Julho de 2003

Espiritismo para Jovens - Capa

A doutrina kardecista, despida dos acréscimos místicos, é mensagem positiva para orientação da juventude.

As casas espíritas, de modo geral, dedicam-se á prática mediúnica, ao assistencialismo e muito pouco à doutrina. Desenvolveu-se um falso sentido de consolação que parece restringir-se ao aten-dimento das neces-sidades emergentes de pessoas, algumas com sérios desvios psico-lógicos e que, por isso, procuram incessante e inutilmente aten-dimento e socorro em centros, igrejas e práticas alternativas.

ONDE ESTÃO OS JOVENS ?

Se analisarmos as platéias dos centros espíritas em geral, a presença de jovens é muito reduzida. A maioria é de pessoas de quarenta anos em diante. Onde estão os jovens? Não teria o Espiritismo atrativos para eles? Certamente uma grande maioria da juventude é alienada e está enclausurada em idéias imediatistas e de prazerosa futilidade.

Precisamos saber se o Espiritismo é bom para os jovens

UM TEMPO QUE PASSOU

Houve tempo em que, a partir da iniciativa de Leopoldo Machado, na década de quarenta do século passado, desenvolveu-se um forte movimento juvenil. Nos anos sessenta com a ditadura militar esse movimento que tivera um crescimento entre os universitários diminuiu, fechando-se quase sempre num sentido extremamente místico.

Essa visão místico-evangélica a que o movimento espírita reduziu a mensagem do Espiritismo atrai alguns, mas não a maioria dos jovens atuais.

UM MOVIMENTO PARA JOVENS

O ICKS programa para o mês de agosto próximo uma mobi-lização na cidade de Santos, para convidar a juventude interessada a conhecer o Espiritismo. Será feita uma grande campanha entre jovens do nível médio e universitário para uma reunião geral, provavelmente no dia 23 de agosto, um sábado à tarde.

Seminário da Família: Uma Experiência bem sucedida - Capa

O Seminário Sobre a Família que o ICKS promoveu no dia 21 de junho passado foi uma experiência bem sucedida, desde o método utilizado, com palestra breve, estudo em grupos e discussão de questões preparadas pelos próprios participantes, até o nível das exposições.

Marly Carvalho de Soares Santos, Assistente Social com larga experiência nos problemas familiares . Maria Delfina Farias Dias Tavares da Silva, psicóloga com especialização na USP sobre violência familiar e Jaci Regis, psicólogo, escritor e pensador espírita foram os expositores. Cada um, enfocando especificamente os temas propostos conseguiu transmitir aos participantes uma idéia bastante clara das diversas questões que envolvem o universo familiar.

Embora o número de participantes não tenha sido muito grande, a vibração e o entusiasmo entre todos foram marcantes, criando um ambiente de estudo e confraternização, entremeado por um cafezinho e bom bate papo.

O que o Espiritismo pode fazer ? - Editorial

Não existem dúvidas quanto à variedade de conflitos e pensamentos que dominam a sociedade humana.

Existem sinais evidentes do desequilíbrio individual e coletivo no cultivo dos ideais mais simples.

Mesmo os menos inteligentes, compreendem que a sociedade vive do equilíbrio das energias de cada um e do desejo de cada um de praticar o que se sabe sobre a convivência, a honestidade e o bom caráter.

Entretanto, esses ideais incrustados na mente em geral, sofrem abalos e postergações profundas pela insurgência de problemas psicológicos, queda da crença em valores humanos e morais e a insegurança não apenas social mas íntima.

Nesse panorama real, mas possível de reabilitação, que papel pode desempenhar o Espiritismo?

Ele pode ser uma âncora para os que se sentirem frustrados com a vida, com as lideranças, com as religiões.

Os postulados espíritas, que Allan Kardec soube muito bem colocar com clareza e objetividade, são base para uma forma de viver mais harmônica, porque ampliam os horizontes da vida, solidificam a esperança e reafirmam a natureza espiritual do homem.

Entretanto, somente serão úteis se soubermos utilizar a linguagem apropriada, fugir dos lugares comuns e refazermos o ideário meramente consolador, que significa muitas vezes mero paliativo e voltarmos nosso pensamento para a solidez dos enunciados kardecistas, sobre o homem, o mundo, Deus e o futuro, sem decairmos para o pieguismo, para a nostalgia e insegurança mística e superarmos o apelo de falarmos uma linguagem melíflua, debilitante e incorreta diante do que propõe a Doutrina.

Fora disso, engrossaremos o cordão dos apelos nem sempre honestos, nem sadios, de grupos e pessoas perdidos em si mesmos ou desesperados para romper as portas do céu, com rituais, promessas, cultos alternativos e outros mecanismos que desviam a pessoa do verdadeiro rumo de encontrar-se como pessoa imortal, transitando pela encarnação com o objetivo de crescer e elevar-se.

Leviandade Preocupante - Da Redação

A leviandade com que certos círculos doutrinários do Espiritismo se tem comportado nas questões das reencarnações precisa ser corrigida com urgência para evitar a desmoralização da Doutrina.

Na edição de maio, publicamos estudo sobre as possíveis reencarnações do Espírito André Luiz, confundido com Osvaldo Cruz e Carlos Chagas, cientistas brasileiros cujo perfil e datas de vida e morte não coincidem com os dados que o Espírito forneceu sobre sua vida terrena.

O estudo é conclusivo.

Agora temos a inqualificável polêmica(?) sobre se Chico Xavier seria a reencarnação de Allan Kardec. A educadora e escritora espírita Dora Incontri fulmina essa pretensa e pretensiosa investida incompatível com a seriedade do trabalho de Allan Kardec, em artigo magistral do qual publicamos uma parte nesta edição.

Há também uma controversa sobre a identidade do Espírito Verdade, que teria orientado o trabalho de Kardec. Para muitos ele seria o próprio Jesus que – diante da cristolatria que envolve seu nome no Espiritismo brasileiro – teria se submetido a usar a cestinha e a lousa para ditar suas mensagens. Para os que vêem Jesus como o Rei dos Reis ou o Governador do Planeta isso parece irrisório.

Essa mania de querer saber quem foi quem é totalmente infundada em termos do bom entendimento da Doutrina. As personalidades mudam, mas o caráter principal do Espírito prossegue idêntico ou superior. Alinhar personalidades de caráter destoantes como um mesmo Espírito é dar um amostra de pouca cultura espírita, na verdade de leviandade doutrinária..

Por oportuno transcrevemos um trecho do artigo de Dora Incontri acima referido: Em primeiro lugar, deveríamos evitar a leviandade que tomou conta de escritores e médiuns espíritas nos últimos anos: afirma-se com o maior descompromisso e sem nenhuma demonstração de evidência que fulano é reencarnação de cicrano e geralmente são pessoas famosas, já desencarnadas, ou personagens históricas - que não podem contradizer tais afirmações. É perfeitamente legítimo o estudo de casos de reencarnação, mas eles precisam ser fruto de pesquisa, de preferência de pessoas próximas e, se alguma hipótese for apresentada de personalidades de projeção, deve-se fazê-lo com todo o cuidado, com argumentos bem fundamentados e ainda assim não passará de uma hipótese a ser examinada e comentada por outros pesquisadores

Mundo Paranormal : The Division of Personality Studies / University of Virginia - Marcelo Coimbra Régis

The Division of Personality Studies (DOPS) é uma divisão do Departamento de Medicina Psiquiátrica da Universidade da Virgínia, Estados Unidos. Utilizando-se do método científico, a DOPS investiga os fenômenos chamados de paranormais, especialmente:

·Recordações de vidas passadas em crianças (Reencarnação)

·Experiências de quase-morte (near-death experiences)

·Experiências fora do corpo (Out-of-body Experiences)

·Aparições e comunicações com desencarnados

·Visões no leito de morte

A DOPS foi fundada em 1967, quando o Dr. Ian Stevenson, ao deixar a direção do departamento de Psiquiatria, tornou-se diretor-geral da divisão, posição que ele ocupou pelos próximos 35 anos. No início de 2002 o Dr. Bruce Greyson, membro ativo do corpo docente da DOPS desde 1995 e editor do "Journal of Near-Death Studies", assumiu a função de diretor-geral do DOPS, cabendo ao Dr. Ian Stevenson dedicar-se a publicação de livros e artigos científicos.

