Setembro de 2003

VIII SBPE: de 16 a 18 de outubro em Cajamar - Capa

ANAIS DO SBPE

Está sendo organizado os ANAIS DO VIII SBPE que constará de todos os trabalhos enviados e apresentados no evento.

Os ANAIS serão impressos em CD, com configuração atraente, utilizando programa especial que evita qualquer confusão. Logo que o CD for acionado será aberta a página inicial com todos os links dos ANAIS, facilitando a procura dos textos.

O CD será acondicionado em estojo de plástico rígido igual aos CD profissionais.

A venda dos CD será realizada inicialmente durante o VIII SBPE pelo preço de R$ 5,00. Para envio pelo correio, será cobrado R$ 7,00

LOCALIZAÇÃO DO VIII SBPE

Como das vezes anteriores, o Simpósio será realizado nas dependências do Instituto Cajamar localizado no município de Cajamar, pertencente à região da Grande São Paulo. Na verdade Instituto Cajamar fica às margens da Via Anhaguera ( quilômetro 46,5, no sentido Interior -São Paulo, entrada pelo conjunto residencial Capital Ville. Veja mapa.

O INVESTIMENTO VALE A PENA

O investimento para participar do VIII SBPE será de R$ 190,00, compreendendo a inscrição e a estadia de 16 à noite até 19 ao meio dia, com três refeições: café da manhã, almoço e jantar ..

Entre em contato conosco

INSCRIÇÕES ENCERRAM-SE DIA 30 DE SETEMBRO

Para inscrições e informações utilize nossos endereços:

Av. Francisco Glicério, 261 – CEP 11 065-471 telefax (13) 3284 2918, Santos, SP - e-mail – ickardecista@ig.com.br e ickardecista@bol.com.br

O III Curso de Iniciação começa em 30 de Setembro - Capa

Terá inicio no dia 30 de setembro próximo, o III CURSO DE INICIAÇÃO À DOUTRINA KARDECISTA. Como nos anteriores, será mantido o mesmo currículo e número de 8 aulas, todas as terças feiras das 20 às 21:30 horas.

Com esse Curso vai ser aberta mais uma oportunidade para quem deseja conhecer os princípios básicos do pensamento kardecista.

As inscrições já estão abertas. Será cobrada uma taxa de R$ 10,00 para participação no Curso, que dá direito a receber 1 exemplar do livro Introdução à Doutrina Kardecista, de Jaci Regis, que será o livro-texto do curso.

Para inscrever-se, basta telefonar para o ICKS - (13) 3284 2918 de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 e das 14 às 18 horas.

Apoiar e Mobilizar - Editorial

Muitas vezes recebemos apoio. Mas o que é apoio?

Pode ser uma simples forma de não ser contra, ou atrapalhar. Não conte comigo

Ou também uma maneira de concordar sem se envolver. Apoio mais não farei nada em favor da idéia.

Finalmente, pode representar uma grande boa vontade, até propaganda e divulgação. Mas sem mobilização.

Apoio sem mobilização, por mais bem intencionado não leva a resultados positivos.

A mobilização representa o envolvimento, o tomar para si a idéia, o projeto e trabalhar no nível possível para que sejam vitoriosos.

Quando o apoio é seguido de mobilização, ele certamente produz.

Apoio, por exemplo, pode ser, num determinado centro, o aviso sobre o projeto, a afixação de cartazes e deixando a cada um decidir sozinho se acompanha ou não.

Mobilização vai além. Organiza reuniões, conversa com grupos, prepara listas de adesão, motiva a participação.

Aliás sem motivação não se consegue grandes coisas.

Muitos eventos se perdem e fracassam porque não conseguem mobilizar a comunidade, não conseguem estimular os freqüentadores a sair do comodismo e aderir.

O apoio é bem vindo.

Mas só a mobilização representa avanço positivo.

O primeiro requer apenas uma pequena boa vontade e uma locução.

O segundo requisita entrar de cabeça no objetivo, trabalhar e vibrar por ele.

Sim, porque mobilizar quer dizer vibrar e saber que a vitória se consegue com adesão e trabalho

Cartas Abertas: Espiritismo e Teologia - Da Redação

Companheiros de ABERTURA,

À propósito da manifestação do confrade João Donha, nesta última edição de ABERTURA, quero dizer que concordo com o seu posicionamento a respeito da Faculdade de Teologia Espírita. Todavia, um outro aspecto, ainda referente ao tema, chama-me a atenção e parece-me de grande importância na concepção de quem estuda seriamente a doutrina. Não sei onde alguns confrades foram buscar essa expressão "teologia espírita". Parece-me que aí está uma grande contradição com o pensamento de Allan Kardec, pois Teologia e Espiritismo não se casam, são como óleo e água. Historicamente, a Teologia surge na Igreja e tem como embasamento a fé simples e pura, diferentemente da Filosofia, que surge na Grécia Antiga e tem como base a razão. Parece-me contraditório, portanto, falarmos em "teologia espírita". A teologia, para chegar à verdade, parte de pressupostos de fé ( veja, por exemplo, a Suma Teológica de S. Tomás de Aquino) e, só então, passa a utilizar a razão para construir sua verdade, haja vista a encíclica sobre "Fé e Razão" do papa João Paulo II. Precisamos tomar cuidado ao utilizarmos termos antigos, já consagrados pelo uso, que acabam por desfigurar o sentido das novas idéias. Não podemos confundir uma coisa com outra, achando que, pelo seu sentido etimológico, porque teologia significa "estudo de Deus", podemos aplicá-la tranqüilamente ao Espiritismo sem provocar uma confusão de idéias. Kardec foi tão cauteloso nesse sentido, desde os primeiros alicerces do Espiritismo que, na introdução de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, ele justificou clara e objetivamente porque criou o neologismo "Espiritismo", e não usou o termo já existente, Espiritualismo, com o qual não queria que a nova doutrina se confundisse. A mim me parece, por conseguinte, que ainda devemos ser fiéis aos critérios de Allan Kardec, se quisermos preservar a Doutrina Espírita de enxertos religiosos comprometedores.

JOSÉ BENEVIDES CAVALCANTE - GARÇA - SP

Cartas Abertas: Nosso Parente mais Próximo - Da Redação

Muito interessante o artigo de Alexandre Cardia Machado (Uma homenagem ao nosso parente mais próximo, agosto de 2003), considerando-se a tentativa de demonstrar o ponto de separação entre o animal e o humano, inspirando-se na matéria publicada na revista IstoÉ de 28 de maio de 2003. Todavia, sem desmerecer a proposta de Alexandre C. Machado, o trabalho de Derek Wildman e colaboradores deixou pontos abertos que a comunidade científica está se encarregando de demonstrar:

1. O trabalho concentrou-se em 97 genes, o que representa aproximadamente 0,3% de todos os genes presentes no genoma, ou seja, a amostragem contemplou uma fração bem pequena do genoma;

2. A análise de semelhança entre os genes baseou-se exclusivamente na seqüência do DNA e não levou em conta se os genes homólogos possuíam a mesma produção protéica;

3. Os genes importantes para o fenótipo do chimpanzé podem não ter sido contemplados no trabalho.

Enquanto o trabalho de Derek Wildman não passa pelo crivo das pesquisas científicas, acho importante que estas informações cheguem ao público espírita antes que a imprensa espírita veicule um trabalho que é ainda alvo de investigações e com deficiências, como as acima citadas. Muita paz.

Lair Faria

Heróis de nosso Tempo - Da Redação

A imprensa destacou a passagem do 26º aniversário da morte do cantor Elvys Presley, com o sugestivo título "26 anos sem Elvys". O cantor americano, que morreu de over dose de cocaína, é mantido "vivo" através de inteligente marketing que movimenta milhões de dólares anualmente.

