Da Redação - Janeiro/Fevereiro de 2000

‘Abertura’ Será Editado pelo Instituto Kardecista

A partir da edição de março de 2000 este periódico passará a ser editado pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS), criado pela Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, como seu braço doutrinário.

Todas as atividades desenvolvidas pela Livraria Cultural Espírita (Licespe) passarão para a jurisdição e responsabilidade do Instituto. A edição do Abertura, a Livraria Espírita, a Editora, o Clube do Livro, a promoção do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita e outros eventos que se tornem necessários à divulgação da doutrina kardecista.

Direção

O ICKS é dirigido por um Conselho Diretor, composto de cinco membros eleitos pelo Conselho Administrativo do Lar Veneranda. O primeiro conselho do ICKS ficou constituído por Jaci Regis, presidente; Liamar Gadelha Pazos, 1ª vice-presidente; Roberto Luiz Rufo e Silva, 2º vice-presidente; José Bernardo Aires, secretário e Mauricy Antônio da Silva, tesoureiro.

Programa

O conselho diretor do ICKS delineou o seguinte programa básico para o ano 2000:

SemináriosRealização de dois seminários em Santos, um em São Paulo, em Curitiba-PR e em Itajaí-SC. Os seminários serão compostos de temas tratados no VI SBPE

Expoespírita2000Evento a ser promovido em conjunto com os centros espíritas de Santos, com data provável de 21 a 26 de novembro.

Revista Cristã de Espiritismo

Editada por Victor Rebelo, a Revista Cristã de Espiritismo já está no número 4 e é distribuída em todas as bancas do Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S/A. Mantida pela editora Escala, o novo periódico traz, na edição de janeiro/fevereiro, artigo do médico Ricardo Di Bernardi sobre Aborto, de Leile Cacacci sobre o fundador da sociologia espírita Manuel S. Porteiro e a transcrição de uma palestra virtual com Altivo Pamphiro sobre A Missão Espiritual do Brasil, dentre outros artigos, além de reportagens e várias informações sobre o movimento espírita brasileiro. A revista está precisando de colaboradores que queiram enviar artigos doutrinários e reportagens com fotos sobre atividades do movimento espírita. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx11-608.2651. Números anteriores podem ser adquiridos pela Caixa Postal 16.381 - CEP 02599-970 - São Paulo-SP ao mesmo custo nas bancas, R$ 4,50. E-mail: rce@plugnet.com.br

VI SBPE - Opiniões

Recebemos, via Internet, as considerações abaixo sobre o VI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, realizado em outubro do ano passado.

MARIA CRISTINA

Curitiba-PR

Jaci,

Antes de mais nada, desejo parabenizar novamente a você e toda a sua família pelos dias magníficos que vivi em Cajamar. Se depender de mim, este foi o primeiro de todos os próximos Simpósios.

Imagino o quanto devem ter trabalhado para que tudo corresse bem.

Desejo dizer também que apesar de estarmos a disposição para fazer o próximo Simpósio aqui em Curitiba, achei Cajamar adequado para a proposta de integração e discussão das idéias espíritas. Talvez alguns pequenos ajustes apenas. Mas se possível, sem televisão...

Um abraço a todos, em especial a você e D. Palmyra.

ALCIONE MORENO

São Paulo-SP

Queridos amigos

Penso que já devemos estar preocupados com o VII SBPE. Imaginei que no Congresso do ano que vem a gente já poderia estar levando folders, cartazes e ficha de inscrição para o próximo Simpósio. Para tanto penso que o primeiro passo a definir seria o local. Então tomo a liberdade de enviar este e-mail para que a gente vá pensando nestas coisas, para que possamos confeccionar um material de divulgação bem bonito, e chamativo, para que o VII seja melhor do que o VI, e também é uma forma de eu matar a saudades do simpósio, que foi muito gostoso.

Beijos a todos

SALOMÃO BENCHAYA

Porto Alegre-RS

Prezado Jaci,

Ratificando meu pronunciamento feito ao final do VI SBPE, quero, em nome do CCEPA, apresentar a você, em especial, e à equipe organizadora do Simpósio, nossas congratulações por essa iniciativa que, pelo ineditismo, em termos de movimento espírita, já inspirou eventos semelhantes aqui no Rio Grande do Sul e, mais recentemente, na Argentina.