A fundação da DOPS foi possível graças à ajuda de diversos benfeitores, principalmente Chester F. Carlson, inventor do processo xerográfico. Chester não só propiciou os fundos para a fundação da DOPS como também institui uma contribuição permanente, que ajuda à manutenção de toda a divisão.

O principal objetivo da DOPS é a investigação de fenômenos que desafiam as teorias científicas correntes sobre a natureza da mente e suas relações com a matéria. Exemplos de tais fenômenos, às vezes chamados de paranormais, incluem os vários tipos de percepção extrasensorial (ESP), aparições e visões no leito de morte, poltergeist, experiências de quase-morte, experiências fora do corpo e a memória extra-cerebral ou lembranças de vidas passadas.

Atualmente a DOPS concentra suas pesquisas em dois campos: experiências de quase-morte e lembranças de vidas passadas por crianças. Sua equipe de pesquisadores é composta por 4 professores permanentes e 3 assistentes (incluindo o Dr. Ian Stevenson). Como resultado de suas pesquisas a divisão publicou até o momento onze livros e diversos artigos científicos. Sua sede, em edifício dentro do campus da Universidade da Virgínia, possui laboratório de pesquisa e uma extensa biblioteca especializada no paranormal. Tal biblioteca contém em seus arquivos as pesquisas e relatos de mais de 2500 casos que sugerem reencarnação e mais de 500 casos de visões no leito de morte.

A Universidade da Virgínia é uma das mais conceituadas universidades americanas. Fundada por Thomas Jefferson em 1819, a universidade tem como ideal desenvolver, através da educação, líderes preparados a influenciar os futuros da nação americana. A Universidade se localiza em Charlottesville, no estado americano da Virgínia.

Para saber mais:

Visite o site da DOPS: http://www.healthsystem.virginia.edu/internet/personalitystudies

Esperança pela Esperança - Jaci Régis

O Espírito Emmanuel, analisando o comportamento humano, disse que muitas pessoas apresentavam uma angústia vazia.

São pessoas que, a despeito de terem boas condições de vida e não terem razão real para se queixarem, mostram-se tensas, insatisfeitas e relacionam prejuízos pessoais contínuos.

Percorrem o trânsito agitado da vida, à parte de uma atuação mais positiva, pois essa angústia vazia não lhes permite permanecer em trabalho ou atividade durante mais do que alguns dias ou meses.

Têm uma psicoesfera pessimista, transmitem intranqüilidade e com o tempo são sutilmente evitadas porque repetem constantemente as mesma queixas e exprimem os mesmos sintomas. Não raro exigem dos outros atenção e mesmo lhes atribuem culpas pelo que sentem.

Esse episódio veio-me à mente quando falávamos de esperança.

Porque a esperança enche a alma de um nutriente espiritual importante, balancanceia ansiedades e paciência, projeta uma conquista no futuro, a custa, muitas vezes, de privações do presente.

Certamente a angústia vazia, não era o problema do homem que estava de pé, andando de um lado para o outro. Alto, levemente grisalho, era um homem bonito, com menos de 50 anos de idade.

Se possível, diríamos que sua angústia eram bem cheia de emoções, como uma panela de pressão prestes a explodir, sem a válvula de escape da esperança. .

Possuía uma inteligência viva e seu coração de modo algum era indiferente. Ao contrário. Todavia, em muitas circunstâncias, sentia-se aprisionado emocionalmente. Então, o futuro parecia-lhe negro, inseguro e a vida presente muita amarga, difícil de suportar.

-Esperança de quê ? respondeu o homem, quando lhe disse sobre ter esperança.

Sua revolta era motivada por causas íntimas, por pressões existenciais que criavam uma sensação de impotência em sua alma. Estava numa situação afetiva complicada. Casado, não estava alinhado à esposa, com que vivia de modo mais ou menos frio. Tinha muitas queixas dela. Decididamente havia um abismo entre eles, mas não via como simplesmente dizer adeus. Tinham 3 filhos. Até ali eles, sob certa forma, preenchiam sua vida..

Pensava que no futuro, os filhos casando, ficaria sozinho com ela, uma solidão tamanha que o tornava inquieto., lembrando um grande amor que tivera e que não conseguira tornar real na vida cotidiana.

Daí a desesperança. Daí o olhar temeroso para o amanhã., a projeção de momentos frios, solitários mais tarde.

Ele repetiu: esperança de que?

Eu disse esperança de nada.

Ele olhou-me surpreso. Esperança de nada? O que é isso?

Melhor dizendo, refleti, esperança pela esperança.

E falei-lhe de uma pessoa que vi na televisão.

Tetraplégica, pintava com a boca quadros de beleza bastante razoável.

Pincel entre os dentes, o resto do corpo inerme, ela ia transmitindo emoções vivas na arte com que se comunicava com a vida.

Ela, ainda moça, mostrava-se otimista, sorria. Certamente dependia totalmente de outras pessoas pois não tinha movimentos.

Entretanto, que esperança poderia ter ela, se considerarmos a esperança como um caminho para a realização futura de um desejo?

Se fosse solteira, não teria qualquer possibilidade de encontrar namorado. Seu corpo inerte não se abriria para um abraço, para um carinho. E também não teria a sensação gostosa de um afago. Se fosse mãe antes do acidente, agora jamais poderia ter os filhos enlaçados num abraço, nem poderia receber um toque macio da mão filial.

Mas ela sorria.

Era a esperança do nada, a esperança pela esperança vivendo um mundo certamente difícil, mas de modo algum pessimista, nebuloso ou negro.

O homem olhou-me incrédulo. Tinha seus próprios modos de pensar, de sentir, de viver e certamente aquele exemplo lhe tocara, mas o efeito só depois é que poderia surgir.

Ele saiu.

Antes olhou-me outra vez, intrigado, pensativo. Talvez tenha refletido rapidamente sobre seu próprio caminho, suas dúvidas, vitórias e decepções, enfim no conflito da vida.

A existência terrena traz muitas dúvidas para a maioria das pessoas. O viver é essencial, luta-se para manter-se vivo, mas por dentro, se cultivam angustias vazias, queixas sem fim., sobretudo solidão afetiva, amores vividos ou não vividos tragados na roda indiferente do tempo.

Dois casos diferentes.

Os que cultivam a angústia vazia, seguem como bolas de gás, sem jamais conseguirem amar. Pois essa recusa ou impossibilidade de amar traz esse vento frio que sopra na alma vazia de emoções consistentes, incapaz de olhar nos olhos de alguém, sorri e chorar, seguindo com os pés no chão. Enfim de doar-se, de que forma seja.