O que importa salientar é que, seja porque motivo for, a sociedade capitalista moderna elege ídolos entre os que, de certa maneira, se apresentaram ao mundo como personalidades problemáticas, alguns que até morrem pelo uso de drogas, que representa um suicídio.

É o caso de Cazuza, o cantor e compositor brasileiro vítima da AIDS e drogas, que sua mãe mantém constante batalha para preservar sua memória como se ele fosse um herói. Ela mesmo culpou Deus pela morte do jovem, embora todos saibam de seus desmandos sexuais e pessoais.

Outro herói nacional, embora com outro perfil, é o corredor Ayrton Senna, que tem até rodovia com seu nome, em golpe político para aproveitar a comoção geral com sua morte em desastre durante a corrida em que, ele e os demais, arriscam desnecessariamente a vida, em velocidades acima de 200 quilômetros por hora, como antigos gladiadores para uma platéia mundial que se comove e delira com desastres desses "esportistas".

Por Quê - Jaci Régis

O grande edifício estava deserto,.

Todos tinha ido embora.

Encerráramos mais um reunião de estudo da obra de Allan Kardec.

As luzes estavam apagadas e apenas eu permanecia naquela sala.

O silêncio se abateu, após as conversas animadas e dos passos que se afastavam, escada abaixo.

E eu permanecia ali, pensando, retrocedendo no tempo, como um filme mudo, rápido, selecionando imagens e momentos.

Ainda soavam em meus ouvidos o tom das perguntas e das discussões amenas que se travaram minutos antes.

Mas meu pensamento vagava em folhinhas que voltavam marcando datas significativas.

Recostei-me cadeira estofada que, com meus amigos, havíamos desmontado, pintado a parte metálica e novamente montado em mutirão fraterno e alegre meses atrás. Eram cadeiras que foram doadas, boas, macias...

E perguntei a mim mesmo, por que? Por que ao longo de tantos anos, mantinha a chama do entusiasmo, a esperança pela esperança, sem nada pretender, sem ver nem mesmo um futuro qualquer ?

É possível ter essa fé que não desanima mas que também nada espera?

Seria um desânimo disfarçado, um olhar cético pelo caminho percorrido?

E nesse caminho surgiram e passaram tantos e tantos que, comigo ombrearam, ora agregando energias, ora apontando-me o dedo de inveja ou de desacordo, desafeto e ódio?

E percorri o trabalho de Allan Kardec, sua obra e quis entrar no âmago de sua consciência, percorrer os caminhos de sua mente, andando sobre s fileiras de letras e palavras que preenchem paginas e páginas em que a mão traça o que o ser , pensa, sonha e espera...

Novamente surgiu o rapaz de 15 anos que desde o primeiro momento integrou-se sem perguntas a essa luta, a esse estudo, a essa verdadeira guerra.

Olhei, refletindo no vidro fechado da janela, a noite iluminada pelas lâmpadas e refletores de edificações vizinhas, contornos luminosos na escuridão.Que acontecera comigo?

Como, com o passar dos anos, afastei-me de idéias e pregações que embora jamais me empolgassem totalmente, eram verdades que aceitava, vertida pela boca de pessoas ilustradas, de páginas psicografadas?

Parei de pensar, como um stacatto no ritmo de uma partitura.

Os Espíritos invadiram nosso terreno e foram benvindos, com suas noticias e novidades e mais do que isso, com suas personalidades tidas e havidas como mensageiras do Mestre para dar nova luz às nossas vidas.

Li, em torrente contínua, romances e muitas obras em que os mortos vividos na paisagem obscura do além, vinham dizer suas experiências e presenciei e até aplaudi, a ascensão de médiuns e pregadores da nova era. Vestidos, todavia, com os vestidos de todos os sacerdotes de todos os tempo, mesmo que envergassem ternos e gravatas....

E agora, essa romagem pareceu-me superada. Não, não lamentei nada naquele instante. Mas compreendi que renunciamos ao nosso trabalho de elaboração da doutrina, deixando tudo nas mõs dos mortos

Novo stacatto no ritmo do pensamento que revive o passado, criando um ambiente saturado de amargura e alegria, de luz e trevas, pois assim se borda a vida de quem, como eu se meteu a pensar contra a maré, a rejeitar as verdade comuns, as afirmações absolutas e finais.

Mexi-me na cadeira. Levantei-me inquieto.

Andei pela sala vazia e novamente espiei pelo vidro fechado da janela o mundo lá fora...

Então, a prece foi sendo considerada algo importante demais para ser recitada sem emoção como chave comum, banal, para abrir e fechar.

E uma visão mais ponderada pareceu-me indicar que no universo, a Lei não se manifesta nas emoções dramáticas e nas latrias comuns, criadas nos tempos e fundamentadas em visões de missionários eleitos deuses, enquanto os crentes se tornam satélites sensíveis e mentalmente ligados ao seu mestre, seja cristão, muçulmano, judeu ou pagão.

Senti que havia me libertado disso.

Então compreendi porque não mais entrara no ritmo das dramatizações das reuniões que pretendem salvar as pessoas.

Vi que eu não era um pastor evangélico para clamar alto e bom som, Aleluia Jesus, Aleluia Senhor... preferi a conversa sem pretensões e a continuidade da vida sem apelos místicos.

E Jesus me pareceu mais humano e mais veraz. Admiro-o, mas compreendo que criamos uma cultura excludente e que colocamos lá no alto como figura mítica de Messias cristão, modelo perfeito mas inatingível. Esquecidos dos Messias de todos os tempos e de todas as crenças.

Um vez um articulista enviou um artigo para nosso jornal com o sugestivo título, que tornei meu: Me livrei de tudo aquilo...

Mentalmente convidei Allan Kardec a comparecer e dialoguei com ele.

Sim, disse-me, há certa distorção, quase místico das minhas palavras porque as pessoas confundem as coisas. Deus, o amor, a Justiça divina, são temas do coração, sem dúvida, prosseguiu, mas também da alma, do Espírito da inteligência. Retê-los nas vestes sacerdotais, revesti-los de liturgia e cânticos é, quando exagerado, prende-los nas teias das crenças que se apegam ao passado e que retém o futuro, nas verdade em que se aprisionam.

Sempre admirei a lógica de Kardec e percebi que se eu quisesse contribuir, de que forma fosse, para que sua obra não perecesse nas dobras do misticismo e das crendices, precisava urgentemente traze-lo à tona de tantas tolices, de tantas fraudes e pseudo missões que deformaram o Espiritismo.

Respirei fundo.

Já sentia necessidade de ir, de olhar o mundo no barulho dos carros, nas gentes que andavam pelas calçadas penumbrosas ou estacionavam nas esquinas.

É rapaz, pensei de mim mesmo e depois ri. Os cabelos brancos encheram-me a cabeça, os olhos enfraqueceram, os anos passaram. Os filhos são homens e mulheres e produziram outros homens e mulheres na roda da vida.

Foi por isso que decidi que lutaria até o fim , para que a obra de Kardec não perecesse.

Doutrina Kardecista pensei, é a minha bandeira.

A Tendência que veio para ficar - Eugênio Lara

Quando o pensador espírita Deolindo Amorim (1906-1984) fundou o Instituto de Cultura Espírita do Brasil (Iceb), em 1957, o fez segundo seu ideal de um Espiritismo de feição mais cultural, antenado com as questões de seu tempo, no campo das ciências, da filosofia, da sociologia, enfim, uma versão brasileira da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, criada por Allan Kardec em 1858 e que foi o primeiro centro espírita da história.

