Da Redação - Junho de 2000

Seminários Expandem Pensamento Espírita

A realização dos Seminários do Pensamento Espírita, em Curitiba-PR, dia 27 de maio e em Itajaí- SC no dia 28 de maio, representou, sobretudo, uma abertura e uma expansão das idéias.

Tanto na capital do Paraná, como em Itajaí, as dificuldades dos promotores foram grandes, devido à manifesta oposição dos centros e do sistema espírita religioso.

Em Curitiba, o Grupo Livre Pensar de Estudos Espíritas, sob a liderança de Saulo de Meira Albach, reúne espíritas que decidiram criar um núcleo de estudos desvinculado das formas tradicionais praticadas pelos centros espíritas. A maioria dos participantes do Livre Pensar é oriunda do Centro Espírita Luz Eterna, daquela cidade, entidade de grande porte e que, sob a atual presidência de Alexandre Sech, repudiou a ação aberta que tinha, tornando-se extremamente conservadora, religiosa e repressora.

Em Itajaí, graças à pressão da Federação Espírita Catarinense, o CE Allan Kardec negou-se a patrocinar o Seminário, criando uma situação constrangedora. O Seminário foi promovido pelo Instituto de Cultura e Estudos Espíritas "18 de Abril", sob a liderança de Arnaldo Regis. O Instituto havia se congregado ao referido centro, mas devido a sua decisão de promover o Seminário, foi simplesmente despejado. Agora já está instalado em sua própria sede.

Resultados Positivos

Embora, como seria de esperar, o número de participantes tenha sido pequeno, cerca de 25 pessoas em Curitiba e 43 em Itajaí, os Seminários desenvolveram-se com grande proveito.

Em Curitiba, participaram Alexandre Cardia Machado, que desenvolveu o tema O Ser Humano e A Evolução - Uma Análise Pré-Histórica, Jaci Regis com Perfil Psicológico da Obsessão e Marcelo Coimbra Regis, que expôs seu trabalho Um Século nas Ciências do Espírito. O seminário foi realizado em salão alugado no centro da cidade.

Em Itajaí, Jaci Regis e Marcelo Coimbra Regis desenvolveram os mesmo temas que apresentaram em Curitiba. O evento foi realizado em salão alugado no Hotel Caiçara, no centro da cidade.

Foi feita divulgação dos livros editados pela Licespe e do jornal Abertura.

Na Capital

Encerrando as atividades do semestre, no dia 17 de junho foi realizado em São Paulo, no CE José Barroso, um seminário com temas do VI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, das 9 às 13 horas, com o seguinte programa.

9 horas-10h45 - Razão e Fé no Espiritismo, por Roberto Rufo.

10h45-12 horas - O perispírito - Uma Abordagem do Século 20, por Reinaldo di Lucia

12 horas-13h15 - Ensaio Sobre o Nascer e o Morrer, com Amilcar Del Chiaro Filho.

Lar Veneranda comemora 46 anos

A Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda comemorou seu 46º aniversário, com sessão festiva no dia 3 de junho último. A entidade foi fundada em 5 de junho de 1954.

O programa constou da inauguração dos retratos de Jaci Régis e Maria Vanda Rodrigues, na Galeria de Ex-presidentes, pela presidente Valéria Regis e Silva. Em seguida foi homenageada a Assistente Social Rosana Regis da Costa e Oliveira pelos 25 anos de trabalho na Comunidade.

A homenagem constou ainda de uma placa e de flores, estas ofertadas pelas mães das crianças assistidas pelo Lar. Foram também entregues Diplomas de Homenagem aos Conselheiros que completaram 40 anos como membros do Conselho Administrativo: Mauricy Antônio da Silva, Maria Nilce Ventura Muniz e Jaci Régis.

O G'aarte mostrou vários números de música popular e em seguida foi servido um lanche.

Nóris Paiva desencarna

Desencarnou em Pelotas, no dia 1º de maio último, a prezada amiga Noris dos Santos Paiva, valorosa espírita gaúcha.

Recebemos o comunicado via e-mail, enviado por sua filha Luciana.

Meu nome é Luciana Paiva, sou filha da Nóris Paiva. É com grande tristeza e pesar que eu venho informar que minha mãe faleceu neste 1º de maio depois de longos três anos de luta contra o câncer. Como sou sabedora da mútua estima que tinham um pelo outro, e da grande admiração de minha mãe por esta publicação, senti-me no dever de informá-los de tal fato.

Um abraço, Luciana Paiva.

Antes de desencarnar, Noris deixou a seguinte mensagem:

"Estou partindo, é uma viagem diferente, não é facil a preparação, não tenho a bagagem habitual. Não temo. Não estou ansiosa, apenas sei que tudo será diferente, ou não?

Deixo muitos afazeres, muitos sonhos, muitas lutas para que outros prossigam. É tão bom deixar algo plantado e saber que outras lutas e trabalhos me esperam. É uma partida para mim sem traumas, sem queixas apenas com a sublime expectativa de reencontrar queridos amigos dos quais sempre senti uma estranha saudade.

