Maio de 2003

ICKS inicia Curso sobre Mediunidade - Capa

A partir do dia 3 de junho, o ICKS iniciará Curso sob Mediunidade, com oito aulas semanais, todas as terças-feiras a partir das 20 horas, em sua sede à avenida Franscisco Glicério, 261, Santos.

O programa do Curso está ao lado.

Nesse Curso a Mediunidade será apresentada de forma dinâmica e objetiva, todavia será apenas um início a um estudo posterior mais apronfundado do fenômeno. Nas duas aulas finais será realizada uma parte para mostrar como se realizam as reuniões de mediunidade e de aplicação de energias.

Inscrições

As inscrições devem ser feitas pelo telefone (13) 3284 2918, no horário das 8 às 12 e das 14 às 18 horas.

Será cobrada uma taxa de R$ 7,00, com direito a receber a 1º ou 2º edição do CADERNO CULTURAL ESPÍRITA ou, alternativamente, um livro editado pelo ICKS.

ICKS Comemora Com Coquetel 146 Anos Do Livro Dos Espíritos - Capa

Para comemorar a passagem do 146º aniversário do lançamento da 1ª edição de o Livro dos Espíritos, o ICKS promoveu no dia 18 de abril, uma reunião especial em sua sede à avenida Francisco Glicério, 261, Santos.

Na primeira parte da reunião, no auditório o presidente do ICKS, Jaci Regis, fez uma apreciação geral sobre O Livro dos Espíritos, destacando as diferenças entre a primeira e a segunda edição do livro, que, de acordo com Canuto de Abreu, mostrou uma evolução sensível entre o papel de Kardec. Na primeira edição, segundo Canuto, ele era o aprendiz. Na segunda, o mestre.

Seguiram-se depoimentos es-pontâneos de participantes sobre o impacto que a doutrina kardecista teve em suas vidas.

Terminando essa parte, foi feito um minuto de prece de gratidão a Allan Kardec.

Em seguida, no Salão de Festas, realizou-se um coquetel.

Além de membros do ICKS, estiveram presentes representantes dos Centros Espíritas Allan Kardec, Maria Emilia da Motta Ferreira, Fraternidade Espírita, Irmã Angelina e Irmã Narcisa e do Centro Espírita Paulo de Tarso, de Itaquera, São Paulo.

Foi uma noite de grande vibração e alegria.

Caderno Cultural Espírita - Capa

Compre a 2º edição do CADERNO CULTURAL total-mente dedicada à Mediunidade com importantes depoimentos dos médiuns Divaldo Pereira Franco, José Medrado e Carlos Bacelli, além de trabalhos sobre O Sexo na literatura Mediúnica, de Jaci Regis e A Mediunidade Social, de Eugênio Lara.

O preço do CADERNO é R$ 7,00 ficando o frete por conta do ICKS. Para comprar 10 ou mais exemplares do CADERNO, é só entrar em contato com o ICKS.

Para adquirir basta depositar o total na conta 0268-08052-0 Banco Itaú e avisar por telefax (13) 3284 2918 ou por e-mail (ickardecista@ig.com.br)

Uma Doutrina em Constante Evolução - Editorial

A concepção fundamental do Espiritismo, é sua constante atualização.

Como mostrou Canuto de Abreu, ao estudar as duas primeiras edições de O Livro dos Espíritos, em três anos, Allan Kardec ascendeu de aprendiz a mestre, ao modificar, acrescentar e desenvolver as idéias expostas na primeira edição de O Livro dos Espíritos.

As diferenças de estilo, a amplitude das idéias e os conceitos escritos pelo autor sobre as questões respondidas pelos Espíritos, mostram que desde seu primeiro momento, a doutrina que Allan Kardec apresentava ao mundo, não pretendia imobilizar-se.

Ao contrário, desde essas duas edições de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo mostrou que estava apto, pronto e decidido a manter-se no topo das idéias. A contribuição dos que vieram após Kardec, no passado e no presente, mobilizando idéias, controvérsias e choques é a expressão da pujança de uma doutrina que se movimenta na busca de novos ares, novas formas de pesquisar a verdade, sempre relativa e móvel.

Sem que um milímetro sequer de seus fundamentos tenham sido abalados, o edifício erguido primordialmente pelo gênio de Allan Kardec, junto com a plêiade de Espíritos interessados no progresso da sociedade humana, tem mostrado que sua vitória está não na rigidez mas na flexibilidade de entender, a absorver, filtrar novos estudos e novos progressos do pensamento, da ciência, da sociedade.

Preparado como instrumento de orientação para o ser humano nos processos de revolução humana, científica e social, o Espiritismo só tem a perder, aliás, nas palavras de Kardec, se suicidaria se imobilizasse.

Com firmeza, critério e perseverança, abertos ao convívio com a diversidade, o movimento kardecista, contribuirá com certeza para que o Espiritismo cumpra seu papel no mundo.

Morre, em Bauru, o Dr. Hernani Guimarães - Da Redação

No dia 25 de abril, às 5 horas da manhã desencarnou, em Bauru, SP, onde residia ultimamente, o Dr. Hernani Guimarães de Andrade.

Engenheiro de profissão, o Dr. Hernani consagrou-se com um pesquisador e escritor de grande mérito nos meios espíritas.

Suas pesquisas sobre a reencarnação alcançaram grande repercussão pelo rigor científico com que foram cercadas. Ele publicou vários livros sobre o tema.

Como escritor e filósofo, escreveu livros de grande impacto como a Teoria Corpuscular do Espírito e desenvolveu um sistema sobre a influência do perispírito, dentro da linha de pensamento de André Luiz, admitindo a sua função como Modelo Organizador Biológico (MOB).

Foi também o fundador e presidente do Instituto Brasileiro de Psicobiofísica.

Contribuição Social do Espiritismo - Da Redação

Segundo pesquisa da Unesco, realizada em 13 capitais brasileiras, envolvendo 7 mil professores e mais de 50 mil alunos, o quadro do ensino brasileiro do nível médio é alarmante. A pesquisa revelou que 43% do 8,7 milhões de alunos matriculados no nível médio já repetiu de ano.

São três, segundo professores e alunos, os principais problemas do ensino médio: desinteresse dos alunos, indisciplina e falta de espaço – social, cultural esportivo na escola.

Na opinião tanto de professores como de alunos, o desinteresse do aluno está fora da escola, como a falta da família e às condições sócios econômicas.

Analisando a pesquisa, o jornal O Estado de São Paulo, enfatiza "O sentido do que é educar, especialmente no ensino médio, está nebuloso: o aluno deve estar satisfeito e, se o professor fizer isso, seja de que modo for, a educação melhor. E, cumprir o conteúdo programático obrigatório, ter disciplina exigida para aprender qualquer coisa e realizar periódicas avaliações, do corpo discente e docente, não são necessários Esses princípios desapareceram da construção de um ensino melhor?"

Além do nível sofrível dos professores, uma das causas mais evidentes da desestrutura do ensino no país, devemos olhar para o niilismo instaurado na sociedade. Com o materialismo invadindo todos os níveis sociais, inclusive em certos movimentos religiosos, onde se procura apenas o interesse individual, com a falência dos valores, a educação sofre o ataque desse desalento geral com o futuro e com a vida.

