Da Redação - Março de 2000

18° Congresso da CEPA tem Novas Adesões

Faltando apenas sete meses para a realização do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, confirma-se a presença de inúmeros pensadores, escritores e líderes espíritas do Brasil e do exterior. Destacamos duas dessas adesões:

Wilson Garcia, escritor e jornalista espírita paulista, de histórica atuação junto à Federação Espírita do Estado de São Paulo e à União das Sociedades Espíritas de São Paulo, confirmou a apresentação de um trabalho sobre “Teorias da Comunicação e Processos Comunicativos como Instrumentos de Atualização do Espiritismo”.

Jacques Peccatte, líder espírita francês, presidente do Cercle Spirite Allan Kardec, de Nancy, confirmou a apresentação no Congresso de trabalho sobre a atualização do Espiritismo na França e a contribuição que as idéias espíritas podem oferecer diante das grandes questões éticas da Europa de nossos dias.

Temas Livres

A Comissão Organizadora do Congresso da CEPA, dirigida por Salomão Benchaya, convidou seis importantes líderes espíritas para compor a Comissão Técnica que avaliará os trabalhos a serem apresentados no Fórum de Temas Livres. São eles: Jon Aizpurua e Juan Álvarez, da Venezuela, Dante López e Hugo Beascochea, da Argentina, e Reinaldo di Lucia e Mauro de Mesquita Spínola, do Brasil.

Os trabalhos serão recebidos em Porto Alegre-RS, pela Comissão Organizadora, sendo identificados por um número sequencial para garantia do anonimato dos autores. Os membros da Comissão Técnica receberão, via correio eletrônico, cópia produzida pelo CCEPA, acompanhada de uma Folha para Avaliação de Trabalhos devidamente numerada. As teses serão avaliadas, individualmente, pelos integrantes da Comissão Técnica mediante os seguintes critérios de avaliação: relevância, originalidade, qualidade técnica e consistência, apresentação e redação, adequação ao tema do Congresso, metodologia científica apresentada e bibliografia. A inscrição dependerá da ordem de classificação e será limitada ao número de 24 trabalhos.

Os autores convidados pela Comissão Organizadora não terão seus trabalhos submetidos ao processo de seleção.

Lembramos que até o dia 31 de março os interessados têm prazo para enviar um resumo do trabalho a ser apresentado.

Veja o local do evento e hospedagem

Já foram ultimados os contatos para a localização do evento na zona central de Porto Alegre, com opções para hotelaria e alimentação. O congresso se realizará nas dependências do Hotel Embaixador, situado na R. Jerônimo Coelho, 354, CEP-90.010-240 - Porto Alegre-RS – Brasil, Fone(s): (Oxx51) 215-6720/6600, Fax: (0xx51) 228-5050 e e-mail: embaipoa@pro.via-rs. com.br . As instalações comportam somente 500 pessoas. Somente serão aceitas inscrições até esse limite.

Para os que desejem hospedar-se no próprio local do evento, as reservas já podem ser feitas diretamente com a Gerência do hotel, mencionando tratar-se de participante do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano para gozar de desconto de 20% e mediante garantia de “no show” (depósito de uma diária antecipada). A Comissão dispõe de informações sobre preços de hotéis próximos, com relação de estabelecimentos pela ordem de maior proximidade do local do evento. Informamos que o Hotel Embaixador (50 aptos. disponíveis) e o Duque Center Hotel (30 aptos. disponíveis) oferecem 20% de desconto. Todos os hotéis incluem no preço o café da manhã.

A Comissão Organizadora poderá garantir a reserva de Hotéis desde que o participante remeta por cheque nominal ao CCEPA, o valor correspondente a uma (1) diária/hóspede do estabelecimento de sua escolha.

Por não ter sido efetivada a contratação de Agência de Viagens e Turismo oficial, recomendamos que cada participante faça diretamente suas reservas, com a máxima brevidade, preferentemente, no hotel do evento (Embaixador) e no Duque Center Hotel (este pertencente ao mesmo grupo e localizado a uns 50 metros do Embaixador), ou ainda em outro hotel das imediações, cuja listagem a Comissão poderá informar aos interessados.

