Capa - Dezembro de 2001
Editorial
A leitura de jornais e revistas espíritas e o discurso de oradores espiritistas constatam uma verdade cada vez mais evidente: existe uma completa incompatibilidade entre o que pensamos e falamos e o que pensa e fala a maioria dos escritores e expositores do Espiritismo cristão.
Enquanto tentamos analisar o homem e o mundo dentro de um dinamismo realístico e conseqüente, o segmento espírita-cristão repete a linguagem das igrejas e permanece adstrito ao prisma da Terra como um lugar de provas e expiações, e o ser humano como culpado, em processo de corrigenda pela dor e pagamento de suas dívidas com a Divindade.
Como sabemos, Allan Kardec preocupou-se extremamente com o significado das palavras e lamentou que, não obstante algum esforço que fez para criar uma linguagem espírita, tivesse que usar palavras de uso geral, com significados consagrados na população e na cultura.
Quando lemos certos artigos de jornais e revistas espíritas, olhando-os sob nosso modo de ver o Espiritismo, encontramos expressões e entendimentos que certamente não seriam referendados pelo fundador da Doutrina Espírita.
Esse afastamento do pensamento de Kardec se perpetua quando um certo escritor afirma que inteligência demais atrapalha e descarrega sua ira evangélica nos que pensam o Espiritismo cientifica e filosoficamente, pois o segmento espírita-cristão também é salvacionista e está preocupadíssimo com os pobres.
Ao menosprezar a pesquisa, ao repelir a mentalidade cientifica, única capaz de evitar o naufrágio do Espiritismo, supõem que estão ao lado dos pobres. Na verdade, a classe média vai tornando os pobres um contingente de marginalizados que precisa ser contido, com donativos e assistencialismo. E o movimento espírita-cristão entrou nessa há muito tempo.
É claro que matar a fome de uma pessoa é mais do que caridade. Todavia, nós, que há mais de 50 anos militamos no setor assistencial, sabemos que o mais importante são as mudanças políticas e econômicas que venham a eliminar a pobreza. Caso contrário “os pobres” passam a ser uma categoria social excluída, a que os mais favorecidos pelas circunstâncias dão algumas migalhas.
Na sua quarta edição, a EXPOESPÍRITA, mostrou-se um movimento vitorioso e consolidado. Agora, na EXPOESPÍRITA 2001, embora alguns problemas com a divulgação, um bom público participou ativamente das palestras, atividades e venda de livros.
Realizado de 22 a 25 de novembro no Sesc/Santos, o evento contou com o patrocínio do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS), do CE Allan Kardec, do CE Maria Emília da Motta Ferreira, CEB Ângelo Prado e Fraternidade Espírita. Três palestras foram proferidas, com amplo diálogo com os participantes.
No dia 22, quinta-feira, às 20 horas, após a abertura, o psicólogo Jaci Regis proferiu palestra sobe Mediunidade ou Paranormalidade. Como funciona a mente? Após a palestra, o expositor respondeu a várias perguntas.
Na sexta, dia 23, também às 20 horas, o médico Ademar Arthur Chioro dos Reis abordou o tema A Visão Espírita da Clonagem, com várias questões levantadas pelos participantes.
Dia 24, sábado, às 16 horas, o advogado Ricardo Nunes de Morais discorreu sobre Tecnologia e Ética, também com intensa participação.
Boa parte da EXPOESPÍRITA2001 foi enriquecida com música. Na sexta-feira houve apresentação de canções no teclado e interação com o público, que cantou várias músicas.
No sábado o Coral Infantil Fantasia, da Prefeitura Municipal de Santos, cantou vários números e finalmente, no domingo, dia 25, o Coral CEAK Canta realizou bela apresentação, motivando a platéia para o canto e a participação.
Em seguida, o Grupo CEBAP, do CEB Ângelo Prado, desenvolveu performance sobre texto do escritor português José Saramago sobre a palavra. Jailson Mendonça, diretor do Grupo CEBAP, fez um monólogo muito aplaudido. Em seguida, o Grupo CEBAP voltou a apresentar-se com interpretação da canção Obsessão, gravada pelo conjunto espírita Bolinho de Carne com Beringela.
Para finalizar, Milton Albuquerque e Jaci Regis responderam a perguntas sobre Obsessão.