Dom Geraldo Majella Agnelo, bispo de Salvador e presidente da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, entrevista ao mesmo jornal, afirma que "o desafio da Igreja é mostrar sentido da vida". Segundo o prelado, "o desafio não é só aqui, mas em todo o mundo. É mostrar às pessoas que a vida tem um sentido, uma razão de ser, e é uma preparação para outra realidade que só poderá ser vivida plenamente dependendo do que fazemos aqui".

O que nos importa perguntar é se o movimento espírita tem dado sua contribuição para motivar as pessoas que procuram o centro espírita, para essa necessidade de modificar o clima mental e cultural niilista e se a espiritização funciona como força de renovação social.

Se o Espiritismo, pelos seus organismos, está contribuindo para minar o niilismo, para mostrar que o sentido e a razão de viver não apenas existe, mas pode ser encontrado dentro de uma visão de homem e de mundo abrangente e filosoficamente estruturada como é o projeto da doutrina kardecista.

Centro Cultural Espírita em Florianópolis - Da Redação

Foi inaugurado no dia 2 de maio, na cidade de São José, na Grande Florianópolis, o Centro Cultural Espírita Herculano Pires – CCEHP.

O grupo está constituído de espíritas que militam no movimento espírita há uma e duas décadas, em sua maioria. Segundo Marcelo Henrique Botticcelli, vice-Presidente CCEHP , as linhas mestras do trabalho serão a filosofia, a arte e a cultura espíritas, com ênfase para a educação, a ciência (prática e pesquisa mediúnicas) e a comunicação social/divulgação espíritas.

A instituição, tem como patrono o maior vulto espírita do século XX, o Professor e Filósofo José Herculano Pires, conclui Marcelo Hernique.

A sede do CCEHP está localizada no bairro Kobrasol, à Rua Sete de Setembro n. 24. São José, SC.

O Morto Vivo - Jaci régis

Passam os anos e, de repente, me defronto com uma curiosa cristalização mental.

O homem maduro, mas vigoroso, bem vestido, olhos claros, entra silente.

Conta-me que é engenheiro e tem 68 anos.

Conversamos algumas coisas, mas ele, impaciente, deseja logo colocar seu problema.

Dispensa interpretações psicanalíticas ou outras quaisquer.

-Meu problema é o medo da morte. Diz com uma ansiedade contida.

Diante de meu silêncio, ele prossegue.

-Sou muito apegado à matéria, conclui.

Olho-lhe tentando penetrar em sua alma.

Ela está blindada. Tem conceitos perfeitamente racionalizados.

Desde jovens, confessaria depois, a morte foi um espantalho, uma sombra sobre sua cabeça. Mas, recordou, sempre achou que haveria tempo de encontrar uma resposta.

Agora, com 68 anos, está literalmente em pânico diante da morte.

Um simples resfriado, uma coceira na garganta, desequilibra-o totalmente. A rigidez física, a saúde parecem-lhe couraças para a eternidade da vida corpórea.

Perguntei-lhe sobre a espiritualidade.

Ele olha-me perplexo. Como perguntar isso a ele tão apegado à matéria como gosta de dizer?

E eu explico que, na minha visão, ser espiritualizado é uma forma de encarar, viver, estar no mundo. E completo, afirmando que muitos chamados de materialistas, têm mais espiritualidade que certos espiritualistas de carteirinha.

Ele não entende.

Mas conta que freqüentou ou freqüenta a Logosofia, um movimento filosófico que , segundo ele, teria as mesmas bases do kardecismo, embora com interpretação e nomes diferentes

Confessa que ouve as preleções, raciocina sobre elas, que falam da vida futura, da vida após a morte.

Mas isso não move seu medo, não muda sua estrutura pesada, segura em conceitos de medo e angústia.

Conversamos.

Ele está decepcionado. Provavelmente teria me procurado para que eu, como um mago, batesse com minha varinha de condão em sua cabeça e, de repente, uma luz surgisse e ele, saltando da cadeira, pondo-se de pé, diria: agora eu sei, agora eu sei...

Mas nada disso aconteceu. E eu fico pensando que mecanismos o Espírito usa para que sua mente se impermeabilize, entre num circuito de pensamentos e sentimentos fechados em si mesmos, repetindo-se à exaustão. Ter medo da morte talvez seja natural. Todos morreremos mas desejaríamos esticar nosso prazo para sempre...

Entretanto, com o mesmo mecanismo com que certas pessoas conseguem fixar-se em fatos que marcaram suas infâncias e deles fazerem o ponto de partida para toda e qualquer ação da vida, penalizando-se e desejando manter os vínculos partidos no tempo, também estava ali alguém que criara uma estrutura mental rígida, como se não encontrasse nos sessenta e oito anos vividos, um eco, uma vibração, um estímulo, mas apenas silêncio.

Ele tem medo da morte.

Eu lhe disse que o que importa é viver a vida, com produtividade e com dinamismo.

Ele retruca que sabe que fez muito mais bem do que mal. Tem filhos criados. É casado pela segunda vez e sua esposa é kardecista,.. ela diz que é kardecista, repete..

Confessei que mesmo que eu não tivesse certeza da vida após a morte, ainda assim, teria alegria de viver, de produzir. Nunca fiz nenhuma relação entre o que eu sinto e a possibilidade de viver além da vida terrena.

Depois, observei, existe a morte que é inevitável. E o morrer que é uma forma particular de viver e encerrar sua existência terrena de forma satisfatória, com respostas senão definitivas, mas compensatórias.

-Mas, interrompeu ele, não estou preparado para uma vida além da morte. Se sobreviver como ficarei? Tenho medo de morrer e de ficar vivo além-túmulo.

Conversamos ainda algum tempo.

Ele partiu insatisfeito. Penso no fardo pesado que ele carrega.

A morte tornou-se uma neurose mórbida, um desejo sadomasoquista, que o fascina, o atrai e ao mesmo tempo o torna inseguro, deixa-o em pânico.

Essa situação de paralisia afetiva e senhorial, essa condição de viver e morrer e morrer e viver, são como duas pinças que o espremem, sem saída e sem forma de alívio . É a tristeza e o gozo de uma vida que se esgota, sem , como ele mesmo disse, jamais ter amor, sem se deixar comover, sem abraçar os filhos, sem permitir que as emoções e a paixão inundem seu coração.

Vejo-o caminhando reto, equilibrado no corpo ainda vigoroso, como uma antigo cavaleiro imobilizado em sua armadura, vendo o adversário correndo com a lança em riste e ele não tem como escapar do golpe derradeiro.

Afinal, a morte que tanto teme já chegou há muito em sua alma.

Onde Estou ? Eugênio Lara

No meio da batalha, a adrenalina a mil, não há espaço para dor. Nem sempre há tempo para o perdão, a clemência. Instinto brutal. A mente, voltada para a autopreservação, em posição de ataque, de destruição, fica impregnada de agressividade. Em primeiro lugar a vida, o direito à vida. O corpo está quente, o sangue circula rapidamente. O coração bate abruptamente. Energia pura. Sem suor. Não há dor.

