Da Redação - Março de 2001
Para quem Gosta de Estudar
Publicação
reúne aulas ministradas pelo escritor espírita Deolindo Amorim
A Editora Circulus, departamento editorial do Círculo
Espírita da Oração, de Salvador-BA, lançou no final do ano
passado uma obra para quem gosta de estudar o Espiritismo com
seriedade. Trata-se do Cadernos Doutrinários - Preleções para
o Estudo do Espiritismo, reunindo aulas semanais proferidas pelo
escritor baiano Deolindo Amorim (1906-1984), no Centro Espírita
18 de Abril, fundado por ele, em 1946, do qual foi seu primeiro
presidente. São cinco cadernos abrangendo os seguintes temas:
Caderno 1: Deus, Matéria, Origem das Coisas, Criação do
Universo;
Caderno 2: Noções de História da Filosofia, Princípios Gerais
do Espiritismo;
Caderno 3: Fenomenologia, Doutrina (Noções Gerais, Posição do
Espiritismo na escala dos conhecimentos, Relações entre o
Espiritismo e outros ramos do conhecimento, Noções relativas à
parte histórica do Espiritismo, Estudos Complementares);
Caderno 4: Didática Espírita, Mentalidade Espírita,
Conhecimento empírico e conhecimento metódico, Etapas do
Conhecimento, Atualidade da Codificação de Allan Kardec, Caráter
da Doutrina Espírita;
Caderno 5: Origem, Plano e Conteúdo do Livro dos Espíritos,
Relações do Livro dos Espíritos com as outras obras da
Codificação do Espiritismo, Unidade da Doutrina, Leituras,
Estudos Complementares, Literatura.
Estilo Professoral
Krishnamurti de Carvalho Dias, recém-desencarnado, que foi
vice-presidente do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, também
fundado por Deolindo, assim se pronunciou-se sobre o seu estilo
de ministrar aulas: A Tribuna do Movimento modificou-se
sensivelmente sob a pressão do seu exemplo: em lugar da oratória
nos moldes convencionais, que se arrimava em padrões de eloqüência,
ora ao figurino sacro, ora ao estilo parlamentar, de
comemorativos sociais etc., Deolindo inaugurou um estilo muito
seu, que fez escola e difundiu-se. As aulas de Espiritismo.
Ouvindo-o tinha-se a impressão de ter voltado aos tempos
escolares, o ambiente do Centro convertia-se numa sala de aula.
Era um estilo professoral, comedido, pausado, didático, sem
arroubos, mas que transmitia com segurança, que é o que
importa. Era o que projetava aonde quer que fosse. Não era
propriamente o orador mas o professor, o mestre, pontificava como
se estivesse à frente de uma classe, lecionando. (in
Deolindo Amorim, Sua Vida, Sua Obra. Autores Diversos. Ed.
CELD/ICEB, 1999)
Eis algumas ponderações, extraídas do livro, deste que foi um
dos maiores pensadores espíritas do Século 20: O estudo
da História da Filosofia é necessário à cultura espírita
para que se possa ver a posição do Espiritismo em face das
escolas e doutrinas filosóficas. (p. 28)
O Espiritismo tem os seguintes princípios básicos:
imortalidade da alma, reencarnação, existência de Deus. Pelo
enunciado destes princípios, qualquer pessoa que não conheça o
Espiritismo já sabe que está lidando, ou vai lidar, com uma
doutrina imortalista, reencarnacionista e deísta. Tem-se aí a
idéia geral da Doutrina. (p. 29)
Muita gente, como já dissemos, supõe que o Espiritismo é
apenas fenômeno, é conversar com os mortos... Se os
estudiosos em geral conhecessem o conteúdo moral e filosófico
do Espiritismo, compreenderiam a conexão de certos postulados do
Espiritismo (parte doutrinária) com os postulados da Sociologia.
(p. 61)
Há muita gente que estuda e conhece o Espiritismo e nem
por isso tem mentalidade espírita. Assim como se encontram
pessoas que acreditam no Espiritismo e têm mentalidade católica,
porque ainda falam em castigo do céu, ainda aceitam o pecado
original, ainda têm medo de Deus, também se encontram pessoas,
que embora se digam espíritas, porque acreditam nos fenômenos,
ainda têm mentalidade materialista, porque vivem,
exclusivamente, em função dos interesses materiais... (p.
