Da Redação - Setembro de 2001

Brilho e Vibração no Aniversário do Ceak

O Centro Espírita Allan Kardec (Ceak), de Santos-SP, organizou uma série de eventos, nos dias 29, 30 e 31 de agosto e 1º e 2 de setembro, para comemorar o seu 57º aniversário e prestou homenagem ao escritor Krishnamurti Carvalho Dias, recém-desencarnado.
No dia 29 de agosto, Eugenio Lara fez um relato biográfico e doutrinário de Krishnamurti Dias. No dia 30, Jaci Regis, falou da polêmica sobre a chamada questão religiosa do Espiritismo, do qual foi um dos principais protagonistas e exaltou o trabalho do homenageado com o livro O laço e o Culto, editado por ele, na Dicesp. Egydio Regis proferiu, no dia 31, palestra analisando o livro de Krishnamurti sobre Roustaing. Finalmente, no dia 1º de setembro, Milton Rubens Medran Moreira, presidente da CEPA, fez comentários sobre as mais recentes obras de Krishnamurti, No dia 2 de setembro, houve almoço confraternizativo.

Programação Artística

Sob a direção de Sandra Regis, foi organizada uma programação artística com o Coral CEAK Canta, Coral CEAK Toca e Canta e Coral Infantil. O Coral Infantil apresentou uma versão da canção Foi Deus. Eduardo Regis solou, com acompanhamento de violão, percussão e saxofone, enquanto o Coral CEAK Canta apresentou vários números, entusiasmando a platéia, que lotou o salão do CEAK.

Fato e Comentário
Um Quadro Lamentável

A recente aparição do médium Chico Xavier na televisão, mostrou um quadro lamentável.
O grande homem que é Francisco Cândido Xavier merece respeito e privacidade. Suas condições físicas estão demasiadamente debilitadas para enfrentar os trabalhos mediúnicos. Entretanto, ele recebe centenas de caravaneiros que lotam ônibus para vê-lo, mesmo sabendo de suas precárias condições.
A televisão mostrou um homem abatido, sem coordenação motora, a quem se exigia a psicografia de mensagens. A imagem atestava a dificuldade dele em segurar o lápis.
Mas enquanto ele estiver encarnado, seu “fã”, seja porque motivação for, estará em Uberaba para vê-lo, beijá-lo.
Se por um lado, isso pode fazer bem, porque o isolamento seria pior, dever-se-ia ter mais respeito e não expô-lo — a pretexto de que? — a esse esforço inútil e melancólico.
Francisco Cândido Xavier é um pilar no movimento espírita. Não apenas pelas excelentes obras que psicografou, numa etapa de sua vida, como pelo exemplo que sempre deu a todos, elevando seu conceito diante do povo brasileiro.
Devemos ser gratos pelo elevado espírito de desprendimento e segurança com que cumpriu seu mediunato. Pois se há alguém a que se pode atribuir esse título, que significa missão mediúnica, esse alguém é Chico Xavier. De um modo geral todos fomos beneficiados pelo seu trabalho. E muitos certamente o amam pelo ser humano que ele é. Mas por isso mesmo merece respeito, carinho e cuidados para não expor sua imagem de maneira tão triste.