Ele, contudo, amava. Seu coração era fértil de emoções, seus olhos brilhavam quando falava de sentimentos e dava-se com carinho e dedicação aos filhos e, embora todas as coisas, era um bom marido, tratava bem sua esposa.

Mas seu coração não estava com ela.

Teria que cultivar formas de vida mais satisfatórias, desenvolver processos vivenciais de serviço, de paciência e conter suas lágrimas ocultas, suas lembranças mais doces e seguir para frente, soldado de deveres assumidos.

Talvez pudesse tornar sua vida menos infeliz, criando uma esperança em si e no desdobrar o tempo, sem angústia de realizar aqui seus sonhos mais profundos,, sem que isso o levasse ao abismo da desesperança, do desfalecimento da força positiva que tinha em si mesmo.

Naquela alma acoitada pelo desejo de um momento de paz e amor, a esperança poderia quem sabe subsistir, num panorama de futuro, ao longe, na jornada de vida aqui, agora e depois.

Onde Estou ? - Eugênio Lara

Durante muitos anos o movimento espírita brasileiro se viu privado do contato com a cultura espírita de origem castelhana. Apesar do II Congresso da Confederação Espírita Pan-Americana ter sido realizado no Brasil em 1949, no Rio de Janeiro, e mesmo com o intercâmbio entre algumas lideranças espíritas brasileiras e latino-americanas, essa comunhão de idéias sempre deixou a desejar.

Nos últimos anos, com a parceria entre a Confederação Espírita Pan-Americana (Cepa) e lideranças e algumas instituições espíritas brasileiras, esse quadro vem mudando.

Os obstáculos ainda são os mesmos, principalmente os de caráter ideológico, já que a tradição espírita castelhana sempre se mostrou mais cultural, mais filosófica e social enquanto que o Espiritismo brasileiro desenvolveu uma face extremamente religiosa e assistencialista. A não-participação da Federação Espírita Brasileira nesse intercâmbio com a Cepa é sintomático. Além de não apoiar, se coloca veementemente contra, hostiliza e boicota o trabalho da confederação.

Aí entramos no campo minado da política doutrinária, onde a diplomacia e o respeito fraterno nem sempre dominam as relações entre grupos antagônicos. O intercâmbio político é possível e a busca da alteridade como uma forma de superar ou ao menos conviver com as divergências é uma tarefa que se impõe.

Todavia, o intercâmbio mais duradouro e perene é o cultural. Os espíritas brasileiros pouco conhecem ou no máximo ouviram falar de pensadores como Manuel S. Porteiro, Cosme Mariño, Gonzales Soriano, Rufino Juanco, Quintín López Gomez, Humberto Mariotti, Santiago Bossero etc. e tantos outros com uma produção equivalente a dos intelectuais espíritas brasileiros J. Herculano Pires, Deolindo Amorim e Carlos Imbassahy.

Desta cepa, o sociólogo e filósofo espírita portenho Humberto Mariotti (1905-1982) é o mais conhecido. Algumas obras suas foram vertidas para o português, principalmente pelo fato de ele, nos últimos anos, defender posições doutrinárias simpáticas à FEB e ao movimento espírita unificado. Vários artigos seus foram publicados na Reformador, órgão de divulgação da federação, e na Revista Internacional de Espiritismo.

O pensador espírita argentino Manuel S. Porteiro, considerado o fundador da sociologia espírita, agora pode ser lido no Brasil. Sua obra monumental Espiritismo Dialético, primeiramente lançada em edição virtual no site Pense – Pensamento Social Espírita (www.viasantos.com/pense) foi publicada em livro pelo CE José Barroso, que também editou O Pensamento Vivo de Porteiro, pesquisa biográfica realizada pelo psicólogo espírita venezuelano Jon Aizpúrua, cujas obras História da Parapsicologia e Fundamentos do Espiritismo, também foram lançadas recentemente. Editar toda a obra de Porteiro em português é um dos principais projetos do site Pense.

Enquanto os espíritas castelhanos e brasileiros teimam em se entender, as idéias podem ser um fator de desenvolvimento do pensamento espírita. Somente através do diálogo entre movimentos diferenciados, da troca de experiências é que as idéias progridem. As estruturas que dão suporte ao Espiritismo tendem a se arejar e, por mais que haja resistência a isso, o tempo mostra-se como um aliado eficaz do progresso cultural, fator de desenvolvimento e de reflexão entre os espíritas.

Chico Xavier não é Allan Kardec (Resumo) - Dora Incontri

Com esse título a educadora Dora Incontri, analisou a questão levantada por alguns sobre a possibilidade de Francisco Cândido Xavier ser a reencarnação de Allan Kardec. O artigo foi publicado em folheto distribuído pela editora Publicações LACHÂTRE e reproduzido na lista do IPEPE e da CEPA.

Infelizmente não podemos reproduzir todo o artigo dada as limitações do espaço. Faremos então um resumo, em parte compilado, da segunda parte do artigo que trata especificamente dessa suposta reencarnação do fundador do Espiritismo.

Que Chico Xavier seja a reencarnação de Kardec não seria uma hipótese a ser discutida, porque se trata de um absurdo tão sem fundamento que deveria chocar o bom senso de qualquer um (já vi até não-espíritas que conhecem superficialmente a doutrina se mostrarem perplexos diante da idéia). Mas já que se trata de uma afirmação na pena de alguns escritores e médiuns, atuantes no movimento, não podemos deixar de analisá-la.

Poderia escrever muitas páginas com todos os pontos de total dissemelhança entre a personalidade de Kardec e de Chico. Em primeiro lugar, estabeleçamos alguns parênteses. O que sabemos de mais sólido sobre outras existências de Kardec - o resto são inoportunas especulações - são as duas que ele aceitava: a de druida e a de Jan Huss (esta, segundo informação que Canuto de Abreu teria visto em seus manuscritos, antes da Segunda Guerra). Mas, nos três momentos conhecidos, dá para notar a coerência de uma personalidade corajosa, viril, segura, austera, de mente límpida e clara (o estilo de Jan Huss é o mesmo de Kardec, simples e cristalino, preciso e firme) e sempre dedicada à educação. Os druidas eram sacerdotes-educadores, Huss foi reitor da Universidade de Praga e Rivail/Kardec foi educador durante mais de trinta anos na França. Quanto ao seu estilo, ele mesmo adverte que não tinha vocação poética, não apreciava metáforas, mas queria atingir o máximo de didatismo e simplicidade. Para isso, tanto Huss quanto Kardec escreveram gramáticas.

Huss desafiou a Igreja Católica e morreu cantando na fogueira em 1415, depois de ter escrito cartas belíssimas da prisão, mostrando sua firmeza e serenidade. Kardec desafiou a Ciência oficial, a religião tradicional e todo sistema acadêmico estabelecido, fundando um novo paradigma para o conhecimento humano, numa síntese genial. Quando estudamos sua vida e sua personalidade, vemo-lo mover-se com absoluta segurança de si, com total equilíbrio, desde os primeiros textos pedagógicos aos 24 anos, até a redação da última Revista Espírita, que deixou pronta antes de morrer. Os próprios Espíritos Superiores o chamam de mestre. O Espírito da Verdade o trata de forma amorosa, aconselhando-o sempre com respeito ao seu livre-arbítrio, à sua capacidade intelectual e à sua estatura moral.

