Da Redação - Julho de 2001

Infância Espírita do CEAK realiza mostra de Trabalhos Artísticos

Com apresentações de teatro, música, jornalismo e fotografia, sobre o tema Deus, a Infância Espírita, do Centro Espírita Allan Kardec (R. Rio de Janeiro, 31, Santos-SP), realizou, no dia 30 de junho, a I Mostra de Trabalhos Artísticos.
O evento finalizou o primeiro semestre de atividades programadas pelo Projeto Infância 2001, idealizado pelas coordenadoras Roseli Regis dos Reis e Sandra Regis. O projeto consiste num processo de renovação da programação doutrinária e educativa da infância.
O segmento de jornalismo lançou o Espiritismo em Debate, com dois cadernos, um de Assuntos Doutrinários e outro de Assuntos Gerais.
Um coral com dois solistas interpretou a música Foi Deus que fez você (Amelinha). No teatro, dois textos, um cômico e outro dramático, também sobre Deus, foram encenados pelas crianças, com efeitos especiais como o teatro de sombras e recursos sonoros.
Para finalizar, uma performance com slides mostrou uma seleção de fotos tiradas pelas crianças, depoimentos sobre Deus, ao som de Vivaldi. Uma pequena amostra do conteúdo da exposição foi montada em uma sala especial, aberta ao público.
Entre uma apresentação e outra, os monitores, através de transparências, deram uma visão geral dos projetos, explicando passo a passo o que já foi realizado.
Na semana anterior, os monitores de aula, sob a coordenação de Roseli Regis dos Reis, também concluíram o tema, elaborando o Show do Kardecão, uma divertida adaptação do Show do Milhão, com direito a imitação do Sílvio Santos, feita por Eduardo Regis.
As crianças respondiam às perguntas, podiam pedir ajuda para as Placas (um grupo de seis crianças) e para os Universipais (formado por três pais).
“Temos certeza que encerramos o primeiro semestre com muito sucesso. As expectativas foram superadas quanto à implantação do nosso Projeto Infância 2001”, declarou Sandra Regis. “Após este primeiro ano, que chamamos de fase experimental do projeto, passaremos a divulgar os resultados, para que outros possam também aplicá-lo em seus departamentos de infância espírita”.
Reencarnação foi o tema escolhido pelas crianças, para o segundo semestre, dando contuinidade ao Projeto Infância 2001.

Fato e Comentário
Sectarização e Verdade

A Federação Espírita do Paraná (FEP) reclamou do apoio da Federação Espírita Brasileira (FEB) à ENCOESP, promoção da USE de São Paulo em janeiro último e que foi, afinal, uma feira de tendências espíritas e espiritualistas. A FEP, todavia, apenas reclamou que a FEB tivesse “dado a mão” à Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA), pois a entidade foi ali representada por seu presidente e armou um estande, aliás muito bem visitado.
Para a federação paranaense isso foi um erro crasso. Tanto que boicotou uma reunião regional do Conselho Federativo Nacional da FEB, junto com a Federação do Rio Grande do Sul (FERGS), inimiga figadal da CEPA, em virtude, talvez, da permanência nesta de antigos ex-presidentes e diretores da própria FERGS,
Essa atitude deve-se ao fato de a CEPA não seguir a linha religiosa implantada no Brasil. Para a FEP isso é insuportável, realmente a incomoda, muito mais do que todas as adulterações do pensamento kardecista.
A reação paranaense demonstra um fato historicamente comprovado. Quanto mais frágil se torna uma idéia, ou sistema, mais se fecha. É assim que as ditaduras fazem e ruem inevitavelmente, mesmo que demore. É assim que a Igreja Católica se deteriorou e se esfacela. É assim, ao que parece, que segue a religião espírita.
Somente a liberdade de pensar e pesquisar, de questionar e investigar mantém viva uma doutrina. Foi o que pensou Allan Kardec. Ao criarem a religião espírita, os espíritas brasileiros penetraram no caminho obscuro da sectarização e do medo da verdade.
Algo parece inevitável. Ficaremos, de um lado os kardecistas e de outro, os espíritas-cristãos. Sempre haverá uma ponte entre nós, pois Kardec é referência para eles e determinante para nós, mas seguiremos caminhos diversos.

