Capa - Janeiro / Fevereiro de 2002

Editorial

Precisamos de Pensadores

O desenvolvimento de uma mentalidade científica é condição fundamental para que o Espiritismo seja aceito na comunidade humana como fator de influenciação na compreensão dos fenômenos sociais.Verificamos que são poucos os intelectuais espíritas que se dedicam à pesquisa, à reflexão mais profunda e estejam abertos à controvérsia e prontos para analisar as contribuições das ciências na modificação das estruturas do pensamento básico da sociedade.Depois de Kardec, tivemos pensadores como Gabriel Delanne, Léon Denis, Gustave Geley, Ernesto Bozzano, na Europa e Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy e Herculano Pires, entre nós, que embasaram o Espiritismo de suportes de reflexão e contribuíram para aumentar o alcance de nossas idéias.No mundo dos Espíritos, parece que apenas e somente o Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, trouxe contribuições para nosso entendimento, no nível científico, ainda que com toques muito evangélicos. Depois dele não surgiram outras contribuições.A maioria dos escritores encarnados e Espíritos escritores se fixaram no moralismo, no evangelismo em um sentido doutrinante, salvacionista, tentando enquadrar todos os acontecimentos sociais e pessoais no estrito sentido da punição, pervertendo o instituto da reencarnação.Nossas mocidades espíritas circunscrevem-se ao evangelismo, ao teatro religioso e campanhas assistencialistas, sem formar lideranças e pensadores que tragam contribuições ao pensamento espírita, para não falar dos médiuns que se tornaram uma espécie de gurus, personalidades destacadas pelo simples fato de serem médiuns.Precisamos de pensadores e não de doutrinadores.