Religião, Células-Tronco, Anencefalia, Teologia x Dignidade - Milton R. Medran Moreira

Ciência e religião

Mesmo que já estejamos vivendo mais de um século de republicanismo e de secularismo estatal e político, confesso que o fundamentalismo religioso ainda me parece uma forte ameaça ao progresso da ciência e da razão. Principalmente, a partir desse fenômeno que, no Brasil, está tomando de assalto a política: o crescimento das denominadas "bancadas evangélicas".

Quem acompanha, por exemplo, as dificuldades de se liberarem as pesquisas e a aplicação terapêutica das chamadas "células-tronco", uma das mais fascinantes conquistas da ciência, tornada possível a partir da conclusão do mapa do genoma humano, vai ver que ciência e religião movem-se dentro de paradigmas inconciliáveis e que, para os religiosos, a revelação jamais pode ser derrogada ou reinterpretada a partir dos novos conhecimentos científicos.

Nesse caso, com base no dogma de que Deus, e só ele, pode atuar junto aos finos e delicados mecanismos da vida, estão se opondo os mais cruéis obstáculos a que a ciência busque, justamente a partir de manipulações genéticas, mecanismos de favorecimento á vida.

Células-tronco

Partindo da idéia de que todo o material genético contém, desde sua formação, uma "alma" destinando-se, necessariamente, à formação de uma nova vida, os religiosos de todos os matizes (será que os espíritas também?) vêem uma transgressão às leis sublimes da vida a utilização de células-tronco para a criação de tecidos. Mostram-se totalmente indiferentes ao fato de que, a partir da chamada clonagem terapêutica, já é possível, teoricamente, hoje, se reproduzir tecidos humanos que podem ser reimplantados no próprio doador para suprir perdas em acidentes ou por doenças graves. Esse verdadeiro milagre da ciência poderá permitir, desde que a lei não obstaculize, a reposição de tecidos no tratamento de doenças neuromusculares, infartos, derrames cerebrais, cegueira, câncer e muitos outros males que poderão ser curados.

O argumento é sempre o mesmo: "estão brincando de Deus". Como se Deus interditasse determinadas áreas do conhecimento, reservando-as só para si, loteando os departamentos da vida entre os domínios do sagrado e do profano. Invadir a área do divino sujeitaria o homem a castigos.

Anencefalia

Outro tema que só se tornou polêmico a partir de um dogma religioso: Mês passado, uma liminar do STF permitiu a interrupção da gravidez de mulheres que tragam em seu ventre fetos reconhecidamente anencéfalos.

A anencefalia, sabe-se, caracteriza-se pela ausência da abóbada craniana e por inexistência ou defeito dos hemisférios cerebrais. Em termos populares, é a própria ausência de cérebro. Afirmam especialistas que a anencefalia é uma condição incompatível com a vida em 100% dos casos, levando o feto à morte intra-uterina em 50% das gestações. Isto é: se ele não morrer durante a gestação, morrerá, certamente, logo após o nascimento.

A oposição religiosa parte do pressuposto, defendido pela Teologia, de que, no momento da concepção, Deus infunde uma alma naquele futuro ser humano. Note-se que naquele momento, o do encontro do espermatozóide com o óvulo feminino, não se pode ainda sequer falar em feto. O que se forma é um zigoto (isto é uma célula reprodutora). Mas, a partir desse dogma religioso, passa-se a defender, sem margem a qualquer hipótese de transigência, o direito à vida de um uma célula, mesmo que, comprovadamente, ela não venha a gerar uma vida humana, como serão os casos de fetos anencéfalos.