Krishnamurti Dias será Homenageado

Comemorando seu 57º aniversário de fundação, o Centro Espírita Allan Kardec promoverá, de 29 de agosto a 2 de setembro, em sua sede, na R. Rio de Janeiro, 31, em Santos-SP, uma semana de palestras e atividades homenageando o escritor espírita Krishnamurti de Carvalho Dias, recentemente desencarnado. Confira a programação:
29/8 (quarta) - Vida e Obra de Krishnamurti de Carvalho Dias.
Eugenio Lara e Ademar Chioro.
30/8 (quinta) - O Laço e o Culto: A Polêmica Sobre a Questão Religiosa. - Jaci Regis.
31/8 (sexta) - Espiritismo x Roustaing. - Egydio Regis:
1/9 (sábado) - A Obra Recente de Krishnamurti de Carvalho Dias: Nascimento da Morte, Descoberta do Espírito, Toques de Obsessão, Dois Ensaios e Roustaing.
Milton Rubens Medran Moreira.
2/9 (domingo)
Almoço de Confraternização.

ADE promoverá Simpósio Paulista de Comunicação

O IV Simpósio Paulista de Comunicação Social Espírita, promovido pela Associação de Divulgadores do Espiritismo do Estado de São Paulo (ADE-SP), vai se realizar nos dias 7 e 8 de setembro 2001, em São Paulo. O evento foi realizado pela última vez em 1998. A nova edição apresenta uma boa novidade para o movimento espírita brasileiro: deixará de ser regional e vai abrigar a presença de pessoas de todas as partes do País. Confirmaram presença delegações de 14 Estados onde existem ADEs em funcionamento.
O evento será no C.E. Manoel Bento, R. Alfredo Pujol, 77, em Santana, Capital. Serão dois dias (sexta-feira, feriado, e sábado) de intensos estudos e debates, com painéis, workshops e apresentação de casos. Informações pelos telefones (11) 6262-7309 (Eder Fávaro) ou (11) 6952-1582 (Américo).

Diferença de Atitudes

Na última edição publicamos opiniões sobre o verdadeiro rosto do Cristo, a partir de uma reconstituição feita num crânio achado num cemitério do tempo em que Jesus de Nazaré viveu na Palestina.
Não queremos entrar no mérito dessa discussão que julgamos fútil, tanto quanto as lutas entre os defensores do corpo fluídico ou carnal de Jesus Cristo, embora menos perversa.
O que queremos ressaltar é a diferença de atitude entre os espíritas e a Igreja Católica. Comentando o tema, o Cardeal Arcebispo de São Paulo o fez com ponderação. Reconheceu que as figuras pintadas do Cristo são incompatíveis com o aspecto físico presumível dos habitantes da Palestina no tempo em que ele esteve encarnado. Certamente aquela face espantada e sem serenidade não pode ser aceita como a reprodução da face de Jesus de Nazaré. No entanto, o Cardeal Arcebispo comentou o tema sem exaltação.
Outra foi a atitude dos espíritas. O professor. Fausto de Vito exacerbou-se na defesa da beleza física de Jesus, tido e havido como perfeito e, portanto, jamais fora do ideal de beleza da cultura grego-romana.
Ele se apóia na descrição do Espírito Emmanuel, que teria sido o senador Públio Lêntulos. Mas essa descrição não é, pelo que sabemos, de conhecimento da Igreja, a pioneira no domínio da figura de Jesus. Todavia, talvez não seja errôneo dizer que se trata de um retrato ideal da beleza romana e fica longe da beleza judaica daquele tempo, pelo menos.
Henrique Rodrigues pergunta: por que o Cristo não poderia ser vesgo? provocando certamente a ira dos espíritas-cristãos, os mais novos e nem por isso menos fanáticos defensores da perfeição de Jesus de Nazaré.
O que ressalta disso tudo é que novas informações e novos conhecimentos demonstram que os caminhos da cultura ocidental, dominada pela Igreja, foram moldados, não raro, muito longe da realidade.
É preciso analisar as novas descobertas com descortino e sabedoria, evitando que penetremos no desvão do fanatismo e de tomarmos algo que seja transitório como definitivo.