Cartas Abertas: A Verdadeira Face de Cristo

Apenas a título de curiosidade desejo observar que Cristo não é um nome, mas um atributo... Deixemos, porém. isto de lado. Não vou louvar-me na descrição que faz Emmanuel em seu livro Há Dois Mil anos. Nem estou escandalizado pela demolição da imagem usual que se fez de Jesus. Questiono porém a validade da hipótese aventada por Richard Neave, da Universidade de Manchester. A partir de um único crânio pretende-se reconstituir a verdadeira(??!!) fisionomia de Jesus. Por que Jesus? Por que não de um dos seus apóstolos ou de todos eles? Ou de Herodes, ou de Barrabás? Seria o povo judeu uma raça pura a tal ponto que um único crânio sirva de parâmetro para padronizar a fisionomia de qualquer indivíduo daquela comunidade?(...) Passemos agora ao artigo O Rosto de Jesus, de Henrique Rodrigues. “A ciência acadêmica que foi e sempre respeitada pela doutrina espírita, nos revela o que aproximadamente deve ter sido o rosto de Jesus”. A afirmação é precipitada. Não foi a ciência acadêmica. Foram apenas alguns cientistas (na realidade apenas um foi citado). Quando houver consenso universal é que se poderá falar em ciência acadêmica. Por enquanto é apenas hipótese. Logo, discutir se Jesus era bonito ou feio é inútil. Entretanto, a figura que aparece na página é a de um homem primitivo, perplexo, pávido, temeroso de um porvir que ignora e seu olhar perdido demonstra que não sabe por que veio ao mundo. Seria o perfil psicológico de Jesus? No mísero rosto, comporto pelo cientista não se nota menor sinal de inteligência, sabedoria e serenidade, qualidades que Jesus tinha em grau elevadíssimo. Desejo agora responde às perguntas formuladas por Henrique Rodrigues (cuja irreverência lembra a de um exaltado cantor de rock, mais do que um parapsicólogo). “Por que Jesus não poderia ser vesgo? Ter um nariz torto? Sem cabelos longos?” Pois bem: a ciência acadêmica assinala (e neste caso há consenso universal) o aparecimento do homem como um milhão de anos atrás, aproximadamente. Tomando-se como guia a Teoria da Evolução, de Darwin, sabemos que as características físicas vêm evoluindo gradativa mas incessantemente. Diante de tudo isso, torna-se patente a paralelidade entre a evolução física e a espiritual, embora esta última não seja retilínea. Ora, Jesus que, ao reencarnar há cerca de 2 000 anos, não tinha débitos, era sumamente inteligente, sumamente sábio, sumamente sereno, deveria, sim, ter encarnado num envoltório refinado, cujo semblante espelhasse as virtudes que lhe eram ( e são) peculiares. É claro que tais peculiaridades nada têm a ver com a cor da pele ou dos cabelos ou da barba, etc. Finalizando, não vejo razão para a suposição de que o rosto de Jesus fosse semelhante àquele publicado. Entretanto, se eu estivesse enganado, o triunfo seria dos espíritas-místicos-católicos-evangélicos, que adoram pregar que a matéria não “presta, é suja, é maléfica, desprezível. Eu fico com Kardec, com Bacon e com Galileu.
Nassif Cury - São Paulo-SP.

Cartas Abertas: O Rosto de Jesus

Não concordo em que a discussão sobre o “rosto de Jesus” seja simplesmente fútil ou deva apenas e tão somente ignorada, como deu a entender o editorial de Abertura do mês de julho. Prefiro ficar o enfoque dado pelo professor Henrique Rodrigues na sua matéria do mês anterior.
São desses “insignificantes detalhes” que nascem os grandes problemas, sem que percebamos. Sabe-se, por exemplo, que o preconceito contra os judeus na Alemanha se fortaleceu com a tese de um nacionalista chamado Paul Lagarde que, antes da 2ª Guerra, já proclamava para o povo de seu país que Jesus tinha sido um judeu ariano, perseguido e sacrificado por judeus semitas. Consta-se que esse movimento concorreu para o surgimento do nazismo (antisemitismo), que propunha o exílio de todos os judeus da Alemanha para a África. O que resultou dessa calamitosa doutrina política todo mundo sabe. E o fato de os espíritas adotarem o mesmo Jesus ariano dos pintores renascentistas - alto, loiro e de olhos azuis, que hoje é utilizado para ilustração de livros e cartazes do movimento, pode ser uma forma ingênua de estarem trazendo para a Doutrina Espírita a idéia de que Jesus, sendo um Espírito elevado, encarnou com os caracteres próprios de uma “raça superior”, contradizendo tudo quanto o Espiritismo tem ensinado pelas obras de Kardec de que o valor do homem está no espírito e não no corpo.
São esses pequenos expedientes que nascem, desenvolvem e se enraízam os grandes erros, os quais devem ser combatidos desde a origem.
À propósito, escrevi para o “Correio Fraterno do ABC”, edição de junho, uma matéria nesse sentido.
José Benevides Cavalcante
Garça-SP.