Deolindo organizou os primeiros cursos regulares de Espiritismo que se tem notícia, foi um incentivador incansável do estudo da filosofia e da sociologia. O Iceb, desde seu início e, ao menos até o desenlace de seu fundador e o afastamento do escritor Krishnamurti de Carvalho Dias (1930-2001) da vice-presidência, sempre foi uma ilha de cultura espírita num mar de religiosismo exacerbado.

A exemplo do Iceb, muitas sociedades e institutos de cultura espírita foram criados. A partir do final dos anos 80 essa tendência no movimento espírita veio para ficar. Pois, se de um lado os espaços culturais no chamado movimento espírita unificado se fecharam, de outro, novas portas foram abertas à penetração e o desenvolvimento do pensamento espírita com a criação de novas instituições mais arejadas, sem o ranço assistencialista e religiosista dos tradicionais centros espíritas.

Para quem acha que essa tendência rema contra a maré do Espiritismo fundado por Allan Kardec é só ler esse trecho de A Viagem Espírita em 1862, um belo livrinho pouco lido pelos espíritas, que reproduzimos a seguir:

"Há algum tempo constituíram-se alguns grupos, de especial caráter, e cuja multiplicação entusiasticamente desejamos encorajar. São os denominados grupos de ensino. Neles ocupam-se pouco ou nada das manifestações. Toda a atenção se volta para a leitura e explicação de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos Médiuns e de artigos da Revista Espírita. Algumas pessoas devotadas reúnem com esse objetivo um certo número de ouvintes, suprindo para eles as dificuldades da leitura ou do estudo isolado. Aplaudimos de todo o coração essa iniciativa que, esperamos, terá imitadores e não poderá, em se desenvolvendo, deixar de produzir os melhores resultados. Para essa atividade não se tem necessidade de ser orador ou professor, trata-se de uma leitura, como em família, seguida de explicações despretensiosas do ponto de vista da eloqüência, mas que estejam ao alcance de todos.

Sem fazer disso norma obrigatória, muitos grupos têm por hábito iniciar as sessões pela leitura de algumas passagens de O Livro dos Espíritos ou de O Livro dos Médiuns. Seríamos felizes vendo essa prática adotada de modo geral, uma vez que o seu resultado é despertar as atenções para princípios que poderiam ser mal compreendidos ou passar desapercebidos. Neste caso é útil que os dirigentes, ou presidentes de grupos, preparem antecipadamente as passagens que deverão constituir o objeto de leitura, a fim de harmonizar essa escolha às circunstâncias." (Allan Kardec, pág. 141 - Ed. O Clarim - Tradução de Wallace Leal V. Rodrigues - 2ª Edição - Matão-SP)

No exercício sincero e balizado do Espiritismo, não há o que temer. A orientação de Kardec sempre foi filosófico-científica, ética, cultural. Essa deve ser a resposta prática e orgânica dos grupos e pessoas que enxergam o Espiritismo como uma forma de conhecimento, ainda capaz de fermentar e fomentar novas relações sociais, interpessoais, na construção de uma nova sociedade. Nunca é tarde para a revisão de valores e a construção de um pensar espírita capaz de enfrentar os problemas da atualidade.

Espiritismo: "O Grande Desconhecido" - Luiz Lemos

" O Espiritismo, nascido ontem, nos meados do século XIX, é hoje O Grande Desconhecido dos que o aprovam e louvam e dos que o atacam e criticam ". Herculano Pires

O Espiritismo- tendo em conta os seus próprios ensinamentos[ "Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes(...)"(Kardec, OLE, q.115), "Ao Espírito cumpre progredir em Ciência e em Moral(...) "( Kardec, OLE, q.192) e outros...]-; como vemos a Doutrina Espírita não faz, nem poderia fazer, apologia à ignorância, muito pelo contrário, a Doutrina recomenda a seus adéptos esclarecimentos nas mais diversificadas áreas do conhecimento humano, a fé raciocinada, o aprofundamento em seus estudos e pesquisas..., enfim, evolver em todos os sentidos, na conquista de sua felicidade e, concomitantemente, para melhor poder servir à Humanidade...

Isto posto, porém, aditemos, que em matéria de Espiritismo, infelizmente, não é impossível, por vezes, também encontrarmos, até mesmo, na "classe dominante" do Movimento Espírita, suas "lideranças", o desconhecimento da Doutrina codificada por Kardec: pasmem!: daí o " Grande Desconhecido".

Enquanto, por outro lado, perguntar-se-á: Será que, também, poder-se-á encontrar outras pessoas, mais esclarecidas- doutrinariamente falando- embora, eventualmente, não tenham diplomas universitários ou outros títulos honoríficos..., serem, preconceituosamente, preteridas? Por que?... Será, conjecturemos, por não seguirem a mesma ‘cartilha’ dos pretensos ‘guias’(encarnados e/ou desencarnados) que, incompetentemente, se arvoram em pretender "dirigir" os tais "movimentos espíritas festivos", ao arrepio da Codificação Espírita: é lamentável tolerarmos tais ações que, até certo ponto, dão conta de porque perdura, até hoje, o "Grande Desconhecido"?...

Convém não esquecermos Umberto Eco, quando advertia:

Verifica-se que as Instituições Sociais: a Família, a Escola, a Igreja, a Economia, a Política etc, corroborando na reprodução de um senso comum, cujos os hábitos e costumes, evidenciam a inserção do homem na engrenagem de um modo de vida individualista, egoista, consumista, o qual torna o homem infeliz, escravo do "ter", submisso ao "parecer".

Estado este, do qual cabe nos libertar: modificando tal situação.

Para acontecer o desvelamento: há que se problematizar uma situação concreta, real, e ai começa-se a perceber que, ao se aprofundar a análise desta situação, os ‘véus’ vão caindo, desnudam-se os mitos: desmitificação...

Então, problematizada a situação histórica-antropológica, em sua totalidade, resulta num Diagnóstico&Prognóstico, abrangente, permitindo-se visualizar múltiplas dimensões da realidade( a da atualidade e a do provável cenário futuro: aquilo que é e o que se quer, mas, também, o que se necessita de imediato e, inclusive, de mediato). E, como resposta aos desafios propostos na problematização, desencadeiam-se uma série de ações realizadas pelos Sujeitos dialógicos( cidadãos conscientes, críticos, criativos, humanistas, sensíveis, comunicativos, solidários, autônomos...., e sobretudo, éticos ) sobre a realidade em pauta, objetivando transformá-la para melhor, com a participação, consciente, também, de toda a Clientela demandante...

Com o propósito de ajudar as pessoas a adentrar o Espiritismo, torna-se necessário, de inicio, algumas reflexões( abaixo mencionadas) sobre a Capacitação do Movimento Espírita, pelo menos, num primeiro momento.

Se queremos pensar no futuro, precisamos, então, projetá-lo !

Se é assim, diante deste "quadro" da nossa contemporaneidade, justifica-se, a busca de caminhos possíveis para modificá-lo, para melhor, ou seja, procurar uma "luz no fundo do túnel ". E para tanto, sugerimos, devido a natureza das questões que nos deparamos, que se estabeleça uma série de ações, de modo a vir "tornar conhecido, este desconhecido: o Espiritismo", podendo-se adotar, além de outras, a metodologia de projetos, cujo o "olhar" prospectivo: nos impulsiona para frente e para o alto.

Trabalhando no pressuposto de que o Espiritismo, represente uma síntese dos conhecimentos humanos, dispondo de elementos tais, capazes de responder, satisfatoriamente, as grandes questões da Humanidade, dentre elas:

Donde viemos? Hoje, o que nos cumpre fazer na Terra? Para onde vamos?...