Teologia x dignidade

Parece-me, pois, com o devido respeito a opiniões contrárias que já assumem ares de dogma no meio espírita, que a liminar do STF está correta. Proteger-se uma gravidez que não tem nenhuma chance de produzir uma vida humana, e com isso, impondo-se à gestante um atroz sofrimento psíquico, será, aí sim, atentar contra a dignidade humana. É, por analogia, o mesmo caso expressamente previsto na questão 359 de O Livro dos Espíritos, onde, diferentemente da posição mantida pela Igreja, os espíritos declararam lícito o aborto, nos casos de perigo à vida da gestante. Aliás, a posição espírita relativamente à união da alma com o corpo discrepa da visão teológica. Leiam-se com atenção as questões 353 e 356 de O Livro dos Espíritos e se concluirá que a gestação pode ocorrer independentemente da presença de um espírito reencarnante, chegando a ser possível que uma gravidez chegue a termo sem que ali esteja uma alma ou espírito (caso dos natimortos).

Essas questões, sob a ótica espírita, não se revestem do simplismo das posturas teológicas que tendem a defender a existência de Deus apenas para proteger alguns direitos (os do zigoto, do embrião e do feto, por exemplo), desconsiderando, muitas vezes, direitos também legítimos da gestante, ou desprezando outras circunstâncias que o exame, liberto do dogma e fundado na razão, no bom-senso e no humanismo, podem evidenciar.

Mundo Paranormal: Fondazione Biblioteca Bozzano-De Boni - Marcelo Coimbra Régis

A fundação Biblioteca Bozzano –De Boni, e’responsável pela administração e manutenção da Biblioteca Bozzano-De Boni. Localizada na cidade italiana de Bolonha, seu extenso patrimônio bibliográfico abrange a maioria dos temas relacionados à Parapsicologia e as Pesquisas Psíquicas. A biblioteca possui uma das maiores coleções especializadas em parapsicologia, sendo uma importante fonte de referência para pesquisadores desse campo. A biblioteca é aberta ao público em geral, que pode consultar seus arquivos e livros para pesquisas bibliográficas. Além disso, a fundação organiza diversas atividades de forma a promover a correta e completa divulgação das pesquisas psíquicas. Em paralelo, a fundação publica a revista trimestral "Luce e Ombra" e, em conjunto com o Centro Italiano de Parapsicologia, o jornal bimestral CDA (Comunicazioni dell’ Entità A). Enquanto a revista Luce e Ombra se dedica a publicar trabalhos e textos acerca da pesquisa psíquica, o jornal CDA publica comunicações mediúnicas de alto valor intelectual, moral e ético.

Um pouco de história

Ernesto Bozzano representa um marco na história das Pesquisas Psíquicas na Itália e no mundo. Ele dedicou-se por mais de 50 anos as pesquisas, coletando ou organizando extenso material documental, o qual utilizou como base para suas monografias e publicações. Seus trabalhos tiveram repercussão mundial e foram traduzidos em diversos idiomas. Nos anos 20, Bozzano conheceu Gastone De Boni, um jovem médico de Verona. Esse encontro foi marcante para ambos, pois a partir daí desenvolveram uma grande parceria e amizade. O relacionamento de ambos se tornou tão estreito, a ponto de Bozzano indicar De Boni como herdeiro de sua biblioteca. Após a morte de Bozzano, De Boni continuou expandido a biblioteca e decidiu retornar a publicação da revista Luce e Ombra, interrompida em 1939 devido a segunda guerra mundial. Com a preocupação de preservar o grande patrimônio da biblioteca e de forma a garantir a continuidade dos trabalhos mesmo após sua morte, de Boni, coma a ajuda de Silvio Ravaldini, decide fundar a Fundação Biblioteca Bozzano - De Boni em Janeiro de 1985.

Acervo e Atividades

O acervo da biblioteca é especializado em pesquisas psíquicas e possui material especializado e único sobre os temas:

Espiritualismo, pesquisas psíquicas, metapsíquica, esoterismo, ocultismo, filosofia, psicologia e psicanálise, teosofia e medicina.

A biblioteca também organiza periodicamente conferências e seminários e publica trabalhos sobre parapsicologia.