79)
O homem que duvida, mas duvida honestamente, porque deseja,
sobretudo, a Verdade, merece o nosso respeito. Nem todos podem
entrar no Espiritismo pela via racional ou pela via sentimental:
é necessário que outros se convençam pelos fatos, pelas provas
diretas. E tudo isto carece de tempo. Não devemos, nunca,
menosprezar a atitude daqueles que buscam o fenômeno com o
desejo de firmar convicção. Antes começar duvidando, porque,
às vezes, a dúvida é necessária, do que começar acreditando
em tudo e, depois, tornar-se fanático. (p. 87)
É certo, é indiscutível que, depois da Codificação de
Allan Kardec, o Espiritismo recebeu muitos enriquecimentos,
muitas contribuições apreciáveis, e é natural que assim seja,
porque, se tal não acontecesse, a Doutrina ficaria parada, sem
evolução. Acontece, porém, que esses enriquecimentos e essas
contribuições não invalidaram as bases da Codificação.
Muitos problemas, que estão sendo, hoje, apresentados como
novidade, porque trazem roupagem nova, já foram discutidos e
interpretados na obra de Kardec. (p. 97)
Os Cadernos Doutrinários são uma opção para os que desejam
iniciar estudos sérios de Espiritismo, discutir e compreender os
seus princípios. Para quem se interessar por esta obra segue o
endereço da editora: R. do Salete, 179 - CEP: 40.070-200
Salvador-BA - fone: (02171-328-2031). E-mail: circulus@svn.com.br
Manter o Equilíbrio
O país vive um momento delicado, principalmente
com o grande desemprego e a violência. Segundo as versões
oficiais, tudo decorreu de várias crises internacionais, que
mostraram a fragilidade da estrutura financeira do Brasil.
Embora seja uma das 10 maiores economias do mundo, todos, sem
exceção, concordam que a distribuição da renda é injusta e
que uma grande parte da população vive abaixo do nível da
miséria.
Diagnosticada a situação, variam as soluções.
Os opositores do governo aproveitam-se das circunstâncias e
lançam contínuas manifestações populares para desestabilizar
o governo e derrubar o presidente da República, eleito pela
população, numa versão de golpe de Estado populista.
O pessimismo e as articulações políticas produzem nas mentes
desavisadas um ciclo de pessimismo e isso é estímulo para
atitudes negativas, gerando agressões e destemperos.
Devemos analisar os fatos e manter o equilíbrio possível. O
Espiritismo tem um compromisso com a democracia e repudia golpes,
ditaduras e atitudes prepotentes.
Não devemos menosprezar o valor do pensamento e evitar entrar
nas ondas negativas, nos discursos demagógicos, sempre
aproveitando-se dos momentos de inquietação para lançar
dúvidas e provocar reações tempestuosas.
É preciso que mantenhamos nosso pensamento equilibrado, não
contribuindo para piorar o ambiente mental. Em princípio,
devemos confiar na democracia e na manutenção dos poderes
constituídos.
Certamente cada um tem o direito de manifestar sua insatisfação
e exigir soluções. Mas não traz benefício algum para o país
a baderna, a agitação e a manutenção de slogans
anti-democráticos, que são as armas da perturbação.
O pensamento equilibrado e a cautela são também instrumentos
para ajudar a sair da crise, na medida em que diminuem as
pressões e os desequilíbrios, que acabam por atingir os que
detém a difícil tarefa de governar. Certamente, isso por si,
não resolve a crise. Mas não podemos desprezar a importância
de um clima menos depressivo, a fim de que os responsáveis
tenham condições mentais para o encaminhamento da solução dos
problemas.
Fato e
Comentário
Genoma e Espírito
Em artigo publicado no jornal O Estado de São
Paulo, Gary Stix, um dos editores da revista Scientific American,
analisa os resultados de divulgação do mapa do genoma humano,
anunciado este mês.
