Artigo de Alexandre Costa - Janeiro/Fevereiro de 2000

O Sentido da Vida

Talvez esta seja uma das mais intrigantes perguntas da humanidade; a mais difícil questão da vida cotidiana. Embora aqui seja prudente explicar que o “sentido” da vida é plural, visto que encarnados somos organizados por uma “lei de relatividade das coisas”.

Intrinsecamente relacionadas a nós, as “coisas” e os fatos, que também são “coisas”, se destacam por sua inerente subjetividade. Tão subjetivas quanto possa parecer este texto que na realidade cumpre seu papel as relações humanas desempenham o papel da “lei”. Assim, um fato se torna realidade para muitas pessoas, mas uma realidade “relativa” a cada um, pois do fato causa surge o efeito daí, as idiossincrasias.

Nasce, então, do fato, a ação de se repudiar ou aceitar o acontecido a reação. Logo, acredito que o fato de que algo imprime em mim uma reação diferente que em outra pessoa, seja uma lei. Digo, então, que o sentido que tomo para mim da coisa que me toma de surpresa é o que realmente me faz acreditar que aquilo é uma verdade.

Podemos dizer, assim que, o sentido da vida para uma pessoa não é o mesmo que para outra.

Os homens mesmo assim, procuram a todo instante encontrar “a resposta” definitiva.

Tão fugaz e ao mesmo tempo tão pertinente, a busca pelo “elo” com Deus, faz do homem um ser “para além”.

Não pretendo aqui, encontrar o sentido da vida, nem provar teorias sobre isso, mas colaborar com o fato de que posso a qualquer tempo me perguntar se tudo isso realmente vale a pena.

Talvez seja isto um tipo de justiça divina: Deus deu ao homem o poder de indagar sobre si mesmo e todas as respostas possíveis.

Enfim, a vida faz sentido por que posso vivela plenamente, ou porque posso viver de modo adverso de você e outras pessoas.

A vida faz sentido porque não poderia ser de outra maneira, ou porque se fosse de outra maneira sentiríamos que poderia ser de outra e outra, e descobriríamos que não faz sentido tentar arranhar nossa imagem no espelho a fim de nos ferir ou cegar diante dos fatos que produzimos.

Os materialistas dizem que só a matéria é real e que a mente é uma ilusão, já os idealistas dizem o oposto. Cada um a sua maneira dá um “sentido” diferente para suas crenças.

Mas, já que o homem é o instrumento de seu próprio conhecimento, podemos dizer que é ele que dando “sentido” às suas “coisas”, dá finalidade ao mundo e a si mesmo. O homem individual é a causa do homem social.

Assim, a finalidade do homem como indivíduo é dar “sentido” a sua vida, seja ela como for. Concluímos então que sentido e finalidade se apresentam como pólos convergentes na nossa vida, e podemos descansar em paz, na espera de uma oportunidade única de ver nossas relações idiossincráticas se aproximando de algo que conceituaríamos como: o verdadeiro valor das coisas.

Mas, esqueça tudo isso, se parece não fazer sentido algum para você o fato de estarmos todos procurando o “sentido da vida”. Afinal pode não haver nada no que acreditar se você já quebrou seu espelho. Mas, por outro lado, faz sentido sim, estarmos aqui procurando o “elo” das coisas que nos liga à vida e ao mundo a que pertencemos.

Esse universo imanente a todos os homens, faz sentido no momento em que “procuramos” por nós mesmos.

Espírito é eterna e O Espiritismo nos ensina que a “vida” que eu prefiro chamar de existência do a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre , o Espírito retorna à “vida” eterna. Assim, o Espiritismo tem uma visão mais abrangente do “sentido” da vida, pois na visão da eternidade de nossas existências, tudo toma um rumo diferente, porque deixa de ser imediatista, existencialista, e passa a transcender a vida material.

Deste modo, o Espiritismo nos leva a considerar muitas coisas, como a injustiça, as calamidades, as diferenças sociais e econômicas, as guerras, entre outros problemas do homem como fatos não só do cotidiano, mas de um estágio evolutivo dos Espíritos encarnados neste planeta.

Mais uma vez, vemos que o “sentido da vida” nestes termos, reconsidera vários fatores e valores materiais e espirituais, pois abarca algo bem maior que uma única vida terrestre; ele abrange a eternidade das existências.

No mais, cada um com sua opinião pessoal e livre, deve encarar o sentido da vida como algo positivo, pois o espírito, princípio inteligente, cresce a cada passo e a cada indagação sobre a vida.

Alexandre da Costa é presidente da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, do Centro Espírita Allan Kardec, de Santos.