Kardec se ocultou tanto atrás da obra, pela sua extrema modéstia e reserva (que não era a humildade mística de Chico, que se autodenominava verme, besta, pulga, cisco ...), que os próprios adeptos do espiritismo não sabem aquilatar-lhe a grandeza.

Agora, analisemos a pessoa Chico Xavier, que conheci desde a minha primeira infância. Trata-se de uma personalidade doce, amorosa, bastante feminina, emocional, mística, com forte vocação literária e poética (ao contrário de Kardec) mas uma personalidade fraca. Basta ver sua relação com Emmanuel. Seu guia espiritual, aliás forte e altivo, sempre manteve com Chico uma postura disciplinar, rígida, admoestando-o se o via fraquejar.

Vêem-se diversas situações desse tipo, na leitura do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior, que considero a biografia mais confiável e mais bem escrita, porque feita por um profissional do jornalismo, entre tantas que mais parecem relatos de vida de santo da Idade Média, pela linguagem melada, pela louvação exagerada e pelo cunho miraculoso. Basta lembrar de Chico, gritando em pânico, porque o avião em que estava ameaçava cair e Emmanuel, diante dele, dizendo: "Dá testemunho da tua fé, da tua confiança na imortalidade! (...) morra com educação!" . Este o Espírito que enfrentou a fogueira, cantando, sem retirar uma palavra do que dissera? A resposta, o próprio Emmanuel já deu ao Chico certa vez: "Meu filho, você é planta muito fraca para suportar a força das ventanias. Tem ainda muito o que lutar para um dia merecer ser preso e morrer pelo Cristo."

Chico é, pois, um Espírito bom, em processo de resgate e regeneração, ainda enfrentando conflitos internos e desequilíbrios e tendo necessidade do freio curto de Emmanuel para se manter na linha das próprias obrigações. Nunca, diga-se, ele mesmo se viu ou se assumiu de outra forma. Kardec, ao contrário, já 600 anos atrás não revela conflito, não se mostra abalado por nada. Seu companheiro de Reforma, Jerônimo de Praga, chegou a abjurar, com medo da fogueira. Arrependeu-se depois e enfrentou a morte com galhardia. Mas em Jan Huss não há hesitação ou fraqueza, apenas a altivez do Espírito que já atingiu a estatura de um missionário.

Quanto à linguagem de Chico é também oposta à de Kardec. Trata-se de uma linguagem literária, ornamentada, própria do médium - pois sabemos que o médium influencia as comunicações. Se Chico não tinha cabedal literário nesta vida, é certo que o trouxe de outras, para se tornar o intérprete de tantos literatos do Além. Se Kardec tivesse escrito, por exemplo, Mecanismos da Mediunidade, seria certamente numa linguagem bem mais objetiva, menos literária e mais digerível.

Vou mais longe. Sem ofensa ou menosprezo pelo grande Espírito de Emmanuel, ele próprio fica bem abaixo da estatura espiritual de Kardec. Basta lembrar que, enquanto Jan Huss estava morrendo na fogueira por criticar os abusos da Igreja e duzentos anos depois, seu discípulo Comenius estava inaugurando a Pedagogia moderna, em oposição à educação jesuítica; Emmanuel - leia-se Manuel da Nóbrega - estava ainda a pleno serviço da Igreja, imerso no projeto de catequese jesuítica. Tanto ele quanto Anchieta talvez tivessem suas críticas ao movimento de que participavam e sem dúvida deram contribuição meritória ao início da educação brasileira. Mas estavam ainda com as correntes mais conservadoras da história, ao passo que Huss (depois Kardec) inaugurara já novas relações entre Deus e o homem, sendo retomado na Reforma de Lutero e aprofundado na proposta educacional de Comenius, que estava a anos luz adiante da proposta jesuíta.

Com isso, não estou diminuindo a importância nem da personalidade histórica de Manuel da Nóbrega, nem do Espírito Emmanuel, entidade que respeito e amo muito, nem menosprezando a obra que fez por intermédio do Chico. Mas é preciso reconhecer a superioridade de Kardec, coisa que tanto Emmanuel, quanto Chico, sempre reconheceram. Certo dia disse Emmanuel a Chico - e esta é uma passagem conhecida de todos - que se ele, Emmanuel deixasse Jesus ou Kardec, o pupilo deveria deixá-lo. Ora, o guia se submetia a Kardec, como Kardec poderia ser seu tutelado ?

O QUE ESTÁ POR TRÁS DESSA IDÉIA

Tudo isso poderia não passar de uma discussão vazia, simples questão de opinião, sem maiores conseqüências. Mas vejo graves problemas nessa polêmica e só por isso meti-me a falar no assunto. Afirmar que Chico Xavier é reencarnação de Kardec é submeter Kardec ao Chico ... logicamente, pela lei da evolução, o mais recente é mais evoluído e portanto vai mais adiante do que o anterior. O que se esconde por trás dessa idéia subliminar, implícita na tese de um ser reencarnação do outro? É que abandonamos, ou pelo menos desvalorizamos, os critérios de racionalidade, objetividade, cientificidade, além dos aspectos pedagógicos e da linguagem clara e democrática de Kardec, com todo seu pensamento de vanguarda - para valorizarmos mais a linguagem melíflua (muitas vezes piegas) de Chico, o espiritismo visto predominantemente como religião e os aspectos conservadores tanto do pensamento do médium, quanto de Emmanuel.

A tese de que Chico seria Kardec desqualifica Kardec e exalta indevidamente Chico Xavier, colocando-o num pedestal de idolatria que nenhum ser humano deve ocupar. E isso está bem situado nos rumos que o movimento espírita brasileiro tem tomado: trata-se de um movimento que exalta personalidades mediúnicas (quando Kardec mal nos deixa conhecer o nome dos médiuns que trabalhavam com ele, porque não se constrói liderança em mediunidade, como os antigos pajés da tribo ou as passadas pitonisas da Antigüidade), preferindo o emocionalismo à racionalidade, o igrejismo ao debate filosófico e científico.

É verdade que Emmanuel continuou a sua obra de primeiro educador do Brasil e fez bem a sua parte, por intermédio do Chico, que também fez a sua. Mas não é por isso que devemos colocar os carros na frente dos bois e perder a raiz pedagógica, racional e consistente que nos identifica. E essa raiz é representada por Kardec, que por todas as razões vistas e muitas outras que não é possível comentar aqui, não reencarnou como Chico, não reencarnou ainda, porque teríamos de reconhecê-lo por sua mente poderosa, por sua liderança equilibrada e segura e por trazer uma contribuição muito melhor que a de Chico e mesmo melhor que a do próprio Kardec, pois senão não haveria razão para reencarnar-se.

Mediunidade: uma Rede de Atuações - Paulo Guilherme Muniz

Há muito escreve-se e discute-se acerca da mediunidade, afinal, é um assunto dos mais relevantes para o espiritismo. Ao longo dos anos tenho visto que a responsabilidade do fenômeno mediúnico tem sido colocada única e exclusivamente sobre os médiuns e sobre os espíritos comunicantes. Penso que tal responsabilização não seja de caráter intencional, mas origina-se na própria teoria que tenta explicar o processo do fenômeno mediúnico.

Invariavelmente, nas palestras e nos cursos de desenvolvimento medúnico é passada a mensagem de que a mediunidade é um processo de transmissão de pensamentos entre duas mentes: uma desencarnada (espírito comunicante) e a outra encarnada (o médium).

Estuda-se a aprofunda-se nesse tema, sempre destacando a dualidade espírito-médium.