Segundo os cientistas, o número estimado de genes é de 30 mil,
um terço do que era previsto. E além do mais, segundo o autor,
Albert Einstein tinha apenas 1% mais genes do que um rato e
50% mais do que um nematódio, uma lombriga. E adiante ele
escreve é preciso algo mais para explicar por que uma espécie
elabora uma teoria geral da relatividade, enquanto, para outra
espécie , o ápice da realização é escavar um labirinto de túneis
por baixo da terra. A resposta imediata para essa charada é a
seguinte: - São as proteínas, seu tolo...Por fim
ele conclui: Nós sempre teremos a capacidade do bem e do
mal, do altruísmo e ou da apatia, do chocolate ou da baunilha e
termina citando Robert Elliot Pollack Estamos presos à
liberdade. Não podemos expulsá-la do genoma.
As pesquisas sobre o genoma mostram que o número de genes não
elucida a diferença entre o rato e o homem. A diferença está
na natureza espiritual. O homem é um Espírito.
Cartas Abertas
Calmo, pensador
emérito, alegre...
Abertura foi muito feliz na publicação, em
dezembro de 2000, do trabalho do sr. Jaci Regis, intitulado
Deolindo Amorim, o filósofo e didata do Espiritismo.
Fui discípulo (de 1857 a 1984) e amigo (e sou) de Deolindo e
avalizo este trabalho: filósofo, e que filósofo! Dos melhores
no Espiritismo, de todos séculos, tanto que pertencia à
Sociedade Brasileira de Filosofia, onde ocupava a cadeira nº 8,
cujo patrono, por escolha deste saudoso escritor baiano, era um
dos seus escritores preferidos, o renomado pensador Léon Denis
o insigne poeta-filósofo do Espiritismo.
E didata, e mais que didata! No meu entendimento, justamente por
essa característica: Um dos melhores, porque não dizer, o que
mais me agradou, expositor espírita que conheci. Deolindo
Amorim, a meu ver, senta-se na primeira fileira dos escritores
espíritas de todos os tempos, logo, inclusive no século 20,
obviamente.
Certa vez, em visita à minha residência, lembro-me bem e eu
guardei essa sua preferência, que me animou ainda mais a
segui-la, ele me disse que procurava o estilo didáticona
sua atuação como espírita. E nosso arguto Jaci Regis
identificou-a, no profícuo seguidor, em terras brasileiras de
Allan Kardec, que foi um grande didata, discípulo de Pestalozzi.
Deolindo Amorim e quanto mais se falar dele melhor, o maior
autodidata que conheci, tinha fome de saber, foi um exemplo a
seguir. Eu, confesso, jamais o vi escorregar
doutrinariamente; calmo, pensador emérito, alegre. Que saudades!
Vale a pena para nossas reflexões chamarmos Deolindo: (...)
Devemos ser espírita pela doutrina, sempre pela doutrina, acima
das instituições e dos homens.
Fraternalmente,
Luiz Damasceno Lemos - Rio de Janeiro-RJ
Radiografia da Deturpação do Espiritismo
A deturpação do Espiritismo começou logo que
ele se instalou no Brasil. Os primeiros espíritas não tiveram
estrutura mental e emocional para absorver o pensamento de Allan
Kardec. Derivaram para o evangelismo, atendendo às próprias
tendências: fruto do roustainguismo.
O movimento espírita engatinhou pelo menos 50 anos até que veio
o boom de Chico Xavier. Desde então verificou-se que
o roustainguismo estava visceralmente infiltrado no pensamento
espírita brasileiro, influenciado por Bezerra de Menezes e seus
parceiros, com a fundação da Federação Espírita Brasileira.
Isso porque Emmanuel, guia de Chico Xavier, só fez acentuar esse
desvio fundando oficialmente a religião espírita e referendando
a cristolatria inaugurada pelo Anjo Ismael. Ambos afirmaram, como
Espíritos Superiores, que o Espiritismo tem por missão
restaurar o evangelho e como tal existe entre ele e as igrejas
cristãs um laço muito forte, mesmo que estas o rejeitem.
Esse afastamento da real estrutura do Espiritismo Kardecista
originou uma sub doutrina espírita, um pseudo-Espiritismo, cujos
alicerces repousam claramente nas idéias de Roustaing, Emmanuel
e outros ligados ao cristianismo. Tornou-se aceito porque os
dirigentes espíritas de todos os níveis, em sua esmagadora
maioria, desconhecem o pensamento de Allan Kardec. Oriundos do
catolicismo sentem-se em casa com essa derivação
evangélico-mediúnica a que se reduziu o projeto inicial do
fundador do Espiritismo.