40 Anos de Libertação Feminina

Sem dúvida alguma o fato marcante, entre tantos, do século 20, no campo do comportamento social e individual e nas estruturas morais da sociedade ocidental foi a ascensão da mulher.
Embora elas tenham conseguido vitórias importantes, como votar e ser votadas e a entrada no mercado de trabalho em ritmo crescente, o ponto principal foi a liberação sexual, conseguida através da pílula anticoncepcional, na década de 60 do século passado.
O Suplemento Feminino do jornal O Estado de São Paulo, na sua edição de 26/27 de maio de 2001, faz interessantes comentários sobre o feminismo. Publica também comentários judiciosos sobre o comportamento feminino e o desrespeito ou forma de ataque da indústria fonográfica, cinematográfica e televisiva sobre o corpo e a estrutura cultural e ética da mulher moderna. Transcrevemos alguns trechos da matéria, assinada pela jornalista Vera Fiori.
O movimento feminista completa 40 anos. Tanto discurso, quem diria, foi parar no Funk do Tigrão. A mesma mulher que rebolou par não ser vista como um objeto sexual, hoje rebola para oferecer seu corpo nu, recheado de silicone.
Que acontece com as mulheres pós-feminismo? Depois de tantas conquistas, parece que estão jogando tudo para o alto e se entregando com prazer (e esta é a pior parte) ao papel de popozuda, cachorra ou tchutchuca. Garotas de todas as idades e classes sociais, a pretexto de ritmos e coreografias contagiantes, rebolam ao som de um tapinha não dói e latem quando chamadas de cachorras. O bom senso e o recato, guardiões da delicadeza própria do feminino, foram para o brejo.
Salvo uma voz aqui e outra ali, a sociedade engole, goela abaixo, o lixo do lixo. A reação mais indignada com a vulgarização feminina, ironicamente, partiu de um homem. Em artigo publicado no diário carioca O Globo, o jornalista Luciano Trigo fala que as feministas devem estar constrangidas ao verem suas filhas embarcando no funk Bonde do Tigrão. Não só consternadas, como também perplexas. Tanto discurso contra o preconceito, a violência doméstica e a discriminação, para a mulher cumprir direitinho o papel de objeto sexual que a mídia impõe.
Lixo é no Lixo
O suplemento começa com o seguinte editorial:
Quando ligamos a tevê descobrimos que lixo tem novos endereços. Grupos horrorosos cantam músicas com letras de péssimo gosto, mulheres exibem suas curvas, nem sempre verdadeiras, em rebolados debochados sem um mínimo de respeito pelo público e principalmente por elas mesmas. Quem merece isso? O público que assiste, que aplaude, que repete. O que você acha de latir quando um funkeiro berra: cachorra!? Um horror? Pois reaja. Mude de canal. Desligue a tevê, escreva para os anunciantes do programa e ameace: não vou comprar seu produto! Escreva para a emissora e diga o que pensa. Parta para a briga. Chega de engolir porcaria da pior espécie. Você é fã de alguma apresentadora? É hora de escrever para ela e pedir que não abrigue gente que faz esse tipo de letra. Que ela não aceite esse desrespeito. Organize abaixo-assinados. Faça o que puder. Está mais do que na hora o lixo ir para o lixo. Quem sabe acabe reciclado e de valia? Vamos começar a brigar?
A Posição Espírita
Sabemos que desde 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo estabeleceu que a igualdade de direitos entre o homem e a mulher era fundamental para o progresso social. Embora essa posição avançada, Kardec e os Espíritos limitaram-se ao aspecto humano, filosófico e jurídico da igualdade e não da operacionalização da atuação da mulher no campo sexual, social, político e econômico.
Talvez por isso os espíritas mantiveram uma atitude conservadora. Ou seja, o movimento espírita jamais se mostrou pioneiro na formulação de ações práticas que produzissem uma revolução ou, pelo menos, que ajudasse a revolução feminista. Ao contrário, de um modo geral as mulheres espíritas foram contra o feminismo, vendo nele mais males do que benefícios. Diríamos que o movimento espírita brasileiro seguiu, passo a passo, o modelo cristão de negar à mulher sua sexualidade e um status de participação ativa na sociedade, mantendo-se fiel aos postulados de que lhe cabia cuidar dos filhos e do marido, no casamento.
Esse modelo social, mantido por milênios, chegou à exaustão no fim do século 20. Ele exauriu-se não apenas por questões econômicas mas, sobretudo, porque a mulher, como gênero, rompeu com os obstáculos sociais, religiosos e morais que cerceavam o desenvolvimento pessoal e espiritual.
Com o declínio do poder da religião em estabelecer normas de conduta pessoal e social, afrouxaram-se os laços que castravam a mulher, considerada por todas as religiões como canal de pecado e perdição do homem, “o rei da criação”.
Estamos, pois, diante de um dilema moral, no sentido da preservação do Espírito que encarna em corpo feminino, quanto à forma adequada de equilíbrio pessoal, ético e respeito a si mesmo.
Em nosso País, a mulher é cantada em prosa e verso de maneira positiva, mas popularmente, nos últimos tempos, as apresentações dos conjuntos de música axé, por exemplo, são acompanhadas por bailarinas seminuas que se dão a trejeitos sensuais. As letras de algumas músicas são abertamente ofensivas à mulher, como a que taxa as loiras de burras e recentemente, como apontado acima, a chamada música funk, lamentavelmente aplaudida, inclusive por elas. O que mais preocupa é de que maneira essas músicas, esses trejeitos explorados à exaustão pela televisão influenciam a formação das crianças.
É preciso reagir, lutar para banir essa afronta ao ser humano, no modelo do lucro fácil, da exploração dos instintos, como tem sido norma dos meios de entretenimento, como a tevê e a industria fonográfica.
Possibilidades Futuras
A nova sociedade que está surgindo, aceleradamente, será composta de pessoas de sexo feminino e masculino em igualdade de direitos e deveres. A família passa e continuará passando por transformações importantes, mas permanecerá como o reduto de identificação, educação e direcionamento afetivo moral da grande maioria.
Novas formas de relacionamento com o nivelamento dos parceiros darão outro sentido ao lar, reconhecido como indispensável ao equilíbrio social, com o respeito à condição feminina e também à masculina, ambas em busca do equilíbrio afetivo e pessoal.
Hoje, não obstante os percalços naturais de um processo de adaptação, os casamentos caminham para se tornarem uniões de verdadeiro afeto, não mais meros contratos conjugais.
O divórcio, tão repudiado pelo catolicismo e pelo Espiritismo brasileiro (mas não por Kardec), aquele porque acredita que o casamento deve ser uma união sagrada e este porque vê o casamento como uma prova ou expiação, veio resolver situações insuportáveis e será sempre instrumento de adequação de uniões que não produzem frutos de equilíbrio e afeto real.
O Espiritismo precisa também, neste aspecto, repensar certos conceitos, sem abandonar seus princípios, mas reconhecendo que a estrutura da sociedade ocidental foi montada sobre bases que o tempo, a evolução e o amadurecimento humano tornaram obsoletas.
Poderia a Doutrina ter contribuído ou ainda contribuir com subsídios capazes de reorientar e reorganizar o instituto do casamento, da família e da educação dos filhos?