Mas a prática tem mostrado que tal pensamento acaba sendo um tanto reducionista.

Vamos escrever sobre a mediunidade que ocorre dentro do centro espírita.

Amediunidade institucionalizada tem um caráter muito mais amplo do que aquele que se imagina, do que aquele que se apregoa nas casas espíritas de todo o Brasil, de qualquer linha filosófica. Penso que , tanto os centros religiosos como os de caráter kardecista, aproximan-se muito quando o assunto é a prática da mediunidade.

Reduz-se ao esquema espírito-médium um processo que é , na verdade, mais complexo e que mobiliza muito mais responsáveis do que se pensa.

Vários fatores determinam a responsabilidade pela mediunidade num centro espírita. No esquema que proponho inicialmente, aparecem pelo menos 7 fatores:

1- Histórico

2- Raiz filosófica

3- Espiritual

4- Dirigente mediúnico

5- Médium

6- Espírito(s) comunicante(s)

7- Demanda do público

1- Fator Histórico

O processo mediúnico, anteriormente à prática propriamente dita, serve a um propósito quase sempre determinado por uma história anterior da casa dentro da qual o médium participa. Existe um longo caminho previamente percorrido ao longo de vários anos que pré-determinam uma parte desse imenso processo que é a mediunidade. Se, a casa é assistencialista há um modelo de atuação mediúnica voltado para esse fim. Se a casa é voltada ao estudo, há um modelo direcionado para essa finalidade. Se a casa é mais eclética, haverá dias destinados para cada atividade mediúnica

2- Fator raiz filosófica

Centros espíritas religiosos têm a mesma linha mediúnica do que os centros espíritas laicos? Certamente que não. A raiz filosófica é um dos principais fatores de influência, pois, se o centro é uma instituição religiosa, estando mais ligada a trabalhos assistencialistas , haverá uma tendência de que a mediunidade tenha um direcionamento idêntico, ao passo que, se o centro for de caráter mais estudioso, a mediunidade seja dirigida a esse fim.

Vale lembrar que, para que a mediunidade possa ter um caráter mais centrado no estudo, é preciso que os médiuns, os dirigentes mediúnicos e os espíritos comunicantes estejam de pleno acordo sobre essa linha e tenham esse perfil. Muitas vezes, o desejo é de que a casa seja totalmente voltada para isso, mas no fator histórico predomina um modus operandi diferente do desejo da casa e isso acaba por impedir que a prática mediúnica seja mais científica.

3- Fator espiritual

Há um aspecto da cultura espírita que é o grau de ascendência da equipe espiritual sobre os membros da casa. Na maioria dos centros espíritas, a equipe desencarnada guia os passos , os objetivos , as decisões de suas diretorias. Já em outros, há uma maior troca de idéias nessa relação, inclusive com a não aceitação de algumas sugestões espirituais, o que leva a uma maior autonomia dos dirigentes encarnados. Qualquer um dos modelos que seja adotado por um centro espírita, terá uma consequência particular no prática da mediunidade, pois a espiritualidade será vista de formas diferentes. A equipe espiritual tem sempre um grande peso nas decisões das instituições, mesmo aquelas que são mais autônomas em relação a isso. Além disso, por não vermos a equipe , podemos ter a sensação de que estamos trabalhando sozinhos. Somente o tempo de convivência e as "provas" de sua seriadade é que levam-nos a depositar a confiança necessária na equipe espiritual. A equipe espiritual também é a responsável pelo "clima espiritual da reunião", pela manutenção do equilíbrio vibracional das sessões mediúnicas e, muitas vezes, pela aval do trabalho dos médiuns

4- Fator dirigente mediúnico

Esse fator é importantíssimo para a qualidade da prática da mediunidade, pois o dirigente de reunião exerce um papel fundamental nos centros espíritas. Ao "estrear" numa reunião mediúnica, há o depositar de uma confiança profunda no dirigente, principalmente se é um médium que está iniciando sua prática naquele momento. O dirigente é uma referência primordial para o médium, como se fosse um "segurança" um "guarda-costas" que cuidasse do bom andamento da comunicação impedindo que algo de ruim pudesse acontecer a ele.

Além disso, há a formação teórica do dirigente mediúnico e sua prática , que podem ou não desencadear um fenômeno chamado de vínculo entre ele e o médium. A criação do vínculo entre dirigente e médium é de fundamental importância para a prática medíunica e deve ser entendida como uma responsabilidade maior do próprio dirigente, porque é ele o anfitrião. É o dirigente quem deve realizar o acolhimento do novo membro da reunião mediúnica, pois também é ele quem deve orientar o médium , caso perceba algo que possa estar interferindo de forma negativa na comunicação ou no desenvolvimento do trabalho de forma individual ou grupal.

5- Fator médium

Há médiuns e médiuns. Talves apenas essa colocação seja suficiente para os mais experientes. Mas a coisa não é tão simples assim. A mediunidade não é exclusividade do espiritismo e , por isso mesmo, vários perfis de médiuns acabam por aparacer em uma única reunião mediúnica, mesmo em centros bem apegados à teoria de Kardec.

Essa é uma bagagem de cunho inteiramente individual e que cada médium traz em sua história e dela surgem inúmeras maneiras de ser médium. Portanto, reforça-se ainda mais a importância do dirigente mediúnico, pois é ele quem deve detectar essas diferenças e tentar arranjá-las de modo harmonioso, de acordo com os objetivos da reunião

6- Fator espírito(s) comunicante(s)

Funciona da mesma maneira do médium. Os espíritos que se comunicam são individualidades com suas experiências espirituais e nem sempre sabem o que estão fazendo naquele lugar. Nem sempre estão contextualizados com a reunião. Muitos, inclusive, apresentam dificuldades em compartilhar suas freqüências vibracionais e , muitas vezes, a culpa disso recai sobre o médium, porque pensa-se que o espírito, por estar desencarnado, domina o processo da comunicação com facilidade e nunca há impecílios "do outro lado da vida" . Além disso, outros fatores como falsa identidade, tentativa de dominação do médium e da reunião podem levar espíritos a tumultar o processo mediúnico

7- Fator demanda

do público

Como em qualquer instituição brasileira, o centro espírita também tem aqueles que gostam de "quebrar as regras", tentando dar um jeitinho em algumas situações. A prática mediúnica não ficou imune a esse tipo de comportamento, pois ele acaba sendo inerente ao ser humano. Se o centro fixa uma regra para a mediunidade, as pessoas que buscam auxílio mediúnico tratam de estabelecer, a partir de suas necessidades pessoais, novas regras, que acabam sendo praticadas à revelia das normas institucionais. Atendimentos em horários diferentes daqueles estabalecidos pelo centro espírita são comuns e, muitas vezes, determinam um prática também diferenciada das reuniões formais. Cabe ressaltar que essa quebra de regra não é negativa, não pode-se dizer que deva ser banida. Mas é possível que interfira na atuação de alguns médiuns, principalmente os menos experientes, podendo criar situações perigosas à prática da mediunidade

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar todos esses fatores, podemos perceber o quanto a responsabilidade da mediunidade não pode recair apenas sobre os médiuns e os espíritos comunicantes. É perfeitamente perceptível a influência de diversos aspectos externos à vontade desses dois agentes do processo mediúnico. Daí, podemos concluir que todo e qualquer julgamento que se fizer da prática mediúnica num centro espírita deve ser muito criterioso, principalmente quando é realizado por pessoas que não vivenciam as reuniões medíunicas no seu cotidiano.