Considerando a veracidade destas pressuposições interrogatórias, então, pode-se concluir, entre outros, que valerá a pena nos apropriarmos da Doutrina Espírita, também...

Eis que, em cerca de, aproximadamente, 15 anos(1854-1969), Kardec codificou a Doutrina Espírita e começou a divulgá-la, tendo que se valer dos elementos disponíveis naquela época, século XIX(que nem máquina de escrever tinha, pois esta foi inventada em 1867), bem como a oposição dos seus contemporâneos conservadores. E hoje, em pleno século XXI, com avanço das novas tecnologias, que vem mudando a mentalidade dos homens( astronautas, transcomunicadores...), com sofisticados meios de comunicação(rádio, telefone celular, televisão, computadores, internet com sua rede mundial de computadores etc).

Isto posto, o que nos cumpre fazer, diante das enormes facilidades da comunicação, disponíveis hoje-em-dia, a fim de bem usá-la, comunicando mais e, principalmente, melhor, a Doutrina Espírita?

- Não somos nós, os espiritistas, co-responsáveis pela existência deste Grande Desconhecido?

- Como está o Movimento Espírita, que tem por objetivo colocar a legítima Doutrina Espírita ao alcance e a serviço da Humanidade, por meio de seu estudo, sua prática e da sua divulgação?

- A quantas andam o Movimento Espírita, atualmente: Sério ou Festivo?:

Já estamos devidamente ‘vacinados’ das síndromes: S. M. A( Síndrome do Misticismo Alienante), da S. A. E.(Síndrome do A cademicimo Enfatuante) e da S. B. E( Síndrome do Bode Expiatório: os obsessores, o mercado, sempre os "outros" é que são culpados...: eles têm as costas largas ’!)?

Será(?) que, infelizmente, haverá factóides, que, por desventura, ainda sejam aceitos, com a conivência, de algumas "lideranças"espíritas, tipo:

.. " Espiritismo de Oitiva"( muito ao gosto daqueles que se limitam em escutar e, sem refletir, repetem, mecanicamente, o que escutam, como papagaios, é o ‘espiritismo do repeteco’, das ‘frases feitas’, das ‘ meias-verdades’, e, assim, os ‘chavões’, vão, como ‘eco’, se propagando: o tríplice aspecto do espiritismo, ao invés, dos ‘n’ aspectos que o Espiritismo- a Doutrina do Infinito- abrange, outro exemplo: Jesus: governador da Terra, em substituição, ao verdadeiro conceito espírita de Jesus: guia e modelo da Humanidade...); "Espiritês"( é uma sofisticada forma de descomunicar o Espiritismo: pseu-de-comunicando-o. Faz uso de uma linguagem pedante, hermética, sem adequação, composta de enfadonhos monólogos, descontextualizados, sem qualquer relação com o nosso cotidiano, embora, aplaudidos por parvos ‘ouvintes’ que chegam a dizer: ‘Gostei muito, mas não entendi nada!...); "Discussões bizantinas"(são discussões que, por serem muito prolongadas, se tornam estéreis e, por vezes, só não são cômicas e até ridículas, porque, antes, são trágicas, prejudicando o desenvolvimento do Movimento Espírita: quantos irmãos Jesus teve?, natureza do chicote que Jesus espancou(sic) os vendilhões do templo: se de couro, pano, a laser?..., a natureza do corpo de Jesus?, em vez de se importarem em estudar, pesquisar, o ‘corpo doutrinário’ do Espiritismo..., Chico Xavier é reencarnação de fulano, sicrano ou beltrano?...); "Rituais Camuflados"(por exemplo: levantar para rezar de pé; orações com fundo musical, nas quais arrisca-se ao se condicionar as pessoas a só rezarem com música, algumas, já conhecidas que, devido a ‘associações de idéias e imagens’, podem trazer recordações, por vezes, desagradáveis e, até, traumatizantes para alguns...); "Guias que desguiam "( pseu-de-Espíritos Protetores que, autoritariamente, achando-se como o único dono da verdade absoluta, se intrometem em tudo, nas mínimas ações de uma cognominada Casa Espírita e da vida particular de seus integrantes, desrespeitando-lhes, inclusive, o livre arbítrio...): "Dirigentes cometas"(aparecem raramente, vez por outra...); " Jogos de azar"(com o sofisma dosfins justificarem os meios’: propõem-se a atingir suas metas a qualquer preço, ainda que tenham de usar de meios ardilosos: jogatinas, envolvendo dinheiro etc...); "Distribuição a granel de títulos"( não privilegiando o estudo sério da Doutrina Espírita, banalizam-na, barganhando diplomas, certificados e outros sibilinos papéis...); "Mídias de carretel "(seriam jornais, livros, programas radiofônicos e televisisos, filmes cinematográficos, vídeos, home-page da Internet etc que, com rótulo de "espíritas", paradoxalmente, desinformam sobre Espiritismo ‘informando’: culposamente ou, talvez, até, dolosamente...); "Show-Cultos ao vivo-e-em cores"( munidos de aparatos ritualístico: apagam-e-acendem-se luzes coloridas, gesticulam e cantam, rotineiramente... e, sem estudo doutrinário, alguns espiriteiros- dizendo-se "espíritas"-, enfatizam a ‘Cultura da Espetacularização’... ); etcetera, etecetera, etecetera e tal...

Luis Damasceno Lemos é engenheiro e dirigente do Movimento Pelo Menos Kardec, no Rio de Janeiro, RJ

Mundo Paranormal: SSE, Society for Scientific Exploration - Marcelo Coimbra Régis

Fundada em 1982 por um comitê de 14 cientistas, a SSE nasceu da necessidade de um novo tipo de organização científica que incentivasse a pesquisa científica sem as restrições e preconceitos presentes nas tradicionais instituições acadêmicas. Os fundadores da SSE reconheceram que, apesar do grande avanço da ciência nos últimos cem anos, ainda existem importantes áreas que se encontram inexploradas, algumas de grande interesse popular e com implicações morais e filosóficas profundas. Seria a mente uma máquina ou uma entidade independente do corpo físico? Existiriam evidências da existência de vida inteligente em outros planetas? Teriam alguns indivíduos a capacidade de influenciar extra-sensorialmente o funcionamento de equipamentos? Essas são apenas algumas das questões que a SSE se propõe a facilitar a investigação. A SSE tem promovido encontros anuais nos EUA desde 1982, encontros bi-anuais na Europa desde 1992 e publica uma revista trimestral desde 1987. A sociedade possui atualmente mais de 800 associados espalhados por mais de 45 países.

O objetivo primeiro da SSE é prover um fórum profissional adequado para a apresentação, debate e crítica de pesquisas relevantes em tópicos que, por várias razões, são ignorados ou estudados inadequadamente pelas instituições acadêmicas tradicionais. A SSE tem como objetivo secundário promover o entendimento dos fatores que limitam desnecessariamente o escopo da pesquisa cientifica, tais como preconceitos sociológicos, religiosos, morais e filosóficos.

Formada basicamente por acadêmicos e cientistas a SSE tenta encorajar diversos grupos de indivíduos a se dedicarem à pesquisa dos campos ditos paranormais ou anômalos. A SSE reconhece que são diversos os motivos que levam indivíduos de encontro com essas pesquisas, tais como:

Cientistas: o desafio intelectual de encontrar explicações cientificas para uma aparente anomalia ou revelar novos conhecimentos quando se depara com fenômenos reais.

Estudantes: a SSE reforça que ciência não começa nos livros-textos das universidades; a ciência começa com o estudo do desconhecido e culmina com a criação dos livros-textos.

Leigos: a SSE reconhece que existe um genuíno e profundo interesse nesses tópicos e que os mesmos demandam uma avaliação científica sem preconceitos.