O SBPE, sem dúvida nenhuma, é responsável pela geração de uma nova mentalidade nas instituições espíritas que, de usuárias de programas de estudo reprodutores de conhecimento, passam a desenvolver metodologias priorizadoras da construção do conhecimento, postura altamente desejável quando se projeta um futuro promissor para o Espiritismo.

No tocante ao futuro do SBPE, acredito na competência de sua liderança em promover maior participação dos novos companheiros que se agregam pela força das idéias em que você foi pioneiro, o que poderia se traduzir em maior presença nas etapas preparatórias dos próximos simpósios, de maneira a dinamizá-los e torná-los atrativos a novos participantes.

Nesse sentido, penso que uma conjugação de esforços com o segmento que sustenta a ação da CEPA no Brasil merece ser refletida para que não se desperdicem recursos - que, em nosso caso, são escassos - e possibilitaria que um grande número de companheiros que se revelam simpáticos ao pensamento da CEPA, particularmente expostos com tanta clareza e objetividade pelo seu presidente Jon Aizpurua, viessem a se tornar potenciais participantes do SBPE.

Não é demais enfatizar a excelente qualidade que, em geral, tiveram os trabalhos apresentados - e não posso me furtar, pela intimidade com o problema e pelo interesse que particularmente me despertou, a dar um especial destaque à proposta metodológica para atualização do Espiritismo, apresentada por Ademar Chioro dos Reis, que, a meu ver, deve ser trabalhada e aperfeiçoada para se constituir em documento oficial do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano -, bem como ao caráter aberto e amplamente democrático do evento que possibilita a participação mesmo de espíritas que vêem o Espiritismo sob prisma diferente do nosso.

Por tudo isso, parabéns, Jaci e laboriosa equipe!

Com afeto, admiração e respeito.

Fato & Comentário

A que Ponto Chegamos

Notícias afirmam que um determinado “centro espírita” no Rio de Janeiro, teria promovido uma Semana em Louvor a Nossa Senhora. Agora um certo Movimento Espírita, liderado por Antônio José de Brito, da capital paulista, distribuiu uma mensagem por ele psicografada e assinada simplesmente por Fernando, que propõe, nada mais nada menos, de que os centros espíritas deveriam chamar-se de Centro Evangélico do Movimento Espírita ou Casa Evangélica do Movimento Espírita ou Instituição Evangélica do Movimento Espírita e, finalmente, Templo Evangélico do Movimento Espírita.

A proposta seria mais surpreendente se não fosse comum entre nós muitos se auto denominarem de “espíritas evangélicos”, e não houvesse a massiva centralização na interpretação e na transformação dos evangelhos canônicos em livros básicos do pensamento doutrinário.

A existência dessa proposta mostra, por outro lado, a que ponto chegamos na destruição da identidade do Espiritismo. Embora se fale e se propague que sem Kardec não há Espiritismo, a realidade é bem outra.

Ele, Kardec, é “apenas” o codificador e a Doutrina foi nos dada diretamente por Jesus Cristo, através dos Espíritos Superiores. Logo, o pensamento, o trabalho, a função de Allan Kardec fica um nível acima de um médium psicógrafo.

Mais um pouco e vai haver quem proponha que nos filiemos à Igreja Universal do Reino de Deus ou à Igreja Carismática do padre Marcelo...

18º Congresso da Cepa

O Evento do Ano

O XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, da Confederação Espírita Pan- Americana (Cepa), que acontecerá de 11 a 15 de outubro deste ano em Porto Alegre-RS, promete ser o grande evento deste último ano do século 20.

A organização do congresso internacional, que volta ao Brasil depois de 50 anos — o anterior foi realizado no Rio de Janeiro, em 1949, sob a coordenação de Deolindo Amorim —, está a cargo do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA). Salomão Benchaya preside a comissão organizadora.

Tema Polêmico

O tema central do Congresso, Deve o Espiritismo atualizar-se? tem gerado protestos dos órgãos dirigentes do movimento espírita religioso brasileiro. Mas a Cepa deixa bem claro seus propósitos.

Declaração de Intenções

Com as declarações a seguir, a Cepa deseja aclarar seus propósitos com respeito à escolha do tema central, tendo em vista que, embora possua uma posição firmada sobre o assunto, coerente com o pensamento do Codificador, está ciente da existência de posicionamentos diferentes no movimento espírita, os quais respeita, acreditando, por isso, que a apresentação do tema central na forma interrogativa sugere o debate amplo, mas sereno, sobre o assunto:

1. Em hipótese alguma a Cepa alimenta o propósito de, no ano 2000, em um único congresso, efetuar a revisão pontual da Doutrina Espírita.