O papel de "cuidar da mediunidade" deve ser realizado por pessoas que tenham tido a oportunidade de acompanhar as reuniões com diversos objetivos numa instituição espírita , desde os cursos de mediunidade, passando pelo desenvolvimento mediúnico, até as reuniões de orientação espiritual e de desobsessão. A sensibilidade quanto à prática mediúnica é responsabilidade da comunidade , em especial da equipe dirigente do setor mediúnico que deve entender que seu papel é o de compreender o peso da mediunidade para jovens que se iniciam nessa tarefa. De certa forma, o processo mediúnico ainda é mistificado pelos próprios dirigentes que acreditam ser o esquema teórico espírito-médium a chave da questão. Não é. A questão da mediunidade é uma rede tecida pelos fios do seu histórico, da sua raiz filosófica, da participação da equipe espiritual e dos dirigentes medíunicos, dos médiuns e espíritos comunicantes e da demanda da comunidade. Ao propor alterações, planejar pesquisas e acima de tudo cobrar a qualidade da atuação do médium, é mister verificar se os fatores anteriormente citados foram analisados

Sexo, Sagrado ou Profano ? - Jaci Régis

No dia 29 de maio, participei, a convite, de uma reunião na Universidade Santa Cecília, de Santos, sobre o tema O Sexo nas Religiões. Junto comigo participaram um sacerdote católico e um pastor evangélico. O clima foi muito harmonioso e cada um explicou o modo de pensar de cada religião ou filosofia de vida, como o Espiritismo.

As palavras abaixo reproduzem, aproximadamente, o que falei na ocasião, sendo que foram feitas várias perguntas que os três participantes responderam. A reunião foi realizada no Consistório da Universidade com a presença de cerca de 100 alunos e visitantes.

A visão de homem e de mundo do Espiritismo, não começa no berço, nem termina no túmulo. Ela se expande por um processo evolutivo, em que a alma, o Espírito amadurece, cresce, evolui, ganhando conhecimento, desenvolvendo talentos.

Nesse sentido, a sexualidade em sua essência é bem do Espírito imortal, exercitando em múltiplas encarnações de aprendizado e experiências senhoriais, afetivas, sensíveis. Em outras palavras, a sexualidade é um acervo permanente do Espírito.

Base da vida, no âmbito do mundo corpóreo e componente saliente na formação das estruturas mentais do ser imortal, a sexualidade manifesta-se no plano físico com as características femininas e masculinas, desencadeante do processo reprodutor.

Sendo, como é, o princípio formador da afetividade, em lento desenvolvimento Espírito, a sexualidade procura laços firmes na relação de reciprocidade, buscando o alimento indispensável ao equilíbrio da alma..

Claro que essas manifestações decorrem não apenas do nível evolutivo pessoal, mas também dos parâmetros, dos costumes e da cultura dos povos.

Historicamente, a sexualidade está ligada à moral, quer dizer às ordenações religiosas. Tanto no cristianismo como nas demais religiões, o sexo foi considerado fator de perdição moral, de desequilíbrio pessoal e social. Daí, prescrição de normas de conduta que visavam exercer rígido controle do impulso sexual.

Principalmente para a mulher que, na concepção de pecado e castigo, teria sido culpada, no cristianismo, pela introdução do pecado no mundo e que deveria ser punida com a sexualidade para procriação, sem gozo e muito menos prazer. O mesmo, guardada as proporções para os homens.

Mas para a mulher a virgindade foi exigida como lei, como moral, como guardiã de uma suposta pureza. O sexo feminino deveria exercer-se apenas no casamento e despido, do gozo ou prazer. Para o homem falou-se de castidade, mas tolerou-se o sexo fora do casamento, sem sanções morais mais profundas.

De modo geral, e em decorrência a sociedade ocidental criou uma cultura de repressão sexual e a sexualidade severamente reprimida, tornada mesmo objeto sujo, que as almas de escol deveriam livrar-se. Foi tolerada, como forma de reprodução e de gozo

Reprodução, gozo e prazer

Instrumento da reprodução, o sexo pode e deve ser também instrumento do prazer.

Prazer e gozo, não são sinônimos. O gozo pode ser apenas o momento do espasmo físico, mas o prazer reflete sobretudo a extensão da relação entre dois parceiros.

O gozo pode restringir-se aos mecanismos do coito , circunscrito aos genitais, como qualquer mamífero.

O prazer pede relação, ver e sentir o outro, olhar no olhar, produzir ternura..

Estamos num momento da história ocidental, em que as restrições pessoais e humanas impostas para a mulher caíram. Métodos anticoncepcionais abriram para a mulher a porta do sexo sem gravides. Um sexo, todavia, de gozo e não de prazer.

Criou-se uma cultura sexual sob certa forma perversa, pois condenou-se mental e humanamente tanto a jovem como o jovem , a partir da mais tenra juventude, da adolescência, à "necessidade cultural" de fazer sexo, sem prazer, geralmente, sem gozo, muitas vezes.

Esse rebaixamento ao nível puramente mamífero, sem dignidade e sem afetividade., invade praticamente todas as camadas da sociedade. Nesse delírio de futilidade, sexo tornou-se em si mesmo, uma forma quase única de realização vivencial. Entretanto, n verdade, cria-se uma séria contradição no ser, confundindo-o quanto à dignidade da sexualidade. E, de modo geral leva à insatisfação e ao fracasso íntimo.

Tem-se tentando mascarar essa troca erótica muitas vezes fabricada pela cultura, como uma forma de amor.

Para o Espiritismo, o sexo não é o amor, mas pode se transformar num instrumento de amor.

Isso começa pelo respeito aos parceiros, pela dignidade da relação.

Essas considerações não desprezam, ao contrário, valorizam as forças sexuais que são importantes e decisivas na vida a partir da adolescência, embora desde o berço e, naturalmente, antes dele, o ser é um ser sexual, entendida a sexualidade não apenas no aspecto genital, mas como energia vital a agita-lo para o progresso, para a participação para a busca de níveis mais consolidados de vida e afetividade

A Delicada Questão do Sexo e do Amor

Em 1999 escrevi um pequeno livro, que chamei de A Delicada Questão do Sexo e do Amor.

Nesse livro analisei a emoção sexual e a procura do amor, como formas delicadas a exigir procedimentos que dignifiquem as pessoas. Pois as emoções são os alicerces da vida, É no seu universo afetivo que a alma sofre, cresce, angustia-se e alegra-se, encontra o prazer.

Lidar com esses delicados sentimentos nem sempre é fácil. Muitas vezes é mesmo difícil.

Há dúvidas, há inibições, desejos incompreendidos, censuras internas e externas, valores reais e valores fabricados pela ideologia religiosa, política,.

Tentar encontrar o caminho mais sensato é tarefa que se impõe, e de forma alguma é impossível.

Em cada encarnação, o Espírito imortal repete, mais uma vez, o caminho da descoberta do sexo, como encontro de sua realidade perene e as decorrências do corpo físico, do ambiente e da família . Então, outra vez ele enfrenta o aprendizado e a repetição das sensações, dos desejos e da realidade interior e exterior.

A sociedade, as religiões, a filosofias de vida, como o Espiritismo, precisam estar alertas para oferecer orientações, processos de escolha e diretrizes consistentes para que cada um, desde o lar, desde a sexualidade consolidada ou não do pai e da mãe. Porque, na sociedade, a sexualidade começa a deteriorar-se ou equilibrar-se pela sexualidade dos pais, sem que isso nos coloque num beco sem saída. Essa sexualidade parental sugere diretrizes e caminhos, mas não é uma determinação insuperável.