Estabilidade

Ao longo da história do Espiritismo neste País, muitas experiências na área da divulgação cultural já foram implementadas. Boa parte delas se perdeu pelo caminho. Volta e meia vemos propostas, aparentemente arrojadas e inovadoras, que ressurgem como se antes nada houvesse. Amiúde, parece até que a história se repete. Pensa-se que há o avanço, no entanto, é como naquela máxima do Eclesiastes: “nada de novo debaixo do sol”.
Contudo, uma idéia, quando verdadeira, quando não se choca com a naturalidade das coisas, tende a se firmar, a se instituir, a marcar posição, servindo como modelo para projetos vindouros.
Queremos nos reportar a duas propostas básicas que sempre se chocaram desde o surgimento do Espiritismo por aqui. A que se pretende cultural, reflexiva, filosófica, ética, participativa, científica. E uma outra, mais pragmática, voltada para o intimismo consciencial, para o reduto da fé pessoal, benemerente, da realização intuitiva, mística mesmo. Cada qual, em sua realidade, marca posição, efetua realizações, se materializa em empreendimentos, quase sempre pautados pela boa vontade.
Como no Brasil a segunda proposta citada se mostrou hegemônica, com instituições consolidadas, qualquer alternativa a ela é vista como um assédio indevido, uma irreverência desmedida, um atrevimento oriundo de significações malignas. Nada mais natural do que reagir contrariamente ao corpo estranho, isolando-o, usando-se de todas as armas possíveis a fim de garantir a imunidade do sistema.
Pois aí que está a chave do sucesso de qualquer proposta. A estabilidade. Ser e estar estável. Se muitas propostas se perderam, hoje vemos que várias delas se consolidam a cada dia que passa. Nesse sentido, o Espiritismo terá de ser cultural senão morrerá enquanto idéia renovadora.
A cultura espírita, seja no discurso da atualização doutrinária ou na construção de um pensamento espírita imbricado na contemporaneidade, prescinde de uma estabilidade formal e estratégica, que se materializa a cada passo que se dá no rumo da elaboração da idéia geradora, presente no pensamento kardequiano.
Uma construção cultural que nasce da abertura de idéias, mergulhada na humildade da autocrítica permanente, se tornará perene, sobreviverá ao tempo e, mesmo que momentaneamente esquecida, atacada ou desprezada, será lembrada, retomada e, portanto, renovada em seus princípios, adequando-se aos novos tempos. A idéia kardequiana é, nesse aspecto, exemplar, pois traz em seu bojo uma visão de mundo que transcende a materialidade das coisas, projetando-se em busca de novos horizontes que hoje têm se expressado na elaboração de eventos, construções culturais e artísticas, de instituições confederativas, científicas, enfim, de um aparato formal necessário à livre expressão do pensar espírita.
A estabilidade do projeto construtivo de um Espiritismo verdadeiramente kardecista, filosófico, cultural, ético e sedento de renovação moral e social, sobreviverá ao tempo, ainda que o obscurantismo doutrinário pareça um bicho-papão, mas que, na verdade, constitui-se tão-somente em mais uma sombra a ofuscar a luminosidade das idéias sadias e, portanto, radicalmente renovadoras.

Confira a Programação do VII Simpósio Brasileiro

Além dos espaços para os temas, workshop e seminários, haverá um programa de lazer à noite e prática de esporte. Tudo foi preparado para que o VII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, a exemplo dos anteriores, seja um espaço de cultura, lazer e confraternização, de reencontros.
Pelo que está sendo observado nas inscrições já realizadas, muitos novos participantes estarão presentes, aumentando o leque de pessoas envolvidas com a cultura kardecista.
Veja abaixo a programação das atividades do simpósio.

No dia 13, às 17h30, a Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA) realizará uma reunião do seu Conselho Executivo dos Delegados, sob a coordenação do presidente Milton Rubens Medran Moreira. Na ocasião, serão tratados assuntos de importância, como os preparativos para a Conferência Regional da CEPA, a ser realizada no próximo ano, na Capital.
Algumas entidades farão sua adesão formal à CEPA, inclusive o Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS).

Dia 11/10

21 horas
Abertura - Espetáculo musical

Dia 12

Das 9 às 10h30

A ação de Deus segundo o Espiritismo
Rui Paulo Nazário de Oliveira

Ensaio sobre o modelo matemático dos Espíritos e do plano dos Espíritos
Renato Gomes dos Reis
O Pensamento pós-moderno e o Espiritismo
Luís Fuchs
10h45 às 12h15

Musicoterapia: uma opção para o tratamento de problemas físicos, psicológicos e espirituais
Bertha M. de Andrade Vidili
Seremos todos
espíritas?
Da utopia ao sonho
Wilson Garcia

Pesquisas Genéticas: implicações bioéticas e espirituais
Ademar Arthur Chioro dos Reis
Das 14 às 17h15

Curso

Contribuições das teorias linguísticas para a atualização do Espiritismo
Dinorá Fraga da Silva

Workshop

Depressão e estresse: como não entrar e como sair
Jaci Regis
Avaliação da pesquisa mediúnica
Reinaldo Di Lucia

Dia 13/10

Das 9 às 10h30

Educação espírita e desenvolvimento sustentável
Orlando Villarraga

Sócrates e Platão: precursores do Espiritismo?
Reinaldo Di Lucia

Seminário

Genética e Espiritismo
Alexandre Cardia Machado

10h30 às 12h15

O sono: uma abordagem médica e espírita
Maria Cristina Zaina
Apometria
Sebastião Catai

Das 14 às 15h30
Amélie Boudet:
uma mulher de verdade
Eugenio Lara

Mediunidade de hoje
Carlos Alberto Grossini

Panorama da canção espírita do Brasil
Saulo de Meira Albach

Das 15h45 às 17h15

O perispírito na gestação
Jaci Regis
Para uma semiologia no estudo da reencarnação
Sady Carlos de Souza Jr.

17h30

Reunião do Conselho de Delegados da CEPA
Coordenação de Milton Rubens Medran Moreira, presidente da Confederação

Dia 14/10

Das 9 às 11 horas

Gincana da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade

11 horas

Encerramento