Debates, Workshops, Seminários... É o VII SBPE

Com o temário praticamente pronto, o VII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (VII SBPE) caminha para a sua realização, de 11 a 14 de outubro em Cajamar-SP. Várias inscrições prévias já foram feitas. O prazo final pra se inscrever é 31 de agosto.
Além dos espaços para temas, workshop e seminários, haverá um programa de lazer à noite e prática de esporte. Tudo está sendo preparado para que o VII SBPE, a exemplo dos anteriores, seja um espaço de cultura, de reencontros, de lazer e confraternização.
Muitos novos participantes estarão presentes, aumentando o leque de pessoas envolvidas com a cultura kardecista. O temário é bastante diversificado, com temas de grande atualidade e outros reforçando assuntos básicos que precisam de constante revisão e atualização.
Participe e Divulgue
Faça uma divulgação positiva do Simpósio no grupo espírita que você freqüenta. Forme uma caravana de amigos. O resultado dos simpósios têm sido muito bons, em qualquer sentido: doutrinário, confraternizativo, social. É uma excursão cultural de três dias tão fascinante quanto uma viagem de férias.
Participação dos Jovens
A participação dos jovens espíritas no simpósio está sendo consolidada com a adesão dos membros da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, de Santos. Os jovens apresentarão um trabalho por eles elaborado, dando um colorido dinâmico ao evento.
O movimento juvenil espírita tem passado por várias fases.
A primeira, desde o trabalho de Leopoldo Machado, constituiu-se na explosão de uma nova etapa no movimento espírita. A inclusão da juventude nos centros espíritas encontrou muitas resistências, mas desde que Leopoldo deu início ao seu programa do “Espiritismo para os vivos”, o surgimento do movimento juvenil ampliou e mudou os rumos da Doutrina no Brasil.
Depois de consolidado, o movimento jovem expandiu-se, encontrando outra fase, no início da década dos 60, quando a agitação política brasileira invadiu a seara juvenil, com a introdução dos universitários. Foi um período fértil, com idéias e debates memoráveis.
A ditadura militar, a partir de 1964, deferiu um golpe rude com a exclusão dos acadêmicos e universitários, com a colaboração dos órgãos federativos. Desde então, o movimento juvenil espírita perdeu seu viço e sua importância, com a inclusão de jovens de forte tendência mística, religiosa, abandonando o que seria esperado da juventude: idéias e propostas inovadoras.
Agora precisamos reatar o prestígio e a importância vitalizadora dos jovens, para que o pensamento kardecista não pereça entre as paredes dos centros religiosos. Para isso é urgente que os antigos componentes do movimento juvenil, das décadas de 60 e 70, hoje dirigentes de centros, retomem o rumo abandonado.
As portas do VII SBPE estão abertas aos jovens. Entrem em contato conosco.
Inscrições
Aproveite a oportunidade de parcelar seu investimento para participar do VII SBPE. Muitos aproveitaram a oportunidade de parcelar a inscrição. A partir deste mês de julho o parcelamento será de três cheques de R$ 50,00. Depois será necessário investir diretamente R$ 150,00. Envie três cheques de R$ 50,00, pré-datados para 31 de julho, 31 de agosto e 30 de setembro ao Instituto Cultural Kardecista de Santos, R. Evaristo da Veiga, 211, CEP 11 075-661 - Santos-SP. Somente para inscrição o valor é de R$ 50,00.
Preencha a ficha de inscrição, envie junto com os cheques ou transmita seus dados através do e-mail kardecista@uol.com.br. Para depósitos utilize o Banco Itaú, agência 0268, conta 08052-0.