Mais informações com a Comissão Organizadora, R. Botafogo, 678 - CEP 90150-050 - Fax (0xx51) 231-6295.

E-mail: ccepa@pro.via-rs.com.br

Revelação Espírita e Revelação Religiosa

“A era das revelações e das profecias está definitivamente encerrada.” Dr. Gustave Geley.

Um dia o movimento espírita terá que se reconhecer maduro e apto para, de fato, influir decisivamente no comportamento das pessoas e da coletividade. Allan Kardec tinha pressa em atingir essa fase. Tão claras lhe pareciam as bases da Doutrina por ele sistematizada, que supôs fosse questão de algumas poucas décadas a universalização de seu conhecimento e, acima de tudo, a transformação moral da humanidade, a partir de seus pressupostos.

Digamos que Kardec não contava com a hipótese de o Espiritismo transformar-se, basicamente, numa seita mediúnico-cristã, de quase nenhuma elaboração humana, e de uma quase absoluta passividade, à espera de que, de novo, os “espíritos superiores” trouxessem uma nova revelação para aprimorar a anterior e guindar a Humanidade a um novo patamar de conhecimento e moralidade. E também não supunha, o insigne mestre de Lyon, que a própria expressão “revelação”, à qual ele insistira em conferir uma conotação de descoberta racional de conhecimento, fosse tomada com aquela mesma carga mítica e profética das religiões, propiciando o surgimento de novas castas de “autoridades”, dotadas de um poder presumivelmente conferido pelo “alto” para validar ou não os avanços com que se pretendesse enriquecer o conhecimento espírita.

A grande contribuição aportada pelo Espiritismo foi a da dessacralização de determinados temas, antes circunscritos às religiões, ou aos quais era dado um caráter iniciático e misterioso. Inserindo-os na ordem natural de um universo que não se compatibiliza nem com o privilégio, nem com o mistério, o Espiritismo arrancou os postulados que formam seu objeto de estudo do mítico mundo da sobrenaturalidade para plantá-los no fértil campo humano do conhecimento. Com toda a razão, pois, Kardec deixou claro em “A Gênese” que, embora tendo sido a revelação espírita de origem divina e de iniciativa dos Espíritos, sua elaboração teria de ser fruto do trabalho do homem (A Gênese, Cap.I, n. 13). E entenda-se por “homem”, o gênero humano na sua universalidade, espírita ou não, mas, necessariamente, aquele que, com honestidade de propósitos, se dispõe à permanente investigação do conhecimento. Querer circunscrever a revelação espírita aos centros espíritas será o mesmo que fazer do Espiritismo mais uma seita fechada e presunçosa.

Está aí, pois, como entendemos deva ser a correta postura do movimento espírita na tarefa da permanente atualização do pensamento e da cultura espírita. Isso, de forma alguma implicará em dispensar ou menosprezar a sempre imprescindível colaboração dos Espíritos nesse processo. Ao contrário, pensar o Espiritismo como permanente e racional elaboração de conhecimento será a melhor forma de atrair a participação ativa e eficiente daquela parcela da humanidade desencarnada, verdadeiramente comprometida com o progresso da humanidade como um todo. Estar-se-á, dessa forma, qualificando o fenômeno mediúnico e lhe conferindo a dimensão que merece.

Dar à revelação espírita outro caráter, que não este, é confundi-la com a revelação religiosa, aquela que Kardec identificou, na obra antes citada, como sendo a dos profetas ou messias, dos enviados e dos missionários, tomada com passividade absoluta e aceita sem verificação, sem exame, nem discussão (A Gênese, Cap. I, n.7).

Esse tipo de revelação já fez muito mal à humanidade. E ao Espiritismo também.

A Liberação do Topless

Depois de cenas patéticas, a polícia retirando à força uma mulher que estava numa praia do Rio com os seios à mostra, as autoridades decidiram liberar o topless.

