Artigo de Reinaldo Di Lucia - Janeiro/Fevereiro de 2000

Espiritismo na InterNet

Seguramente, podemos afirmar que a Internet foi a grande revolução do século 20 (supondo que, neste último ano do século, nada de milagroso aconteça). Basta imaginarmos como se dava a comunicação nos primórdios do século: cartas demoravam meses para serem enviadas e recebidas, já que precisavam ser transportadas de navio. E esta era, praticamente, a única forma de comunicação que envolvia a grande maioria da população, mesmo aquela dos países ricos. Na Europa, considerada o centro do mundo civilizado, praticamente não existiam telefones, e o telégrafo (ainda com fio) era o que se podia utilizar de mais rápido.

As informações só estavam disponíveis para as pessoas através dos jornais e dos livros. Uma boa biblioteca era fundamental para qualquer pensador, mas, apesar de a imprensa ser já bastante utilizada, ainda era razoavelmente caro manter uma. As enciclopédias eram o que se tinha de material compilado para fornecer às pessoas uma vasta gama de conhecimentos – mas eram de difícil obtenção e atualização.

Comparar esta situação com a atual é covardia. Quer saber o que é drosophila melanogaster, onde fica o Burkina Fasso, quem é Michael Atyia? Simples, use a Internet. Quer comprar um livro, um CD, um automóvel ou só consultar o jornal de 18/6/98? É só acessar o site correto. A rede mundial que interliga os computadores tornou qualquer ação deste tipo muito fácil. Até para quem não tem computador: basta dar um pulo num bar com Internet e navegar à vontade, enquanto toma um chopinho.

A capacidade de ligar as pessoas através da Internet é imensa, e suas possibilidades de acelerar a vida das pessoas, incomensurável. Você só está lendo este artigo porque ele foi enviado aos editores via Internet (e, para variar, só no dia do fechamento da edição – desculpem-me de novo, Jaci e Eugênio).

Os espíritas precisam aprender a usar este meio para comunicarem-se mais facilmente. Já existem muitos sites espíritas na rede, e há muitas listas de discussão interessantes, nas quais podemos encontrar pessoas falando sobre qualquer tipo de assunto – alguns primordiais, outros absolutamente inúteis. Mas, e isso é o mais importante, para fazer isso, estas pessoas estão tendo que pensar e elaborar um texto escrito. E isso é fundamental para o desenvolvimento das idéias em um campo ainda incipiente como é a filosofia espírita.

Mas talvez o mais interessante é que a Internet é absolutamente democrática. Ninguém pode prepotentemente impedir o outro de ler o que se coloca na rede, ou de participar de uma lista de debates. E isto é realmente muito bom para o espiritismo – exceto para aqueles que ainda se julgam donos das consciências e dos destinos dos espíritas – e que, infelizmente, são ainda muitos, mas que a Internet pode ajudar a extinguir. Claro que nem tudo são benefícios na rede. Como, aliás, em qualquer atividade humana. É possível encontrar aberrações, tipo pornografia infantil. É possível aprender a fazer uma bomba, nos mesmos sites que sugerem que você as jogue num judeu, num homossexual ou num negro. Mas a Internet nada mais é que um instrumento, e a humanidade ainda é a mesma – apesar de estar, nitidamente, evoluindo. Talvez o maior problema da Internet seja a possibilidade de que as pessoas percam o contato umas com as outras, vivendo somente no mundo virtual. Este é um problema que ainda precisa ser equacionado e resolvido.

O importante é usar este fantástico meio de comunicação para facilitar a difusão do pensar espírita. Se conseguirmos isto, o Espiritismo poderá, rapidamente, tomar uma dimensão que nunca teve. Como sempre, depende de nós.