A imagem do Espiritismo brasileiro é religiosa, confundida com a
umbanda e cultos afro-católicos. Todo o esquema de atuação está
assentado sobre os pressupostos do catolicismo, isto é, culpa e
castigo e esse é o pensamento central desse pseudo-Espiritismo.
Além de Roustaing, outros personagens entram nessa história:
Emmanuel (Chico Xavier) Joanna de Angelis ( Divaldo Franco),
Edgard Armond e até Pietro Ubaldi, bem como outros que nada têm
com o pensamento de Kardec. Aliás, ele é o grande excluído.
Existe um grupo de espíritas que se autodenomina de autênticos
kardecistas e que se esmera num ferrenho combate à Federação
Espírita Brasileira e ao roustainguismo, centrados no detalhe
absolutamente desprezível do corpo fluídico de Jesus. No dizer
de Krishnamurti de Carvalho Dias, esse é o boi de piranha
que possibilita a entrada de conceitos contrários à grande
contribuição kardecista, que é a imortalidade, a lei da evolução,
progressiva e contínua.
Entretanto, esse grupo autêntico, curiosamente,
aceita o aspecto religioso do Espiritismo e de certa forma a
cristolatria roustainguista ao apoiar-se nas teses de Emmanuel
sobre a evolução em linha reta e o papel de governador
do planeta atribuído ao Cristo, quando nada disso pode ser
autenticamente encontrado no pensamento genuíno de Kardec.
Enfim, os combates margeiam o político e o imaginário, pois
esses tais de espíritas autênticos continuam
acreditando que Kardec foi apenas o codificador e não o fundador
do Espiritismo. E ainda continuam atrás do mito cristão do
salvador e do mito judaico do messias.
Não aprenderam a lição histórica da evolução geral e do
sentido progressista de Kardec. Apegam-se ao aspecto místico da
revelação sobrenatural, na chefia mítica de Jesus Cristo, como
o Espírito da Verdade e daí por diante.
Há mais de 30 anos estamos lutando, muitas vezes solitariamente,
pela instalação da doutrina kardecista, única forma de salvar
o Espiritismo fundado por Allan Kardec de naufragar. Porque o
Espiritismo que se pratica e se propaga no Brasil, de modo geral,
não foi fundado e nem codificador por Kardec.
Pela Internet
Os debates na Internet, através das listas espíritas, às vezes
trazem interessantes contribuições para a reflexão dos
participantes do Espiritismo. Reproduziremos as opiniões que
foram expostas sobre a evangelização e o roustainguismo.
A divulgação da realização de um Curso para Evangelizadores,
em Araras-SP, provocou a intervenção de vários espíritas.
Carlos de Brito Imbassahy
Sexta-feira, 5 de Janeiro de 2001.
O conceito de Evangelizador espírita foi introduzido em nosso
meio pela Federação Espírita Brasileira (FEB) com o único
intuito de difundir Roustaing e seus quatro evangelhos
inteiramente contrários à posição de Kardec.
A figura do evangelizador nunca foi idealizada por Kardec em
nenhum momento, nem mesmo em seu terceiro livro da Codificação
que trata dos textos em tela, ele jamais admitiu a sua existência.
Além disso, esta obra não é um panegírico dos livros bíblicos
contidos em O Novo Testamento.
Pelo contrário, é um ensaio e crítica do mesmo, chegando a
ponto de condenar alguns de seus textos.
Leiamos, por exemplo, o que Kardec diz no cap. XIV do ESE, no
item 6, ao fim (tradução da FEB 105ª ed., pg 247), sabendo-se
que não é a melhor versão do texto original. Assim mesmo,
leiamos, referindo-se a Jesus:
Se certas proposições suas se acham em contradição com aquele
princípio básico, é que as palavras que se lhe atribuem foram
ou mal reproduzidas ou mal compreendidas, ou não são suas.
Ora, portanto, Kardec não endossa plenamente os evangelhos e,
como tal, não poderia adotar o evangelizador cujo único fito,
atualmente, é o de tumultuar a divulgação doutrinária em
detrimento dos verdadeiros ensinamentos do codificador.
E nem podemos dizer que seja para pregar a moral cristã em nossa
meio porque ela fere formalmente os conceitos básicos do
Espiritismo.
