Artigo de Alexandre Costa - Novembro de 2001

Globalização do Amor

Aqueles que já viajaram para outros países ou os viram retratados na televisão, já se deu conta das enormes diferenças que existem entre as diversas culturas. Assim torna-se fácil de perceber que as diferenças existentes entre indivíduos são igualmente enormes. Essas diferenças individuais que estão na maneira de ver e relacionar-se com o mundo, devem ser respeitadas. Respeitando o mundo em que vivemos, respeitamos também cada pessoa na sua individualidade. Isso não é apenas o esforço de tolerar as diferenças, mas o entendimento real e a constatação do fato de que é impossível ver de outro modo.
Quando a humanidade entender este princípio, o amor que se sentirá um pelo outro, bem como a apreciação pela sua própria individualidade crescerão, e transformaremos o mundo num lugar bem melhor para se viver.
Infelizmente o mundo está dividido, fragmentado. A globalização trouxe muito mais que o desenvolvimento, trouxe a (in)diferença entre as nações, o preconceito, a xenofobia entre outros males.
O mundo está globalizado sim, temos a internet que não nos deixa mentir, temos a globalização das políticas capitalistas, e infelizmente, temos também a globalização da miséria. Na realidade física dessa nova conjuntura, o mundo passa por problemas graves de nível ético e de costumes. As sociedades se tornam cada vez mais intransigentes na aceitação de estrangeiros, e os homens cada vez mais amargos por conta desta “nova onda” que toma conta do planeta.
Como disseram os Espíritos a Kardec, “certamente Deus fez o homem para viver em sociedade. Não deu inutilmente a ele a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação”. Mas ainda em vista de sua pouca evolução, o homem não compreende qual o seu papel no universo, seu lugar.
Alguns diriam que a guerra se faz necessária em algumas civilizações, e que o homem evolui mais depressa quando se vê dentro de uma prova tão difícil. Mas não devemos alimentar este pensamento, pois corremos o risco de dogmatiza-lo, e perderemos assim o tênue fio que nos sustenta como seres racionais, dotados de uma inteligência e livre arbítrio – que nos faz senhores supremos de nossas decisões egoístas.
Na pergunta 728 de “O livro dos Espíritos”, Kardec fala sobre a destruição necessária, colocada assim pelos Espíritos: “É necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque isso a que chamais destruição não é mais que a transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos”.
A análise dessa leitura deixa margens para mais de uma interpretação. A meu ver, a destruição de que falam os Espíritos, baseia-se na capacidade da natureza de se transformar. Nesta natureza não existe o abuso da lei, e nela tudo é lógico e perfeito. 
Não faz sentido imaginar que podemos destruir com a desculpa de que estamos colaborando com a providência Divina ou com a evolução do próximo. A destruição não é uma arma, mas uma ferramenta para o equilíbrio da vida.
No equilíbrio – aristotélico - encontramos meios de conservação e destruição (transformação), e o que se aniquila não anula nossas capacidades físicas, intelectuais e morais. Assim, por mais justificativas que se tenha para começar uma guerra, ela começa injustificada.
Livre-arbítrio ou livre-orgulho? Livre arbítrio ou livre-egoísmo? Do que realmente estamos falando?
Afinal, não estamos evoluídos o bastante para que possamos entender o sentido daquilo que sabemos.
Até quando podemos ou devemos recorrer à falta de evolução moral para atenuar nossas falhas mais grotescas? São muitas perguntas que devemos nos responder. Cada um fazendo a sua parte, olhando para dentro de si, mudando um pouquinho que seja estaremos no caminho certo.
A vida é um continuum, tudo se transforma no nosso caminho evolutivo, e se cada um fizer a sua parte estaremos dando um grande passo para nossa compreensão de homem – princípio inteligente do universo. Assim, as diferenças globalizadas ou localizadas devem ser respeitadas, pois hoje podemos dizer com certeza que o homem é o próprio flagelo do homem.
Somos livres sim, livres para evoluir, buscando o melhor caminho possível, o melhor mundo possível.
O mundo se vê diante de muitas alternativas, saibamos busca-las e entende-las, saibamos enxerga-las e multiplica-las em todos os sentidos.
O Espiritismo nos dá todos os subsídios necessários para a compreensão do nosso papel no universo. Ao aplicarmos em nossas vidas os ensinamentos dos Espíritos estamos moralizando nossas atitudes e nossa vida, aprendemos e ensinamos ao mesmo tempo que o que devemos globalizar é o amor.

Alexandre Costa é design gráfico e presidente da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, do CEAK.