Legisladores: a SSE indica que as anomalias de hoje podem se tornar os avanços tecnológicos de amanhã.

A SSE publica trimestralmente o "Journal of Scientific Exploration". Alguns exemplos de tópicos abordados pelo Journal no passado recente:

- Análise de casos que sugerem reencarnação;

- Estudos das relações mente-máquina;

- Discussões sobre os limites e paradoxos da ciência;

- UFO’s e vida extraterrestre;

- Investigações de comunicações mediúnicas (inclusive realizadas no Brasil)

Além do Journal, a SSE publica trimestralmente uma newsletter ("The Explorer") com informações pertinentes a seus membros e associados.

Mais recentemente a SSE criou um programa destinado a fomentar o interesse nas pesquisas em jovens cientistas. Assim nasceu o Young Investigators Program, cujo objetivo é disponibilizar informações e recursos acerca do estudo acadêmico de fenômenos paranormais ou anômalos e outras áreas nas fronteiras da ciência que não são cobertos adequadamente pelos programas acadêmicos tradicionais.

Entre os recursos que o programa disponibiliza encontram-se:

- Informações sobre instituições, programas acadêmicos, cursos de graduação e cursos on-line disponíveis;

- Simpósios e/ ou conferências de interesse;

- Recomendações de artigos, livros e estudos;

- Informações sobre estágios, oportunidades de pesquisas e patrocínios disponíveis;

Para saber mais: Visite o site da SSE: http://www.scientificexploration.org/index.html

Considerações sobre a Lei de Evolução - Da Redação

A Lei da Evolução, quase sempre esquecida na análise dos fenômenos da vida e do processo evolutivo da humanidade e do mundo, é, entretanto, a contribuição inédita da doutrina kardecista.

Ela fundamenta uma visão de universo, de mundo, de ser, que difere, na essência, de todos os segmentos filosóficos e religiosos e se aproxima, ainda que de maneira indireta, por enquanto, do esforço da ciência em encontrar o porque e o princípio das coisas.

A visão ampla que se abre para o entendimento das realidades do Espírito humano, saneia a mente e derruba velhos mitos erguidos em torno de Deus, da pessoa humana e do futuro. Conforme disse Allan Kardec "sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas e o objetivo de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme à idéia que elas dão de Deus( A Gênese - Caráter da Revelação Espírita, item 24)

Criaram, em conseqüência, uma imagem de Deus bastante perversa, pois foi feita à semelhança das tendências e aspirações do sacerdócio. Esse modelo se tornou referência básica como verdade e lei imutáveis e foi sacralizado nas Escrituras Sagradas, que norteiam o pensamento das grandes religiões que marcaram a trajetória das civilizações..

O Espiritismo apresenta uma nova versão e mostra que a Lei Divina ou Natural é – façamos uma metáfora – a expressão do divino e que o universo, a vida, obedecem a uma diretriz perfeitamente detectável na trajetória humana.

Nessa versão, a Lei Divina ou Natural nos permite , mesmo precariamente, verificar que o universo, em tese, está baseado numa relação dinâmica e radical de equilíbrio e harmonia, estabelecendo diretrizes paradoxalmente flexíveis e determinadas. Nesse prodígio de perfeição, tudo gira num vórtice permanente de evolução, reconstrução e aperfeiçoamento. Essa diretriz é contraditada pelas normas, ordenações e revelações que, a priori, condenam o ser espiritual e mostra que na espiral evolutiva, a genuína Justiça Divina não tem nada com a Justiça Divina que exige dele respostas precipitadas e condenações moralistas.

Existe dificuldades em absorvermos essa nova compreensão, porque temos gravado em nossa mente imortal, em milhares de anos, esse modelo proposto pelas grandes religiões. Antes, como é até natural, nos preocupamos com fatos pontuais e pretendemos uma explicação satisfatória para o porque da vida, do sofrimento.

Nesse sentido, não houve grande evolução, no mérito, desde a crença dos mais primitivos no castigo divino, através dos fenômenos naturais, porque ainda agora persiste a mesma dificuldade de entender como funciona a Lei. Por isso, é difícil compreender porque a realidade não se coaduna com preceitos de fé e de misericórdia divina como estabelecido nos modelos morais das crenças.

Por exemplo, a Natureza não é complacente. No reino animal, a Natureza não se compadece do coelho que é devorado pelo leão. No plano humano, a divindade não se abala com as tragédias, as mortes coletivas, nem cede às preces dos crentes que pretendem superar a doença e a morte, por exemplo, de líderes doentes e os deixa morrer como qualquer indivíduo perdido num lugar obscuro da Terra.

Isso não significa que não haja Deus e que não exista misericórdia. Só que a divindade age num plano mais amplo, mais sutil do que imaginamos e desejamos, dentro dos limites de nossos sentimentos imediatos e dos modelos morais que foram criados ao longo do tempo. O amparo divino se faz presente na oportunidade de reconstrução do caminho e da solidariedade que se faz e organiza nas relações evolutivas.

Claro que a moral determina da vida afetiva do Espírito, no processo evolutivo. Mas o comportamento com todas as suas conseqüência é dinâmico. A Lei Natural providencia a criação em cada Espírito, de uma "necessidade" de equilíbrio e harmonia, que são os pontos convergentes para a paz e a felicidade pessoal Padrões a determinar respostas e procuras, reajustes e vivências consigo e com os outros, na dinâmica das existências e dos conflitos em busca do bem permanente.

Essas forças convergentes e antagônicas, estão na base das estruturas da mente do ser espiritual. Nessa convulsão evolutiva, entram fatores de atração e repulsão, de amores e ódios temporários, de dores e sofrimentos, de saudades e de angústias, erigindo uma individualidade permanente, em constante ebulição e a procura de equilíbrio ou como se diz a procura de si mesmo.Assim, ao o longo do tempo, os seres são levados a ajustar-se ao padrão de equilíbrio e harmonia com a Lei, que é a energia divina a estabelecer o ritmo da vida universal e humana.

Esses argumentos de modo algum elucidam definitivamente a complexidade da vida. Mostram que ela tem ramificações de variáveis individuais e coletivas, solitárias e solidárias que marcam a dinâmica da existência do Espírito, ao contrário da simplificação determinista e fatalista que é geralmente adotada, seja de origem divina ou do acaso.

Afinal, a evolução é um processo voltado primordialmente para o ser. E a vida, a experiência, a dor e a felicidade dos seres espirituais criados simples e ignorantes, transmudados finalmente em seres humanos, está na base de todo o sentido da existência imortal.

Entretanto, o instituto reencarnacionista é, sobretudo e na realidade maior, instrumento do crescimento do ser espiritual, desde o momento embrionário até a maior ascensão intelecto-moral que possamos imaginar.

A partir dessa compreensão, digamos atemporal, é que se funda a visão de vida do Espiritismo. Todo o processo evolutivo está a serviço da realidade moral e intelectual de cada ser e das coletividades ao longo da história.

Entrevista com o Dr. Paulo Toledo Machado: "Para mim, o Espiritismo é o Futuro" - Da Redação

Entrevista com o Dr.Paulo Toledo Machado, advogado, Presidente do LFU –Lar da Família Universal, transformando-se juridicamente no Instituto de Cultura Espírita de São Paulo, Diretor e redator da Revista do ICESP, ex-presidente da diretoria e atual presidente do Conselho da Associação dos Advogados da Lapa, ex-presidente e atual Conselheiro do Centro Cultural e de Estudos Superiores "Authos Pagano". Espírita desde a juventude, o Dr.Paulo de Toledo Machado integra o número de trabalhadores do Espiritismo que se destacam pela eficiência e pela produção de obras, eventos e movimentos que alargam os horizontes da doutrina kardecista.