2. É indiscutível a atualidade de partes importantes e fundamentais da obra de Kardec, não superadas pela Ciência, que serão, óbvia e plenamente, reafirmadas pelo Congresso.

3. Os organizadores do Congresso entendem que atualizar o Espiritismo é torná-lo atual, situá-lo na época em que vivemos, torná-lo presente e atuante em todos os setores do pensamento humano.

4. Em hipótese alguma, sob pena de violação de direitos autorais, podem ser alterados os textos ou expressões das obras de Allan Kardec, como os de qualquer autor. Já as idéias, concepções e teorias expostas nas obras da Codificação e nas que lhe são complementares, como o próprio fundador do Espiritismo afirmava, não sendo mais do que a expressão do conhecimento dos seus autores, subordinadas ao contexto de uma época, são passíveis de revisão e de atualização.

5. Não serão objeto de discussão, neste Congresso, os postulados básicos do Espiritismo: Deus, Imortalidade, Comunicabilidade, Reencarnação, Mundos Habitados, Evolução. Todavia, poderão ser questionados conceitos e interpretações a eles referentes expressos na literatura espírita por autores encarnados ou desencarnados ou que se tornaram correntes entre os espíritas.

6. Embora os congressos da Cepa possuam amplo caráter deliberativo, este não tomará deliberações no que concerne ao conteúdo doutrinário das propostas, exposições, teses e/ou trabalhos que ali forem apresentados. Estes se constituirão em subsídios para novas pesquisas, experimentos e estudos, em áreas específicas, por parte de pessoas e/ou instituições, com a participação dos Espíritos, cujos resultados e conclusões retornarão ao debate em futuros simpósios, seminários, congressos etc..

Estrutura do Congresso

O desenvolvimento do temário será feito em dois tipos de atividades:

Painéis Temáticos

A – A atualização do Espiritismo nas áreas Epistemológica e Paradigmática;

B – A atualização de Conteúdos Doutrinários do Espiritismo;

C – A atualização da linguagem nas obras básicas do Espiritismo.

Cada Painel contará com quatro painelistas convidados pela Comissão Organizadora.

Fórum de Temas Livres

O Fórum de Temas Livres abrangerá as modalidades a seguir:

a) Trabalho Original – destinado ao desenvolvimento das áreas temáticas do Congresso numa abordagem original.

b) Revisão Bibliográfica — para trabalhos cujo objeto em estudo é construído a partir da revisão biliográfica existente sobre o assunto/tema a ser desenvolvido, incluindo-se aí a contribuição de autores espíritas (encarnados ou não) e não espíritas. Não há originalidade nos trabalhos de revisão, ou seja, trata-se de sistematização e revisão do que já foi escrito sobre o assunto, mesmo admitindo a contraposição de idéias sobre o mesmo tema.

c) Relato de Caso: — destinada à apresentação de experiências e estudos experimentais ou institucionais desenvolvidos pelo autor. Nestes, há, implicitamente, a experimentação ou descrição de experiências.

d. Painel/Pôster: Qualquer tipo de contribuição pode ser apresentada na forma de painéis e pôsteres. Apresentam como grande vantagem a oportunidade de exposição por maior quantidade de tempo durante o Congresso, o que permite que um maior número de participantes tomem contato com o trabalho e discutam diretamente com o(s) autor(es). O que se solicita aos autores, neste caso, é apenas um resumo para seleção.

Em função da limitação de prazos, os interessados em apresentar trabalho no Fórum de Temas Livres devem solicitar, imediatamente, à Comissão Organizadora, o respectivo Regulamento.

Inscrição

As inscrições de participantes já se encontram abertas, podendo ser solicitadas, para:

XVIII CONGRESSO ESPÍRITA PAN-AMERICANO - Comissão Organizadora, R. Botafogo, 678 – CEP 90150-050.

Fax: (0xx51) 231-6295

Email: ccepa@pro.via-rs.com.br

A Religião Espírita em Crise

Da Redação

Não obstante a inequívoca liderança da Federação Espírita Brasileira sobre o movimento espírita religioso organizado, a seara religiosa está em crise.

Talvez tenha sido sempre assim. São repetidas as tentativas de solapar a liderança da FEB, tanto quanto existem os que lutam para que a entidade continue no topo.