Senão vejamos:
Segundo os evangelhos cristãos, o que salva a criatura é crer
em Jesus, aceitá-lo, mesmo que seja no momento agônico,
independente de seus atos de vida. Este terá o lado de Deus no
julgamento final, mesmo que tenha tido uma vida de crimes e
falsidades. Já aquele que não teve essa oportunidade, estará
condenado às penas eternas, independente de ter sido uma boa
pessoa e só cometido atos bons.
Outro ponto evangélico controverso e que fere frontalmente o
Espiritismo é não aceitar a reencarnação, em hipótese
nenhuma nem admitir que nos comuniquemos mediunicamente com os
desencarnados.
Poderíamos arrolar uma lista enorme de choques existentes entre
os evangelhos e o Espiritismo, mas bastas os dois fundamentais, o
primeiro, onde, para a doutrina dos Espíritos, que prega a
reforma íntima e o segundo que nos reencarnamos para resgatar
nossos débitos cumprindo a lei do equilíbrio universal (a toda
ação corresponde uma reação igual e contrária) que, no caso,
é o assim como fizeres, assim achareis.
Por outro lado, se analisarmos a obra inteira de Kardec,
inclusive o ESE, não vamos encontrar, em lugar nenhuma, sua
recomendação que se evangelize o seguidor dos ensinamentos dos
Espíritos.
Está na hora de darmos um basta ao igrejismo em nosso meio e
abolir as instituições estabelecidas pela FEB com o intuito de
difundir Roustaing.
Milton Rubens Medran Moreira
Querido Imbassahy:
A partir do mote evangelização, você toca, com o
brilho que lhe é característico, num dos pontos mais delicados
que precisamos enfrentar agora, quando cresce a consciência de
que é hora de precisarmos o que é e o que não é Espiritismo.
E aí precisamos ter coragem de dizer que o Espiritismo não é
cristão e não é evangélico, porque há, como muito bem você
salientou, pontos que são essenciais do cristianismo (enquanto
visão de Deus, de homem e de mundo), que são absolutamente
inconciliáveis com a filosofia espírita. Você citou alguns que
oferecem argumentos irretorquíveis Além de cumprimentá-lo pela
bela síntese, gostaria de lhe pedir autorização para publicá-lo
em Opinião e Cepa Brasil.
Um grande abraço.
Carlos de Brito Imbassahy
Meu caro Milton.
Um outro grande inimigo do Espiritismo é o grupo dos jesuítas,
no caso, representado por Emmanuel, através do médium Chico
Xavier, corroborado por uma irmã de caridade que se subscreve
como Joana de Ângelis, através do Divaldo, e que
tentam, a todo pano, transformar a codificação em mais uma
seita evangélica.
Por sinal, como dizia Guerra Junqueiro em versos alexandrinos, no
seu famoso calembour:
Ó jesuítas, vós sois dum faro tam astuto,
Tendes tal corrupção e tal velhacaria
Que é incrível, até, que o filho de Maria
Não seja inda velhaco e nem inda corrupto
Andando ha tanto tempo em tam má companhia!
Pois Emmanuel foi um deles, expulso do Brasil pelo marquês do
Pombal ante os males causados pela sua Ordem Católica.
E os espíritas estão caindo na esparrela por um simples motivo:
massificação da Igreja sobre a mentalidade dos nossos cidadãos.
Está na hora de separarmos os verdadeiros espíritas dos espiritólicos,
ou seja, dos que continuam sendo católicos.
Você tem toda permissão de usar minhas idéias onde quer que
seja. Eu sustento o que afirmo, em qualquer situação.
Aquele abraço amigo.
Jaci Regis
12 de Janeiro de 2001.
Sobre o debate sobre evangelização, muito bem colocado pelo
Carlos de Brito Imbasahy, lembro que em 1978 lançamos a
Espiritização como forma de afirmação do pensamento espírita.
Fomos naturalmente muito combatidos e somos ainda. Fico feliz
porque alguns segmentos, bem poucos é verdade, se insurgem
contra o catolicismo roustainguista e do domínio de Emmanuel e
Divaldo Franco sobre a massa de pseudo-espíritas, acobertados
pelo manto do misticismo. Os que Imbassahy chama de espiritólicos
e espíritas-cristãos, ficam sempre alegres quando um padre
afaga o Espiritismo ou quando participam de cultos ecumênicos,
em nome de uma doutrina que não tem culto. Penso se o
Espiritismo tem cura
Ademar Arthur Chioro dos Reis
Jaci,
Estive pensando, ao ler essa sua mensagem, se não seria
interessante você agregar uma sessão ao Abertura que inclua
artigos anteriormente publicados no EU (Espiritismo e Unificação)
e que permitisse resgatar o processo histórico de construção
desta visão ética do movimento que compartilhamos.