O Espírito é independente, produz seu próprio caminho a medida que tenta conhecer-se mais adequadamente no plano dos sentimentos e compor sua base de valores morais.

É indispensável manter aberto o canal do diálogo e do entendimento para que cada um pessoa escolher com segurança, pedir socorro, falar de suas angústias e de seus problemas. Para isso é preciso ter a mente aberta, livre de preconceitos e de idéias de controle e acusações..

O niilismo que domina a sociedade, se sintetiza na futilidade e na procura desesperada e insensata do gozo de maneira alinenante . Sabemos que o desvario sexual provoca graves perturbações na estrutura mental. E que o desencanto e a frustração afetiva são motivos de disfunções físicas e espirituais, criando zonas de ansiedade e autodestruição íntima.

Todos tem o direito de amar e ser amados. É necessário criar caminhos para que isso possa ser realizado.

Os produtores de arte, as empresas de comunicação, o consumismo, a disputa profissional, desenham uma sociedade sem objetivos e colocam o ser humano como uma figura em conflito sobre um fundo de futuro sem futuro.

Para ajudar a reação a esse ditadura niilista, o Espiritismo não pode e nem deve estabelecer procedimentos, castrações ou esquecer das variedades de sentimentos, idéias e valores de cada pessoa.

Não castração, nem promiscuidade.

Nem concordância alienada, nem condenação precipitada.

A Filosofia Espírita perante a Filosofia - Alexandre Cardia Machado

Este texto foi produzido originalmente como parte de um estudo conduzido no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, analisando posição do Espiritismo perante a Filosofia

Ao definir o Espiritismo, Kardec disse: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, ciência experimental e doutrina filosófica. Como Ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos. Como Filosofia, compreende todas as conseqüências morais decorrentes dessas relações . (O que é o Espiritsmo – tradução de Wallace Leal V. Rodrigues 23 ª edição SP editora LAKE, 1990 Citação do Prólogo ( pg 8 ).

Veremos que o Espiritismo enquanto filosofia, tem ligações com a Ética, a Metafísica, a Epistemologia

Caráter da filosofia espírita

Em "A Gênese" Kardec sentencia: "A filosofia espirita é dialética: explica a realidade através das suas próprias contradições. O Espiritismo ,se apresenta assim, ..., como uma forma especial do processo do conhecimento. Superadas as fases anteriores da evolução, o homem se torna apto a captar a realidade de maneira mais intensa. Desapareceram os embaraços da superstição e o campo visual do homem se tornou mais claro e mais amplo. O Homem se reconhece a si mesmo como uma inteligência autônoma, atuante na matéria. Reconhecer isto, percebe que a dualidade espírito–matéria, anteriormente percebida de maneira confusa, esclarece-se. A inteligência humana e um poder atuante, que supera também o mistério da morte."(A Gênese – Allan Kardec) Observação indicar onde este texto está em A Gênese).

J. Herculano Pires, em seu livro "O Espírito e o Tempo", esclarece "O Espiritismo, no seu aspecto filosófico, enquadra-se rigorosamente na tradição filosófica, portanto espiritualista, as grandes questões da filosofia são metafísicas e não físicas" . Para ele, O Livro dos Espíritos, em sua ligações com as demais obras da codificação, é suficiente para mostrar que ele constitui o arcabouço filosófico do Espiritismo. Contém, segundo Kardec declarou no frontispício, "Os princípios da doutrina espírita". É, portanto, o seu tratado filosófico. O aspecto didático empregado não descaracteriza o teor filosófico, sendo tão válido ou mais que o emprego de sistema, pois a idéia era, e é, de melhor atingir o grande público. Herculano cita que Descartes também empregou esta técnica, quando escreveu o seu "Discurso do Método" em francês, quando o latim era a língua oficial da filosofia, porque deseja dar-lhe maior divulgação.

O Ético, o racional e o epistemológico na filosofia Espírita

A filosofia espírita abrange o ético, o racional e o epistemológico. Ou seja, não se trata de uma simples filosofia, onde o que domina é a especulação intelectual e a preocupação informativa. Kardec propõe uma base fundamental para a o orientação e transformação humana, unindo o teórico e o prático não sendo portanto uma simples especulação metafísica

Portanto, é possível identificar no Espiritismo, os fundamentos de uma filosofia racional (Epistemológica), Em Prolegômenos, introduzindo O Livro dos Espíritos, Kardec escreve "Este livro é o compêndio dos seus ensinamentos(dos Espíritos).Foi escrito por ordem e sob o ditado dos Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre os prejuízos do espírito de sistema"(LE- tradução José Herculano Pires, Editora EME, maio/1997, pg 49 e 50.

A base da filosofia racional espirita que a diferencia de outras doutrinas é a questão da Fe Raciocinada. Segundo Luis Signates "As relações entre fé e razão desde o principio fazem parte do debate filosófico espirita, com a criação por Allan Kardec do conceito de fé raciocinada. De ponto de vista conceitual, estabelece-se uma contradição aparentemente insuperável, portanto a fé se funda na convicção e a razão na duvida". Signates, A filosofia espírita da fé raciocinada( Jornal Opinião –julho 2002).

Este conceito é claramente expresso por Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, "Fé inabalável só e a que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade". No trabalho acima citado, Signates conclui "fé espirita forma um para dialético inseparável com a razão espirita. Tal idéia significa que a crença espirita é basicamente uma fé que admite dúvida e com ela convive, durante todo o tempo. ...Em contrapartida a razão espirita constitui uma dúvida que se baseia na fé, capaz de fazer emergir as desconfianças naturais da racionalidade sem uma pretensão ética ou cientificista, e que , sobretudo, esta disposta a admitir a crença e a confiança naqueles conteúdos sobre os quais a razão ainda não assumiu uma postura de conhecimento e verificação."

Destacamos os aspectos da Doutrina Espirita que demonstram claramente as bases da filosofia Metafísica, como a Cosmologia e Cosmogonia, pois o Saber metafísico e tão possível quanto o racional; a razão transcende aos limites das suas categorias na medida em que novas experiências lhe são sendo acessíveis; o homem e um processo em que na medida em que se desenvolve supera-se a si mesmo e a suas limitações; não ha zonas interditas ao conhecimento humano; o homem como todas as coisas evolui, e que o destino do homem e transcender-se a si mesmo; o livre arbítrio e o determinismo; desenvolve sua filosofia no campo da mística e alem dela; existência de Deus e leis naturais; a existência da alma e seu ciclo de evolução

Humanismo Espiritocentrico

Por esta via, o Espiritismo funda um novo Iluminismo, cuja formulação acredita na racionalidade como fundamento da fé humana e, por tal razão, confia no aperfeiçoamento das possibilidade da razão como geratriz do aprimoramento da fé. Destaco aqui o entendimento que tenho sobre o que venha a ser a Filosofia Espírita. A grande contribuição absolutamente espírita à Filosofia vem a ser o que denominou Maurice Herbet Jones – humanismo espiritocêntrico, ou seja - o Espi-ritismo vem complementar a idéia Humanista que considera o homem como objeto central de interesse.

Com o advento do Espiritismo vamos acrescentar à questão central, a existência do espirito, criando o Humanismo Espiritocentrista esta síntese se da dentro de um ambiente Iluminista onde razão, conhecimento e moral fundem-se em uma doutrina libertadora.