As mutações profundas nos conceitos da sociedade ocidental influíram gradativa e cada vez mais na exposição do corpo, antes proibido de ser mostrado.

O corpo, principalmente o feminino, foi sempre objeto de desejo e considerado instrumento de sedução e de perdição. Daí a preocupação das religiões em vesti-lo quase sufocadamente. Como acontece ainda nos países muçulmanos.

Partindo de um extremo moralismo, chega-se à permissividade mais aberta.

As pessoas, uma boa parte, quem sabe a maioria, abandona a própria privacidade e arroja-se no exibicionismo, às vezes justificado por supostos benefícios do naturismo.

O exibicionismo, o voyeurismo, são processos psicológicos ligados à perversão da sexualidade.

A nudez nada tem de imoral. Mas a exposição em revistas, filmes e novelas de cenas de sexo ou nu erótico exprimem o descontrole e a exploração da sensualidade e da sexualidade, banalizando a emoção.

Cremos, todavia, que nos próximos anos, haverá um recuo nesse caminho de banalidade e erotismo comercial ou perverso. A experiência mostra que os extremos não satisfazem e incomodam, promovendo a volta para uma posição mais centrada e de bom senso.

Um Padre Materialista

O famoso padre Oscar Quevedo surge como novo astro da televisão. Substituto, segundo alguns críticos, de Mr. M, o destruidor dos mágicos, o prelado aparece com vestuário mórbido, de preto, exibindo sua costumeira prepotência, como se tivesse descoberto todos os segredos da parapsicologia.

As explicações do padre Quevedo são não apenas frágeis, como hilárias, debaixo de seu sorriso sarcástico e sua capa preta

Mas o que ressalta das intervenções do prelado jesuíta é que ele em tempo algum cita a existência da alma. Embora a Igreja seja, por definição, espiritualista, o padre esquiva-se como pode de tocar na existência da alma.

Ele localiza-se no cérebro como ponto de formulação das idéias, dos sentimentos e dos fenômenos. Dedica-se a desmascarar as fraudes ou dar explicações sem qualquer sustentação científica. Para tanto criou um misterioso “inconsciente” que, certamente, não é o inconsciente freudiano, formado por recalque de idéias proibidas.

Quevedo idealizou um local – o inconsciente - onde tudo acontece e é maquinado, sem mencionar, como dissemos, a alma. Não o faz talvez por ser materialista em sua estrutura, embora mantendo-se padre. Ou, quem sabe, para evitar que falando da alma escorregue e caia na inevitável hipótese da imortalidade e da comunicação dos Espíritos.

Os 20 Espíritas do Século

Agora que estamos no último ano do século 20, podemos fazer um balanço da contribuição que estudiosos espíritas deram ao desenvolvimento do pensamento espírita e também dos pesquisadores psíquicos que se destacaram na tarefa de provar a existência e a imortalidade da alma. A direção do Abertura, através de pesquisa informal, selecionou 20 espíritas e pesquisadores trouxeram contribuição relevante para o Espiritismo e a experimentação psíquica. A lista poderia ser diferente, composta de outros nomes. Muitos outros poderiam entre os nomes. Mas houve um consenso sobre esses nomes e os critérios adotados, que são os seguintes: 1. Para os pesquisadores psíquicos, a influência que seus estudos, pesquisas e publicações desempenharam na aceitação dos princípios da imortalidade, da comunicabilidade dos Espíritos e da reencarnação, independente de terem ou não sido espíritas; 2. Para os espíritas teve-se em conta precípuamente a tendência progressista dos nomes apontados, isto é, aqueles que têm demonstrado, em sua obra, maior preocupação com o avanço qualitativo das idéias espíritas. Os dez primeiro nomes são: Gabriel Delanne, Léon Denis, Ernesto Bozzano, Manuel S. Porteiro, Gustavo Geley, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy e Hernani Guimarães Andrade. Estaremos publicando, a partir desta edição, comentários sobre a obra de cada dois desses nomes, escritos por vários autores convidados pelo Abertura.