Não sei se deveria obedecer a algum critério cronológico, mas,
com certeza, poderia iniciar resgatando a proposta de espiritização
(a maioria das pessoas que estão conosco na CEPA - brasileiras
ou não , desconhecem toda essa história e sua importância).
Aureci Figueiredo Martins
Evangelização versus Educação
Prezados co-idealistas espíritas.
Li com agrado o texto acima, pois cada vez mais cresce em mim o
desconforto ao falar de evangelização no movimento espírita,
porque esta palavra está comprometida com o processo autocrático
(catequético) de imposição de dogmas pelo cristianismo histórico
que, como é óbvio, muito pouco tem a ver com a lídima mensagem
do meigo Rabi da Galiléia, pois como sucessor do Império
Romano moveu-se, e move-se ainda hoje, sedento de poder e
de dominaação das consciências imaturas.
Já é hora de nós, espíritas, abandonarmos certos atavismos
dogmáticos, inculcados em nossas mentes ingênuas pelos
autoproclamados representantes de Deus pelo método
da repetição sistemática, ao longo dos séculos passados.
Estes resíduos de uma hipnose obsidente e profunda, que ainda
persistem em nossos mais profundos refolhos mentais, nos levam a
confundir a mensagem crística de amor à verdade com mentiras
enfeitadas que nada tem a ver com Jesus.
Por que insistirmos com palavras que não expressam corretamente
o que pensamos, com o que queremos dizer?
Li, portanto, com bons olhos, a sugestão de substituirmos a
palavra comprometida evangelização por educação.
Afinal, não foi o de educador o único título
reivindicado por Jesus Vós me chamais mestre! e dizeis
bem, porque eu o sou.
Lembro, por oportuno, que a palavra grega evangelia
significa apenas mensagem. Dizia-se de qualquer
mensagem (boa ou má) transmitida por um evangeliador
(mensageiro). Portanto, tinha um significado muito diferente do
que a ela hoje se atribui.
Da mesma forma, o vocábulo grego soteria, que nos
chega como salvação, tem o sentido literal de
libertação. Portanto, Jesus, com sua evangelia,
trouxe-nos um roteiro de libertação pelo conhecimento.
Conhecimento que se adquire com senso crítico, com raciocínio lógico,
alicerces da nossa fé raciocinada. Precisamos
desenferrujar nossos mecanismos mentais, aprender a pensar
livremente, sem sectarismos, sem pieguismos, sem misticismos, sem
mitismos, sem igrejismos, sem filosofismos, sem cientificismos,
sem fanatismos, sem personalismos...
Afinal, é a verdade que nos libertará, não é mesmo?
Continua no artigo "Roustaing e Pietro Ubaldi"
Roustaing e Pietro Ubaldi
Continuação do artigo "Radiografia da Deturpação do Espiritismo"
Alfredo Marcos
31 de janeiro de 2001.
Vejam aí o pensamento febiano!!!
Caro Fábio,
Enquanto que O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
atém-se ao ensino moral da Mensagem de Jesus, a obra de
Roustaing é mais abrangente e, como tal, constitui valioso subsídio
para a interpretação do Evangelho na sua totalidade.
Algumas contradições que possa apresentar em relação à obra
de Kardec, dizem respeito a aspectos secundários e portanto não
essenciais, que podem provocar discordâncias mas nunca constitui
motivo de conflito de idéias que levam à desunião no âmbito
do movimento espírita. A exata compreensão de algumas passagens
do Evangelho, que possam parecer ainda pouco claras para nós,
certamente virá com o estudo continuado e o progresso espiritual
decorrente da inevitável renovação íntima de cada criatura.
A posição da FEB a respeito da obra de Roustaing acha-se
resumida no artigo Diante da Insensatez, de Juvanir
Borges de Souza, publicado em Reformador, de Fevereiro de 1996,
p. 37. Ver também, do mesmo autor Alerta ao Movimento Espírita,
em Reformador, de Janeiro de 1998, p. 7 e seguintes.