O Pacto Áureo, que completou 50 anos em outubro, nasceu do esforço e da capitulação dos dirigentes estaduais diante das imposições da FEB, no momento em que se articulava uma nova linha de diretrizes, a partir do 1º Congresso Espírita Centro-Sulino, realizado em São Paulo, em 1948, pela USE.

Já em 1926 foi criada, no Rio de Janeiro, a Liga Espírita do Brasil, em contraposição à FEB. No Pacto Áureo, a Liga transformou-se em federação regional.

Para muitos espíritas o Pacto Áureo foi uma traição, mas a verdade é que, com sucessivas alterações na composição do Conselho Federativo Nacional, a FEB conseguiu abrigar em seu seio materno, todas as federativas estaduais.

Entretanto, existe uma antipatia muito grande contra a FEB. Em parte pela sua base roustainguista, alvo preferido de seus opositores.

Nos últimos tempos recrudesce a pretensão de criar-se organismo federativo à margem da FEB.

A Proposta de Gélio Lacerda

Quando presidente da Federação Espírita do Espírito Santo, em 1982, Gélio Lacerda teve a ousadia de propor, no plenário do CFN, a criação da Confederação Espírita Brasileira, idéia imediatamente banida pelo presidente da FEB e desprezada pelas federativas estaduais.

Desde então Gélio tem lutado para mostrar a inconveniência do movimento ser liderado pela FEB, devido às suas tradições roustainguistas.

Mais recentemente ele panfletou e colocou faixas contra a Federação, na realização do 1º Congresso realizado pela entidade, na cidade de Goiânia.

Juntou-se à luta anti-roustainguista de Gélio, a ADE-RJ, Associação dos Divulgadores Espíritas, do Rio de Janeiro, atacando a “casa mater” e seu roustainguismo. Acusando-a de anti-kardecista

Confederação Espírita

A criação da Confederação Espírita Brasileira já está decidida, sob a liderança da Federação Espírita Paraense, presidida por Oscar Ferreira da Rocha. Já tem os estatutos e data marcada para sua fundação, 16 de janeiro de 2000. A FEB, através do CFN atacou violentamente a idéia,, conforme publicado na revista Reformador, de janeiro de 1998.

Apoiando a iniciativa de Rocha, Fausto Vito, diretor do jornal A Flama Espírita, de Uberaba, MG, lançou manifesto, em outubro de 1999, propondo a criação da Federação Espírita do Estado de Minas Gerais – FEEMG, presidida pela sra. Isabel Salomão de Campos, de Juiz de Fora-MG e que se filiaria à Confederação Espírita Brasileira.

Por fim, o economista Mário Franco, de Ribeirão Preto, SP., em 14 de dezembro de 1999, divulgou um Manifesto aos Espíritas, propondo o adiamento da instalação da CEB, marcado para 16 de janeiro de 2000 e a criação de um Comitê Organizador, para preparar o caminho da futura Confederação Espírita.

Outra Versão

O coordenador do IPEPE-Instituto Pernambucano de Intercâmbio Espírita, Gezler Carlos West, em e-mail recente, analisando o problema institucional do Espiritismo brasileiro, baseado em suas experiências pessoais, pois foi presidente da Comissão Estadual de Espiritismo de Pernambuco, faz uma sugestão para uma mudança no sistema de unificação vigente.

Eis alguns trechos de seu artigo, retirados do e-mail citado:

1.. Considero a “UNIÃO” mais importante do que a “UNIFICAÇÃO” , que no Brasil tornou-se uma questão apenas Institucional. A união é a essência da mensagem de Jesus, enquanto que a unificação, conforme tem sido colocada entre nós, é apenas um simples desenho organizacional e administrativo, em um formato linear;

2. Respeito quem pense diferente, mas não vejo superioridade entre as instituições espíritas nacionais, pois as enxergo com o mesmo respeito e importância. Com isto, coloco a FEB, ABRADE, AME-BR, Cruzada dos Militares Espíritas do Brasil, ABRAPE, ICEB e outras, todas de âmbito nacional, em níveis de igualdade de relacionamento. O mesmo raciocínio eu faço no nível estadual, onde coloco as ADE´s, IPE´s, AME´s, NACE´s, Federativas estaduais e demais, no mesmo nível de importância e grau de relacionamento. Os Centros Espíritas estariam nas Federativas Estaduais, sendo os responsáveis pelo destino das mesmas;

3.. Em vez das Instituições nacionais ficarem dentro do Conselho de uma outra também nacional, ou as estaduais ficarem dentro do conselho de uma Federativa estadual, conforme o modelo atualmente defendido, penso que seria mais respeitoso e ético, além de propiciar maioridade às demais Instituições, que se crie um Conselho Espírita Brasileiro, que agregaria as Instituições nacionais, bem como um Conselho Espírita Estadual, que agregaria as estaduais. Ganharíamos, entre outros fatores, em união, respeito, democracia, participação, criatividade e dinamismo. Os Conselhos não discriminariam ninguém, todos poderiam sentar, dialogar e as diferenças seriam respeitadas e nenhuma Instituição seria superior às demais.