Não estou indo por opção minha, mas sei que as trocas são necessárias para o prosseguimento. Evoluir... Evoluir.. Obrigada Kardec."

Minha ligação com Nóris foi bastante simpática e profunda, fruto da união de ideal. Embora nos tenhamos visto talvez três vezes apenas, um sentimento de grande admiração nos envolveu. Ela participou do III SBPE, realizado em Santos, em 1993, com o trabalho Traço de União e escreveu artigos que publicamos no Abertura, do qual era entusiasta e compreendeu o alcance e o objetivo do jornal.

Foi líder e trabalhadora na cidade de Bagé-RS. Manteve sempre sua mente aberta e seu coração prestimoso no serviço ao próximo. (Jaci Regis)

Luta e dignidade

Nóris dos Santos Paiva nasceu em 18 de abril de 1946, era natural de Pelotas, aonde viveu até se casar em 1972. Formou-se em Odontologia em 1970 pela UFPel e exerceu sua profissão até o limite que a doença lhe permitiu, realizando até atividades que lhe renderam uma participação em um congresso de odontologia apresentando um trabalho sobre saúde pública.

Começou no Espiritismo em 1984, na Sociedade Espírita Amor e Caridade, foi fundadora do Núcleo Nova Esperança dessa mesma casa, realizando intensa atividade assistencial, foi também expositora doutrinária e dirigente de vários departamentos dessa mesma casa.

Frequentou posteriormente o Centro Leon Denis e por último a Sociedade Espírita O Bom Samaritano, onde realizou tarefas até seus últimos dias. Participou também ativamente de simpósios espíritas, apresentando trabalhos e sendo colaboradora dos jornais Opinião e Abertura. Faleceu no último 1º de maio em Pelotas onde foi sepultada, depois de três anos de luta contra o câncer. Foi um exemplo de dignidade até o fim.

Desde já agradeço em nome da família e dos amigos a atenção dispensada.

Luciana Paiva

Fato & Comentário

O esforço de Alamar Régis

Alamar Régis trabalha com entusiasmo e idealismo no campo da divulgação do Espiritismo, dentro de um horizonte aberto, criticado por muitos que não aceitam sua atuação.

Além da publicação de uma revista vendida em bancas, ele conseguiu autorização para a instalação de um canal de TV a cabo. Mantém um programa semanal sobre Espiritismo, sempre aos domingos de manhã, em canal de TV via cabo.

Mas a propósito do trabalho do espírita baiano, realizou-se em Santos uma convenção sobre o marketing na Igreja Católica. O objetivo do encontro foi modernizar a linguagem e o marketing da Igreja.

Segundo um bispo, a Igreja não pode mais utilizar a linguagem pesada, de castigos, pecados, sob pena de não ser ouvida.

Já o movimento espírita permanece ainda adstrito a uma mentalidade arcaica. Jornais em geral não identificam os autores dos artigos, com alguns dados sobre eles, porque julgam que isso seria "vaidade".

A maioria permanece adstrita aos desertos da antiga Palestina, sem aceitar que o mundo evoluiu, que a linguagem mudou e que se o Espiritismo não se adaptar pode virar uma seita, uma religião sectária como qualquer outra. Nesse sentido, o esforço de Alamar Régis necessita do pleno apoio do movimento espírita.

Imobilismo

Nós - o chamado grupo de Santos - começamos a incomodar o movimento espírita religioso a partir de 1978, quando iniciamos a Campanha pela Espiritização, em contraposição à prática de Evangelização pregada pelas federativas e lideranças espíritas. Desde então, são conhecidos os movimentos de defesa do movimento oficial, culminando com lamentáveis atitudes como a nossa exclusão.

A adoção pela Confederação Espírita Pan-americana (Cepa) de nosso processo, tornou-se uma preocupação evidente dos órgãos diretivos, através de sucessivas manifestações, pressões e artigos em jornais e revistas.

O problema é grave. Afirmando que o Espiritismo é progressivo mas que tem um tríplice aspecto, o movimento se enrola no dilema que ele próprio criou. Se é progressivo, como então mantê-lo imóvel? Se é também ciência e filosofia, por que a monoidealização do chamado aspecto religioso?

O discurso da imobilidade não resiste à velocidade das mudanças. Daí a perplexidade de uma doutrina "progressista" que se recusa a discutir a evolução de suas próprias idéias. Para garantir essa imobilidade, negam a Allan Kardec o papel de fundador do Espiritismo e fixam-se na afirmativa equivocada de que, ao espírita, "compete estudar e divulgar Kardec, mantendo a Doutrina Espírita tal qual ele recebeu do Espírito da Verdade".

Esse imobilismo é uma inverdade histórica, uma vez que Kardec não "recebeu" a Doutrina, mas a elaborou, a partir das confabulações e opiniões dos Espíritos, vendo-os apenas como fonte de informação, nada mais.

Do jeito que a coisa vai, o movimento espírita religioso continuará parado no tempo e falando a mesma linguagem dos evangélicos, pois até a igreja católica admite mudar.