Fraternalmente,
Federação Espírita Brasileira
Presidência
Jaci Regis
7 de fevereiro de 2001.
O problema todo está na inclusão da exegese evangélica no
Espiritismo.
Kardec limitou-se no Evangelho a usar alguns trechos em abono às
teses espíritas. O roustainguismo é que inundou o movimento espírita
dessa desnecessária subordinação ao evangelho como o único
corpo de verdade. Basta o que Kardec colheu e bastam as Leis
Morais. O resto só deu no que deu. Um evangelismo obtuso, um
alinhamento à igreja e o desvirtuamento do pensamento
kardecista.
Fábio Campos
8 de fevereiro de 2001.
Mais do que isto, Kardec analisou tais textos, e, de antemão,
deixa clara sua dúvida quanto a veracidade dos mesmos, o
problema surgiu quando alguns espíritas quiseram converter esse
livro numa suposta Bíblia Espírita! Ai encontraram em Roustaing
tudo o que pediam a Deus!!!! E pra ajudar, temos a figura de
Bezerra de Menezes como introdutor desse pensamento...fazendo com
que milhares de seus seguidores abracem o ideal roustainguista
sem ao menos saber!!!!!!
Ocorre uma completa estagnação mental nos centros espíritas,
uma inundação de psicografias de cunho igrejeiro,
exortando Maria Santíssima, e outros ícones do Catolicismo, o
estudo resume-se a uma verdadeira lavagem cerebral como a
proposta pelo curso de Aprendizes do Evangelho estruturado pelo
Comandante Edgard Armond, enfim, o cenário espírita brasileiro
necessita acordar e perceber onde já quase estamos chegando: na
criação da Religião Espírita...será que é isso que
queremos?
Carlos de Brito Imbassahy
Para Federação Espírita Brasileira (feb@febrasil. org.br);
Assunto: Roustaingismo - Para Juvanir de Souza.
14 de fevereiro de 2001.
Meu caro Juvanir Borges de Souza,
Todos nós, que abraçamos o Espiritismo, temos um dever
importante perante a Espiritualidade no que concerne à sua
divulgação, pureza e fidelidade.
Como o distinto amigo sabe, nos arquivos pessoais de Kardec,
segundo eu e outros amigos vimos, mostrados pelo Dr. Canuto
Abreu, há uma carta do nosso codificador dirigida a Jean
Baptiste Roustaing acusando-o de ser instrumento da disseminação
de discórdias através de difusão de idéias contrárias à
nossa doutrina.
Somos responsáveis, como espíritas militantes, pela pureza
doutrinária e aquele que servir de instrumento para dilapidar os
fundamentos espíritas, responderão perante a Espiritualidade
por suas atitudes neste campo.
É claro que o docetismo só teve projeção em nosso meio com o
único fito de minar nossa doutrina, criar áreas de atrito e de
discordâncias, disseminar a cizânia em nosso meio ou, no mínimo,
transformar nossa doutrina em mais uma seita evangélica,
desconfigurando-a de sua finalidade.
Todos aqueles que estão abraçando os conceitos roustainguistas
responderão por essa atitude, sem dúvida, contra o progresso do
Espiritismo, tentando descaracterizá-lo.
Se os roustainguistas tomassem a digna atitude de assumirem a
responsabilidade da sua doutrina, completamente fora do que
Kardec pregou, evidentemente, estariam defendendo idéias próprias
e independentes. Mas, tentar denegrir o Espiritismo como se as
suas verdades fossem docetistas, aí, teremos que reconhecer que
o intuito não é o de defender idéias próprias, senão, o de
tumultuar o movimento doutrinário espírita.
Está na hora de separarmos o joio do trigo.
Não me leve a mal, mas acho que é de minha responsabilidade
alertá-lo para o fato de que responderão todos pelos seus atos,
não no Juízo Final, mas perante suas próprias consciências,
pelo que fizeram com o fito de deturpar a doutrina que Kardec
codificou.
Com todo o respeito
USE Diz Que é Kardequiana
O dr. Ary Lex enviou carta à USE União das Sociedades Espíritas
do Estado de São Paulo, criticando a posição da entidade com
respeito à questão roustainguista e afirmando que de
repente, há alguns anos, os atuais dirigentes da USE passam a
apoiar e FEB integralmente, passam a paparicá-la. Não é possível
entender esse namoro. Terminando por declarar que.