Na luta, no amor, em certos esportes ou mesmo na meditação, os sentidos adormecem e se ampliam. A mente, altamente concentrada ou desconcentrada não cria espaço para dor. É como se ela, a dor, fosse sublimada ou utilizada em benefício próprio. Concentração total, dor ausente.

Aí, não nos damos conta da morte. No movimento total, dinâmico, a morte vem, implacável, sem que os sentidos percebam. Em segundos, o desenlace. A perturbação, a dúvida, como num sonho inacabado. Vivo ou morto? Que lugar é esse? Onde estou? Não me sinto, não me percebo, estou ausente, fora de mim, fora do tempo, fora do espaço. Permaneço, perene. Sou eu mesmo?

Um cego num tiroteio. Escuridão total, blackout, uma luz difusa no fim do túnel. A verdadeira solidão. Estou lá e cá. Tudo ao mesmo tempo. Por dentro, por fora, agora. Não vejo ninguém, mas todos me vêem. O que está acontecendo?

Um espelho, preciso de um espelho! Quero ver a imagem que sobrou; de mim. E nada vejo. Sou tudo e nada sou. O que sou? Como em Papillon, pergunto ao primeiro que aparece: como estou? E não obtenho resposta. Volto ao espelho e sinto-me no limbo.

Longe de saber o que se passa, alguma coisa pulsa. De dentro pra fora; intermitente, dilacerante.

O cinemascope novamente? Frames e mais frames, imagens coladas, descoladas, múltiplas, contraditórias, seqüenciais, numa lógica imprevisível, paradoxal, instantânea. Vejo-me, íntegro, do mesmo jeito, igual formato que, se muda, não percebo. Longe, e ao mesmo tempo perto do campo de batalha, percebo que o corpo é o mesmo e diferente, simultaneamente. O braço, decepado, reaparece. Virtual? Pessoas familiares à volta, na penumbra.

Como ao acordar, a sensação igual, de estar fora de lugar, de não ter ninguém em mim.

E o que pulsa permanece intenso. Vejo que a dor maior sobrevive e continua dilacerando. De dentro para fora.

Prossigo, esperançoso, com as lembranças e saudades intensas. Amargo o tempo perdido, os desejos não satisfeitos, os projetos não realizados, os afetos desfeitos. Mas orgulho-me do pouco que construí. E mesmo com tantos defeitos de percurso, sinto que a vida é a mesma. Vivo e agora convivo de uma forma diferente, com uma percepção espacial estranha, com o pensamento que ainda tenta se organizar, se concentrar. O pensamento ganha forma, pulsa, tem vida. Preciso controlá-lo. Ainda não consigo. Tenho e não tenho fome. Sede estranha que não se saciaria com líquido algum. Será que morri?

Da Terminologia à Atualização - Eugênio Lara

Quando Allan Kardec estruturou o Espiritismo, dando-lhe uma feição de ciência filosófica, foi obrigado a criar uma série de palavras para que os novos conceitos fossem assimilados de forma adequada, sem que houvesse confusão com as teorias do espiritualismo em geral. A própria palavra Espiritismo foi criada por ele a fim de diferenciá-lo do Spiritualism, um movimento religioso surgido nos Estados Unidos e disseminado em alguns países da Europa, de características religiosas, onde a mediunidade, ou melhor, o mediunismo desempenhava importante papel.

Toda ciência que se preze possui a sua terminologia. Aliás, trata-se de um dos vários critérios epistemológicos para que determinada forma de conhecimento possa ser considerada uma ciência. Se por conta deste e outros fatores, o Espiritismo é ou não é ciência, não cabe aqui discutir. O objetivo deste artigo é bem outro.

As ciências médicas possuem um corpo de termos, de palavras com acepção bem específica, a fim de que os médicos não se confundam nos diagnósticos, nas análises anatômicas, enfim, no exercício da medicina. Há um consenso terminológico, aprovado em congressos mundiais, com o objetivo de ordenar o uso de palavras específicas nos mais diversos idiomas. Os médicos ajem como uma verdadeira corporação e não permitem que qualquer gaiato ou novidadeiro venha a utilizar termos que não se enquadrem dentro dos critérios aprovados nos congressos médicos.

Isso demonstra não somente espírito de corpo, mas sobretudo seriedade, critério científico, metodológico, senão vira bagunça. O que deveria ser uma ciência acaba virando um mercado persa, a "casa de Mãe Joana", uma feira livre, onde qualquer um dá o seu palpite e tenta enfiar pela goela do freguês idéias e conceitos nem sempre condizentes com o consenso universal, ao menos aquele aprovado em congressos sérios e altamente qualificados.

O mesmo critério usado pela Medicina e outras ciências deveria ser utilizado no Espiritismo. Não que o fundador não tenha previsto a realização de congressos e projetado uma forma de gestão administrativa para a organização e divulgação do Espiritismo. Isso ele o fez no Projeto 1868, publicado na Revista Espírita e em Obras Póstumas. No entanto, sempre foi ignorado.

Os primeiros congressos internacionais realizados no final do século retrasado e início do século passado chegaram perto do que Allan Kardec imaginou. Todavia, em função da má orientação do movimento espírita, logo após o desencarne da esposa de Kardec, Amélie Boudet, os espíritas tiveram de disputar o poder com segmentos do espiritualismo estranhos ao Espiritismo, como os adeptos da Teosofia, do Esoterismo, da Rosacruz. Não fosse a atuação destacada de Léon Denis, já senil, em um desses congressos, o Espiritismo se dispersaria em meio às correntes espiritualistas que disputavam com ele uma hegemonia absurda, já que cada uma dessas doutrinas nada em raia própria e atua em segmentos diferenciados do conhecimento espiritualista.

Após a II Guerra Mundial o movimento espírita praticamente desapareceu da Europa e tornou-se uma potência em países da América Latina, notadamente no Brasil. Por aqui o processo de desenvolvimento do pensamento espírita desandou, por fatores históricos, antropológicos e sociológicos, mas sobretudo, pela ignorância em relação aos fundamentos do Espiritismo. Só para se ter uma idéia disso, somente a partir dos anos 80 é que a Revista Espírita se popularizou com o lançamento de uma edição popular, sem ser encadernada. E mesmo assim, não é todo mundo que tem recursos para adquirir doze volumes de uma só vez. Cabe lembrar que a Federação Espírita Brasileira nunca lançou essa obra fundamental do fundador do Espiritismo por considerá-la dispensável e sem importância, sonegando dos espíritas brasileiros essa informação básica para o entendimento doutrinário.

E aí foram surgindo as novidades. Enumeraremos três ocorrências que foram incorporadas ao dia-a-dia do movimento espírita sem que houvesse um questionamento mais aprofundado, sem que houvesse um consenso resultante da realização de congressos, seminários, colóquios ou qualquer outra forma de reunião que envolvesse os espíritas brasileiros e estrangeiros numa assembléia, em um processo de discussão democrática. Nada disso ocorreu e o prejuízo para o progresso do pensamento espírita foi enorme, incalculável, pernicioso

Ciência-Filosofia-Religião...

