Capa - Julho de 2001
Editorial
A figura de Francisco Cândido Xavier está
indissoluvelmente ligada ao Espiritismo no Brasil. Ele não é
apenas um grande médium, mas um grande homem, medida essa
grandeza pela elevação de sua alma e o caminho difícil que
teve que trilhar, sem desviar-se.
Como sabemos, a massa humana sempre foi e será afoita para
sacralizar pessoas ou, ao reverso, para destrui-lasdestruí-las.
Uma pessoa que se destaca no campo considerado místico-religioso
é assediada pela turba, a cata de milagres e de favores. Não
foi diferente com o rapaz simples de Pedro Leopoldo.
Lançado ao mundo como médium psicógrafo, encarado como missionário
pela massa e cercado por grupos de espíritas que, como as
mariposas voam em torno de um foco de luz, giraram ao seu redor e
incensaram-no até o limite do insuportável..
Seu heroísmo foi resistir a essa malta de pedradores predadores
afetivos ou emotivos, que acreditam que serão levados para o céu
porque se introduzem na intimidade ou no séquitoséqüito dos
possivelmente eleitos.
Passado dos 90 anos de vida física, debilitado e doente,
Francisco Cândido Xavier passa por dissabores incríveis por
ter, nesta fase de sua vida, se cercado de pessoas que estão no
noticiário policial, formando uma verdadeira guarda pretoriana
que, longe de seus olhos, isolaram-no e teriam exigido propinas
para permitir a visita ao médium às caravanas que chegam
sucessivamente a Uberaba para vê-lo.
Suas condições físicas, no momento que redigimos esse texto, são
precárias e noticiadas para todo o País pela imprensa, pois ele
é, como dissemos, um grande homem pela humanidade de sua vida,
voltada para suas tarefas, acima de interesses pessoais e dando
prova de sinceridade e desapego.
Pelo amor que todos devemos a esse grande homem, deixemos
Francisco Cândido Xavier em paz.