Esta não é a ÜSE que conheci há 53 anos e que ajudei a
fundar. Será que a mosca azul picou alguns de seus
dirigentes? (trechos publicados no jornal Dirigente
Espírita)
O Conselho Deliberativo Estadual respondeu, reafirmando que a USE
está calcada na Codificação Kardequiana.
Ratificando os itens 13 a 15 da Plataforma de Trabalho aprovado
em 1982 apresentado por Antonio Schiliró, presidente da
Diretoria Executiva da entidade, na época. O jornal Dirigente
Espírita publicou, na edição de janeiro/fevereiro de 2001,
comunicado sob o título :CDE ratifica a orientação Kardequiana
da USE, ratificando a plataforma de Schiliró.
Reproduzimos abaixo alguns trechos desse comunicado:
Item 13 Ter presente que a USE tem suas atividades
calcadas apenas e tão somente na Codificação Kardequiana, não
a identificando com a teoria de Roustaing. De acordo com o artigo
63 (73 do Estatuto vigente) de seu Estatuto, a USE veda em
seus órgãos, nas suas dependências, na sua esfera da ação ou
em seu nome o ataque a qualquer religião, crença ou doutrina,
ressalvada a liberdade de crítica construtiva e de defesa em
linguagem respeitosa. Considera, todavia, que a aceitação ou não
da teoria de Roustaing ou de outras nunca adotada pela USE em
suas atividades, uma questão de foro íntimo, absolutamente
respeitável, cabendo a cada qual sua opções..
Item 15 Continuar colaborando com todas as demais
entidades federativas espíritas estaduais que integram o
Conselho Federativo Nacional da FEB, constituido no histórico
denominado Pacto Áureo de 5 de outubro de 1949,
participando de todas as atividades desse Conselho,
fortalecendo-o e prestigiando-o, como órgão da Federação Espírita
Brasileira, dentro dos princípios de autonomia e independência
previstos noa artigo 7º de seu Regulamento e Regimento.
Pietro Ubaldi e o Espiritismo
Gélio Lacerda da Silva (Vila Velha-ES) distribuiu alentado
trabalho sobre a infiltração ubaldista no Espiritismo.
Transcrevemos alguns trechos desse trabalho, criticando sobretudo
a queda dos anjos na teoria de Ubaldi:
A exemplo do roustainguismo febeano, a filosofia ubaldista
convive com os espíritas numa intimidade como se fosse membro da
família. Ubaldi é outro contestador do Espiritismo e que, no
entanto, assegura a venda dos seus livros antidoutrinários em
nossas livrarias, com suporte de sua propaganda nos jornais espíritas.
À falta de campanha esclarecedora das distorções doutrinárias
contidas nos livros de Pietro Ubaldi e, repetimos, nos que
divulgam o roustainguismo da Federação Espírita Brasileira, são
os espíritas autênticos, kardecistas, que adquirem esses
livros, garantindo sua sobrevivência, afirma Gélio.
Em virtude do espaço, sintetizamos as críticas de Gélio
Lacerda ao pensamento ubaldista:
1. Queda dos Anjos se não fora a possibilidade de os
anjos decaídosse redimirem através das múltiplas
encarnações, a tese ubaldista não se diferenciaria da
ideologia das igrejas cristãs.
2. Reencarnação o sistema ubaldista contesta também o
princípio espírita da reencarnação, admitindo-o somente se se
aceitar a teoria da queda dos anjos . Se aceitamos a criação
apenas progressiva , é necessário abandonar o conceito da
reencarnaçãodiz Ubaldi.
3. Os livros de Pietro Ubaldi, afirma Gélio, se destinam ao público
católico por levar-lhe a mensagem da reencarnação, instrumento
de redenção dos seus anjos decaídos. Prestigiá-los nos meios
espiritas, a exemplo dos livros roustainguistas febeanos, é
alimentar dois lobos verozes que tentam a todo custo destruir
Kardec e, consequentemente, expor o Espiritismo ao ridículo,
desacreditando-o diante dos seus críticos sérios e judiciosos.
Esses livros na seara espírita, só provocam polêmicas doutrinárias
e a queima de muitos e muitos cartuchos para, pelo menos, deter o
avanço de sua ação demolidora.