Segundo as propostas de Gezler:

a) Os Conselhos não teriam função executiva, b) não teriam sede própria. As reuniões ocorreriam nas sedes das instituições mantenedoras, através de um processo de rodízio; c) O seu presidente seria eleito democraticamente pelos seus membros, sem direito a mais de uma reeleição consecutiva; d) O fato de existir mais de uma Federativa Estadual, não significa que obrigatoriamente tenha que existir briga.

Ele diz :“Não estou defendendo a infinita multiplicação de Instituições mas, em certos casos em que o prejuízo está sendo para todos, é preferível ter mais de uma. A unicidade administrativa é como um casamento, exige mais afinidades.”

E, adiante, “É bom salientar, que esse problema não se resume a Roustaing, muito pelo contrário, existem várias outras questões que em muitos casos inviabilizam, pelo menos a curto e médio prazo, que todos fiquem administrativamente embaixo do mesmo teto, fisicamente falando. O importante é procurarmos manter ou adquirir o clima de fraternidade e não a “obsessão” da unicidade administrativa. Devemos priorizar a “UNIÃO” que, essa sim, é a verdadeira mensagem de Jesus! “

A FEB Vencerá

A experiência centenária dessa luta, começada pelo conflito entre “místicos” e “científicos”, no fim do século 19, mostra que essas iniciativas geralmente não triunfam.

Na verdade, a crise é epidérmica, institucional, pois com exceção da questão roustainguistas, todos são religiosos, admitem que o Espiritismo tem tríplice aspecto, embora priorizem o religioso.

As propostas mais “fraternas” são as que pedem à FEB renunciar a Roustaing, o que, teoricamente, tornaria possível viverem em harmonia todos os segmentos, sob a égide maternal da auto-proclamada “casa mater”.

O que une todos os participantes dessa crise constante, é o repúdio mais ou menos generalizado, a qualquer aprofundamento da análise do processo evolutivo da doutrina kardecista, termo aliás repudiado.

Todos são mais ou menos cristolatras, e atacam atualmente os “laicos”, de forma virulenta, inclusive com ponderações pouco verídicas, como a que estes repudiam a parte moral e são “científicos” empedernidos, o que é falso. Os laicos ressalvam apenas o misticismo e o religiosismo que domina a estrutura administrativa e mental dos espíritas brasileiros e a recusa em reconhecer que, conforme Kardec previu, a doutrina teria que crescer filosófica e praticamente, conforme a evolução da sociedade, da ciência, enfim, acompanhar as mutações sociais, sem perder, todavia, suas bases.

A FEB ataca a CEPA, temendo, quem sabe, o enfraquecimento de suas bases e chama todos os que não aderem a ela de “personalistas”. Os religiosos não febianos chamam os “laicos” de personalistas e outros adjetivos pejorativos e atacam a CEPA, como instrumento das trevas. Uma tremenda falta de criatividade.

Assim como no Pacto Áureo todos se acomodaram com às determinações da FEB, possivelmente haverá uma forma de compromisso em que todos, por um determinado tempo, se aquietarão.

Mas, depois, outras crises serão criadas. Assim é a estrutura ansiosa e insegura do pensamento religioso.

A Postura da Cepa

A CEPA, tem estrutura semelhante à postulada por Gezler C.West. Não tem sede própria, recicla permanentemente seus dirigentes e é, basicamente, formada por entidades nacionais de vários países, cuja adesão é feita na base da solidariedade. Além disso as decisões são sempre tomadas em congressos realizados tri-anualmente. Devido às infiltrações da FEB nos países latinos, a CEPA viu-se obrigada a abrir adesões para centros espíritas e, atualmente começa a ter penetração maior no Brasil, reunindo espíritas que foram excluídos do movimento devido as suas posições progressistas.

O XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, a realizar-se em Porto Alegre de 11 a 15 de outubro deste ano, consolidará, certamente, a presença da CEPA como alternativa de união entre esses espíritas