ABERTURA – A criação do ICESP – Instituto de Cultura Espírita de São Paulo abriu uma nova perspectiva para a divulgação do Espiritismo ?

Dr. Paulo - Eu não diria que a criação do ICESP abriu uma nova perspectiva para a divulgação do Espiritismo mas que ele veio somar-se aos esforços dos Espíritas voltados para o campo da Cultura, porque ele, o Espiritismo, como cultura, tem muito a contribuir para a formação do homem, para o seu melhorar-se e para o seu refinar-se.

ABERTURA – Que programação tem alcançado maior sucesso nesse sentido de divulgar a doutrina ?

Dr. Paulo - O resgate e a preservação da memória histórica do Espiritismo como um dos fins é um elo que os Espíritas não podem desconsiderar nos seus esforços para a formação do "homem de amanhã", objetivando uma nova "humanitas".

ABERTURA – Junto com o ICESP, foi também criado o Museu Espírita. Que benefícios trouxe essa iniciativa para doutrina ?

Dr. Paulo - Não podemos encarar essas realizações, ainda em curso, com propósitos imediatos. Mas, sem dúvida, beneficiará o movimento espírita, porque ocupa áreas onde tem espaço e não pode ficar ausente. Estamos lançando a Revista ICESP (já no seu sexto número) e breve teremos pronto o novo prédio que abrigará a Pinacoteca Espírita de São Paulo e o Arquivo Espírita de São Paulo, constituindo, então, aquilo que chamaremos de Complexo Cultural Espírita de São Paulo.

ABERTURA – Tanto o ICESP quanto o Museu têm repercussão local ou é muito mais ampla ?

Dr. Paulo - A presença de uma instituição se faz com o tempo; o ICESP e o MUSEU têm apenas seis anos.

Ainda não é tudo que desejamos. Mas é significativa a sua repercussão no Brasil e muito expressiva no Exterior, e mais do que isso, é agradável sentirmos a boa e surpreendente impressão que causa aos seus visitantes do Brasil e do Exterior, e, muito especialmente, no meio museológico. Já registramos até o interesse de algum hotel em manter em sua programação turística, para os seus hóspede do exterior, a visitação ao Museu.

Na sua edição no. 4, a revista "Espiritismo & Ciência", de S. Paulo, apresenta ampla reportagem ilustrada do Museu, e, neste último mês, "Le Journal Spirite", de Saint Max, França, publicou uma reportagem, ilustrada, de duas páginas, sobre o Museu Espírita de São Paulo, destacando que "c´est à São Paulo que l´on trouve l´unique musée apirite du monde, ouvert depuis 1997, selon une idée que était née avec Allan Kardec, et qui s´est seulement réalisée à l´Institut de Culture Spirite de São Paulo" (é em São Paulo onde se encontra o único museu espírita do mundo, aberto desde 1997, segundo uma idéia que nasceu com Allan Kardec, e que somente se executou no Instituto de Cultura Espírita de São Paulo".

Na sua inauguração o Museu Espírita de São Paulo mereceu uma reportagem do "Metro News", cuja tiragem é de 1.200.000 exemplares, e, posteriormente, muitas foram as reportagens da imprensa. A EBCT marcou o acontecimento com um carimbo. - O jornal "O Estado de São Paulo" já fez duas reportagens. A imprensa espirita e a de bairro o tem destacado. - As caravanas de Centros Espíritas e de grupos do exterior são numerosas. - É grande o número de e-mail diariamente recebidos.

ABERTURA – De modo bastante sucinto, poderia citar o acervo do Museu?

Dr. Paulo - Nós destacamos, além do prédio próprio, com confortável auditório, com poltronas estofadas, automáticas, sistema de ¨home theatre¨, projetores, audio, - TV – VT – sistema de sons e tela "draper", automática, piano, parlatório, sistema de microfones sem fio, escultura, em bronze maciço, de Allan Kardec, balcões-mostruários e diversos painéis, os acervos:

1) de Pinacoteca, como pinturas mediúnicas e telas alusivas aos Espiritismo;

2) de reproduções de telas de pintores de temas espíritas citados na literatura kardequiana;

3) de reproduções de objetos utilizados nas reuniões espíritas, como as pranchetas, as mesa-triplé e objeto advindos de reuniões e materializações, etc;

4) de arquivos iconográficos constituídos por fotos, cartazes, selos, desenhos, flâmulas e materiais promocionais do movimento espírita;

5) de arquivo de documentos, composto de correspondências, estatutos sociais, de atas, de relatórios;

6) de biblioteca com mais de 4.000 títulos, dos quais em grande parte primeiras edições, em português, alemão árabe, esperanto, espanhol, francês, grego, inglês, italiano e japonês;

7) de hemeroteca com mais de mil títulos de jornais do Brasil e do mundo, de arquivo de microfilmes, e de documentos pessoais do fundador do Espiritismo e de outros;

8) de acervo de teses espíritas, de pós-graduados e de doutorandos, com temáticas espíritas, inclusive da USP e da PUC;

9) de bancos de dados sobre as instituições espíritas, sobre a imprensa espírita, sobre biografias e sobre a bibliografia nacionais e internacionais.

ABERTURA – Como vê o panorama geral do movimento espirita brasileiro ?

Dr. Paulo - Surpreendente para os nossos confrades do exterior, como se refere o nosso confrade Vicente Pérez Frugillo, de Manzanillo, Cuba, em carta a nós dirigida; "que a nosotros nos produce um asombro el desarrollo del espiritismo em vuestra Pátra internamente, porém, através do CFN, destacamos os seus esforços objetivando os ideais da Unificação, propósitos colimados por Allan Kardec, que deixou clara a sua preocupação com relação à organização do Espiritismo, no futuro.

ABERTURA-Quais as perspectivas reais, na sua visão, para que o Espiritismo tenha uma influência positiva na transformação social.

Dr. Paulo - A transformação social vem se operando ao longo dos séculos; a influência do Espiritismo se fará maior a medida que o conhecimento científico se desenvolva. Essa influência será positiva e decorrente sobretudo da concepção cósmica do mundo, que substituirá as idéias ainda dominantes nos círculos religiosas da concepção ptolomaica do mundo.

ABERTURA – Muitos acham que as pesquisas para a prova da imortalidade e mesmo da reencarnação são desnecessárias, uma vez que estão aceitas pelo Espiritismo como verdades. Qual a sua opinião ?

Dr. Paulo - A humanidade ainda não despertou para compreender a realidade da vida na sua maior dimensão; a pesquisa espírita ainda é atual, e, para mim, indispensável,

ABERTURA – Nesse sentido como situar homens como Dr. Hernâni Guimarães Andrade e outros que se dedicaram à pesquisa ?

Dr. Paulo - O Hernâni, com quem tive a satisfação de conviver, é um exemplo de todos aqueles que atenderam ao chamamento do Espírito Verdade. Ele cumpriu brilhantemente a sua missão. Precisamos muito de outros. É necessário ajudar a Ciência a descobrir o Espírito, "esse desconhecido".

ABERTURA -O Espiritismo tem futuro ?

Dr. Paulo - Para mim, o Espiritismo é o futuro. Com o progresso científico, na nova "humanitas", não haverá lugar para as idéias obtusas de penas eternas, de céu e inferno localizados, obsecando a mente do homem.