Entrevista com Dinorá Fraga da Silva (com Doutorado em Semiótica)

Um dos temas especiais que o VII SBPE apresentará é o minicurso sobre Lingüística, a cargo da professora Dinorá Fraga da Silva, do Rio Grande do Sul. Participante há muitos anos do movimento espírita gaúcho, Dinorá é especialista em lingüística, com alentado currículo acadêmico. É professora dos Programas de Pós-graduação em Lingüística Aplicada - Unsinos e em Educação, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde coordena uma linha de pesquisa que desenvolve temas sobre espiritualidade e educação. Tem orientado teses de mestrado e doutorado dentro desta temática. Doutora em Semiótica pela USP, é autora de livros publicados pelas Editora Cortez/SP UFRGS e Unisinos. Ocupa o cargo de vice-presidente da Sociedade Brasileira de professores de Lingüística.
No movimento espírita, tem atuado de forma objetiva e criativa. Foi Evangelizadora da Infância, Organizadora do Departamento de Assuntos da Família da FERGS em 1989, onde foi coordenadora por duas gestões. Autora e organizadora do livro Conhecimento e Família - uma Abordagem Espírita vols. I e II (Ed. Quarup), edição esgotada e de artigos publicados na revista Reencarnação, da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Colabora junto à Reformulação do Estudo Sistematizado para a Concepção de Estudo Problematizador.
O seu pensamento pode ser sintetizado no seguinte trecho: Considero que as questões lingüísticas em torno do texto de Kardec são fundamentais, do tipo tradução, por exemplo. Uma língua é uma organização semântica do mundo, de uma dada comunidade sócio-cultural. Assim, traduzir uma língua para outra é uma questão muito complicada. Há muito o que ver sobre isso.Isto tudo vai muito além de falar em signos, em significados. Penso que é muito simplista dizer que não se deve “adulterar” o texto.
A seguir, algumas considerações de Dinorá sobre o trabalho que vai desenvolver no VII SBPE
Abertura - Qual o objetivo do tema que escolheu?
Dinorá - Fornecer subsídios para a compreensão, na perspectiva de leitura hermenêutica de texto, questionando o princípio da literalidade.
Abertura - Diretamente relacionado com o pensamento espírita, qual seu objetivo?
Dinorá - Refletir sobre os limites da interpretação Realizar exercícios de leitura de textos de Kardec, com ênfase na introdução de O Livro dos Espíritos, considerando que toda língua é a expressão de um povo numa dada época, comparar significados do texto kardequiano, quando da tradução do francês para o português.
Abertura - Que frutos espera desse minicurso?
Dinorá - Esta problemática que envolve concepção de leitura e de tradução pode ser importante, no momento em que levantamos a questão sobre a atualização da obra de Kardec porque rebate a idéia, ainda corrente, de que um texto é portador de verdades e de que os leitores devem ser apenas decodificadores destas verdades. Assim podemos ter mais subsídios, baseados numa necessária interdisciplinaridade entre a teoria espírita e demais ciências, no caso, ciências da linguagem, para orientar nossas questões sobre o tema.