A Federação Espírita Brasileira veio com essa novidade, Emmanuel em O Consolador ajudou a popularizá-la e intelectuais espíritas influentes como Carlos Imbassahy e J. Herculano Pires adotaram a idéia, já corrente entre os espíritas. Durante muito tempo não se discutia isso. Alguns pensadores espíritas como Afonso Angeli Torteroli, Eusínio Lavigne, o Movimento Universitário Espírita nos anos 60, dentre outros, assumiram uma concepção mais kardecista, bem distante do falso tríplice aspecto, que chegou inclusive a ser nome de uma chapa da situação, a fim de se opor aos chamados não-religiosos, nas eleições da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), em 1986.

A verdade límpida e cristalina é que Allan Kardec jamais afirmou que o Espiritismo é ciência, filosofia e religião. Esse tal do tríplice aspecto é uma invencionice, um Cavalo de Tróia, que traz embutida a idéia de culto e o vírus nocivo do religiosismo. O uso da palavra religião para definir o Espiritismo foi veementemente rechaçada por Kardec em passagens cruciais de sua obra (em O que é o Espiritismo e na Revista Espírita).

A partir dos anos 80, com o trabalho de esclarecimento sistemático do escritor Krishnamurti de Carvalho Dias (1930-2001), a questão veio à tona. O movimento de espiritização, sob a liderança de Jaci Regis, encampou a idéia, dando origem à chamada questão religiosa, que persiste até hoje. Foi aí que muitos integrantes do movimento espírita perceberam que Kardec nunca havia chamado o Espiritismo de religião. E o tal de tríplice aspecto foi o que se poderia chamar de uma camisa de força intelectual.

"Doutrina filosófica e moral", apenas isso, foi a definição de Kardec no Discurso de Abertura, por ocasião da comemoração do Dia de Finados (Revista Espírita - outubro 1868). É mais do que suficiente, não causa dúvidas, não compromete e nem oferece perigo de qualquer tipo de desentendimento doutrinário

O Passe

Muitos círculos de magnetismo, após o advento do Espiritismo, transformaram-se em sociedades espíritas. Allan Kardec era um estudioso do magnetismo, adepto do vitalismo, desde a juventude. Todavia, apesar disso, não há registros históricos de que alguma instituição espírita do século retrasado tenha incorporado a prática do chamado passe. Não há, na obra de Kardec, nenhuma menção a esse respeito.

A cultura do passe se incorporou de tal maneira ao Espiritismo que um centro espírita que não aplica passe é visto com preconceito pelos dirigentes espíritas. Há quem diga que um centro que não tem passe não merece ser chamado de espírita, ou de que se esteja praticando um Espiritismo sem espíritos. Dois absurdos, fruto da ignorância e do preconceito.

Uma das causas dessa prática, que se tornou corriqueira no movimento espírita, está na homeopatia. Os primeiros médicos homeopatas eram, em sua grande maioria, espíritas. O uso do magnetismo como recurso terapêutico servia como um complemento no tratamento aos pacientes.

Outro aspecto a ser considerado é a influência da Umbanda, um movimento espiritualista fruto do sincretismo entre o Kardecismo e o Candomblé. Os primeiros terreiros de Umbanda surgiram no final da década de 20 e início dos anos 30 do século passado, no Rio de Janeiro, e foram fundados por espíritas kardecistas. A Umbanda é filha bastarda do Espiritismo, que no Brasil produziu muitos outros filhos, como a LBV, o Santo Daime, o Racionalismo Cristão etc.

O passe desempenha, no terreiro, uma importância fundamental, seja ele aplicado por espíritos de caboclos (índios) ou de pretos-velhos, através do "cavalo" (o médium). É muito comum médiuns atuarem, tanto no centro "de mesa branca" como em tendas umbandistas. Há uma mútua influência. Até hoje é comum vermos nos centros kardecistas mal orientados médiuns que se utilizam da técnica umbandista: gestualidade meio circense, chiados, toque no paciente, preces e rezas ditas oralmente durante a aplicação do passe etc.. Da mesma forma, há terreiros de Umbanda que estudam obras espíritas e incorporam, do Kardecismo, determinados termos e conceitos, como médium, mediunidade, espírito obsessor. A expressão guia, por exemplo, equivalente a espírito protetor (ou anjo de guarda) do kardecismo, é usada tanto no terreiro de Umbanda como no centro espírita.

Outro fator é a influência do cristianismo. A imposição de mãos, atribuída a Jesus de Nazaré, instituída no cristianismo, notadamente no movimento pentecostal e no católico-carismático, tem no passe espírita uma de suas maiores referências. O Jorê, o Do-in, Reike e tantas outras denominações vêm se somar à transmissão ou transfusão de energias nos centros espíritas, o chamado passe.

O Plano Espiritual

O fundador do Espiritismo denominou de mundo espírita ou dos espíritos a dimensão onde os seres humanos desprovidos de seu envoltório físico vivem, se relacionam consigo, entre si e conosco, através da mediunidade.

A expressão mundo espírita mostrou-se, com o tempo, inadequada, apesar de ser, em nível terminológico, a mais clara e precisa. Quem a ouve imagina se tratar de um mundo formado por espíritas, e não por espíritos. Daí que mundo dos espíritos deveria ser o termo mais adequado, o substituto natural, opcional. No entanto, sem o menor critério, os espíritas passaram a se utilizar de outras expressões, influenciados que foram pelos espíritos, notadamente os que passaram a se comunicar pelos médiuns Chico Xavier, Waldo Vieira e Yvonne Pereira.

A mais usual e que se tornou padrão em quase todos os segmentos do movimento espírita é plano espiritual. Muito utilizado pelos espíritos André Luiz e Emmanuel, esse termo ganhou status, veio para ficar, sem o menor questionamento.

Aparenta ser prático, preciso, no entanto, se formos analisar com mais cautela veremos que ele, ao invés de expressar a realidade, confunde, causa desentendimento do que seja a erraticidade enquanto habitat dos espíritos.

Plano tem a ver com a tridimensionalidade, altura, largura, profundidade. Em Matemática, na Geometria Descritiva, é uma expressão muito usual. Plano x, plano y, dentro do sistema de coordenadas cartesianas, dos dois eixos horizontal e vertical (x e y, respectivamente), abcissas e ordenadas. Se aplica a um espaço de três dimensões, limitado, a uma determinada superfície.

O mundo dos Espíritos – segundo o relato dos desencarnados a Kardec e as informações trazidas pelo espírito André Luiz através do médium Chico Xavier – não é um plano, pois não possui três dimensões. A palavra plano é inadequada para definir esse hiper-espaço, que se estrutura a partir de uma materialidade tênue, energética, flexível e sujeita às injunções mentais; um mundo ideoplástico, quatridimensional. Taí, mundo, eis a palavra mais adequada ainda para classificar o que os espíritas chamam erroneamente de plano espiritual.

A aplicação do adjetivo espiritual, aqui está um segundo problema, não tão pior quanto o primeiro, o uso de plano, mas que se mostra inadequado, inconveniente. Essa palavra foi pouco usada por Kardec, a não ser em definições bem específicas, como no sinômino de princípio inteligente (princípio espiritual) ou na classificação de fluidos, na interessante e profunda teorização contida em A Gênese.

O fundador da Doutrina fez restrições ao uso indiscriminado da expressão espiritual, não somente para qualificar os fluidos, mas também o mundo dos espíritos, senão teria cunhado a expressão mundo espiritual de modo definitivo, e isso ele não fez, mesmo usando-a nesse trecho a seguir: "Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são a matéria do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais." (A Gênese - cap. XIV - Os Fluidos - FEB).