"A revelação do mundo Espiritual, em seu verdadeiro sentido, ou seja, como o outro lado da vida, ou a outra face da natureza, só poderia ser feita, como demonstrou Kardec, em A Gênese, depois do desenvolvimento cientifico" diz Herculano Pires.

A base da moralidade espirita esta no Livro terceiro de O livro dos Espíritos – as leis morais. Na ética é que a moral espirita se consolida filosoficamente. O Espiritismo não por hipótese mas por fatos, prova a existência do mundo invisível e o futuro que nos aguarda muda completamente o curso das idéias; da ao homem a forca moral, a coragem e a resignação porque não mais trabalha pelo presente mas pelo futuro; sabe que se não gozar hoje, gozara amanha.

Demonstrando a ação do elemento espiritual sobre o material alarga o domínio da ciência e, por isto mesmo, abre uma nova via para o progresso material. Então terá o homem uma base solida para o estabelecimento da ordem moral na terra; compreendera melhor a solidariedade que existe entre os seres deste mundo, desde que esta se perpetua indefinidamente; a fraternidade deixa de ser palavra vã; ela mata o egoísmo, em vez de ser morta por ele e, muito naturalmente, embuido destas idéias, o homem a elas conformara as suas leis e suas instituições sociais

Alexandre Cardia Machado é engenheiro, participa do Centro de Cultura Espírita de Porto Alegre, RS e é colaborador do ABERTURA

VIII SBPE : Temário está praticamente definido - Da Redação

Terminado o prazo para apresentação de Resumos, a Comissão Organizadora recebeu onze trabalhos sobre variados assuntos, que serão a parte principal do temário do VIII SBPE.

O evento que será realizado de 16 a 19 de outubro, em Cajamar, SP, terá além desses temas workshop sobre o tema Auto-conhecimento, reunião da CEPA e possivelmente um workshop sobre reencarnação

ANAIS DO SBPE

Agora os autores terão o prazo até 31 de agosto para remeter o inteiro teor de seus trabalhos, via Internet. Esses trabalhos comporão os Anais do VIII SBPE.

Os anais deste SBPE serão, pela primeira vez, publicados em CD, substituindo os tradicionais livros dos anteriores.

A decisão de formar os Anais em CD decorreu de redução de custos e praticidade.

Os Anais impressos, dada a pequena tiragem, custam muito caro, obrigando a venda ao preço de cerca de R$ 20,00. Com os CD’s a venda poderá ser feita em torno de R$ 5,00 cada um.

LOCALIZAÇÃO DO VIII SBPE

Como das vezes anteriores, o Simpósio será realizado nas dependências do Instituto Cajamar localizado no município de Cajamar, pertencente à região da Grande São Paulo. Na verdade o Instituto Cajamar fica às margens da Via Anhaguera ( quilômetro 46,5 no sentido Interior -São Paulo, entrada pelo conjunto residencial Capital Ville.

As instalações do Instituto são modestas, mas confortáveis. A alimentação é farta e apreciada.

Por fim, ficando as instalações reservadas exclusivamente para o VIII SBPE, cria-se um ambiente muito afetivo, de confraternização total

PARCELE O INVESTIMENTO

O investimento para participar do VIII SBPE será de R$ 190,00, compreendendo a inscrição e a estadia de 16 à noite até 19 ao meio dia, com três refeições: café da manhã, almoço e jantar.

As inscrições poderão ser pagas em até 4 parcelas mensais de R$ 47,50, correspondendo a 4 cheques pré datados nesse valor, se feitas até 30 de junho. Daí para frente o número de parcelas diminuirá, de modo que até 30 de setembro todas estejam pagas.

Entre em contato conosco

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES

Para inscrições e informações utilize nossos endereços:

Av. Francisco Glicério, 261 – CEP 11 065-401 - telefax (13) 3284 2918, Santos, SP, e-mail – ickardecista@ig.com.br e ickardecista@bol.com.br.

Encerrado II Curso de Iniciação à Doutrina Kardecista - Da Redação

Com a entrega de 24 Certificados de Conclusão, terminou no dia 24 de junho, o II Curso de Iniciação à Doutrina Kardecista, promovido pelo ICKS.

A matrícula inicial foi de 50 alunos, permanecendo 26. Os 24 alunos que receberam Certificados compareceram a 80% das aulas.

O curso teve duração de oito semanas, com aulas de uma hora e meia de duração, todas as terças feiras. Ministraram o curso os expositores Jaci Regis, Junior da Costa e Oliveira e Eugênio Lara.

Pesquisa

Uma rápida pesquisa realizada entre os alunos, no término do Curso, mostrou que 96,15% consideraram o curso muito bom e bom. O método usado alcançou 65,4% de aprovação como bom, enquanto 30,8% classificaram com muito bom.

88,46% declararam que tiveram oportunidade de falar e expor suas idéias.

Quanto ao aprendizado, 96,15% declararam que atingiu o que pensavam e apenas um aluno disse que deixou a desejar.

Por outro lado, 88,46% disseram que cursos como o de Iniciação são indispensáveis para estudar o Espiritismo. Apenas três disseram que não.

Finalmente, uma grande parte manifestou que aprendeu uma nova visão da doutrina Kardecista e elogiou, de modo geral, os expositores.

O Seminário sobre a Família teve grande Proveito - Da Redação

Muito bom, foi a opinião da maioria absoluta dos participantes do Seminário sobre a Família, res-pondendo a pesquisa realizada ao fim do evento.

O Seminário promovido pelo ICKS, transcorreu com grande proveito. O método usado foi bastante dinâmico, permitindo uma ampla participação dos par-ticipantes, que debateram em grupos os temas propostos

A Família Ontem e Hoje

O coordenador do Seminário, Júnior da Costa e Oliveira, iniciou o evento com breve apresentação da forma como seria desenvolvido o temário e em seguida apresentou a Assistente Social , professora universitária e psicodramatista Marly Carvalho que, inicialmente, fez um resumo do tema sob sua responsabilidade, A Família Ontem e Hoje. Ela preparou um texto que foi, em seguida, discutido em três grupos sob a orientação de Valéria Regis e Silva, Zilda Maria Souza e Rosana Regis da Costa e Oliveira. Regressando ao auditório, cada grupo apresentou perguntas à expositora que respondeu e comentou com clareza e objetividade

A visão espiritual da família

Após intervalo aproveitado pelos participantes para comentar o tema e tomar um cafezinho, o psicólogo e escritor Jaci Régis, discorreu durante cerca de 30 minutos sobre o tema A Visão Espiritual da Família, expondo a visão espírita do homem e do grupo familiar, sendo muito aplaudido.

A Violência na Família

A psicologia Maria Delfina foi a expositora do tema A Violência na Família. Especialista no assunto, como psicóloga da Justiça que atende aos processo de abusos sexuais e violências familiares, ela discorreu inicialmente sobre o tema e apresentou um texto que foi, em seguida, debatido nos grupos anteriormente formados e supervisionados. De volta ao plenário os grupos apresentaram questões e perguntas que foram comentadas e respondidas pela expositora.

Pontos positivos

Os participantes apontaram como positivos os temas e o desempenho dos expositores e a oportunidade que tiveram, todos, de falar e expor nos grupos suas idéias. Além disso, o método desenvolvido no Seminário foi de agrado total, permitindo o trânsito dos participantes seqüencial e produtivamente.