Opinião em Tópicos - Milton R. Medran Moreira

Cenas de Domingo

Manhã de domingo, 20 de julho. A TV mostrava o Grande Prêmio da Inglaterra de Fórmula 1. De repente, um maluco invade a pista, com vestimentas típicas de escocês exibindo um enorme cartaz: "Leia a Bíblia. Ela contém todas as verdades". Uma hora depois, eu estava numa feira montada no meu bairro. Atrás de uma das barracas vi um homem com a Bíblia aberta, falando a uma mulher de aparência humilde, que o escutava com um semblante atemorizado. Aproximei-me e ouvi o que o pregador falava à mulher: "Veja o que diz aqui: Deus escolhe algumas pessoas para salvar. A senhora pode ser uma delas".Sempre me impressionaram essas pessoas que andam pelas ruas, batem à porta da casa da gente, entregando mensagens bíblicas e revistas, fazendo um enorme esforço para nos salvar. Acredito nas boas intenções delas. Muito mais do que daqueles outros que montam igrejas imensas e cobram o dízimo de seus freqüentadores. Já não basta o Governo subtrair de nossa renda cerca de 40% de tudo o que ganhamos, como condição para vivermos, e vêm essas igrejas extorquindo, especialmente de pessoas modestas, mais 10% prometendo-nos benesses nesta vida e depois da morte.

Bem-intencionados

Já pessoas como o fanático do Autódromo de Silverstone e o homem da feira de meu bairro aparentemente não querem o dinheiro de ninguém. Há algo de caridoso e solidário em suas atitudes, mesmo que ridículas. Eles guardam a íntima convicção de que são eleitos de Deus e querem compartilhar essa condição conosco.Mas, ao mesmo tempo que pressuponho as boas intenções desses missionários itinerantes e intimoratos, fico a me perguntar: será que essa gente não pensa que cerca de dois terços da humanidade nunca viram e jamais terão acesso a uma Bíblia judaico-cristã? São os hinduístas da Índia, os budistas e xintoístas da China, os maometanos dos países árabes, os animistas das tantas tribos africanas. Gente que pode ser tão boa como os cristãos. Quem sabe, muitos deles melhores de alma e de coração que alguns dos nossos bons pregadores. São irmãos nossos que têm outras crenças. Homens e mulheres que, talvez, não tenham religião alguma, mas que não deixam de ser excelentes pais de família, bons trabalhadores, exemplares cidadãos, dignos e honestos. Estariam eles excluídos da salvação?Por isso tudo, não consigo ter nenhuma relação com aquele Deus a respeito do qual o homem da feira de meu bairro falava à mulher atemorizada. Muito menos com a maioria das "verdades" eternas que estariam, todas elas, sem exceção, contidas no livro propagado pelo maluco que quase atrapalhou a vitória de Rubinho Barrichello naquele ensolarado domingo de julho.

Deus, fé e razão

Entretanto, queiramos ou não, esse é o Deus do povo cristão. Há entre ele e o Deus que o espiritismo nos permite aceitar há uma distância imensa. E, por isso, é também imensa a distância entre espiritismo e fé. Voltaire escreveu que fé não consiste em crermos naquilo que nos parece evidente. Ao contrário, a fé se caracteriza por fazer-nos crer no que, ao nosso entendimento, se apresenta como falso, inverossímil, absurdo. Vista sob esse ângulo, a fé é a própria negação da razão na qual o espiritismo pretendeu se apoiar. O Deus cuja aceitação o espiritismo nos propõe – "inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas" – não tem religião. Não elegeu um livro para depositar suas verdades. Nem há de submeter minha salvação à crença em meia dúzia de dogmas. Ele, aliás, nem está preocupado com a minha salvação. Mas deve estar querendo muito a minha felicidade. Não fosse assim, não me teria criado. Posso encontrar sinais dele em alguns livros tidos como sagrados: a Torá dos judeus, os Evangelhos dos cristãos, o Corão dos muçulmanos, os milenares livros das velhas crenças do Egito, da Índia, da Pérsia e da China. Mas, onde consigo melhor divisar, crepitando, essa chama divina é no fundo de minha consciência. É ali, e não no terreno da fé, que tenho meu encontro com Deus.

A religião e o poeta

Eu pensava justamente nisso, naquele domingo, depois de ver a cena ridícula do fanático invasor da pista de Silverstone e de assistir ao esforço salvacionista do homem da feira, falando com a mulher que o ouvia com atenção, enquanto o mirava cheia de temor reverencial. Talvez por mera coincidência, naquele mesmo domingo ensolarado de julho, caiu-me às mãos uma entrevista concedida pelo velho poeta uruguaio Mário Benedetti. O consagrado autor de "A Trégua", que vive em Madri, há várias décadas, onde se asilou ao escapar da ditadura de seu país, afirma que a natural proximidade da morte, quando já ultrapassa os 80 anos de vida, não o faz agarrar-se à fé. E que, como sempre em toda sua existência, segue aceitando apenas uma religião: a religião da consciência. Todas as outras são dispensáveis e falsas. Mais importante que qualquer religião é estar em paz com sua consciência.Lendo Benedetti, mesmo admitindo que agem com a melhor das intenções os pregadores das ruas, dos templos e das feiras, fico com o poeta, que, por sinal, é ateu.

Onde está a Renovação ? - Maria Vitória Antunes

Kardec afirmou que o Espiritismo abria uma nova era para a humanidade. Ele vinha como instrumento renovação e da redenção da humanidade. Sua meta era a mudança de mentalidade, uma visão dinâmica e progressista da existência.

Afinal, a obra de Kardec trazia a expectativa de revisar velhos conceitos e antigas maneiras de encarar a Deus, a humanidade e o futuro.

Implantado no Brasil, ainda quando o fundador estava encarnado, aqui ele floresceu, mas de uma maneira distorcida pela mentalidade daqueles que o aceitaram, não como uma forma radicalmente diferente da cultura judaico-cristá, mas como uma maneira mais palatável de entender os antigos cânone da Igreja Católica da qual eram convictos fieis.

Basta ver os seguintes tópicos da atualidade do movimento espírita para dar razão a essa análise.

1.Em pleno século vinte e um, os espíritas se degladiam sobre o corpo de Jesus Cristo. Para uns, ele não teria "vestido" a podridão da carne humana, indigna dele. Era uma agenere, isto é, se materializava, com sacrifício talvez, para ensinar a nós, massa ignara, os caminhos de Deus de Israel. Para outros, ele era realmente encarnado, um homem, mas com um corpo especial, afinal... E ficam brigando por esse detalhe fútil. Ambas as partes, contudo, criaram até uma "esfera crística" onde Espíritos de escol se habilitam na música divina e vivem saturados de sublimações, como qualquer descrição do céu católico.

Kardec, analisando a figura de Jesus de Nazaré, em artigo publicado nas Obras Póstumas, escreve: "Deve-se notar que durante essa interminável polêmica que apaixonou os homens por muitos séculos e continua ainda, que acendeu fogueiras e fez correr rios de sangue, disputou-se sobre uma abstração, a natureza de Jesus, fazendo-a pedra angular do edifício, apesar de ele próprio nada haver dito a respeito....O próprio Deus ficou apagado diante da exaltação da personalidade do Cristo... sentimo-nos cansados dessas discussões estéreis que só conseguiram perturbar, gerar a incredulidade. ( Obras Póstumas, Estudo sobre a Natureza do Cristo).

Seria possível que os mesmos Espíritos que ditaram à sra. Collignon, Os Quatro Evangelhos, viessem para o Brasil semear a mesma discórdia?

2.Como é possível compatibilizar o horizonte libertador proposto pela doutrina e prosseguir com as mesmas idéias sobre a estrutura do universo construída pela Igreja ? É o que fazem os espíritas que acreditam numa hierarquia centrada num Deus humano ou espiritual , mas um indivíduo que ordena, dirige, está em toda a parte. Uma figura que modernamente seria um grande executivo com uma rede de computadores super divinos abrangendo a humanidade nos mínimos detalhes.