Nesse mesmo capítulo, Kardec admite que a expressão fenômeno espiritual é inadequada e que seria preferível fenômeno psíquico: "A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão o pensamento, do que a de fenômeno espiritual, dado que esses fenômenos repousam sobre as propriedades e os atributos da alma, ou, melhor, dos fluidos perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos, sem os admitir a título de milagres." (A Gênese - idem).

Note-se que esse texto foi escrito antes da Psicanálise, bem anterior à Parapsicologia, ciências que ainda não existiam. O que qualifica ainda mais a precisão dos termos e conceitos inovadores usados pelo fundador do Espiritismo

Idéia nova, palavra nova!

Bem antes da Semiótica e do desenvolvimento da Teoria da Comunicação, Kardec já era semiótico e comunicólogo. Para idéias novas, palavras novas, eis um princípio básico hoje entre os estudiosos da Comunicação, seja no campo da Semiótica ou mesmo da Semiologia. Logo na introdução de O Livro dos Espíritos, Kardec foi bem claro: "Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia." (O Livro dos Espíritos - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita - FEB, Grifo nosso)

Enfim, em diversas passagens da Kardequiana, os espíritos nos deram um puxão de orelha quanto às palavras:

— "Tudo depende das acepções das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?" (q.139)

— "As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos." (q. 28)

— "É uma questão de palavras, com que nada temos. Começai por vos entenderdes mutuamente." (q. 138 - Sobre a questão da alma como princípío da vida material).

— "Mas isto constitui uma questão de palavras. Chamai as coisas como quiserdes, contanto que vos entendais." (q. 153 - Sobre a perfeição e a vida eterna).

— "Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa, conforme o sentido que empresteis às palavras. As maiores verdades estão sujeitas a parecer absurdos, uma vez que se atenda apenas à forma, ou que se considere como realidade a alegoria. Compreendei bem isto e não o esqueçais nunca, pois que se presta a uma aplicação geral." (q. 480 - Sobre a questão da expulsão dos demônios).

— "Pura questão de palavras". (q. 668 - Sobre as manifestações espíritas e a pluralidade dos deuses).

— "Tomai cuidado! Muito vos tendes enganado a respeito dessas palavras, como acerca de outras". (q. 764 sobre a Pena de Talião).

— "Guerras de palavras! Guerras de palavras! Ainda não basta o sangue que tendes feito correr! Será ainda preciso que se reacendam as fogueiras? (q. 1009 - mensagem de Platão sobre a questão das penas eternas).

Foi justamente por não existir uma palavra para cada coisa que Kardec rechaçou o uso da palavra religião para conceituar a Doutrina Espírita. Não foi por outro motivo que evitou o uso indiscriminado de espiritual e chamou a nova filosofia espiritualista que fundou de Espiritismo, e os seus adeptos de espíritas ou espiritistas. Este último termo, muito usado nos países de língua castelhana. E o passe, por ser prático e sucinto, encaixou bem na mente dos espíritas brasileiros, como num passe de mágica, sem autorização, permissão, sem pedir licença.

Um processo de atualização do Espiritismo começa pela sua terminologia. Questões conceituais, epistemológicas, axiológicas, cosmológicas etc. são mais complexas, exigem um preparo que nem sempre o movimento espírita possui, mas tem de ser feito. Agora, quanto aos termos próprios, trata-se de um estudo necessário, um levantamento a ser feito por instituições espíritas de mentalidade mais aberta, que deverá envolver estudiosos do Espiritismo, profissionais da linguagem, da área de Comunicação, Filosofia, Pedagogia, enfim, espíritas envolvidos seriamente com a inserção da filosofia espírita na contemporaneidade.

Eugenio Lara, natural de São Vicente-SP (BRASIL), é arquiteto e jornalista. Membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc) e do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS); expositor do Centro Espírita Allan Kardec (Santos-SP); articulista do jornal de cultura espírita Abertura e um dos coordenadores do site PENSE - Pensamento Social Espírita (www.viasantos.com/pense).

Entrevista Com Henrique Diegues: "Temo Pensar em que eu teria me tornado se não fosse a Doutrina Espírita em minha Vida." - Da Redação

Henrique Diegues é uma figura marcante no movimento espírita brasileiro. Homem cordato, atuante, granjeou simpatia a respeito pelas suas posições, firmes mas fraternas. Trabalhador do movimento espírita, esteve na fundação da União Municipal Espírita de Santos, da qual foi várias vezes presidente, participou do Conselho Deliberativo Estadual da USE e liderou a Chapa Renovação Agora, que disputou a presidência da USE em 1987. Um dos fundadores da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, ocupando atualmente o cargo de Vice-presidente do Conselho Administrativo, durante toda a sua vida trabalhou no porto de Santos, como Despachante Aduaneiro. Hoje com 80 anos, contínua estudando, atuando e mente lúcida, tem uma história e uma contribuição muito grande ao Espiritismo principalmente na Baixada Santista e no Estado de São Paulo.

ABERTURA -Depois de tantos anos de estudo e participação, como se sente em relação, à doutrina? Valeu a pena?

Diegues - Valeu muito a pena. O estudo, a participação e a convivência com os companheiros de lides espírita, nos proporcionaram oportunidades de reflexão e aprendizado no sentido da solidariedade, tolerância e compreensão sobre os problemas humanos.

ABERTURA - Estudioso do magnetismo, praticante da transmissão de energias, quais os resultados práticos dessa energia na vida das pessoas?

Diegues -Durante todos os anos que vimos estudando, tivemos muito bons resultados por vezes verdadeiramente surpreendentes e quase que imediatos. O estudo do magnetismo tem que ser constante. A transmição de energias é um fato. Um dos livros que trata profundamenete desse assunto é " Magnetismo Curativo" de Alfonso Buê, infelizmente não mais publicado pela FEB .

Allan Kardec, que o estudou durante 35 anos, quiz tambem saber a opinião dos espiritos, que responderam a pergunta 388, "... O Magnetismo é o piloto dessa ciencia, que mais tarde compreendereis melhor".

ABERTURA - Você está hoje entre os que aderiram ao Espiritismo não religioso. Como se deu essa transição, sabendo-se que todos começamos no chamado Espiritismo religioso?

Diegues -Como nos ensina a natureza : - Amanhã é um novo dia . A luz do sol vem brilhar novamente trazendo -nos nova claridade para o raciocínio que nos proporciona novas oportunidades de compreesão. A não concordância de opiniões não impede o respeito as mesmas.

ABERTURA - Muitas vezes você esteve com Francisco Cândido Xavier. Que recordação marcante você guarda desse convívio?

Diegues - As recordações são incontáveis. Chico Xavier foi um grande exemplo para todos nós. As vezes que o acompanhamos nas chamadas peregrinações onde levava o seu carinho e amor as pessoas carentes, verificamos o seu desprendimento , sua mansuetude. Fatos , teríamos aos montes para contar o que porém queremos ressaltar é que sem dúvida nenhuma Chico Xavier foi um ser muito especial que esteve entre nós, cuja dimensão espiritual estamos longe de avaliar.. Ele está longe daquele ser milagreiro conforme muitos espíritas achavam. O Tempo lhe fará justiça.