Para saber mais: Visite o site: http://www2.comune.bologna.it/bologna/fbibbdb/evhmfb.htm

Confraternização no Encerramento do Chile - Da Redação

Com a permanência de 67,5% dos alunos inicialmente matriculados o CILE-Curso Intensivo do Livro dos Espíritos, terminou no dia 19 de julho passado.

Após a aula final, foram entregues Certificados de Conclusão a 27 alunos, que participaram de, pelo menos, 75% das aulas, sendo que os que não faltaram a nenhuma aula receberam um exemplar do livro Caminhos da Liberdade, de Jaci Regis.

Os alunos organizaram uma reunião festiva, após tirar a tradicional foto do grupo.

COMO FOI O CURSO

Iniciado em 5 de maio, o CILE desenvolveu-se em 12 aulas semanais, com duração de 120 minutos. A estrutura do Curso baseou-se na divisão das aulas, em três partes: 1) reunião plena onde o coordenador iniciava o tema da noite, orientado por um Guia de Estudo previamente distribuído na aula anterior; 2) em seguida os alunos, divididos desde o início em quatro grupos, dirigiam-se para suas salas, onde 2 monitores coordenavam os debates, examinando as respostas ao Guia de Estudo e dirimindo as dúvidas trazidas, pelo estudo feito em casa.; 3) após um intervalo, outra reunião plena, permitia que cada aluno de cada grupo lesse o resumo dos estudos, com comentários do coordenador.

MONITORES

O CILE foi organizado e coordenado por Jaci Regis, com a participação dos monitores Junior da Costa e Oliveira, Rosana Regis da Costa e Oliveira, Antonio Ventura, João Regis Conde, Mauricy Antonio da Silva, Eduardo de Barros Lima, Cláudia Regis Machado e Alexandre Cardia Machado.

AVALIAÇÃO

Foi realizada uma avaliação do CILE pelos alunos. O resultado foi bastante animador, como mostra o quadro abaixo.

Visita ao Museu Espírita de São Paulo - Camila Régis

Uma visita ao Museu Espírita de São Paulo. Esse foi o motivo principal do passeio promovido pelo Centro Espírita Allan Kardec, à São Paulo, no dia 24 de julho, quando também foram visitados o SESC Pompéia e o Memorial da América Latina.

Fundado em 18 de abril de 1997, pelo Instituto de Cultura Espírita de São Paulo – ICESP, o Museu Espírita conta hoje com quadros pintados mediunicamente, documentos importantes sobre a vida de Kardec, entre eles alguns pessoais, e também um acervo com cerca de cinco mil livros, expostos em uma biblioteca com capacidade para 20 mil títulos. Nesta biblioteca, é possível encontrar obras do período pré-espíritico (antes de Kardec), espirítico, pós-espirítico, além de obras de apoio, bíblicas clássicas, de cultura geral, doutrinárias e históricas. Uma curiosidade é que as obras fundamentais podem ser lidas em até dez línguas, tais como alemão, árabe, espanhol, esperanto, francês, grego, inglês, italiano, japonês e português.

Dentre os documentos pessoais de Kardec e Amelie Boudet, é possível ter acesso à certidão de casamento deles. Há também quadros do casal quando jovens, além de um busto de Kardec, esculpido em bronze.

O museu é uma ótima opção de cultura e lazer, além de trazer conhecimento sobre alguns pontos pouco conhecidos de Kardec, pois estão expostas curiosidades sobre sua vida, família e cidade de origem (Lyon).

O presidente do Museu, Paulo Toledo Machado, explica que "como conceito de museu espírita bem equipado e organizado, este se trata do único do mundo". Para ele, o trabalho desenvolvido representa uma visão de futuro. "Pretendemos ampliar o museu até onde for possível, para que dignifique o movimento espírita e mereça o respeito da comunidade museológica. Trabalhamos com vista no futuro e progredir é uma questão de eternidade para nós espíritas", destaca o presidente, afirmando que muito ainda há de ser feito para o crescimento do museu.

Dentre as propostas para o futuro, estão a organização de hemeroteca, pinacoteca, cineclube e teatro.