Essa estrutura foi criada pela mente humana e mesmo muitos Espíritos de certa categoria. mantém esse molde conceitual, ainda que estilizado, porque a morte não liquida sedimentos de crença e de compreensão. Continuam católicos. E aí mantém, mutatis mutante, a pregação do catolicismo e também do protestantismo, sobre a hierarquia divina na qual Jesus é o Alfa e o Ômega,: único caminho para a perfeição. Como podemos, numa visão universal, aceitar essa afirmativa? Mas é o que os espíritas religiosos e quase religiosos aceitam. Fora dela nada mais.

O compromisso do Espiritismo é com Jesus Nazareno e não com o Jesus Cristo, como afirmou Herculano Pires: "Há um abismo entre o Cristo e o Cristianismo, tão grande quanto o abismo existente entre Jesus de Nazaré, filho de José e Maria, nascido em Nazaré, na Galiléia e Jesus Cristo, nascido da Constelação da Virgem, na cidade do Rei Davi em Belém da Judéia, segundo o mito hebraico do Messias.

3.A linguagem espírita, uma tentativa frustrada de Allan Kardec, seria nova, porque anunciava novas verdades. Mas, com exceção de uma ou outra expressão, mesmo assim não raro deturpada, usamos, sem a devida cautela, vocabulário que desvia o verdadeiro sentido de nossas idéias renovadoras.

A linguagem melíflua, sacerdotal, religiosa, que amiúde acoberta com a mesma sinceridade das confissões religiosas, um pensamento sublime e uma prática deplorável, pulula por ai afora em qualquer texto, em que, se não houver uma citação do evangelho e a menção ao Cristo, parece falho.

Vejam esta frase : "A Doutrina se nos apresenta sem costuras, como inconsútil era a túnica do Cristo, tão meridianamente clara como a luz do Sol"( Reformador /Carta Aberta...Passos Lírio/agoto/2003)(obs. Veja no dicionário o que é inconsútil)

4. O IBGE afirma que somos cerca de 2 milhões e trezentos mil espíritas e que o nível escolar entre nós é o mais elevado, com a média de 10 anos de estudo formal e possuímos um bom nível econômico.. Os livros editados por editoras espíritas vendem muito. Mas que tipo de literatura é essa? Por que temos tanta falta de dinheiro?

Numa grande concentração de pessoas para ouvir o orador Divaldo Pereira Franco, foi montada uma enorme banca de livros de sua autoria. Verificamos um fato interessante. A multidão passava célere, sentando-se nas arquibancadas do grande ginásio. A grande banca de livros vendeu muito pouco. Como de outras oportunidades, constatamos que aquelas pessoas eram, quase todas, freqüentadores de centros espíritas e que esses freqüentadores não lêem quase nada.

Então quem lê os livros chamados espíritas? São leitores, em sua maioria, descompromissados com a doutrina e talvez com a vida. Lêem os livros de auto ajuda, os de Paulo Coelho e outros autores vagamente espiritualistas e , naturalmente, os psicografados... Livros de cunho doutrinário, que pesquisem, que apresentem novas idéias ou debatam temas de profundidade são muito pouco vendidos. A começar pelos Clubes do Livro que só querem divulgar livros água-com-açucar e a preços irreais. Ajudam a manter uma audiência de não pensar espírita.

A Resposta da Juventude - Da Redação

A promoção do ICKS "ESPIRITISMO PARA JOVENS", realizada no dia 23 de agosto último, foi um grande sucesso.

Mais de 120 pessoas estiveram presentes, 80 jovens maiores de 15 anos, 22 meninas e meninos pré-adolescentes e adultos da equipe e acompanhantes.

A idéia da promoção foi abrir uma oportunidade para que a juventude interessada pudesse ter um contato com a genuína doutrina kardecista.

A maioria dos freqüentadores dos centros espíritas para as reuniões rotineiras de palestras e passes está acima de 40 anos. Uma pequena população mais jovens também participa, mas como se sabe essas reuniões não são integradoras e muito menos educativas.

Daí a necessidade de ampliar a participação da juventude para que o Espiritismo tenha futuro

CAMPANHA PUBLICITÁRIA

Foi desencadeada uma campanha publicitária inédita, ainda que reduzida pela falta de recursos.

Distribuímos cerca de 9 000 folhetos, 100 cartazes coloridos, visitamos alguns centros espíritas para divulgar a idéia.

A distribuição dos folhetos foi feita nas vias públicas e supermercados. Os cartazes foram expostos em universidades e escolas de nível médio, em alguns centros espíritas e em ônibus. Foram também colocadas faixas na frente da Fraternidade Espírita, ICKS e Centro Espírita Allan Kardec, bem como no caminhão do Lar Veneranda. O jornal A Tribuna publicou nota a respeito.

Pode-se considerar que o número de jovens foi pequeno em relação ao esforço de divulgação? Para Rosana Regis da Costa e Oliveira, vice-presidente do ICKS e coordenadora do evento, não. Segundo ela, não apresentamos um show, com grandes médiuns, atrações mediúnicas ou passes. Chamamos os jovens apenas para a doutrina filosófica, ao pensamento básico de Allan Kardec e isso foi positivo.

Infelizmente o Espiritismo, continua Rosana, está na cultura comum como um lugar para tirar conselhos e consultas, dar passes e fazer assistência social. A figura de certos médiuns ocupa todo o espaço e em torno deles é que gira o movimento, geralmente com esquecimento da doutrina.

Por isso, é muito reduzida a aceitação e o conhecimento da doutrina como uma filosofia de vida, conclui Rosana.

COMO FOI O ENCONTRO

A primeira parte consistiu na apresentação da biografia de Allan Kardec e uma visão dos princípios básicos do Espiritismo, feita pelo presidente do ICKS, Jaci Regis.

Em seguida, os jovens foram visitar uma exposição, montada em duas salas e quatro painéis. Nesses painéis foram colocadas fotos de Kardec e de grandes pesquisadores psíquicos, de grandes médiuns e fotografias de fenômenos mediúnicos.

A exposição causou grande impacto entre os jovens que desconheciam, desde a biografia de Kardec até a existência desses pesquisadores. A exposição, foi monitorada pelos jovens da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, que participou ativamente do encontro.

Terminando, foi realizada uma pesquisa geral, verificando-se que 56 jovens declararam estar interessados em participar de novas reuniões, o que foi feito, a partir do dia 30 de agosto.

Os pré-adolescentes foram reunidos em salão especial, sob a coordenação de Júnior da Costa e Oliveira e, participação de Maria Nazaré Coelho

COLORABORAÇÕES

Foi notada a participação do Centro Espírita Irmã Cristina, subsede de Vila Sônia, da cidade de Praia Grande. A direção do Irmã Cristina alugou um ônibus e trouxe entre jovens e crianças, cerca de 40 pessoas.

A Fraternidade Espírita e o Centro Espírita Allan Kardec também colaboraram diretamente, enquanto os Centros Espíritas Maria Emília da Mota Ferreira e Ângelo Prado deram seu apoio

A META FOI ALCANÇADA

O objetivo era atrair a juventude para o Espiritismo real, onde a figura de Kardec desponte como principal orientador do pensamento doutrinário.

A vice-presidente disse que a meta foi alcançada. Ela considerou que atrair a juventude tem sido uma tarefa árdua e que a presença de mais de 100 moças, rapazes, meninas e meninos, foi uma vitória.

Foi uma tarde de grande vibração e participação da juventude que se mostrou ávida de conhecer os fundamentos do Espiritismo. Agora, abriu-se uma via de acesso a uma parte da juventude para o conhecimento da doutrina kardecista, concluiu Rosana.