ABERTURA - Nas suas memórias doutrinárias, que fato foi decisivo em sua vida?

Diegues -Embora desde criança tivessemos tomado conhecimento de reuniões espíritas , pois em casa de meus avós se realizavam essas reuniões, o fato que nos levou a aprofundar o nosso estudo da doutrina espírita, foi quando em 1955, juntamente com os companheiros que já regressaram ao mundo espiritual, Paulo de Oliveira Marques e Humberto Pacce fundamos a Escola de Médiuns.

ABERTURA - A candidatura à presidência da USE deixou que lição para você?

Diegues -A lição que nos deixou foi que dentro de uma democracia , temos que respeitar a maioria , que nem sempre é a que segue o caminho certo. Contudo a natureza não da saltos , tudo vem no seu dia certo.

ABERTURA - Você acredita que poderá haver uma forma de convivência entre os segmentos doutrinários, cada um respeitando a posição do outro ou essa divisão parece definitiva?

Diegues - Sem dúvida alguma. Não é por que o homem afirme que é o sol que gira em torno da terra, que essa não gire em torno do Sol 

ABERTURA - Qual a sua relação com a pessoa e o papel de Kardec?

Diegues - É de profunda admiração. Saber que na época em que viveu, enfrentando todas as dificuldades e perseguições com muita dignidade e tolerância doando a sua vida ao trabalho e elaboração da Doutrina Espírita.

ABERTURA - O que o Espiritismo representou para a sua vida?

Diegues - Tudo imaginável. Podemos dizer quase tudo que a vida pode nos proporcionar. Temo pensar em que eu tería me tornado se não fosse a Doutrina Espirita em minha vida.

ABERTURA - O Espiritismo tem futuro?

Diegues - O Espiritismo é o futuro. Se nos permite o amigo Jaci, queremos contar o que ocorreu numa das reuniões realizadas na casa de meu avô narrado pela minha mãe.

- No ano em que eu nasci em 1922 , assumiu a presidência da República o senhor Artur Bernardes que decretou estado de sítio no país , proibindo todas as reuniões secretas de qualquer natureza. Naquela noite em que havería reunião um delegado amigo veio dar a notícia ao meu avô Enrique que lhe pediu permissão para aquela noite, pois os componentes já se achavam presentes. Ao dar a notícia , uma jarra sobre a mesa partiu-se derramando seu conteúdo sobre a toalha. Nesse instante um espírito manifestou-se dizendo que havía que se cumprir as determinações das autoridades, mais que dia viria em que o Espiritismo se espalharia por toda a parte assim como aquela água, sendo levando as praças públicas. Em 18 de abril de 1957, Centenário do Livro dos Espíritos, coincidência ou não, reunimo-nos com um grupo de espíritas na Praça da República , para comemorar a primeira edição desse livro.

Opinião em Tópicos - Milton R. Medran Moreira

Fundamentalismo 1

Escrevo estas linhas dias depois que os Estados Unidos invadiram Bagdá consolidando seu domínio sobre a região. A guerra está praticamente ganha, mas, os maiores problemas por ela causados apenas estão começando. Não apenas para o Iraque, mas para o mundo. O grande questionamento que me faço é este: estaremos inaugurando um novo período de irracionalidade e de fundamentalismo no Planeta? Os jornais estão repercutindo uma gigantesca manifestação dos xiitas do Iraque, que se autoflagelam, aos gritos de "nossa revolução é islâmica" e propondo uma grande teocracia para o seu país e para todo o mundo islâmico. Saddam Hussein, que acaba de ser deposto, não era exatamente um líder religioso. Sua ditadura, sanguinária e cruel, não tinha como pressuposto a inspiração divina, muito embora recorresse a expedientes dessa ordem, sempre que quisesse obter o apoio do mundo árabe. Saddam era sunita, corrente muçulmana que, em seu país, reunia uma elite que governava seu povo com mão de ferro, mas num estilo secular, de forte influência ocidental. A mobilização, agora, da grande maioria xiita, proclamando a revolução islâmica pode ser um retrocesso, um recrudescimento do fundamentalismo religioso. Daí para novos atos de terror, sincronizados por uma incipiente unidade do radicalismo muçulmano, pode ser um passo.

Fundamentalismo 2

Se assim for, os Estados Unidos terão se lançado numa aventura que até pode satisfazer sua gula de poder e desejo de expansão imperialista, principalmente por lhe garantir o controle dos ricos poços de petróleo da região. Mas de graves conseqüências para o mundo civilizado, laico e democrático . Até porque a própria guerra em que se lançaram também teve patéticos lances de fundamentalismo religioso. Radicalismo de um lado sempre desperta radicalismo de outro. Expressões como o "eixo do mal", "cruzada contra o mal", ou a constante invocação de Deus, como garantia para a vitória de seus exércitos, conferiram bases claramente fundamentalistas a essa iniciativa bélica.As invocações de Bush a Deus, aliás, terminaram por irritar o Papa que o admoestou a deixar de tomar Seu santo nome em vão. A Igreja que, no passado, tantas vezes promoveu ou apoiou guerras injustas e sangrentas, dizendo-se, para isso, autorizado e protegido por Deus, neste episódio ficou do lado do bom senso. Foi uma voz firme em favor da paz, da tolerância, da democracia, do pluralismo político e religioso.

Fundamentalismo 3

Mas, o mesmo Papa que tem demonstrado, na sua atuação de líder político, uma excelente capacidade de absorção dos valores democráticos e pluralistas de nosso tempo, tem, também, revelado uma face radicalmente conservadora em termos doutrinários, o que também é uma forma de fundamentalismo. Mal a guerra começava a dar sinais de que estava chegando ao fim, um pronunciamento papal trouxe nova polêmica e insatisfação nas áreas mais progressistas da Igreja. Foi a condenação taxativa a católicos que, divorciados, e, unidos a um segundo cônjuge, querem seguir participando dos sacramentos da Igreja, especialmente o da comunhão. Em suma, ratifica o Bispo de Roma e Chefe da maior igreja cristã que casar-se novamente é viver em pecado. Um espírita ou um livre-pensador que se libertou inteiramente do autoritarismo religioso pode simplesmente dizer: os incomodados que se retirem da Igreja. Mas há milhões de pessoas que têm muito arraigados, mesmo que não pensados, os princípios fundamentais da fé cristã e que, no entanto, rejeitam algumas regras eclesiásticas, como essa da indissolubilidade do casamento, ou a do celibato sacerdotal e se sentem violentadas, quando impedidas de continuar participando de sua Igreja, por essas questões que entendem secundárias e que não afetam sua fé.

