Artigo de Henrique Rodrigues - Janeiro / Fevereiro de 2001

Corpo físico e perispírito

Fomos um dos primeiros a apoiar a tese da Atualização do Espiritismo, promovida pela CEPA, no XVIII Congresso Espírita Panamericano, realizado em Porto Alegre-RS de 11 a 15 de outubro de 2000. Mas, evidentemente, nem toda as teses apresentadas receberão a chancela de aprovação, dos objetivos do evento.
O Espiritismo necessita adaptar-se às metodologias, instrumentações e linguagens de nossos dias. Um cuidado é indispensável. Sob o pretexto de “atualizar” não deformar, não contradizer os postulados básicos da Codificação: Eternidade, Evolução, Causa e Efeito ou Ação e Reação, Reencarnação e intercâmbio entre as dimensões e equações de encarnados e desencarnados.
A reencarnação é um dos postulados básicos e, para tal, o perispírito é essencial, já que ele conecta-se com a dimensão espacial, temporal e de massa, no momento mesmo da fecundação, quando a partir dela se inicia a formação fetal.
Esse campo-corpo, formador, está presente em todas as formas, já que representa a fôrma de todas elas.(acentuo para bem esclarecer diferenças).
O corpo físico é uma cópia do perispírito, um xerox dele. A aglutinação e formações diferenciadas num corpo físico dependem totalmente dele.
A ciência espírita, que hoje convive com a parapsicologia e a mais vasta, a Psicobifísica, deu a esse corpo energético diferentes nomes: “modelo organizador biológico” (MOB), campo estruturador das formas e da área acadêmica, como Ruper Sheldrake o denomina, com apoio geral, de campo morfogenético (morfo = forma, genético = vir a ser)
E mais: “Por que o campo morfogenético de um frango se associa ao ovo da galinha e não ao de uma perdiz ou de uma fêmea humana? Em analogia, o campo detém o registro do passado. O ADN, em minha opinião, tem sido superestimado. Os biólogos teimam em projetar nele papéis e possibilidades que estão além do que sabemos ser capaz de fazer. Assim, aquilo que começou como uma teoria rigorosa e bem delineada de como o ADN codifica o ARN e como o ARN codifica as proteínas, logo se transformou numa espécie de teoria mística na qual o ADN se reveste de misteriosos poderes e propriedades que não podem ser, de modo algum, especificados em termos moleculares exatos. Tais são, a meu ver, as fantasias projetadas no ADN, coisas que dizem que ele faz, mas sabemos que não pode fazer. Essas coisas, na verdade, são feitas pelos campos morfogenéticos”.
Citar mais alongaria o artigo. Consultem o livro Diálogos com Cientistas e Sábios de Renée Weber, da Editora Cultrix.
Pretender que os corpos se formam por um “campo mental”, e dizer que perispírito não antecede a formação física e não sobrevive à destruição dele, é puro misticismo. A prova está nas vidências, quando os seres que já desencarnaram, então identificados, velhos, moços, altos e baixos, pretos ou brancos, prefeitos ou deformados. E os corpos físicos dos animais, também são formados pelos mentais deles? E o dos vegetais em suas variações, cereais, legumes, são gerados por seus “campos mentais”?
Já que “a linguagem dos fatos é um argumento sem réplica”, podemos exibir para quem queira o fantasma de partes amputadas de vegetais e até de animais, o que demonstra a existência de um corpo energético que aglutina e modela a forma.
O aparelho que construímos, e que nos levou pela primeira vez à Rússia, o Gotejador Psico-Cinético, prova que pelo campo mental, mas em obediência à vontade do Espírito (consciência), podemos desviar a queda de uma gota de água para a direita ou para a esquerda. Como energia oriunda dele, submetidas à direção da vontade e livre-arbítrio, podemos manipular os braços para acariciar ou agredir e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar ou deformar o perispírito, desequilibrando-o a ponto de gerar reencarnações deformadas e desequilibradas em termos psicossomáticos.
Assim, o perispírito não é uma cópia do corpo, este é que é a cópia dele.
Por isso o aborto é um assassinato, um crime monstruoso, não importa se feito devido a um “descuido”, um “estupro”, “conveniência”, nem mesmo de “acéfalos”, “xilófagos”, “teratológicos” etc .... Não há efeito sem causa. “A toda ação corresponde uma reação de igual potência e reversibilidade”. Cabenos-nos procurar saber das causas, e se possível eliminá-las, para evitar a repetição futura do evento. A única exceção é quando a vida da mãe está em risco, o que pode ocasionar a desencarnação da mãe e do feto. Assim ensina a Codificação....
Por isso, voltamos a frisar. Temos que observar o cuidado de não atropelar o Espiritismo Codificado em suas bases, porque isso não seria “atualizar”. No livro No Mundo Maior, de André Luiz, na lição “Dolorosa Perda”, está bem descrito o que sucedeu após o aborto. Os Espíritos com seus perispíritos se “embolaram e rolaram no espaço” e quando o autor do livro pergunta ao instrutor espiritual “quando se separariam”, este respondeu: “só Deus sabe...” Talvez nasçam xipópagos.... pelos perispíritos e pelos campos e energias mentais.
Atribuir tudo isso aos campos ou corpos mentais, acredito ser inadmissível. Nos primórdios da Codificação, as formações ideoplásticas de duração efêmera esgotaram o assunto. Mas sempre será possível enfoques diferentes, desde que baseados na linguagem dos fatos. E as materializações, luminosas ou não, são produzidas por “corpos mentais” ou pelo revestimento dos perispíritos com o ectoplasma? Vamos estudar mais e concluir menos.

Henrique Rodrigues é escritor, conferencista e pesquisador na área da Psicobiofísica. Reside em Belo Horizonte-MG.