Sexo e Igreja

Recente pesquisa feita pelo Centro de Estatística Religiosa e Investigações Científicas – CERIS - , no Brasil, entre católicos, revelou uma clara tendência destes de considerar como privadas as questões ligadas à sexualidade, não cabendo, como outrora, à Igreja ditar normas sobre tais assuntos. Assim, a pesquisa mostrou que 62% dos entrevistados são favoráveis ao segundo casamento; 60% aprovam o divórcio; e 42,6% consideram normal o sexo antes do casamento (dados publicados pela revista IstoÉ, ed.1751, abril.03).Esse é o perfil do católico brasileiro e, naturalmente, de todo o Ocidente, onde a religião deixou de ser uma questão de obediência, para ser mero referencial histórico e social ligado às tradições de família e à cultura popular. Isso parece afastar o perigo de que o fundamentalismo e o conservadorismo papais venham a exercer alguma influência no comportamento das pessoas. De qualquer forma, preocupa essa ambigüidade das autoridades religiosas que, de um lado, se alinham com o pluralismo político, os direitos humanos, os anseios de liberdade e paz de todos os povos. Mas, em matéria religiosa, continuam tão retrógradas e tão fundamentalistas como na Idade Média. Um dia, esse discurso terá que ser afinado. É uma questão de sobrevivência da Igreja.

Identidade de André Luiz - Da Redação

As personalidades dos Espíritos Emmanuel e André Luiz, que se popularizaram pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, têm sido motivo de especulações.

Emmanuel, ele mesmo afirmou ter sido o senador romano Públio Lêntulus e retratou-se em vários romances em épocas diferentes.

Quem foi André Luiz?

André Luiz disse ter sido um médico brasileiro. Especulou-se se ele teria sido Osvaldo Cruz ou Carlos Chagas, grandes pesquisadores médicos brasileiros.

Sobre esse tema, transcrevemos parte de um estudo feito Jáder Sampaio e publicado no boletim do GEAE (Grupo de Estudos Avançados Espírita), número 452, transcrito para a lista da Cepa na Internet por Ivan, Itatiaia-RJ

Temos visto bons expositores da doutrina abordarem o tema afirmando ser o sanitarista Oswaldo Cruz o instrutor desencarnado, e outras, Carlos Chagas. Nada temos contra a comparação biográfica visando identificação de personalidades, como as faz o nosso prezado Hermínio Miranda em alguns de seus trabalhos como: "Hannemann, O Apóstolo da Medicina Espiritual", "Eu sou Camille Desmoulins" e "As Marcas do Cristo". Acreditamos, entretanto, que a afirmativa gratuita, feita de oitiva e supostamente atribuída a um médium ou a um espírito, depõe contra a seriedade que devemos ter para com o conteúdo do Espiritismo.

Fizemos, então, uma pesquisa rápida, consultando algumas enciclopédias e artigos biográficos que tratassem de dados pessoais dos dois cientistas. Pesquisamos também os livros "Nosso Lar" e "No Mundo Maior", de onde retiramos alguns dados da encarnação pregressa de André Luiz.

Obtivemos, então, as seguintes informações que passamos a analisar.

1. "Causa Mortis"

A "causa-mortis" de André Luiz é descrita pelo médico espiritual Henrique de Luna. Ele teria desencarnado no hospital, após "duas cirurgias graves devido a oclusão intestinal" que, por sua vez, derivava de "elementos cancerosos". Luna cita ainda sífilis, o comprometimento de rins e fígado e do aparelho gástrico. (Nosso Lar, p.32, 33, 41).

A biografia de Cruz fala em "crises renais complicadas por problemas respiratórios" e as de Chagas citam "ataque cardíaco" e "morreu de infarto sobre a mesa de escritório, trabalhando".

2. Genitor

Do pai de André Luiz, sabemos que ficou "12 anos numa zona de trevas compactas do umbral" e que era comerciante. André dá-lhe o nome Laerte em seus escritos. (Nosso Lar, p.91 e 190 a 194). Como a narrativa se dá no ano de 1939, se o dado se referir a todo o período post-mortem do genitor de André Luiz, inferimos como ano possível da desencarnação o ano de 1927.

O pai de Cruz chamava-se Bento, era médico e desencarnara em 1892,ou seja, 35 anos antes da data estimada para Laerte.

O pai de Chagas chamava-se José Justiniano, era fazendeiro e plantador de café e desencarnou em 1901 ou 1902, ou seja, cerca de 25 anos antes da data estimada por nós para Laerte.

3. Irmãos

A mãe de André Luiz fala em três irmãs do autor espiritual. Duas que ela chamou de Clara e Priscila e que estavam presas à região do umbral, e uma outra, chamada de Luísa, que havia desencarnado quando André Luiz era pequenino e auxiliava a mãe em suas atividades. É possível que ele tivesse mais irmãos, não citados naquela oportunidade. (Nosso Lar, p. 92)

Oswaldo Cruz era primogênito e possuía mais cinco irmãs. Chagas possuía cinco irmãos, Maria Rita (que era meia-irmã, filha do primeiro casamento do pai), Carlos, José (que desencarnou com menos de quatro anos de idade), Marieta e Serafim.

4. Filhos

Ao revisitar sua casa, André Luiz encontra a filha mais velha casada (primogênita) e uma outra filha mais jovem conversando sobre "seu único filho varão" que estaria " por aí, fazendo loucuras" (Nosso Lar, p. 272 e 273). Ao se referir à sua família o instrutor fala em "uma esposa e três filhos". (Nosso Lar, p.275)

Cruz teve seis filhos. Um deles, Bento, seguiu-lhe a carreira e chegou a trabalhar com ele.

Chagas teve dois filhos legítimos, Evandro e Carlos, que lhe seguiram a carreira e diplomaram-se antes da sua desencarnação. (Evandro em 1926 e Carlos em 1931).

5. Vocação para Medicina

André Luiz atribui sua carreira ao avô, que lhe deixara uma quantia significativa para fazer o curso. "Em muitas ocasiões manifestei o desejo que ele se consagrasse à medicina". (No Mundo Maior, p. 234).

O biógrafo de Cruz atribui o interesse pela medicina ao pai de Oswaldo, Bento. O biógrafo de Chagas (que é o próprio filho, Carlos) atribui a vocação à influência do tio de seu pai, Calito, que formou-se em medicina na corte e organizou uma casa de saúde em Oliveira - MG.

6. Época da Desencarnação

André Luiz não nos dá uma data para a sua desencarnação, mas é possível inferí-la com precisão de cerca de um ano, a partir dos seguintes trechos de seus escritos:

André Luiz permanece "mais de oito anos consecutivos" nas esferas inferiores, após sua desencarnação. (Nosso Lar, p. 47)

Em recuperação, na colônia, cita um episódio ocorrido em agosto de 1939 (Nosso Lar, p. 132) e ele não havia ficado ainda por um ano na colônia espiritual (Nosso Lar, p.253). Temos então como época possível de sua desencarnação o ano de 1930 (1939 - 8 - 1), com uma faixa de erro de dois anos, ou seja, entre 1929 e 1931.

Oswaldo Cruz desencarnou em 11 de fevereiro de 1917, aos 44 anos.

Carlos Chagas desencarnou um 8 de novembro de 1934, aos 55 anos.

7. Algumas Conclusões

Apesar de termos feito inferências que alguns leitores podem não considerar como exatas (o período da desencarnação do pai de André Luiz e do próprio André Luiz), os dados biográficos são muito discrepantes. Será possível que o autor espiritual tivesse alterado fatos de sua vida como o número, sexo e destino dos filhos, profissão paterna, seu período de permanência nas regiões inferiores, sexo dos irmãos e doenças que levaram à desencarnação, para preservar oculta sua identidade? Teria o autor espiritual tecido tantos comentários sobre ficções? Consideramos pouco provável.

Cabe-nos adotar a posição rigorosa do codificador do Espiritismo, rejeitando nove verdades para não aceitar uma mentira.

8. Referências Bibliográficas

ANDRÉ LUIZ. Nosso Lar.(23ª ed.) Rio de Janeiro: FEB, 1981.Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Primeira edição em 1944. No Mundo Maior. (9ª ed.) Rio de Janeiro: FEB, 1981.Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Primeira edição em 1947.

CHAGAS FILHO, Carlos. Cenas da vida de Carlos Chagas. Ciência e Cultura. São Paulo, SBPC, v. 31, suplemento.Enciclopédia Internacional do Mirador.

VERÍSSIMO, Suzana. Carlos Chagas: história sem fim. Superinteressante. São Paulo, Abril Cultural, maio 1991.

ZANCHETTI, Maria Inês. Oswaldo Cruz: tudo pela saúde. Superinteressante. São Paulo, Abril Cultural, mar 1991.

De 16 a 19 de Outubro, o Pensamento Espírita estará em Debate no VIII SBPE - Da Redação

Os autores que pretendem apresentar trabalhos durante o VIII SBPE, a realizar-se de 16 a 19 de outubro de 2003, em Cajamar, SP, devem enviar um resumo dos mesmos até dia 31 de maio.

O Resumo , apresentado em uma folha tamanho A4, formatado em Word, caracteres Times New Roman, corpo 12, descreverá o objetivo do trabalho a ser apresentado.

Essa providência permitirá à Comissão Organizadora, preparar o temário do Simpósio que, como é do conhecimento geral, se baseia exclusivamente nos trabalhos enviados.

O SBPE é aberto a todos os que queiram apresentar idéias, estudos e investigações sobre qualquer assunto que o Espiritismo abranja

UM CELEIRO DE IDÉIAS

Ao longo dessas sete e consecutivas edições, o SBPE se tornou um celeiro de idéias, estudos e inovações contribuindo para a expansão do pensamento kardecista.

Foram cerca de 150 trabalhos apresentados, com base no pensamento cietífico, filosófico e religioso, uma vez que o SBPE está pronto para debater idéias dentro de sua concepção de diversidade de conceituação doutrinária.

Essas produções intelectuais foram publicadas em Anais ampliando seu rio de ação.

Como nos anteriores o VIII SBPE seguirá o mesmo caminho, consolidando uma oportunidade para a expressão dos que estudam e pesquisam a doutrina kardecista

FAÇA SUA INSCRIÇÃO E

PARCELE O INVESTIMENTO

O investimento para participar do VIII SBPE será de R$ 190,00, compreendendo, estadia de 16 á noite até 19 ao meio dia, café da manhã, almoço, jantar e inscrição.

As inscrições feitas até 31 de maio, poderão ser pagas em até 4 parcelas mensais de R$ 47,50, correspondendo a 4 cheques pré datados nesse valor.

Entre em contato conosco.

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES

Para inscrições e informações utilize nossos endereços:

Av. Francisco Glicério, 261 – CEP 11 065-471 -e-mail – ickardecista@ig.com.br e ickardecista@bol.com.br; telefax (13) 3284 2918, Santos, SP.

Fim de Semana Kardecista Inova e Consolida-se

Realizado pela Segunda vez, o Fim de Semana Kardecista é uma atividade inovadora no movimento espírita em geral. De estrutura simples, apresentou duas palestras e uma Tarde Artística.

De Sexta a Domingo, o Fim de Semana Kardecista, visa, sobretudo, homenagear o aparecimento de O Livro dos Espíritos. Por isso, ele deve ser realizado em torno do dia 18 de abril. Este ano, excepcionalmente, foi realizado de 25 a 27 de abril, devido a ocorrência de feriados prolongados incluído o dia 18.

Um público razoável, consolidando, passo a passo , o trabalho do ICKS, compareceu às três apresentações, melhorando em relação ao ano passado

AMILCAR DEL CHIARO FILHO:O ESPIRITISMO É CRISTÃO

Em sua palestra cujo tema era Jesus de Nazaré na obra de Kardec, o conhecido escritor e radialista Amilcar del Chiaro Filho, reproduziu trechos de livros de Kardec em que ele refere-se ao Cristo, ao cristianismo e seu ideal de que a doutrina fosse "cristã e humanitária". Ressaltou, contudo, o orador que Kardec referia-se ao cristianismo "saído da boca do Cristo".

Aberta a perguntas, o orador respondeu as que lhe foram endereçadas.

Amilcar também autografou vários livros de sua autoria que foram colocados à venda.

ALCIONE MORENO:KARDEC FEMINISTA

A média Alcione Moreno, trouxe sua contribuição ao tema A Mulher na Obra de Kardec, analisando trechos de O Livro dos Espíritos e da Revista Espírita em que Kardec estabelece uma doutrina sobre o papel da mulher. Segundo a oradora, desde o início a doutrina trabalhou com a idéia da igualdade de direitos da mulher, num momento em que o feminismo apenas tentava se estabelecer.

Ela também trouxe mini-biografias das mulheres que estiveram presentes no trabalho de elaboração do Espiritismo principalmente no campo mediúnico, como as senhorias Baudim e Japhet, Hermance Dufraux, Alice C. Segundo ela, o fundador da doutrina ocultou o nome das médiuns para evitar que elas sofressem perseguições e pressões como aconteceu com as Irmãs Fox. Ela mencionou com entusiasmo o papel de Amelie Boudet, uma mulher super moderna para seu tempo e de Madalena Leymarie... que dirigiu a Livraria Espírita, editora das obras de Kardec durante os conturbados tempos do Processo dos Espíritas que condenou seu marido, Pierre Gaétan :Leymarie ã prisão.

Aberta às perguntas, a oradora respondeu as que lhe foram endereçadas. Perguntada, por exemplo se algumas das mudanças ocorridas nos centros espíritas relativas à presença da mulher, como sentar junto e não separadas dos homens, proibir sua entrada vestida com calças compridas, teriam ocorrido por ato revolucionário dos dirigentes ou apenas como conseqüência das pressões e mutações sociais, ela disse que estas últimas é que causaram essas mudanças modestas e que, de modo geral, o movimento espírita é conservador e não absorveu as indicações modernas que já existiam na obra de Kardec

TARDE ARTÍSTICA

Realizada no Domingo, dia 27, a partir das 16 horas, contou com a participação do Grupo Coral da Escola Simoniani de Música, de Santos que executou programa variado com músicas populares e eruditas. Em seguida, a Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, do CE Allan Kardec, movimentou os presentes com dinâmica sobre A Dificuldade da Escolha. Os presentes foram divididos em t rês grupos e examinaram a mesma questão que consistia em escolher num grupo de 12, seis pessoas para uma hipotétia catástrofe e que admitiria apenas esse pequeno grupo para mantar o futuro.

Finalmente, encerrando a Tarde, o Grupo de Expressão do CE Ângelo Prado, sob a direção de Jailson Mendonça apresentou performance sobre A Palavra, texto de José Saramago e Obsessão, de uma música da banda Bolinho de Beringela.